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DIREITOS DOS ANIMAIS NÃO-HUMANOS

Ainda que as disposições relacionadas à proteção do meio ambiente tenham sido

concebidas e sistematizadas na Constituição numa perspectiva, a priori, antropocêntrica

(art. 225, cabeça), i. e., para a manutenção das condições da vida humana, também se nota no

seu texto influência do pensamento biocêntrico, o qual compreende quaisquer formas de vida

como dotadas, em si, de valor jusfundamental

87

.

Assim, independentemente de sua consideração enquanto coletividade, sob o conceito

de fauna, e da função que possam ter, nessa perspectiva, para o equilíbrio ecológico ou para o

bem-estar humano (presente e futuro), os animais não-humanos teriam sido reconhecidos pela

sociedade brasileira como seres dotados de dignidade intrínseca, circunstância que os

transfiguraria conceitualmente, de modo a não mais serem considerados meros objetos de

relações jurídicas humanas

88

.

ao mínimo existencial, que, em virtude da necessária integração com a agenda da proteção e promoção de uma existência digna em termos socioculturais (portanto, não restrita a um mínimo vital ou fisiológico), há de ser designada pelo rótulo de um mínimo existencial socioambiental, coerente, aliás, com o projeto político-jurídico do Estado Socioambiental de direito”. (SARLET, Ingo Wolfgang e FENSTERSEIFER, Tiago. Direito constitucional

ambiental... Op. cit., p. 139-140). Dentre os precedentes das Cortes de Sobreposição sobre o tema, serão apresentados

adiante as ADI 4901, 4902, 4903, 4937/DF e a ADC 42/DF (item 2.7), bem como o RESP 302.906/SP (item 3.3). 87 E prosseguem os mesmos autores gaúchos: “A reflexão em torno da dimensão ecológica do princípio da dignidade da pessoa humana também coloca “em cheque” a concepção estritamente antropocêntrica do Estado Constitucional. Retomando aqui a premissa de que a matriz filosófica moderna para a concepção de dignidade (da pessoa humana) radica essencialmente no pensamento kantiano, qualquer tentativa de superação de tal “paradigma” teórico requer um diálogo com a suas formulações e argumentos. Embora não se possa aprofundar a discussão, enfatiza-se que a formulação central do pensamento kantiano, tal qual apontado anteriormente, coloca a ideia de que o ser humano não pode ser empregado como simples meio (ou seja, objeto) para a satisfação de qualquer relação, seja em face do Estado seja em face de outros indivíduos. Desde logo, verifica-se que é certamente possível questionar o excessivo antropocentrismo que informa tanto o pensamento kantiano quanto a tradição filosófica ocidental de um modo geral, especialmente confrontando-a com os novos valores ecológicos que alimenta, as relações sociais contemporâneas e que reclamam uma nova concepção ética, ou, o que talvez seja mais correto, a redescoberta de uma ética de respeito à vida que já era sustentada por alguns”. (SARLET, Ingo Wolfgang e FENSTERSEIFER, Tiago. Princípios do direito ambiental... Op. cit., p. 71-72).

88 A virada conceitual em direção à proteção dos direitos dos animais envolveu essencialmente, portanto, o reconhecimento da dignidade como atributo não exclusivo dos humanos: “Assim, importa ter presente que a vedação de qualquer prática de “objetificação” ou “coisificação” (ou seja, o tratamento como simples “meio”) não deve, em princípio, ser limitada apenas à vida humana, mas ter o seu raio de incidência ampliado para contemplar também outras formas de “vida”. Essa “objetificação” da vida animal (não humana), para ficarmos num exemplo, estaria vedada diante do conteúdo normativo traçado pelo art. 225, §1º, VI, da CF/88, conforme posto na epígrafe de abertura deste tópico. O alargamento da concepção kantiana para além do espectro humano conduz, portanto, ao reconhecimento de um fim em si mesmo inerente a outras formas de vida (ou à vida de um modo geral, seja humana, seja não humana), atribuindo-lhes um valor próprio e não meramente instrumental, ou seja, uma dignidade que igualmente implica um conjunto de deveres (morais e jurídicos) para o ser humano”. (SARLET, Ingo Wolfgang e FENSTERSEIFER, Tiago. Princípios do direito ambiental... Op. cit., p. 72).

Toshio Mukai, em notas sobre o tema, destacou, dentre trabalhos doutrinários pátrios

pioneiros, o de Edna Cardoso Dias

89

, cuja pesquisa teria evidenciado uma expansão mundial, a

partir do ano 2000, da concepção “do animal como sujeito de direito”, a partir da qual “foi se

formando e fortalecendo a teoria dos direitos dos animais”. Esta, por sua vez, se estruturaria,

conforme proposta de Peter Singer, a partir da senciência, da qual teria necessariamente de

advir um compromisso com a individualidade e com a dignidade animal - assim como se tem,

em âmbito constitucional, com a “dignidade humana”

90

.

