2.4.6 Atos Concretos
l 9 ) pelo atendimento ao público;
2) Todas as opções postas em relevo na auto-avaliação representam conteúdos de Ser e Fazer relacionados com a Defesa
da Ordem Social, ainda que para isso seja necessário, como qua se sempre o é, acionar a ordem jurídica vigente.
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Pode-se- objetar que a pergunta n.ll deveria ter sido feita à Sociedade e não ao Ministério Publico. A objeção é ra - zoável, mas não invalidade o resultado obtido, dado que a pro - posta deste trabalho, no Capítulo em tela, é que detectar a vi são interior (da Fonwja© Social do Ministério Publico Catarinen - s e .
Concordamos que seria de grande utilidade para a So - ciedade e para a Instituição que se projetassem estudos mais am plos focalizando o tema sem as restrições com que nos defronta mos neste trabalho.
A pergunta n.17 é importante nesta análise, porquanto
teve a intenção de obter uma avaliação sobre a efetividade de
determinadas atribuições conferidas ao Ministério PÚblico/SC no plano de sua Função Social: a defesa dos interesses sociais in disponíveis (defesa dos interesses difusos).
Verifica-se que há um reconhecimento majoritário(78%) de que, a despeito de corresponderem atribuições pensadas e a - trltouiçoes nommatizadas, o Ministério Publico de Santa Catarina não atende satisfatoriamente essa nova demanda da sociedade.
Indagados sobre os fatos que atuam como causas dessa
disfunção, a quase totalidade desse grupo de entrevistados(95%)
registrou:
- carência de recursos materiais e humanos (insufi ciência do quadro funcional do Ministério Publico; falta de as- sessoramento, mormente a nivel de Varas e Comarcas; falta de e- fetiva autonomia financeira);
Outra parcela considerável, (40%) lembrou:
- 0 despreparo, a falta de aperfeiçoamento dos mem bros do Ministério Publico Catarinense para atuar nessa área;
22% dos entrevistados, destacaram:
- a dependência do Ministério Publico de Santa Cata - rina ao Poder Executivo Estadual, destacando a posição do Pro - curador-Geral de Justiça junto ao Governador do Estado.
fatores mencionados representa o elo de uma cadeia de causas , coordenadas, que atuam em concurso contra os diversos poios de redimensionamento da Instituição.
Talvez por isso tenham sido lembrados, a um só tempo, relativamente a determinado conteúdo estratégico da Função So - ciai.
Por outro lado, essas respostas sugerem algumas re flexões relacionadas com os efeitos da carência de recursos e da ingerência do Poder Executivo nos destinos da Instituição em exa m e .
No primeiro caso, entendemos oportuno ressaltar a re
lação ou a interação profunda que se faz, nos estudos sobre a
atividade jurídico-administrativa do Estado, entre o poder e os recursos materiais.
Lembra Cesar Luiz Pasold , que Dalmo Dallari evi
dencia essa interação através de uma relação sistêmica que a -
presenta o seguinte esquema:
"Poderes—Competências—Encargos—Rendas"
"Caso não haja uma correspondência efetiva entre os poderes e a renda para satisfazer os encar -
gos decorrentes das competências advindas dos
poderes, estes serão mero discurso sem resulta dos efetivos. Concretamente, se as rendas obti
das e orçadas não são suficientes para cobrir
as depesas pertinentes aos encargos, o poder
real não corresponde ao eventual poder conferi do em texto legal'.' 156
No segundo caso, vimos pelo histórico do Ministério
Público de Santa Catarina a constante vinculação, quando não a declarada subordinação do Chefe do Ministério Público ao Gover nador do Estado.
A Lei Complementar federal n.40/81, no seu artigo 6 9 , respeitando, aliás, o princípio federativo da autonomia dos Es
156. PASOLD, Cesar Luiz. Função Social do Estado Contemmpo -
156
tados-membros, previu que a nomeação dos Procuradores-Gerais de Justiça se desse "nos t e m o s da lei estadual".
Esse dispositivo legal, pode-se dizer, fortaleceu a
tese que postula seja o Procurador-Geral de Justiça pessoa de
confiança da Classe e não do Governador, tenha mandato certo ,
prevenindo-se a contradição tantas vezes anunciada: 0 querer-se
um Ministério Publico independente, mantendo-se o titular do
cargo mais importante da Carreira demissível "ad n u t u m " ...
0 Ministério Publico de Santa Catarina, como se ve
no art. 7^ e seu parágrafo único, da Lei Complementar n . 17/82 ,
não foi bem sucedido, como o foram os de São Paulo e do Rio
Grande do Sul, em libertar o Procurador-Geral de Justiça da
condição de titular de cargo de confiança.
0 resultado da pesquisa de campo permite-nos afirmar
que no entender de considerável parcela dos membros do Ministé rio Público de Santa Catarina, há uma relação direta de preju -
dicialidade entre a Função Social da Instituição e a forma de
escolha do Procurador-Geral de Justiça.
1.4 — Atos Concretos
Quando o Ministério Público sai a campo, promovendo , requerendo, requisitando, notificando, informando, enfim, rea -
lizando suas incumbências institucionais, diz-se que transitou
do Agir abstrato para o Agir concreto, para os Atos concretos. Assim, para se compreender na inteireza os atos con -
eretos, mister se faz se retroceda ao seu antecedente. Essa
estratégia, embora necessária, não é suficiente. Acontece que a vida real impõe situações que refogem à racionalização jurisdi-
cista, que se animam da e animam a dinâmica social. Com isso ,
frequentemente, os atos concretos funcionam como meios de supe ração das ações juridicamente enquadradas.
Nesse caso, o Ministério Publico, como função jurídi ca, refogindo à característica conservadora dessa função, pre - cipita a informalidade da praxis, atuando em espaços novos onde são gerados os novos direitos.
Quanto aos atos concretos, abordaremos dois momentos da coleta de dados que nos pareceram mais significativos:
a) análise da importância da atividade dos membros do Ministério Publico/SC para a sociedade catarinense;
b) a análise da relação entre a função social do Mi -
nistério Publico/SC, conforme concebida pelos entrevistados e
determinados fatores sociais, econômicos, políticos, etc.