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DIREITOS FUNDAMENTAIS REFERENTES ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

condição de deficiente, assegurando que a garantia à dignidade é dever do Estado, estendida a toda e qualquer pessoa, com deficiência ou não.148

Esse conceito de dignidade humana é algo que se concebe desde os tempos mais remotos e, bem por isso, progrediu na mesma medida em que evoluiu a sociedade, encontrando-se, ainda hoje, em constante processo de aprimoramento. Como dito acima, a dignidade é atributo que segue o homem e onde ele esteve, sempre o acompanhou, ainda que de forma mais rudimentar ou de maneira mais concreta e efetiva, como se vê nos dias atuais. Conforme a era que analisado, fundou-se por vezes, em concepções religiosas, filosóficas, sociais, etc.149

Entre os arts. 10 e 13 da Lei nº 13.146/15, está expresso o empoderamento da pessoa com deficiência, garantindo-lhe o direito à voz e o respeito às suas decisões, através de uma equiparação de oportunidades que considera a diversidade.150

145 BRASIL. Senado Federal. Substitutivo da Câmera dos Deputados nº 4, de 2015, ao PLS nº 6, e 2003, Lei Brasileira de Inclusão. Disponível em: < https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-

/materia/120108>. Acesso em: 12. Out. 2017.

146 SOUZA, Iara Antunes de. Estatuto da pessoa com deficiência: curatela e saúde mental. Belo Horizonte: D’Placito, 2016. p. 265.

147 SOUZA, Iara Antunes de. Estatuto da pessoa com deficiência: curatela e saúde mental. Belo Horizonte: D’Placito, 2016. p. 266.

148 FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto da pessoa com deficiência comentado: artigo por artigo. 2. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 57. 149 FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto da pessoa com deficiência comentado: artigo por artigo. 2. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 58. 150 BATTISTELLA, Linamara Rizzo. Do direito à vida. In: LEITE, Flávia Piva Almeida; RIBEIRO, Lauro Luiz Gomes; COSTA FILHO, Waldir Macieira da (Org.). Comentários ao estatuto da pessoa com deficiência. 1.

O direito à vida pressupõe o direito de não ter sua vida interrompida a não ser pela morte natural. No entendimento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, busca-se um aprimoramento que adicione qualidade aos anos de vida.151

Sobre o direito à habilitação e à reabilitação, destaca-se a distinção entre os institutos:

Habilitação não se confunde com reabilitação. A primeira é a preparação do inapto para exercer atividades, em decorrência da incapacidade física adquirida ou deficiência hereditária, a segunda pressupõe a pessoa ter tido aptidão e tê-la perdido por motivo de enfermidade ou acidente. Tecnicamente o deficiente não é reabilitado e, sim, habilitado.152

Elencado entre os arts. 14 e 17 da norma, o direito à habilitação e reabilitação é garantido para todas as pessoas com deficiência. Buscam-se, assim, medidas que venham a contribuir para que ela atinja e mantenha a funcionalidade ideal no ambiente através de: prevenção da perda funcional; redução do ritmo de perda funcional; melhora ou recuperação da função; compensação da função perdida; e manutenção da função atual.153

No Brasil, antes da Constituição Federal de 1988, o serviço de saúde pública era prestado somente àqueles que demostravam vínculo com a Previdência Social. A partir da Carta Magna, o direito à saúde foi estendido a todos, sejam ou não contribuintes da Previdência.154

O Estatuto da Pessoa com Deficiência busca o direito à saúde de modo mais elevado possível, sem discriminação baseada na deficiência. Os Estados são responsáveis por assegurar

ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 99. Disponível em <https://goo.gl/vYgJLf>. Acesso em: 12 out. 2017. Acesso Restrito via Minha Biblioteca.

151 BATTISTELLA, Linamara Rizzo. Do direito à vida. In: LEITE, Flávia Piva Almeida; RIBEIRO, Lauro Luiz Gomes; COSTA FILHO, Waldir Macieira da (Org.). Comentários ao estatuto da pessoa com deficiência. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 100. Disponível em <https://goo.gl/vYgJLf>. Acesso em: 12 out. 2017. Acesso Restrito via Minha Biblioteca.

152 MARTINEZ, 1999 apud FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto da pessoa com deficiência comentado: artigo por artigo. 2. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 73.

