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Por C l eb er Mon t ei r o Mu n i z em 0 3/ 0 4 / 2 0 0 1 ; a t ua l iz a d o em 2 4 / 0 2 / 2 0 0 4 .

Dura nt e o so nho persist e no ego u ma reco rdaç ão resid ua l, se mi- co nsc ie nt e, de que as at iv idad es d a v ida víg il t er mina ra m. É u ma reco rdaç ão t ênue po ré m no r ma lme nt e est á prese nt e e po de ser ut iliz ada co mo apo io para d isc er nir mo s qu e est a mo s fo ra da vid a fís ic a. Trat a-se de u ma me mó r ia residu a l d e no s t ermo s de it ado e co nc lu ído o s no sso s a faz ere s d iár io s. À me d ida e m qu e o s agregado s psíq u ico s são d isso lvido s, essa re co rdação au me nt a de mo do nat ura l.

Po de mo s ut iliz á- la co mo recur so ad ic io na l par a dese nvo lver a lu c ide z: ao no s pergu nt ar mo s, int ra-o nir ic a me nt e, se est a mo s o u não no mu ndo do s so nho s, po de mo s no s va ler da reco rdação t ênue p ara o bt er a respo st a.

É impr esc ind íve l co nfer ir a e sse pro ced ime nt o u m sig n ificado ad ic io na l e não subst it ut ivo . O d isc ern ime nt o pe la me mó r ia re sidu a l não su bst it u i a prát ica de o lhar para o s o bjet o s ext erno s bu sca ndo a reve la ção do mu ndo e m

que est a mo s. Ta mpo uco su bst it u i as e st rat ég ia s de ado r me cer

co nsc ie nt e me nt e o u de at ent ar para fat o s que desa fia m a ló g ica

t rid ime nsio na l.

A re fer id a mo da lid ade de d isc er nime nt o co nsist e e m busc ar a respo st a na reco rdação e não na o bser vaç ão . Para saber mo s se e st a mo s e m so nho , no s pergu nt a mo s: "Eu já me deit ei para do rmir ou não?" . Se ho uver u ma reco rdação t ênue, e la po de no s dar a respo st a. Co mp let a-se o t raba lho co m a o bser vação e xt erna lú c ida e ver ific at ó rio -co nfir mat ó r ia, a lé m da co nst at ação de aco nt ec ime nt o s t íp ico s da ló g ic a fa nt á st ica. Te mo s que e nt e nder que a pergu nt a pr inc ip a l ( "Em que mund o esto u?" ), cu ja respo st a é ba sea da na o bser vação , não é descart ada e m fu nção da se cu nd ár ia. Est a a co mp let a no caso da mesma não ser su fic ie nt e par a pro po rcio nar a lu c ide z o nír ica. Qua ndo a d ifer e nc ia ção fo r mu it o d ifíc il, po r t udo est ar mu it o igua l à re a lidad e fís ic a, po de mo s ape lar p ara a pergu nt a se cu nd ár ia co mo me io d e inst a lar u ma desco nfia nça in ic ia l.

U ma desco nfia nça co m re la ção ao carát er nu mino so das ce na s é ind isp e nsá ve l no d iscer n ime nt o . É ju st a me nt e a nu mino sid ade, a sso c iad a à id é ia inco nsc ie nt e de que não e xist e m r e ino s int er io re s co m impa ct o de

rea lidad e equ iva le nt e ao fís ico , que no s leva fo rço sa me nt e a se mpr e acred it ar que est a mo s na vida t r id ime nsio na l, a inda qu e est e ja mo s fo ra de la.

No que se re fer e à aqu is ição de luc id ez, há do is t ipo s de so nho s:

1. So nho s qu e apre se nt a m a no r ma lid ade s que o s denu nc ia m;

2. So nho s idê nt ico s à rea lid ade e xt er io r.

A pr ime ir a mo da lid ade o nír ic a é fac ilme nt e reco nhec id a pe la o bser vação das c e na s c ircu nda nt es. Apre se nt a m e le me nt o s su bverso res da ló g ic a víg il: a co nt ec ime nt o s absurdo s, rupt uras ló g ica s, sa lt o s no t empo e no espa ço . A lu c ide z, nesse c aso , requer ape na s que se prat iqu e no mu ndo físico u m e st ado de a lert a co m re laç ão a t udo o que fug ir da ló g ic a co mu m.

A segu nda mo da lid ade é a ma is d ifíc il d e ser reco nhec ida pe lo so nha do r. Nesse s ca so s, o s so nho s são co mp act o s, espesso s e co ere nt es. Os e nredo s são lo ngo s e marcado s po r u ma seme lha nç a mu it o gra nde co m a rea lidad e fís ic a. O ego o nír ico não vê a bsurdo s e, po r t a l mo t ivo , não det ect a d ifer e nça s co m re la ção ao mu ndo ext er io r. A o bser va ção da ce na s c ir cu nda nt e s não surt e efe it o e m t a is so nho s po rque não há t raço s de o nir ic idad e a ser e m o bser vado s.

O o niro naut a que co nsegu ir luc idez no s so nho s id ê nt ico s à rea lid ad e e xt er io r co nsegu ir á fa c ilme nt e a luc id ez no s de ma is. O ú nico e le me nt o que a per mit e é a me mó r ia a ut o bio grá fic a rec e nt e e a lt a me nt e rece nt a po r co nt er a le mbr a nç a residu a l de o nd e est ive mo s há po uco .

Dest e mo do , há dua s ma ne ira s de e xerc it ar o d iscer nime nt o : 1) pe la o bser vação do s fat o s ext erno s; 2) pe la re co rdação de o nde est ive mo s.

A me mó r ia o nír ica a ut o bio grá fic a rec e nt e e a lt a me nt e rece nt e é residu a l p e la fa lt a d e uso . Po demo s t irá- la da at ro fia ao exer c it á-la po r me io de aut o -inda gaçõ es co mo : " já ade nt re i ao so nho ?", "ser á que não de ixe i meu co rpo dor mindo há po uco ?", "e st as ce nas t ão evide nt e me nt e rea is e fís ic as que ve jo não po de m ser já as c e na s de u m so nho ?".

O exerc íc io prec isa ser repet ido infin it a me nt e no mu ndo fís ico , dura nt e o est ado víg il. O segredo co nsist e e m se nt ir no fu ndo do co ração as pergu nt as, quere ndo sinc era me nt e a respo st a verdad e ira. É a lgo e mo c io na l e não rac io na l, co mo parec e à pr ime ira vist a; t rat a-se de se nt ir o dese jo de desco br ir. A e mo ção é cha ve. Qua nt o ma is int e nsa e pro fu nda me nt e

dese jar mo s a respo st a, ma io r es serão as cha nce s de d iscer nir mo s que e st a mo s so nha ndo .

Refe rência s:

Parte IV