Fernando Araújo, um dos primeiros europeus a se debruçar sobre o tema, compreende

que uma sucessão de paradigmas teria sido o fator responsável pela superação do mito que até

então vinha tornando os animais não-humanos invisíveis para a moral, para a política e para o

direito – uma situação que não seria compatível com “sentimentos de compaixão mínima” para

com as outras espécies

91

.

89 DIAS, Edna Cardoso. Tutela jurídica dos animais. Belo Horizonte: Ed. Melhoramentos, 2000, apud MUKAI, Toshio. Direitos e proteção jurídica dos animais. R.TRF1 Brasília v. 30 n. 1/2 jan./fev. 2018, disponível em https://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/119480/direitos_protecao_juridica_mukai.pdf, acesso em 31/12/2018. 90 Conforme registro de Mukai: “A Dra. Edna Cardoso Dias escreveu excelente artigo intitulado “Teoria dos Direitos dos Animais” (Rev. Fórum 45 – mar./abr. – 2015). Ali, ela revela estudos sobre grandes autores que reivindicam os direitos dos animais. Cita o autor Peter Singer, que foi um dos pilares para a formação da teoria dos direitos dos animais. Diz a autora: Em sua obra ‘Animal Liberation’, publicada originalmente em 1.975, Singer denunciou o sofrimento dos animais e demonstrou que as práticas utilizadas pelos humanos no relacionamento com os animais eram, já à época, injustas. Para ele, sendo os animais seres sencientes, seus interesses deveriam ser levados em igual consideração que os interesses dos humanos. Para ele, os animais deveriam ser incluídos na consideração moral dos humanos. Em ‘Ética Prática’ (3ª ed. – S. Paulo. Martins Fontes, 2002), Singer argumenta que os animais, por serem dotados de sensibilidade e consciência, devem ser tratados com o mesmo respeito que os seres humanos. O princípio da igual consideração de interesses deve ser aplicado sem distinção entre o animal humano e o não humano. A capacidade de sofrer dor e sentir dor deve ser um pré-requisito para medir interesses. A Dra. Edna Cardoso cita Tom Reagan (Jaulas Vazias, Porto Alegre: Ed. Lugano, 2006) dizendo que esse autor reivindica a extensão aos animais do princípio ético e valor inerente a cada indivíduo. Apresenta os animais como sujeitos de uma vida, pregando o fim de toda exploração da vida animal. (...) Diz ainda a Dra. Edna: “A partir de 2000, expandiram-se a todo o planeta a concepção gerida do animal como sujeito de direitos. E em torno disso foi se formando e fortalecendo a teoria dos direitos dos animais. Em outro artigo intitulado “Direito dos animais e Isonomia Jurídica”, a Dra. Edna Cardoso Dias, após informar que o Brasil é signatário da Declaração Universal dos Direitos dos Animais” (abril de 1989), afirma que, no Brasil, o direito brasileiro não tem nenhum compromisso com a dignidade do animal, quando a dignidade da pessoa humana é o principal princípio da nossa Constituição e, por isso, deveria ser extensivo aos animais. O direito à vida dos animais está garantido pela Constituição no art. 225, § 1º, inciso VII. Portanto, os estados têm o dever de buscar políticas e ações que evitem riscos à vida e integridade dos animais”. (MUKAI, Toshio. Direitos e proteção jurídica dos animais... Op. cit., p. 67).

91 Para Araújo: “Ao invés, e por seu lado, é uma espécie de mistificação que parece tornar os animais não-humanos em larga medida invisíveis para a moral, para a política e para o direito actuais, em resultado de uma peculiar conjugação de condicionamento de paradigmas e de multiplicação de convicções, todos tão arraigados que eles são o alicerce da plausibilidade, da sensação de «adequação inteligível» que veda monotonicamente a admissão de paradigmas conflitantes, estruturando acriticamente o entendimento que predomina, mesmo quando - como veremos - esse entendimento não é compatível sequer com sentimentos de compaixão mínima que possamos nutrir por algumas das espécies que não a nossa, e portanto é susceptível de provocar sérios conflitos de valores”. (ARAÚJO, Fernando. A hora dos direitos dos animais. Coimbra: Almedina, 2003, p.11).

O reconhecimento dos direitos dos animais não-humanos seria, assim, uma evidência

da consagração do paradigma bioético (ou biocêntrico) em detrimento de um modelo de

primazia ou exclusividade dos direitos humanos

92

. Essa hermenêutica conduziria, conforme o

pensamento de Daniele Tetü Rodrigues, à elevação dos animais não-humanos à própria

condição de sujeitos de direito. Para ela, a senciência (capacidade de ter percepções e

sensações, como alegria, sofrimento, dor, afeto ou prazer), à luz do princípio da igualdade,

seria o atributo que conferiria aos animais proteção equivalente à dos humanos sob a perspectiva

do direito

93

.