153 BATTISTELLA, Linamara Rizzo. Do direito à habilitação e à reabilitação. In: LEITE, Flávia Piva Almeida; RIBEIRO, Lauro Luiz Gomes; COSTA FILHO, Waldir Macieira da (Org.). Comentários ao estatuto da pessoa com deficiência. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 104. Disponível em <https://goo.gl/vYgJLf>. Acesso em: 12 out. 2017. Acesso Restrito via Minha Biblioteca.

154 FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto da pessoa com deficiência comentado: artigo por artigo. 2. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 78-79.

o acesso a serviços de saúde, incluindo os serviços de reabilitação, que devem considerar as especificidades de gênero.155

Dentre tais serviços, os Estados devem promover por programas de atenção à saúde, incluindo a orientação sexual e reprodutiva; os serviços deverão ser prestados o mais próximo possível de suas comunidades, inclusive na zona rural e o tratamento dos profissionais de saúde deverá ser o mesmo dispensada às demais pessoas.156

A educação já era estabelecida como garantia fundamental (CF, art. 205) para todas as crianças e adolescentes, indiferentemente de suas características pessoais. O Estatuto insurge com um aprimoramento desta educação aos portadores de deficiência, por meio de do transporte adequado, acessibilidade da arquitetura, qualificação dos funcionários, capacitação do corpo docente na comunicação (p. ex. línguas de sinais), além de projetos de conscientização executados dentro e fora das escolas, como meio de eliminar preconceitos e estimular a convivência (Lei nº 13.146/15, art. 27).157

O art. 31 do Estatuto da Pessoa com Deficiência refere-se ao direito a uma moradia digna, que disponha “de instalações sanitárias adequadas, que garanta condições de habitualidade e que seja atendida por serviços públicos essenciais, como água, esgoto, energia elétrica, iluminação pública, coleta de lixo, pavimentação e transporte coletivo”.158

O direito ao trabalho é contemplado entre os arts. 34 e 38 do Estatuto, estipulando regras específicas desde a formação profissional e o recrutamento até as condições de contratação. Busca-se, assim, uma adaptação para o reconhecimento da capacidade legal e da igualdade, afastando-se da discriminação.159

155FERREIRA, Eduardo Dias de Souza Ferreira. Do direito à saúde. In: LEITE, Flávia Piva Almeida; RIBEIRO, Lauro Luiz Gomes; COSTA FILHO, Waldir Macieira da (Org.). Comentários ao estatuto da pessoa com deficiência. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 125. Disponível em <https://goo.gl/vYgJLf>. Acesso em: 12 out. 2017. Acesso Restrito via Minha Biblioteca.

156 FERREIRA, Eduardo Dias de Souza Ferreira. Do direito à saúde. In: LEITE, Flávia Piva Almeida; RIBEIRO, Lauro Luiz Gomes; COSTA FILHO, Waldir Macieira da (Org.). Comentários ao estatuto da pessoa com deficiência. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 125. Disponível em <https://goo.gl/vYgJLf>. Acesso em: 12 out. 2017. Acesso Restrito via Minha Biblioteca.

157 FERREIRA, Luiz Antonio Miguel. Do direito à educação. In: LEITE, Flávia Piva Almeida; RIBEIRO, Lauro Luiz Gomes; COSTA FILHO, Waldir Macieira da (Org.). Comentários ao estatuto da pessoa com deficiência. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 155. Disponível em <https://goo.gl/vYgJLf>. Acesso em: 12 out. 2017. Acesso Restrito via Minha Biblioteca.

158 FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto da pessoa com deficiência comentado: artigo por artigo. 2. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 123. 159 GUGEL, Maria Aparecida Miguel. Comentários introdutórios ao estatuto da inclusão e os direitos e

A assistência social é um dos tripés da seguridade social. É uma política não contributiva que visa prestar assistência a quem se encontra em risco ou vulnerabilidade social. O Estatuto da Pessoa com Deficiência garante um salário mínimo de benefício mensal àqueles que comprovarem não ter condições de prover sua manutenção ou de ser providos por sua família.160

A pessoa com deficiência também é investida de direito à aposentadoria, através do regime geral de Previdência Social (Lei nº 13.146/15, art. 41).161

Ao deficiente ainda é garantido o direito à cultura (art. 42) e ao transporte (art. 46) como, por exemplo, o direito que o deficiente visual tem de entrar e permanecer nos locais e em todos os meios de transporte, abertos ao público, acompanhado de cão-guia.162

4.3 A ALTERAÇÃO NO REGULAMENTO DA CAPACIDADE CIVIL

Conforme já abordado, a incapacidade civil pode ser absoluta ou relativa, de acordo com o grau de imaturidade, deficiência física ou mental da pessoa.163

A partir da vigência do Estatuto da Pessoa com Deficiência, foi criada uma nova teoria das incapacidades. No entendimento de Tartuce, “o sistema de incapacidade anterior não protegia a pessoa em si, mas os negócios e atos praticados, em uma visão excessivamente patrimonialista, que sempre mereceu críticas”.164

Em sua redação original, o Código Civil de 2002 previa expressamente três hipóteses de absolutamente incapazes. Com a Lei nº 13.146/15, que revogou três incisos do art.

