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4.1 GRUPOS PRETERIDOS PELOS ADOTANTES

4.1.3 Grupos de Irmãos

A adoção por grupos de irmãos se torna tanto ou mais difícil de ocorrer do que as adoções inter-raciais ou de deficientes físicos ou mentais, pois ao invés de ir somente uma criança ou adolescente para o lar do adotante, poderão ser dois ou mais adotados.

Mas, não é por isso que se pode deixar de lado os grupos de irmãos, pois trata-se de uma convivência fraternal o qual não pode ser quebrada, já que irmãos nascem para crescerem juntos e não separados, sendo com seus pais biológicos ou adotivos.

Por certo que diante da economia instaurada na sociedade brasileira, muitos casais tendem a querem menos filhos para que tenham um equilíbrio familiar, porém não é justo que os grupos de irmãos sejam apartados uns dos outros.

Todos têm o direito a Convivência Familiar, e está será bem mais espontânea, tanto por parte do adotante quanto do adotado, se em casos de grupos de irmãos sejam adotados todos, se possível pela mesma família.

Sabe-se que a adoção é um ato de amor. Porém que este instituto se concretize e possa alcançar a todos que dele necessitam, imperioso desprezar mais atenção aos grupos preteridos da adoção, neste caso os irmãos que tem o direito de permanecerem juntos.

O Estado e a Sociedade têm o dever de estimular as adoções que os adotantes preferem não escolher, o que com certeza é um grande desafio quando se refere aos grupos de irmãos, fato compreensível diante da dificuldade econômica do Brasil.

Contudo, há casais sim que adotam crianças e adolescentes do mesmo grupo de irmãos, para que estes não se sintam ainda mais acuados perante a relação adotante/adotado.

Esses casais que adotam do mesmo grupo de irmãos, apesar de serem raros, dão o exemplo e validam o real objetivo da adoção, sendo que demonstram a importância que dão aos adotados sem selecionarem a quem vão adotar.

É correto afirmar, que muitas vezes irmãos que se encontram abrigados, se afastam uns dos outros, pois idealizam que, por fazerem parte desses grupos, diminuirá a chance de um deles ser escolhido para a adoção. Infelizmente é o que acontece pela falta de incentivos às adoções desses grupos preteridos.

Com relação a este tema, Schreiner, entendeu esclarece:

Incorporar três novas “bocas” em uma família poder ser impossível para muitas, mesmo tendo vontade, mesmo tendo afeto bastante, a renda familiar pode não ser suficiente. É para estes casos, quem uma boa política de subsídios, com a implantação sob o aval das equipes interprofissionais das Varas da Infância e Juventude, poderá ser a diferença entre a possibilidade de garantia do direito á vida

em família ou a condenação a crescer em um abrigo, para muitas crianças e adolescentes.124

Por ser a adoção mais que um ato de escolha, com relação a adoções de grupos de irmãos se torna ainda mais evidente que este instituto é representado por uma atitude de compreensão e amor, mas que raras vezes depende do auxilio e incentivo do Estado.

Por isso, frisa-se mais uma vez, que o Estado e a Sociedade em si, têm o dever de garantir a adoção de qualquer criança e adolescente institucionalizada, fazendo ela parte ou não de um grupo de irmão, não somente pela eficácia da lei da adoção ou dos princípios basilares constitucionais, mas, principalmente, para que se possa tornar a vida dos adotados digna, com a valorização e qualidade que merecem.

Tecidos os comentários acerca dos grupos preteridos, na sequência serão abordados os aspectos que regem a adoção internacional.

124 SCHREINER,Gabriela. Por uma cultura da adoção para a criança? Grupos, associações e iniciativas de

4.2 ADOÇÃO INTERNACIONAL

A adoção internacional é o instituto jurídico que representa às crianças e aos adolescentes institucionalizados, a possibilidade de viver em um novo lar, em nação estrangeira, assegurados o bem-estar e a educação, desde que obedecidas as normas do país do adotado e do adotante.

O instituto da adoção, além de carregar consigo pré-conceitos e pré-julgamentos com relação a determinados grupos preteridos pelos adotantes, também possibilita que esses grupos tenham, alternativamente, a inserção em adoções internacionais.

Lógico que para a ocorrência da adoção internacional, são exigidos o preenchimentos de requisitos mais rigorosos, a fim de assegurar a integridade física e moral do adotado e para coibir também o tráfico de crianças.

Tratando-se de adoção nacional, podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos e capazes, independentemente do estado civil; O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando e deve estar autorizado por um estudo social; Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido em audiência.