Vicente de Paula Ataíde Junior também vê no atributo da senciência, além do elemento

dignificador e individualizador dos animais não-humanos, um referencial que conduziria à

universalização e emancipação (ou autonomização) de seu respectivo sistema de proteção em

relação ao próprio direito ambiental

94

. Para o autor, “a partir da genética constitucional do

92 O pensamento do autor é o seguinte: “E, no entanto, há já vitórias averbadas para o novo paradigma bioético- jurídico - dando esperanças de que a «dissonância cognitiva», a «esquizofrenia moral» que revelamos no tratamento dos não-humanos, possa ser resolvida em favor da consagração daquele paradigma como novo lugar comum da nossa inteligência civilizacional; com o proveito adicional de pragmaticamente se propiciar uma reponderação (e porventura um reforço) dos próprios direitos humanos, agora não apenas em função da humanidade dos seus titulares, mas também da sua própria animalidade (dos seus interesses e prerrogativas como seres vivos, dos seus problemas de sobrevivência física e de determinismo genético, independentemente da caracterização específica das suas manifestações de vida, e da «qualidade» que possa associar-se à experiência subjectiva dessas manifestações)”. (ARAÚJO, Fernando. A hora dos direitos dos animais... Op. cit., p. 13). 93 O argumento de Rodrigues é assim construído: “Não há dúvida ser injustificável o sacrifício de um ser senciente em benefício de outro, inclusive quando se trata do dito sofrimento necessário. Não se quer apenas justificar o sofrimento necessário concentrado nos argumentos dos partidários do bem-estar animal, posto estarem arraigados no antropocentrismo; mas sim nos argumentos dos defensores dos Direitos dos Animais apresentados como interesses inatingíveis e absolutos. Por conseguinte, o direito ao não-sofrimento dos Animais não-humanos pode, também, ser aprovado pelo princípio de igualdade de interesses. O Animal possui vida e direito à vida, exatamente por isso, precisa ser respeitado. Em outras palavras; é obrigatório compreender o direito à vida dos Animais não-humanos igualmente ao direito dos humanos, ou seja, há de ser reverenciada a vida em sua existência até os limites naturais. Seres sensíveis, com capacidade de sofrer, independentemente do grau da dor ou da capacidade da manifestação, devem ser respaldados pelo princípio da igualdade e fazem jus a uma total consideração ética. Infligir dor aos Animais não-humanos não desculpa qualquer tese de domínio dos interesses do homem, sobretudo quando o fim é a lucratividade”. (RODRIGUES, Danielle Tetü. Os animais não-humanos como sujeitos de direito sob enfoque interdisciplinar. Tese de doutorado. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2007, p. 92-93, disponível em https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/12358/DANIELLE%20TETU%20RODRIGUES2.pdf?sequence= 2&isAllowed=y, acesso em 31/12/2018).

94 Para Ataíde Junior: “O Direito Animal positivo é o conjunto de regras e princípios que estabelece os direitos fundamentais dos animais não-humanos, considerados em si mesmos, independentemente da sua função ambiental ou ecológica. Esse conceito é formulado a partir da genética constitucional do Direito Animal brasileiro. Segundo o art. 225, §1º, VII da Constituição brasileira de 1988, incumbe ao Poder Público “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade”. Assim, conforme a explícita dicotomia constitucional, quando o animal não-humano é considerado fauna, relevante pela sua função ecológica, como espécie, é objeto das considerações do Direito Ambiental. Por outro lado, quando o animal não-humano é relevante enquanto indivíduo senciente, portador de valor intrínseco e dignidade própria, é objeto das considerações do Direito Animal”. (ATAÍDE JUNIOR, Vicente de Paula. Introdução ao direito animal brasileiro. Revista Brasileira de Direito Animal, e-issn: 2317-4552, Salvador, volume 13, número 03, Set-Dez 2018, p. 49).

Direito animal brasileiro”, os animais não-humanos haveriam que ser considerados em si

mesmos, e não à luz de eventual compreensão que se tenha quanto às suas funções ambientais

ou ecológicas

95

. A dignidade e a individualidade assegurariam, nessa perspectiva, bases

axiológicas para que a proteção dos animais não-humanos também se dê sob regime

jusfundamental

96

.

Analisando a disciplina do tema do plano jurisprudencial, Ataíde Junior aponta o

julgamento da ADI 4.983/CE, que tratou do caso da vaquejada, como “marco inaugural do

Direito Animal no Brasil”

97

– e o voto-vista nele proferido pelo Ministro Luís Roberto Barroso

“a proclamação judicial mais importante da história do direito ambiental brasileiro”

98

.