(Org.). Comentários ao estatuto da pessoa com deficiência. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 155. Disponível em <https://goo.gl/vYgJLf>. Acesso em: 12 out. 2017. Acesso Restrito via Minha Biblioteca. 160 BENINE, Renato Jaqueta; BONFIM, Symone Maria Machado. Do direito à assistência social. In: LEITE, Flávia Piva Almeida; RIBEIRO, Lauro Luiz Gomes; COSTA FILHO, Waldir Macieira da (Org.). Comentários ao estatuto da pessoa com deficiência. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 195. Disponível em

<https://goo.gl/vYgJLf>. Acesso em: 12 out. 2017. Acesso Restrito via Minha Biblioteca.

161 BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Estatuto da Pessoa com Deficiência. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm >. Acesso em: 12 out. 2017. 162 FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto da pessoa com deficiência comentado: artigo por artigo. 2. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 160. 163 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 110. Disponível em: <https://goo.gl/HbJTtm>. Acesso em: 3 ago. 2017. Acesso restrito via Minha Biblioteca. 164 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: lei de introdução e parte geral. 13. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p. 132. Disponível em: <https://goo.gl/GUK1pZ>. Acesso em 15 out. 2017. Acesso restrito via Minha Biblioteca.

3º, ficou estabelecido, em seu caput, que a única possibilidade de incapacidade absoluta se restringe aos menores de dezesseis anos.165

Em resumo, não existe mais no sistema privado brasileiro incapaz que seja maior de idade. Dessa forma, não é possível mais falar em interdição por incapacidade absoluta. Todas as pessoas com deficiência, que eram tratadas como incapazes, passam a ser, em regra, plenamente capazes para o Direito Civil, em busca de inclusão social e dignidade.166

Com a alteração no sistema de incapacidade absoluta, as pessoas com deficiência passaram a se enquadrar no art. 4º do Código Civil, ou seja, passaram a ser consideradas relativamente incapazes pelo sistema. Tartuce explica que “mesmo em casos tais, não haveria propriamente uma ação de interdição, mas uma ação de instituição de curatela ou de nomeação de um curador, diante da redação dada ao art. 1.768 do Código Civil pelo mesmo Estatuto”.167

Com o Novo Código de Processo Civil, o artigo que tratava da ação de interdição foi expressamente revogado, deixando um vácuo no ordenamento jurídico brasileiro; há dúvida se ainda é cabível à ação de interdição ou se somente será possível a ação de nomeação de um curador.168

Em consonância com a capacidade civil do deficiente, merece destaque o art. 6º da Lei nº 13.146/15, que prevê que a deficiência por si só não gera incapacidade para:

Art. 6o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: I - casar-se e constituir união estável;

II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;

III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;

IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e

VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.169

165 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 111. Disponível em: <https://goo.gl/HbJTtm>. Acesso em: 3 ago. 2017. Acesso restrito via Minha Biblioteca.

166 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: lei de introdução e parte geral. 13. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p. 132. Disponível em: <https://goo.gl/GUK1pZ>. Acesso em 15 out. 2017. Acesso restrito via Minha Biblioteca.

167 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: lei de introdução e parte geral. 13. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p. 132. Disponível em: < https://goo.gl/GUK1pZ>. Acesso em 15 out. 2017. Acesso restrito via Minha Biblioteca.

168 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: lei de introdução e parte geral. 13. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p. 132. Disponível em: <https://goo.gl/GUK1pZ>. Acesso em 15 out. 2017. Acesso restrito via Minha Biblioteca.

169 BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Estatuto da Pessoa com Deficiência. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm >. Acesso em: 12 out. 2017.

