2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.3 DIMENSÃO VERTICAL
Mattos (2010), diz que o planejamento de um empreendimento é complexo e aborda toda sua duração, que pode ser de meses a anos.
Devido à incerteza5 presente no processo construtivo, é importante que os planos sejam preparados em diferentes níveis (FORMOSO, 1991). Sendo assim, é necessário adotar métodos de planejamento que representem cada etapa, portanto o cronograma global não deve ser base para determinar as metas de produção diária e semanal. Para isso o planejamento é, geralmente, dividido em planejamento de longo prazo, médio prazo e curto prazo.
Laufer e Tucker (1988 apud BERNARDES, 2001), enfatizam que o grau de detalhe dos planos deve variar com o horizonte de planejamento, crescendo com a proximidade de implementação.
A incerteza sobre a execução de uma atividade diminui com a proximidade do horizonte necessário para a implantação dos planos devido ao aumento da quantidade de informações (BERNARDES, 2001).
Uma alternativa para lidar com os efeitos da incerteza é através da utilização de buffers6 que está relacionada à maneira pela qual a organização esta estruturada para evitar interrupções de produção.
5 “Incerteza pode ser definida como a diferença entre a quantidade de informações necessárias para o desenvolvimento de uma atividade e a quantidade de informações existentes” (GALBRAITH, 1977 apud BERNARDES, 2001).
6 Buffers são folgas planejadas de recursos (material, tempo, capacidade ou espaço) necessárias para proteger a produção contra incerteza e variabilidade.
2.3.1 Planejamento de longo prazo
O planejamento de longo prazo consiste no primeiro nível de detalhamento do projeto, sendo, portanto, o mais genérico.
O plano de longo prazo tem por característica alto risco, grande incerteza, longa duração e baixo grau de detalhamento (POLITO, 2015).
De acordo com Laufer (1997 apud BERNARDES, 2001), esse plano é denominado de plano mestre e deve ser elaborado de forma a facilitar a identificação dos objetivos gerais principais do empreendimento. O planejamento de longo prazo se refere a datas globais da obra como, por exemplo: datas de entrega e conclusão de tarefas criticas. Segundo o autor, o plano de longo prazo serve, também, de base para o estabelecimento de contratos, fornecendo um padrão de comparação no qual o desempenho do empreendimento pode ser monitorado.
Por ter caráter extremamente genérico, esse planejamento não é adequado para a condução das atividades diárias de uma obra. Nessa etapa, percebe-se o momento certo para a compra de materiais que exigem um prazo longo de aquisição (MATTOS, 2010).
Polito (2015) destaca a importância de envolver profissionais de diversas especialidades e, principalmente, os futuros gestores da obra, sejam ele, engenheiros, arquitetos e mestre de obras. O autor afirma que essa integração permite a análise do projeto de diferentes ângulos, faz com que a equipe se sinta parte do processo resultando em maior comprometimento de forma a garantir a execução do plano.
A programação de uma obra segue passos bem definidos, seja para a reforma de um casarão ou para a construção de uma usina hidrelétrica (MATTOS, 2010). O roteiro para elaboração de um planejamento segue os seguintes passos, conforme metodologia descrita pelo autor:
a) Identificação das atividades; b) Definição das durações; c) Definição da precedência; d) Montagem do diagrama de rede; e) Identificação do caminho crítico;
f) Geração do cronograma;
2.3.2 Planejamento de médio prazo
Polito (2015) afirma que o plano de médio prazo tem por objetivo detalhar a gestão de longo prazo, identificar e eliminar restrições. O autor entende como restrição qualquer atividade física, gerencial ou recursos que impeçam a execução de uma tarefa programada. É importante identificar as restrições associadas a cada atividade, a fim de que sejam removidas e aumentem a confiabilidade do plano de curto prazo sucessor (POLITO, 2015).
O plano de médio prazo busca vincular as metas fixadas no plano mestre com aquelas designadas no curto prazo, tem alcance de, normalmente, 5 semanas a 3 meses, com atualização mensal (FORMOSO, 1999).
As atividades que fazem parte da composição deste tipo de planejamento descrevem o processo de construção que será utilizado, bem como a quantificação dos recursos disponíveis e as restrições relacionadas ao desenvolvimento das atividades (TOMMELEIN et ali, 1994 apud BERNARDES, 2010).
2.3.3 Planejamento de curto prazo
A programação de curto prazo é a programação elaborada para os profissionais que atuam diretamente em campo, como mestres e encarregados, e é classificada como programação em nível operacional (MATTOS, 2010).
Ballard e Howell (1997 apud BERNARDES, 2001) alertam para as condições necessárias para a elaboração da programação de curto prazo, essas estão listadas a seguir.
a) Definição dos pacotes de trabalho; b) Disponibilidade de recursos;
c) Definição do sequenciamento das atividades;
d) Tamanho do pacote de trabalho condizente com a produtividade da equipe;
Ballard e Howell (1997 apud BERNARDES, 2001) propõem que o planejamento deve ser realizado através de ações que objetivam proteger a produção contra incertezas de execução de forma que evite interrupções dos serviços. Essa programação deve ser realizada em conjunto com engenheiros de campo, mestres e supervisores (MATTOS, 2010).
O principal objetivo desse plano é ordenar as equipes de trabalho a fim de executar os pacotes de atividades planejadas no horizonte de médio prazo, considerando uma periocidade semanal ou quinzenal (BERNARDES, 2001). O autor salienta que é importante evidenciar os motivos que impedem o cumprimento das metas planejadas, sendo medidas as produções de mão de obra a fim de retroalimentar a programação da semana seguinte e definir ações corretivas para impedir que os problemas se repitam.
A programação deve garantir engajamento de todos os profissionais envolvidos, o comprometimento deve ocorrer durante a realização da reunião semanal de programação, onde os pacotes de trabalho devem ser discutidos e definidos pelas equipes (POLITO, 2015). O autor ainda alerta para que sejam planejadas atividades reserva, para o caso de alguma eventualidade interromper o fluxo de produção.
Mattos (2010) diz que a programação de curto prazo pode ser utilizada para avaliar os percentuais de programação concluídos e as causas de atraso ou adiantamento das tarefas programadas.