95 Essa percepção conduziria até mesmo a uma autonomização entre ambas as esferas: “Dessa forma, Direito Animal e Direito Ambiental não se confundem, constituem disciplinas separadas, embora compartilhem várias regras e princípios jurídicos, dado que ambos, o primeiro exclusivamente, e o segundo inclusivamente, tratam da tutela jurídica dos animais não-humanos. A dignidade animal é derivada do fato biológico da senciência, ou seja, da capacidade de sentir dor e experimentar sofrimentos, físicos e/ou psíquicos. A senciência animal é juridicamente valorada, quando posta em confronto com as interações e atividades humanas, pela positivação da regra fundamental do Direito Animal contemporâneo: a proibição das práticas que submetam os animais à crueldade”. (ATAÍDE JUNIOR, Vicente de Paula. Introdução ao direito animal brasileiro... Op. cit., idem).

96 Para o autor: “Como toda dignidade deve ser protegida por direitos fundamentais, não se podendo conceber dignidade sem um catálogo mínimo desses direitos, então a dignidade animal deve ser entendida como a base axiológica de direitos fundamentais animais, os quais constituem o objeto do Direito Animal. Da regra constitucional da proibição da crueldade – e dos princípios que também emanam do mesmo dispositivo constitucional, como o princípio da dignidade animal e o princípio da universalidade – é que exsurge o direito fundamental animal à existência digna. É direito fundamental – e não apenas objeto de compaixão ou de tutela –, porquanto é resultado da personalização e positivação do valor básico inerente à dignidade animal”. (ATAÍDE JUNIOR, Vicente de Paula. Introdução ao direito animal brasileiro... Op. cit., idem).

97 “Esse julgamento separou, definitivamente, Direito Ambiental e Direito Animal. Não em compartimentos estanques, que não possam repartir princípios e regras, mas em ciências próprias e autônomas. Era preciso a interpretação do guardião da Constituição (art. 102, Constituição) para consagrar a autonomia jurídica do Direito Animal. Já era esperado que o debate na Suprema Corte brasileira fosse acirrado. A colisão de bens constitucionais – cultura e dignidade animal – posicionou os Ministros, que se repartiram em nítidas visões antropocêntricas (pela preservação da cultura tradicional) e zoocêntricas (pelos animais) ou biocêntricas (pela vida em geral). Mas, ao final, diante da constatação empírica sobre a crueldade inerente à vaquejada, prevaleceu a visão zoocêntrica da regra da proibição da crueldade, insculpida na parte final do art. 225, §1º, VII da Constituição. Esse julgamento, ainda que repleto de contrastes de opiniões, acabou fixando a premissa maior de que mesmo a cultura tem limites na regra da proibição da crueldade aos animais. É certo que decisões anteriores do Supremo Tribunal Federal também foram guiadas por essa premissa, mas não com a abrangência, o amplo debate e os reflexos sociais e econômicos desse julgamento”. (ATAÍDE JUNIOR, Vicente de Paula. Introdução ao direito animal brasileiro...

Op. cit., 58).

98 A referência é assim complementada: “Didático e completo, esse voto elabora uma verdadeira síntese evolutiva das ideias animalistas e concilia as vertentes abolicionistas e benestaristas da causa animal. Apesar de não afirmar a existência de direitos jurídicos dos animais, o voto reconhece direitos morais e é enérgico em ressaltar a autonomia da regra da proibição da crueldade em relação à tutela do meio ambiente. O Ministro Barroso, nas discussões com os outros Ministros, reconhece inclusive a inevitabilidade histórica de uma ética animal capaz de, futuramente, mudar por completo as relações entre animais humanos e animais não-humanos, inclusive no que tange à alimentação humana (“em algum lugar do futuro seremos todos [vegetarianos]”). Ao final do voto, afirma que “o próprio tratamento dado aos animais pelo Código Civil brasileiro – ‘bens suscetíveis de movimento próprio’ (art. 82, caput, CC) – revela uma visão mais antiga, marcada pelo especismo, e comporta revisão”. (ATAÍDE JUNIOR, Vicente de Paula. Introdução ao direito animal brasileiro... Op. cit., idem).

No referido precedente, a ser apresentado adiante no item 2.6, a perspectiva

antropocêntrica do direito ambiental teria cedido espaço à perspectiva zoocêntrica (ou

biocêntrica), “com os animais percebidos como seres sencientes, portadores de um valor moral

intrínseco (Ministro Luís Roberto Barroso), dotados de dignidade própria (Ministra Rosa

Weber)”

99

e, assim, potenciais sujeitos (não mais objetos) da proteção constitucional pela via

da jurisdição.