O art. 84, do mesmo Estatuto, estabelece que a capacidade jurídica é a regra, sendo a incapacidade a exceção. O simples fato de uma pessoa ser portadora de algum tipo de deficiência não retira dela a possiblidade de praticar os atos civis.170

A leitura atenta dos arts. 3º e 4º da codificação de 2002, com a nova redação estabelecida pela Norma Estatutária, permite extrair a existência de dois diferentes critérios determinantes de incapacidade, um deles objetivo (o critério etário) e o outro subjetivo (o critério psicológico). Quando se trata de incapacidade decorrente de critério cronológico (etário), a situação é facilmente demonstrável, porque submetida a um requisito objetivo, qual seja, a comprovação da idade da pessoa. Comprovada a idade naturalmente, decorrem os efeitos jurídicos da incapacidade, vinculando todos os atos praticados pelo titular. No entanto, em se tratando de incapacidade (relativa) fundada em critério subjetivo (psicológico), considerando que a incapacidade é excepcional, é exigível o reconhecimento judicial da causa geradora da incapacidade, através de uma decisão judicial a ser proferida em uma ação específica, por meio de um procedimento especial de jurisdição voluntária. É a chamada ação de curatela – e não mais ação de interdição, para garantir o império da filosofia implantada pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência. É o caso da incapacidade relativa das pessoas que, mesmo por causa transitória “não puderem exprimir sua vontade” (CC, art. 4º), cuja incapacidade precisa ser reconhecida pelo juiz.171

Feitas essas considerações iniciais sobre os arts. 6º e 84 do Estatuto da Pessoa com Deficiência, observa-se que não foram alteradas, no ordenamento jurídico brasileiro, as considerações acerca dos menores de dezesseis anos.172

Quanto à incapacidade relativa, pode-se perceber que não houve alteração nos incisos I e IV. Ficou mantida a incapacidade relativa para os menores entre dezesseis e dezoito anos e para os pródigos. Do inciso II, no entanto, foi retirada a hipótese relativa às pessoas com deficiência mental, permanecendo apenas os ébrios habituais e os viciados em tóxicos.173

Com a nova redação estabelecida em seu inciso III, a pessoa portadora de síndrome de Down será plenamente capaz, em regra, mas poderá se utilizar da tomada de decisão apoiada para atos patrimoniais, desde que por sua iniciativa. Excepcionalmente os portadores de síndrome de Down poderão ser considerados relativamente incapazes, quando, por causa

170 FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto da pessoa com deficiência comentado: artigo por artigo. 2. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 240. 171 FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto da pessoa com deficiência comentado: artigo por artigo. 2. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 241-242. 172 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 113. Disponível em: <https://goo.gl/HbJTtm>. Acesso em: 3 ago. 2017. Acesso restrito via Minha Biblioteca.

173 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 23 set. 2017.

transitória ou definitiva, não puderem exprimir sua vontade, podendo ser sujeitos à ação de curatela, não tendo prejuízos com relação a sua capacidade plena para os atos existenciais familiares. 174

O mesmo serve para o surdo-mudo. Em regra, ele deve ser considerado capaz. Eventualmente, quando comprovado que ele não possa exprimir sua vontade, poderá ser considerado relativamente incapaz, mas não lhe caberá o rotulamento de absolutamente incapaz.175

No que diz respeito aos índios e aos silvícolas, o Código Civil de 2002 não os considera mais como incapazes.176

Para melhor compreensão acerca das mudanças auferidas com a vigência do Estatuto da Pessoa com Deficiência, esboçou-se um quadro comparativo entre a redação original e a redação vigente do Código Civil de 2002:

Quadro 1 – Comparativo das incapacidades

(continua) Código Civil 2002 – redação original Código Civil 2002 – redação vigente

Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos;

II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade

Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos;

I - (Revogado); II - (Revogado); III - (Revogado). Art. 4o São incapazes, relativamente a certos

atos, ou à maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;

Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;

174 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: lei de introdução e parte geral. 13. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p. 140. Disponível em: <https://goo.gl/GUK1pZ>. Acesso em 15 out. 2017. Acesso restrito via Minha Biblioteca.

175 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: lei de introdução e parte geral. 13. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p. 140. Disponível em: < https://goo.gl/GUK1pZ>. Acesso em 15 out. 2017. Acesso restrito via Minha Biblioteca.

176 CASSETTARI, Chistiano. Elementos de direito civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 60. Disponível em: <https://goo.gl/8oSLKu>. Acesso em: 22 out. 2017. Acesso restrito via Minha Biblioteca.

Quadro 1 – Comparativo das incapacidades

(continuação) Código Civil 2002 – redação original Código Civil 2002 – redação vigente

III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;

IV - os pródigos.

Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.

III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;

IV - os pródigos.

Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.

Fonte: Elaboração da Autora, 2017.

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