No caso de adoção internacional, além daqueles requisitos, são exigidos, ainda que o adotante seja estrangeiro não domiciliado no Brasil, ou brasileiro domiciliado no exterior; Ter o adotante: ter a capacidade genérica do adotante, de acordo com sua lei pessoal;a capacidade específica, definida pela lei do local em que ocorrerá o processo de adoção; habilitação para adoção, mediante documento expedido pela autoridade competente do domicílio do adotante, conforme as leis do seu país.

Quanto ao adotado, deve ser criança ou adolescente brasileiro, em estado de abandono ou em situação de risco.

Ainda, observar-se-á o respeito dos seguintes princípios fundamentais:

a) Princípio da regra mais favorável ao menor: Toda criança ou adolescente tem direito a um lar, a uma família.

b) Principio da não distinção entre filhos consangüíneos e adotivos: Os filhos havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. c) Princípio da igualdade de direitos civis e sucessórios: A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos inclusive, os sucessórios. Os adotados não devem sofrer restrições referentes à filiação.125

125 Adoção internacional. Disponível em: <http://www.loveira.adv.br/material/adocao1.htm> Acesso em: 23 de

Em relação ao estágio de convivência tanto na adoção nacional na internacional deverão ser observados, pois trata-se de um período ou tempo em que os envolvidos conviverão juntos.

O estágio de convivência do adotante estrangeiro residente ou domiciliado fora do País deverá ser cumprido no território nacional, será de no mínimo quinze dias para crianças de até dois anos de idade, e de mínimo trinta dias quando se tratar de adotando acima de dois anos de idade.

Com relação a irrevogabilidade da adoção, aos efeitos de sentença constitutiva, a qual declara extinto o poder familiar da família biológica do adotado constitui novo vinculo de filiação entre adotante e adotado e, nada difere entre a adoção internacional e a nacional.

Porém, antes de consumada a adoção não será permitida a saída do adotando do território nacional. Destaca-se que durante o processo de adoção sequer é dada a guarda provisória aos adotantes. O adotado só poderá viajar com o adotante, depois do trânsito em julgado da sentença.

Por se considerar que no Brasil é tão difícil que ocorre adoções do tipo necessárias, que envolva grupos preteridos a adoção, se busca na adoção internacional a eficácia desse instituto, devido ser os adotantes estrangeiros serem menos despreocupados e menos preconceituosos quando se comprara com a sociedade brasileira.

A adoção internacional tem se revelado uma alternativa eficaz aos institucionalizados pertencente aos grupos preteridos, pois os adotantes estrangeiros são menos preconceituosos do que os brasileiros. Silveira traz a seguinte lição:

Na concepção de muitos profissionalizantes que atuam nos procedimentos de adoção, adequar as características da criança ás dos pretendentes é não correr o risco de expor o adotando a situações constrangedoras. Nessa perspectiva, parece haver um consenso entre os agentes da justiça – membros do Ministério Público, juizes, psicólogos, assistentes sociais – de que as crianças e adolescentes disponibilizados para adoção devem ser inseridas em famílias que tenham características raciais semelhantes. Essa tese prevalece apenas para a inserção em famílias residentes no território nacional. Quando se trata de colocação de pardos e pretos em lares estrangeiros, o quesito cor deixa de ser um elemento impeditivo. De acordo com os números levantados nesta análise, crianças de origem negra têm alto percentual de absorção em adoções internacionais.126

A análise que a autora se refere, pertence ao gráfico nº9 abaixo, prevalecendo, então, adoções internacionais quando se trata de institucionalizados de origem negra.

Gráfico nº9127

Com o gráfico acima percebe-se grande diferença no número de adoções nacionais e a internacionais, quando se trata da cor de pele do adotando concluindo-se, infelizmente, que os adotantes brasileiros são preconceituosos, o que, tratando-se de um país que se intitula democrático, não deveria ocorrer.

Ainda com relação ao gráfico, a própria Silveira, destaca que os adotantes estrangeiros “demonstram disposição para aceitar „qualquer um‟, ou seja, aqueles que o brasileiro não adota, sobretudo os ditos de cor”.128

É inexplicável que seja necessário que o adotante estrangeiro dê a devida efetividade para o instituto da adoção, sendo que há tantos adotantes brasileiros que vivem em território nacional e aguardam na fila para adotar, porém como já dito anteriormente, o pré- julgamento e o pré-conceito prevalece na hora da escolha.

Apresentadas as condições para a efetivação da adoção estrangeira, assim como que esta tem se mostrado eficiente na redução do número de crianças e adolescentes preteridas, o estudo prossegue com a análise da eficácia da nova lei da adoção.

127 SILVEIRA, Gráfico nº9: Crianças adotadas por famílias estrangeiras conforme a etnia. p. 118. 128 SILVEIRA, 2005, p.118.

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