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O RCAAP para garantir interoperabilidade e compatibilidade entre os RI agregados, adoptou as directrizes do Digital Repository Infrastructure Vision for European Research (DRIVER). Conforme explanam Vanderfeesten et al (2009, p. 9), o DRIVER “é um projecto dinamizado por um consórcio financiado pela União Europeia (UE) e que visa a constituição de uma estrutura organizacional e tecnológica para implementar uma camada de dados pan-europeia que permita o uso avançado de recursos de conteúdos na área da investigação no ensino superior. O DRIVER desenvolve uma infra-estrutura de serviços e uma infra-estrutura de dados. Ambas estão concebidas para instrumentar os recursos e serviços existentes na rede de repositórios.”

A infra-estrutura de dados é referente aos conteúdos alojados localmente pelos repositórios que, posteriormente, serão agregados pelo DRIVER à escala europeia (Ibidem). Após esta agregação será criada uma infra-estrutura de serviços de valor acrescentado aos utilizadores finais, que permitem o acesso ao texto integral.

Devido à multiplicidade de plataformas tecnológicas, recursos/conteúdos (texto, multimédia, etc), tratamentos dos metadados, etc., intrínseco a cada repositório, o

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DRIVER, para garantir as bases comuns de interoperabilidade entre repositórios a agregar, criou as directrizes que se centram em duas camadas fundamentais: a nível sintáctico, através da utilização do protocolo OAI-PMH e uso do DC; e a nível da semântica, referente à utilização de vocabulários específicos (Ibidem, p. 2 e 10).

Segundo os autores (2009, p. 56-57) “as Directrizes DRIVER foram produzidas primordialmente para facilitar a troca de metadados entre os fornecedores de conteúdo do DRIVER e serviços do DRIVER, de acordo com as definições DCMI para Dublin Core não qualificado (simples) conforme descrito nas especificações OAI-PMH. Basicamente estas directrizes descrevem o mapeamento de um formato interno para Dublin Core não qualificado (simples) para facilitar a recolha (harvesting). As directrizes não devem ser utilizadas como instruções de catalogação.”

Contudo, apesar de as directrizes serem apenas orientações e não normas, como a sua aplicação induz a utilização da norma protocolar OAI-PMH, perfaz que indirectamente normalizem os procedimentos, criando uma base sólida para a criação da rede (Ibidem, p. 13). Sendo assim, os componentes centrais das directrizes DRIVER focalizam-se nos seguintes aspectos: “colecções, metadados, implementação do protocolo OAI-PMH, práticas recomendadas, vocabulários e semânticas” (Ibidem, p. 14). Neste âmbito, as directrizes estabelecem as seguintes situações (Ibidem, p. 14):

 “No que respeita às colecções do repositório, é obrigatório utilizar “sets”55

(conjuntos) que definam as colecções com texto integral. Se todos os recursos do repositório forem textuais, incluírem não só os metadados, mas também o texto integral e todos os recursos forem acessíveis sem autorização, o uso de conjuntos é opcional.

 No que respeita ao protocolo OAI-PMH, foram definidas algumas características obrigatórias e outras recomendadas para solucionar os problemas que surjam nas diferentes implementações no repositório local.

 No que respeita aos metadados, foram definidas algumas características

obrigatórias e outras recomendadas para solucionar as dificuldades semânticas que surjam de diferentes interpretações do DUBLIN CORE” (Ibidem, p. 14).

55

“Sets (conjuntos) são um componente normalizado do protocolo OAI-PMH e são utilizados para apontar (filtrar) partes específicas de um repositório. Se o repositório também contém itens não textuais, ou não digitais, ou itens de acesso pago ou registos exclusivamente com metadados, pode utilizar o mecanismo de sets para filtrar esses itens quando disponibilizar os conteúdos ao DRIVER” (VANDERFEESTEN, SUMMANN & SLABBERTJE, 2009, p. 16)

Repositórios Institucionais de Acesso Livre: estudo de produção e uso | Capítulo 4

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Quanto ao uso dos metadados DC, as directrizes indicam como requisito mínimo obrigatório o uso dos seguintes elementos: título (title), autor (creator), data de publicação (date), tipo (type), identificador (identifier); e em casos em que seja aplicável utilizar os elementos assunto (subject) e descrição (description). Analogamente, as directrizes definem como elementos recomendados a utilização do editor (publisher), formato (format), idioma (language), e direitos (rigths); e estabelece como elementos opcionais o colaborador (contributor), fonte (source), relação (relaction), cobertura (coverage) e público (audience) (Ibidem, p. 60-62).

Dos elementos obrigatórios, convém mencionar que a utilização do atributo “identificador” é de vital importância na medida em que será criado um identificador persistente (URN, handle, DOI), que permitirá o futuro acesso ao documento congregado no repositório.

Consequentemente, para o controlo de vocabulários e semânticas, as directrizes DRIVER recomendam a utilização de Uniform Resorce Identifier (URI) para identificar o espaço de nomes (namespaces56) como uma marca de autoridade de modo aos termos utilizados comportarem significado para terem uma "presença Web" (Ibidem, p. 117). Segundo a explicação de Baptista (2010, p. 82), “a identificação (através do URI) e consequente processamento dos esquemas dos esquemas de codificação (esquemas de sintaxe e esquemas de vocabulários) é a forma mais correcta e eficaz para garantir a interoperabilidade semântica de repositórios digitais.” Como tal, as directrizes recomendam o subsequente controlo vocabular e semântico a nível:

 Identificação do autor, para o controlo de autoridade através da criação de uma

lista dinâmica de publicações por autor para que estes sejam identificados inequivocamente. Para tal, é criado um identificador persistente para cada autor designado de DAI (Digital Autor Identifier), utilizando o formato Internacional Standard for Name Identification (ISNI), sendo este trabalho da inteiramente responsabilidade de cada RI (VANDERFEESTEN et al, 2009, p. 118);

 Classificação dos assuntos: aborda os esquemas de classificação mais utilizados

no contexto OAI (Classificação da Livraria do Congresso, CDU,etc);

 Vocabulário relativo ao tipo de publicações: foi desenvolvido um vocabulário

controlado para identificar o tipo de publicação referente a cada registo congregado no repositório. Estas descrições permitem o mapeamento do tipo de documentos existentes nos RI. Os termos utilizados são: article, bachelorThesis,

56 O espaço de nomes (namespace), expresso como info:eu-repo, encontra-se registado em http://info-uri.info (VANDERFEESTEN, SUMMANN & SLABBERTJE, 2009, p. 118).

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masterThesis, doctoralThesis, book, bookPart, review, conferenceObject, lecture, workingPaper, preprint, report, annotation, contributionToPeriodical, patent, other (Ibidem, p. 122).

 Vocabulário de versões: descreve o estado do documento quanto à versão dos textos científicos depositados nos repositórios, utilizando os seguintes termos controlados: draft, submittedVersion, acceptedVersion, publishedVersion, e updatedVersion (Ibidem, p. 126).

Em suma, as directrizes DRIVER, apesar de serem apenas orientações, incrementam e promovem a tão desejada interoperabilidade entre os RI, e garantem a efectiva prestação de serviços de qualidade para a comunidade.