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O Principio da Igualdade, também conhecido como o principio da isonomia, está previsto no art. 5º da Constituição Federal de 1988, in verbis:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes (grifo nosso).82

Este princípio tão relevante em nosso ordenamento jurídico, significa que não há distinção de qualquer tipo de natureza, pois todos são iguais perante a lei, sendo que esta tem o dever de garantir tal defesa.

É notório que desde o passar dos séculos o direito de igualdade entre todos, sem nenhuma exceção foi crescente e o Estado assumiu uma maior responsabilidade para que esse direito fosse respeitado, tanto Estado x Sociedade, quanto Sociedade x Sociedade.

Do magistério de Moraes colhe-se o seguinte ensinamento:

O principio da igualdade consagrado pela Constituição Federal opera em dois planos distintos. De uma parte, frente ao legislador ou ao próprio executivo, na edição, respectivamente, das leis, atos normativos e medidas provisórias, impedindo que possa criar tratamentos abusivamente diferenciados as pessoas que se encontram em situações idênticas. Em outro plano, na obrigatoriedade ao intérprete, basicamente, a autoridade pública, de aplicar a lei e atos normativos de maneira igualitária, sem estabelecimento de diferenciações em razão de sexo, religião, convicções filosóficas ou políticas, raça, classe, social.83

Nas palavras do autor acima citado, há dois patamares na visão do princípio da igualdade. O primeiro no sentido de que o Estado, ao criar suas leis deve observar que esta seja igual a todas as pessoas e que de nenhuma forma irá discriminar. E o segundo ao afirmar que ao serem executadas essas leis criadas, estas devem ser aplicadas de forma igualitária.

É necessária a proteção do Estado para que todos sejam respeitados, independente de sexo, raça, religião. Ao estabelecer este principio na Constituição Federal criou-se um parâmetro de respeito mutuo que não poderá ser quebrado, sob pena de gerar preconceitos e pré-julgamentos entre toda a sociedade.

Canotilho afirma que “um dos princípios estruturantes do regime geral dos direitos fundamentais é o princípio da igualdade. A igualdade é, desde logo, a igualdade formal.”84

82 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em 25 de abr. de 2011.

83 MORAES, 2005, p. 82. 84 CANOTILHO, 2003. p. 4256.

Banido da ordem moral de convivência social será qualquer forma de preconceito estipulado, tanto de poderes públicos quanto da sociedade em si, tecendo assim, uma ordem prática que possa creditar ao principio da igualdade uma nova forma de visão de sociedade como um todo. Uma sociedade justa e igual perante todos.

Na visão de Mello:

O princípio da isonomia, que reveste de auto-aplicabilidade, não é – enquanto postulado fundamental de nossa ordem politíca-júridica, suscetível de regulamentação ou de complementação normativa85

Corroborando a citação acima, o principio da igualdade tem sua aplicabilidade própria, não dependente de nenhum outro principio ou uma norma jurídica para lhe dar eficácia. Ou seja, é do próprio principio a sua autonomia.

Tendo a sua auto-aplicabilidade, o principio da igualdade é inerente a todo o ser humano, e com isso, é de valor fundamental que tal princípio, em prol da paz social, seja respeitado.

O principio da igualdade é um principio social que vai além de sua ordem constitucional expressa na Carta Magna, não tem apenas uma função estética, mas sim um principio que tem plena eficácia e sua violação acarretaria em uma inconstitucionalidade.

Isso porque esta violação banalizaria não apenas as práticas preconceituosas de classe, raça, sexo, mas também ofenderia a substantividade do ser humano, negando radicalmente a democracia.

Moraes ensina que:

A Constituição da Republica consolidou o princípio da igualdade de direitos, ou seja, que “todos os cidadãos têm o direito de tratamento idêntico pela lei, em consonância com os critérios albergados pelo ordenamento jurídico”.86

Deve-se levar em conta que de um lado existem desigualdades e do outro as injustiças causadas por essas desigualdades, e que é preciso fazer-se valer desde princípio que é um bem fundamental, para que se busque a equalização.

Segundo a autora Sarlet, o princípio da igualdade:

[...] encontra-se diretamente ancorado na dignidade da pessoa humana, não sendo por outro motivo que a Declaração Universal da ONU consagrou que todos os seres humanos são iguais em dignidade e direitos. Assim, constitui pressuposto essencial para o respeito da dignidade da pessoa humana a garantia da isonomia de todos os seres humanos, que, portanto, não podem ser submetidos a tratamento discriminatório e arbitrário, razão pela qual não podem ser toleradas a escravidão, a discriminação racial, perseguições por motivo de religião, sexo, enfim, toa e qualquer ofensa ao princípio isonômico na sua dupla dimensão formal e material.87

85

MELLO, Celso Antônio de. Elementos de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros. p.230

86 MORAES, 2000, p. 31. 87 SARLET, 2001, p. 89.

É notório que, o principio da igualdade, é um princípio basilar do ordenamento constitucional, sendo que sem ele torna-se ainda mais difícil a eficácia da cobrança por uma igualdade entre pessoas.

Sendo assim, a presença do princípio da igualdade na atual constituição é de suma importância, tornando-se um bem fundamental em que se deve observar uma proteção maior e mais exigível por parte do Estado e do Particular.

O doutrinador alemão Forstshoff, de acordo com o Tribunal Constitucional alemão, afirma que “o principio da igualdade, como regra jurídica, tem um caráter suprapositivo, anterior ao Estado, e que mesmo se não constasse do texto constitucional, ainda assim teria que ser respeitado.”88

É necessário ter-se uma visão além do texto constitucional para que se possa entender que o princípio da igualdade não deve ser somente eficaz por estar escrito em numa constituição, e sim, por ser uma norma social, que merece todo respeito e observação possível.

Assim, o princípio da igualdade, ao ser posto na Carta Magna vem conferir a todos, sem exceção, que seja por vez respeitada a tão sonhada isonomia que desde os tempos primórdios é lutada sua conquista.

Com relação à Adoção, não é diferente, já que se busca isonomia no que se trata de crianças e adolescentes que estão em abrigos à espera da adoção.

Importante destacar que o art. 5º da Constituição não deixa nenhuma dúvida sobre o principio da igualdade. E por ser concedido a todos não se pode discriminar ninguém por qualquer motivo que seja especialmente tratando-se crianças e adolescentes.

Moura apud Bobbio afirma que:

[...] O princípio da igualdade de oportunidades, quando elevado a princípio geral, tem como objetivo colocar todos os membros daquela determinada sociedade na condição de particular de compensação da vida [...].89

O princípio da igualdade tem o objetivo de guarnecer a todos as mesmas oportunidades, inclusive crianças e adolescentes, sob pena de violação deste princípio tão relevante em uma sociedade democrática.

As crianças e adolescentes que estão institucionalizadas merecem ser tratadas igualmente as que têm a oportunidade de crescer em um lar familiar biológico. Isso porque já

88 FORSTHOFF, Ernest. Problemas constitucionales del Estado social. In El Estado social, Madrid: Centro de

estudios constitucionales, 1986. p. 162.

89 MOURA, Patrícia Uliano Effing Zoch de. A finalidade do principio da igualdade: a nivelação social –

sofreram ao serem abandonadas por seus pais biológicos, que na maioria das vezes não podem criá-los, por falta de condições ou por descumprir os deveres do poder familiar.

Desta maneira, conclui-se que o princípio da igualdade é de suma importância quando se relaciona ao instituto da adoção, pois prevê que todas as crianças e adolescentes são titulares do direito de terem para si uma família afetiva e um ambiente sadio.

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