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3.1 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

3.1.1 Direito à Vida

O Direito à Vida é um direito fundamental garantido pela atual Constituição Federal, sendo que é o mais fundamental de todos os direitos, já que se constitui em pré- requisito à existência e exercício de todos os demais.

Com relação ao direito à vida, o Estado assegura-lhe em sua dupla concepção, a primeira no que diz respeito ao direito de continuar vivo e a segunda ao direito de se ter uma vida digna quanto à sua subsistência.

Ao estabelecer a Constituição Federal, o constituinte brasileiro proclamou o direito à vida como um dos cinco valores básicos mais importantes existentes, sendo eles à vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade.

Com isso, o legislador interveio à suprema proteção a vida, desde sua concepção, sua vida uterina e sua existência no mundo real.

Nas palavras de Branco:

Proclamar o direito à vida responde a uma exigência que é previa ao ordenamento jurídico, inspirando-o e justificando-o. Trata-se de um valor supremo na ordem constitucional, que orienta, informa e dá sentido ultimo a todos os demais direitos fundamentais.75

O Estado, assim como no principio da dignidade da pessoa humana, tem o dever de garantir e assegurar que o direito à vida seja preservado e que este direito não seja de nenhuma forma violado nem degradado.

Todos têm o direito à vida, sendo que sem este direito não se pode falar em nenhum outro, nem os de personalidade. Vida é o bem fundamental consagrado ao ser humano.

O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, aprovado pela XXI sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas, dispõe em seu art. 1º, parte III, que “o direito à vida é inerente à pessoa humana; Este direito deverá ser protegido pela Lei, ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida.”76

75 BRANCO, Paulo Gustavo Gonet;MENDES, Gilmar;.COELHO,Inocêncio Martires. Curso de Direito Constitucional. 2009. Saraiva. 4º ed. pag. 393.

76 Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. Disponível em

E ainda, Canotilho aduz que, “o direito à vida é um direito subjetivo de defesa, pois é indiscutível o direito de o indivíduo afirmar o direito de viver, com a garantia da „não agressão‟ deste direito à vida. [...]”77

Deve-se reconhecer a titularidade do direito à vida, sendo esse titular o ser humano e nada poderá afaná-lo de tal direito, sendo de qualquer forma, tanto física como dignamente.

Não se pode falar em direito à vida sem que esteja implícito o dever de ser respeitado o princípio da dignidade da pessoa humana, pois não basta apensa ter uma vida, mas é necessário vida digna.

O principio da dignidade humana é inerente à vida, tem uma interligação. Tem-se o direito de viver e que se tenha uma plenitude da vida, não sendo somente o direito de sobreviver, mas sim de se ter um direito fundamental ao homem.

Neste sentido, Souza citando Seabra, tecendo comentários sobre a Constituição Portuguesa, entende que “o termo dignidade é mais abrangente que vida, ou seja, não basta à vida, se esta não é digna... todos os seres humanos têm a mesma dignidade vital....”78

Com base nos entendimentos supracitados, é de se afirmar, que todo ser humano tem direito à vida, tendo sendo respeitado seus valores e necessidades, e que ninguém posse ser abdicado de ter uma vida plena e digna seja por qualquer motivo.

Neste sentido, Diniz assevera:

O direito à vida, por ser essencial ao ser humano, condiciona os demais direitos da personalidade. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, caput, assegura a inviolabilidade do direito à vida, ou seja, a integralidade existencial, consequentemente, a vida é um bem jurídico tutelado como direito fundamental básico desde a concepção, momento específico, comprovado cientificamente, da formação da pessoa. Se assim é, a vida humana deve ser protegida contra tudo e contra todos, pois é objeto direito personalíssimo. O respeito a ela e aos demais bens ou direitos correlatados de um dever absoluto „erga omnes‟, por sua própria natureza, ao qual a ninguém é licito desobedecer...garantido está o direito a vida pela norma constitucional em cláusula pétrea, que é intangível, pois contra ela nem mesmo há poder de emendar.79

Sendo assim, aos menores abandonados que se encontram em abrigos na espera de serem adotados, também é reservado o direito à vida, pois se trata de um bem fundamental, que não pode ser considerado de infra importância só porque se tratam de crianças e adolescentes que não tem uma casa para chamar de lar.

77 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 4ªed. Coimbra-

Portugal: Almedina. 2000. p. 526/533/539.

78

SZANIAWSKI, Eliomar. Direitos de personalidade e sua tutela. São Paulo: Revista dos Tribunais. 1993. p.23.

Para esses menores que o Estado deve garantir-lhes a proteção do direito a vida, não somente de sobreviver, mas sim de uma vida digna e plena.

O ordenamento jurídico reconhece que o direito a vida é fundamental e que sem este, não poderia ser possível à existência de outros direitos inerentes, como por exemplo, a dignidade da pessoa humana. Sendo assim, é implícito no conceito de vida que não se trata somente de nascer ou não, e sim de se ter uma vida digna.

Para ter uma ampla proteção ao direito à vida, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, em seu art. 7º dispõe que:

Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. (grifo nosso)80

Como preceitua o citado artigo, e como já explanado neste trabalho, é necessário uma proteção do Estado para com crianças e adolescentes, tanto adotivas ou não, respeitando o direito à vida e a saúde, desde seu nascimento, assegurando-a o direito de viver e crescer em um ambiente familiar.

As crianças e adolescentes gozam de todos os direitos fundamentais inerentes pessoa humana, sendo assim, o art. 4º do ECA preceitua que:

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.81

E é necessário que os institucionalizados acreditem que possam ter uma vida digna e feliz, que possam crescer em um ambiente familiar, que esse direito que a todos é intrínseco também os pertença, para que tenham esperança no real sentido da vida, viver.

80 BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990: dispõe sobre o estatuto da criança e do adolescente e dá outras

providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm>. Acesso em: 25 abr. 2011.

81

BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990: dispõe sobre o estatuto da criança e do adolescente e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm>. Acesso em: 25 abr. 2011.

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