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Dada a crescente ênfase na competição em nível internacional, observa-se que instituições de educação tem dado importância ao desenvolvimento de sua imagem e à construção de uma forte reputação internacional, visto que essas organizações tem buscado atingir altos padrões acadêmicos, de forma a estar numa

melhor posição competitiva. Esse fenômeno tem feito com que as instituições busquem “acreditação” ou serviços de garantia de qualidade de suas atividades, quer seja por organismos nacionais, quer seja por organismos internacionais de acreditação. O desejo por reconhecimento internacional está crescendo. Prova disso são os rankings acadêmicos.

O desejo por maior visibilidade internacional também está expresso no inciso VII, parágrafo 2º, do Decreto nº 7.642/2011 (BRASIL, 2011), que instituiu o programa CSF:

VII – propiciar maior visibilidade internacional à pesquisa acadêmica e científica realizada no Brasil.

É importante refletir sobre o papel que as instituições, os órgãos de controle nacionais e as agências de acreditação exercem no monitoramento das atividades de internacionalização. Outro fator a ser questionado é se a internacionalização tem funcionado como um meio de compreender a diversidade cultural ou como um agente de homogeneização cultural. Questiona-se se as instituições não estariam deixando motivações sociais e culturais rumo a interesses econômicos e comerciais.

Segundo Albuquerque (2013, p.6), as universidades escolhidas pelo programa Ciência sem Fronteiras estão de acordo com os principais rankings internacionais, como o Times Higher Education e QS World University Rankings. Albuquerque (2013, p.12) ainda afirma que “essa parece ser a possibilidade de ter algum padrão de escolha para um programa que se inicia”. Esse autor comenta que o programa CSF se propõe a enviar alunos brasileiros a universidades de excelência, mas esse critério de excelência não está devidamente explicitado. Ao analisar as universidades destino, escolhidas pelo programa CSF, encontra-se uma grande variedade de posições ocupadas por elas nos rankings.

Por exemplo, o ranking mundial19 de universidades Times Higher Education

(THE) aponta apenas três universidades na América do Sul:

Tabela 4. Universidades da América do Sul no ranking THE (2013-2014).

Posição em 2013 e 2014 Instituição Localização 226-250 Universidade de São Paulo Brasil 251-275 Universidade dos Andes Colômbia 301-350 Universidade Estadual de Campinas Brasil Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de informações do ranking THE.

19 Disponível em: <http://www.timeshighereducation.co.uk/world-university-rankings/2013-14/world- ranking/region/south-america>. Acesso em 30 de abril de 2014.

No ranking global SCImago20, o Brasil ocupava a 15ª posição mundial na ocasião da consulta ao portal desse ranking, numa classificação que considera a produção científica dos países avaliados. No ranking SCImago Ibero, que considera universidades ibero-latino-americanas, observam-se os seguintes dados sobre algumas universidades brasileiras:

Tabela 5. Universidades brasileiras no ranking SCImago Ibero (2008-2012).

Posição Organização Nº Artigos

1ª Universidade de São Paulo 51.283

... ... ...

4ª Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho 18.666

... ... ...

6ª Universidade Estadual de Campinas 18.111

7ª Universidade Federal do Rio de Janeiro 15.993 87ª Universidade Federal do Espírito Santo 2.538 Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de informações do ranking SCImago.

No ranking universitário21 produzido pela Folha de São Paulo, no aspecto

internacionalização, as instituições capixabas aparecem nas seguintes colocações:

Tabela 6. Universidades capixabas e suas posições no ranking universitário da Folha de São Paulo (2013).

Posição em 2013 Nome da Universidade Índice de Internacionalização 92ª Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) 2,77

142ª Universidade Vila Velha (UVV) 1,67

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de informações do ranking Folha de São Paulo.

Nesse ranking, a instituição com o maior índice para o aspecto “internacionalização” foi a Fundação Universidade Federal do ABC (UFABC), com índice de 5,86, numa escala de 0 a 6. Os indicadores considerados para internacionalização foram: citações internacionais por docente; publicações em coautoria internacional; e docentes estrangeiros.

Quanto ao Journal Citations Reports (JCR)22, trata-se de um sistema que

avalia os principais periódicos científicos do mundo, por meio de dados quantitativos

20 Disponível em: <http://www.scimagoir.com/pdf/iber/SIR%20Iber%202014%20HE.pdf>. Acesso em 30 de abril de 2014.

21 Disponível em:

<http://ruf.folha.uol.com.br/2013/rankinguniversitariofolha/rankingporinternacionalizacao/#state=es>. Acesso em 30 de abril de 2014.

e informações estatísticas, com base em dados de citação. Ao compilar as referências citadas nos artigos, o JCR auxilia na medição da influência e impacto da pesquisa, no nível do periódico e na sua categoria, e demonstra a relação entre a citação e os periódicos citados.

A partir da classificação resultante desse sistema, bibliotecários podem decidir quais periódicos devem ser mantidos ou retirados de suas coleções e indicar quanto tempo um periódico deve ser mantido em sua coleção antes de ser arquivado. Editoras podem determinar a influência de seus periódicos e repensar suas estratégias. Pesquisadores podem identificar os periódicos mais influentes onde poderiam publicar, assim como verificar a situação dos periódicos nos quais já publicaram. Alunos e professores podem determinar sua lista de periódicos a serem lidos, a partir daqueles mais citados. Gestores e analistas de informação podem acompanhar padrões bibliométricos para tomar decisões estratégicas.

A partir do JCR, foram criados os Essential Science Indicators (ESI). Trata-se de indicadores para identificar pesquisadores, instituições, trabalhos, e países influentes, levando em conta uma área do conhecimento, assim como áreas de pesquisa de importância crescente que podem ter impacto no mundo acadêmico. Essa compilação de estatísticas de desempenho pode ser uma fonte de análise para formuladores de políticas, gestores, analistas e especialistas em informação de agências governamentais, universidades, empresas, instituições privadas de pesquisa, assim como membros da imprensa científica e gestores de recursos humanos.

Esses indicadores permitem: analisar o desempenho da pesquisa em empresas, instituições, países e periódicos; identificar tendências significativas nas ciências; classificar os principais países, periódicos, cientistas, trabalhos e instituições, por área do conhecimento; determinar os resultados das pesquisas e o impacto em campos específicos de pesquisa; avaliar potenciais pesquisadores, colaboradores, revisores e parceiros de pesquisa.

22 Disponível em: <http://thomsonreuters.com/products/ip-science/04_031/esi-jcr-brochure.pdf>.