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O ESTABO COUTEMPOEÃUEO: Função Social

71 discurso legal'.'

Do ponto de vista do Estado, o Dever de Agir, é fonte

de obrigações permanentes. Do ponto de vista da Sociedade , o

Dever de A gir é fonte permanente de direito frente às agências

estatais. Sempre que possível a viabilização dessa interação que no limite, traduz uma relação jurídica de Direito Político,

71. P A S O L D , Cesar Luiz. Aspectos terminais da função social

do Estado Contemporâneo. In: "Reflexões sobre o Poder e o Di reito'.' Florianópolis, Ed. Estudantil, 1986, p . 77.

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deve ser assegurada pela. previsão de recursos ou medidas à dis­

posição dos Sujeitos do Estado, isoladamente ou não, frente à

Administração. Além disso, o dever de agir, será um elemento an­

tecedente às conveniências da ação pública, interferindo no

campo da discricionariedade da Administração, norteando-a.

Será uma das razões de Ser do Estado, prevalente às

ditas "razões de Estado" tradicionalmente manejadas contra a

Sociedade.

Nesse sentido, o dever de agir alimentará a @ se ali

mentark

das políticas fixadaspelá Sociedade para o seu Estado . E se constituirá num substantivo valioso das razões tradicio nalmente invocadas para responder à indagação "Por que obede

cer?'.1 Se é inarredável da realidade social a relação de poder.Se

essa constatação hoje se agrava em vista do aumento da demanda social na busca de direitos políticos, sociais e econômicos airria sonegados a amplos setores da sociedade, exigindo do Estado a - ções cada vez mais castrantes da iniciativa individual. Torna - se imperioso refazer os cálculos da fórmula "Custo/toeneficio" , como medida prática de verificação da viabilidade do modelo so­

cial e político vigente.

"Nesse esquema, retoma-se a sociedade como fonte originária do direito, e dilui-se qualquer sus­

tentação pretehsamente válida de que o Estado

o deva ser. Para este, coloca-se o papel de

instrumento que execute o dever de agir em con- lüio com todo social'.172

2 . 2 - 0 Agir

Que o Agir, como elemento composicional da Função So­ cial do Estado Contemporâneo, é a passagem, sem desvios, da a - ção estatal pensada para a ação estatal concreta. É dessa ma

72.PASOLD, Cesar Luiz. Aspectos terminais da função so

ciai do Estado Contemporâneo. In: "Reflexões sobre o Poder e o

neira que lemos a expressão utilizada por Pasold "conjunto de compromissos ativos e claramente estabelecidos correspondente -

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mente ao dever de agir'.'

Assim, agir é o Estado em movimento, jungido aos pres­ supostos de sua função social. Esse Estado em movimento se ex - terioriza por atos concretos que incidem sobre os diversos lu -

gares onde se faz necessária a atuação da Agência Central do

conjunto de atividades’ humanas, que e o proprio Estado conforme

aqui concebido.

Como parece ser de essência do poder a tendência ao

expansionismo, à autonomização e a intensificação do uso das

"razões de poder", é preciso que a sociedade se mantenha vigi - lante verificando cada ação concreta das agências estatais com o diapasão da legitimidade, de forma que os resultados dessa a- ção fiscalizadora informem continuadamente o campo onde intera­ gem os anseios dos governados e os anseios dos governantes.

73. PASOLD, Cesar Luiz. Aspectos terminais da função soei -

al do estado contemporâneo. "In" Reflexões sobre o poder e o

3 - A COIfDIÇAO IMSTEUMEUTAL DA FÜMÇÃO SOCIAL, DO ESTABO COÜTEMPOEiÂMEO E SUA ESTKUTOMA LÓGICA

Tratamos neste tópico do caráter instrumental/proces­ sual da Função Social do Estado Contemporâneo, concebendo-a co­ mo a sucessão de atos coordenados, tendentes â produção de de - terminados resultados previsto como conteúdo das políticas es - tabelecidas pela Sociedade.

Compõem organicamente esse processo: as políticas(di­ retrizes) e o dever de agir (em interação recíproca), as mor - mas, o planejaumento do agir e o agir (em interação recíproca) , os atos concretos e o "feed-back".

0 dever de agir deve informar as e se informar das

políticas, sendo ao mesmo tempo fundamento geral e fio condutor da essência da função social do Estado Contemporâneo: a submis­

são do Estado à condição de criatura da Sociedade, vista como

titular de direitos e deveres.

Com esse duplo caráter de gerador e transmissor da

energia vital da Função Social, o dever—de-agir vai repercutir

na positivação jurídica (normas) do conjunto de compromissos

estatais, materializando-se nas ações (Agir), (Atos concretos), que a Sociedade tem o dlreito-dever de exigir do seu Estado.

Para que se efetive como ação consciente, a causaçao de atos concretos do Estado deve ser precedida do planejamento, "entendido como instrumento de ordenamento inteligente dos com-

portamentos1.' Assim, previnem-se o processo contra o perdimen- to ou o desvio de recursos e de energias sociais, favorecendo - se as expectativas de maior e melhor produção de resultados.

Concebida a Função Social como instrumento/processo , entendemos oportunas as considerações de Pasold:

"Aceita tal formulação, surgem consequências ló­ gicas; a mais importante: há uma relação neces­ sária de tendência entre o instrumento/processo e o seu produto. Isto é, se o instrumento/pro - cesso apresenta tais e quais qualidades, este , ou aquele defeito, o seu resultado (o produto )

tende a conter as respectivas qualidades e os

devidos defeitos. Somente variáveis muito cir.- cunstanciais e pouco predizíveis poderão inter­ ferir na relação de tendência, diluindo-a, di - minuindo-a, depreciando-a ou, alterando-a sig - nif ic ati vãmente'.' 75

0 agir planejado é fonte de atos concretos os quais

devem estar submetidos a constantes reavaliações. Com isso, ha­ verá a permanente medição da legitimidade, providência impres -

cindível à eficaz realimentação (Feed-back) das Políticas (di - retrizes) e do Bever-de—Agir.

Em suma, cumprindo-se escorreitamente a Função Social

instrumento/processo (adjetiva), estarão sendo estabelecidas

condições favoráveis para que a Função Social/material (subs tantiva) do Estado Contemporâneo salte da teoria para a práxis social e política.

Tendo lançado o nosso olhar sobre aspectos gerais do

Estado, origem, justificação, evolução, sobre o Estado Contemporâneo e sua

Função Social, damos por satisfeita a nossa intenção inicial de cotejar e

por à disposição do leitor a essência de nosso referencial teórico.

Nos capítulos seguintes nossa exploração se dará nos domínios do Ministério Publico, tendo por alvo final o Ministério Publico de Santa Cata­

rina sob a ótica da Função Social e a partir da fala que vem do interior

dessa instituição. 74

74. PASOLD, Cesar Luiz. Reflexões sotore o poder e o direi -

to. Florianópolis, Ed. Estudantil, 1986, p.81.

CAPÍTULO IV