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4. RESULTADOS

4.1. Relatos de experiências

4.1.1. Disciplinas em áreas afins

As disciplinas cursadas em “áreas afins” foram consideradas aquelas que não eram ofertadas com regularidade ou não pertenciam ao curso de origem na UFES, mas tinham alguma semelhança com o curso de origem. Elas poderiam ter sido cursadas ou não pelo aluno na UFES. No caso de ter sido cursada, considerou-se válido repetir a disciplina, pois (em geral, segundo relatos dos alunos) as disciplinas cursadas no exterior possuíam maior carga horária prática e menor carga horária teórica presencial. Ressaltou-se que o acompanhamento dos professores, tutores e/ou auxiliares era muito frequente, com disponibilidade presencial e a distância.

Uma das alunas (A.C.C.) que participou do relato de experiências afirma que “em relação às disciplinas em que estou matriculada, todas elas se relacionam ao meu curso no Brasil”. Outro aluno (A.A.) completa que algumas disciplinas “não existiam ou não eram ministradas no Brasil”.

Quanto à metodologia das disciplinas, ressaltou-se a existência de maior carga horária prática nas disciplinas e menor carga horária teórica presencial.

Segundo esse aluno (A.A.), sua visão da carga horária, acompanhamento e infraestrutura da instituição no exterior assim se apresenta:

[as disciplinas em áreas afins] foram muito bem desenvolvidas, com carga horária suficiente, com orientações detalhadas por professores e seus assistentes e notei que as diferenças eram poucas em relação ao corpo discente e docente, com abordagens parecidas em relação às atividades realizadas em sala de aula, em grupo, aulas de campo dentre outras oportunidades; apenas com ressalva para a infraestrutura muito superior a brasileira”.

Ainda segundo a aluna A.C.C. existe “uma carga horária menor que a da universidade brasileira, o que não significa menos estudo”.

Novamente, quanto ao acompanhamento dos alunos no exterior, uma aluna (T.S.) afirma: “tenho sido acompanhada de forma muito atenciosa pelo coordenador

de assuntos internacionais da Universidade de Sevilla, por e-mail e de forma presencial”. No relato, aluna A.C.C. afirma: “aqui cada aluno tem um tutor, que é responsável por acompanhar todas atividades e sanar quaisquer dúvidas que possam surgir, de forma individualizada”.

Mais uma vez, quanto à carga horária e acompanhamento, essa aluna (A.C.C.) destaca a dificuldade de adaptação e a necessidade de maior tempo de estudo individual, através do relato:

Existem muitas atividades self-study e trabalhos que requerem uma carga horária de estudo intensa fora da sala de aula. Como a metodologia de ensino é diferente, demorei algumas semanas para me adaptar, mas os professores tem disponibilidade de orientar os alunos, via e-mail, a qualquer dia e hora (letivos). Em relação as aulas práticas, a universidade se supera em termos de estrutura, é possível ter acesso a equipamentos de última geração[...].

Também em relação ao acompanhamento dos bolsistas pela instituição estrangeira, foi apontada a atenção e disponibilidade de atendimento aos alunos estrangeiros, como o aluno (W.F.) afirma:

Em todas as 8 disciplinas que cursei em minha área tive um amplo acompanhamento tanto dos professores titulares, como de auxiliares. Cada uma das disciplinas tinha algo chamado de office hours, um horário específico para se tirar dúvidas, correção de atividades ou até mesmo apenas conversar com os professores [...] Todos os professores tinham conhecimento de que eu era um estudante internacional e percebi que se esforçavam para que eu tivesse um bom aproveitamento em suas disciplinas [...] absolutamente em todas as disciplinas que cursei tive total orientação em todas as atividades realizadas, e isso foi fundamental para meu bom desempenho em todas elas.

As aulas práticas e a metodologia de ensino foram apontadas como destaques, tanto que a aluna A.C.C. afirma que parece estar em um laboratório de pesquisa, sendo, portanto, proveitoso rever esses conteúdos já cursados na UFES, conforme seu relato:

[...] apesar de estar matriculada em algumas matérias que já cursei na UFES, tem sido um aprendizado diferente, pois a didática é diferente e academicamente as aulas práticas fornecidas aqui tem sido muito proveitosas, porque coisas que eu só faria em um laboratório de pesquisa ou indústria [...] são parte de aulas práticas normais da grade do curso.

Quanto a disciplinas não ofertadas na UFES e tempo de aula, isso é visto como uma oportunidade de ampliar conhecimento pela aluna (L.F.), que afirma:

[o programa CSF] proporcionou realizar disciplinas que eu sempre desejei fazer, mas que infelizmente não são ofertadas pela UFES ou são raramente ofertadas, como, por exemplo, biologia marinha e comportamento animal. Além disso, a metodologia das universidades australianas é bem diferente

das universidades brasileiras. O tempo de aula teórica é bem menor e existem mais aulas práticas e aulas de campo quando comparado ao Brasil.

No que concerne à diferença de aulas teóricas/práticas e relacionamento com os colegas de turma, este é facilitado pela carga horária prática ser maior, já que na aula teórica geralmente os alunos não conversam durante a aula, conforme a aluna (L.F.) relata:

As aulas teóricas eram realizadas em grandes salas e as turmas tinham um grande número de alunos. Essa estrutura, na minha opinião, dificultava um pouco o relacionamento com os outros estudantes. Mas nas aulas práticas sempre existiam atividades em grupo facilitando uma aproximação com os colegas de turma.

Ainda segundo essa aluna, quanto ao sistema de avaliação nas disciplinas afins, ela afirma:

O sistema de avaliação também era bem diferente. Em todas as disciplinas que cursei existiam muitos trabalhos e relatórios durante o semestre e no final do semestre existia uma prova com todo o conteúdo.

Em relação à infraestrutura à qual os alunos tinham acesso, enquanto cursavam disciplinas de áreas afins, essa mesma aluna relata:

Outra diferença entre as universidades é a infraestrutura [...] salas de aula e os laboratórios são muito bem equipados e a estrutura de forma geral é bem melhor do que das Universidades brasileiras. Mas os professores de ambas as instituições são muito bem qualificados.

Outra aluna (C.B.) relata sobre a infraestrutura completa e o ambiente no cotidiano da sala de aula no exterior:

Todas as salas de aula eram equipadas com sonorização e amplificadores, microfones, climatizadas, com muita iluminação natural e wireless. Muitas tinham chamada eletrônica na entrada, computador, datashow e carteiras confortáveis. Os prédios possuíam um bom sistema de segurança e era permitido passar a noite nas dependências das salas de aula para estudar ou projetar [...] quanto às aulas, era predominante a exposição do conteúdo de forma oral pelo professor, sem interrupções pelos alunos coreanos por questões culturais (de respeito à hierarquia). Os alunos focam em decorar dados soltos e muitas vezes irrelevantes, e não na compreensão sistema e ampla do assunto. A frequência tem muito peso na avaliação (tanto que recebi ligação de uma professora quando faltei uma aula). As provas não são parte muito importante da nota final. A nota dos alunos não é absoluta, mas sim um ranking, por isso há muita competição para ser o melhor.

Quanto ao acompanhamento dos bolsistas pela agência que concedeu a bolsa, uma aluna (L.F.) diz:

Em relação ao acompanhamento das atividades, os bolsistas do CNPq tinham que enviar um relatório parcial e final com o histórico acadêmico. E os bolsistas do CNPq que não tiveram o desempenho desejado no primeiro semestre da Universidade foram mandados de volta ao Brasil sem concluir o programa. Acredito que esse posicionamento do CNPq foi muito válido e

fez com que os estudantes se dedicassem mais. Eu fui aprovada em todas as disciplinas e pude concluir o programa como esperado.