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Após a apresentação dos dados relativos a cada um dos estudos, desenvolvemos e discutimos alguns aspetos que consideramos relevantes.

5.1. Interpretação e discussão dos resultados do estudo A.

Neste ponto será feita uma interpretação taxonómica dos verbos encontrados e analisadas as expressões presentes nos documentos curriculares à luz das conceções de ensino e de aprendizagem.

5.1.1. Interpretação taxonómica dos verbos.

Para interpretarmos os dados obtidos, relativos aos verbos, recorremos à taxonomia de Bloom e colaboradores (versão revista por Anderson, Krathwohl et al., 2001), tendo em conta os verbos (formulados no infinitivo) que efetivamente são mencionados nos níveis e subníveis dessa taxonomia: lembrar (reconhecer; recordar); entender (interpretar; exemplificar; classificar; resumir; inferir; comparar; explicar); aplicar (executar; implementar); analisar (diferenciar; organizar; atribuir); avaliar (verificar; criticar) criar (gerar; planear; produzir). Como já referimos, utilizámos sinónimos nos casos seguintes: entender (compreender), explicar (explicitar), executar (fazer; realizar), implementar (pôr… em ação/em prática), diferenciar (distinguir), planear (planificar).

Relembramos as três designações de verbos que utilizámos anteriormente na análise de dados: diretamente identificados, mais frequentes e comuns.

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Verificamos que os verbos anteriormente indicados nos diferentes documentos e

diretamente identificados nesta taxonomia são os seguintes: “reconhecer

(conhecer/saber)”, “entender (compreender)”, “interpretar”, “comparar”, “explicar (explicitar)”, “aplicar”, “ executar (fazer; realizar)”, “implementar (pôr… em ação/em prática)”, “analisar”, “diferenciar (distinguir)”, “organizar”, “avaliar”, “verificar”, “planear (planificar)” e “produzir”. O verbo “criar”60 só é apresentado num dos documentos (ações a desenvolver pelo professor – CNEB), por isso neste quadro não é referido o nível taxonómico “criar”. Assim sendo, os níveis da taxonomia representados nos diferentes documentos são os seguintes: reconhecer (conhecer), entender (compreender), interpretar, aplicar e executar (fazer; realizar).

Nas Competências Gerais e Operacionalização Transversal (CNEB) são identificados verbos, em todos os níveis principais da taxonomia, com exceção do nível analisar.

Nas Competências Específicas relativas ao Estudo do Meio (CNEB) são identificados verbos nos níveis lembrar, entender, aplicar e analisar. Quanto às Competências Específicas relativas a Matemática (CNEB) só são identificados verbos nos níveis lembrar e entender. Nas Competências Específicas relativas a Língua Portuguesa (CNEB) não são identificados verbos correspondentes à taxonomia utilizada.

No Programa de Estudo do Meio só são identificados verbos no nível lembrar. Quanto ao Programa de Matemática são identificados verbos nos níveis entender, aplicar e avaliar. Nos Programas de Português (2009; 2015) são identificados verbos nos níveis lembrar, entender, analisar e criar.61

Nas Metas de Aprendizagem relativas ao Estudo do Meio são identificados verbos em todos os níveis principais da taxonomia utilizada. Quanto às Metas de Aprendizagem relativas a Matemática são identificados verbos nos níveis lembrar, entender, aplicar, analisar e avaliar. Nas Metas de Aprendizagem relativas a Língua Portuguesa são identificados verbos nos níveis lembrar, aplicar, analisar e criar.

60 Alertamos para a distinção entre “criar” referido como verbo e “criar” entendido enquanto nível taxonómico.

199 Nas Metas Curriculares – Matemática são diretamente identificados verbos nos níveis lembrar e entender.62 Nas Metas Curriculares – Português (2013) são identificados verbos nos níveis lembrar, entender, analisar e criar.

De seguida, relacionamos os verbos mais frequentes com os níveis estabelecidos pela taxonomia de Bloom e colaboradores (versão revista por Anderson, Krathwohl et al., 2001).

Nas Competências Gerais e Operacionalização Transversal (CNEB, 2001) os verbos mais frequentes (“expressar/comunicar/exprimir/manifestar”; “realizar”; “usar/utilizar”; “selecionar”; “estruturar/organizar”; “avaliar/auto-avaliar”) são identificados nos seguintes níveis da taxonomia: entender, aplicar, analisar e avaliar.

Nas Competências Específicas relativas Estudo do Meio, Matemática e Língua Portuguesa (CNEB, 2001) os verbos mais frequentes, conforme a designação que adotámos neste trabalho, não são identificados nos níveis correspondentes à taxonomia utilizada.

No Programa de Estudo do Meio só é assinalado o verbo “identificar” no nível lembrar. Quanto ao Programa de Matemática são identificados os verbos “compreender” e “comunicar” no nível entender. No Programa de Português (2009; 2015) não são identificados nos níveis correspondentes à taxonomia utilizada.

Nas Metas de Aprendizagem relativas ao Estudo do Meio são identificados os verbos “identifica”, “reconhece” e “descreve” nos seguintes níveis da taxonomia: lembrar e entender. Quanto às Metas de Aprendizagem relativas a Matemática são identificados os verbos “identifica”, “compreende” e “resolve” nos seguintes níveis da taxonomia: lembrar, entender e aplicar. Nas Metas de Aprendizagem relativas a Língua Portuguesa são identificados os verbos “identifica”, “reconhece” e “usa/utiliza” nos seguintes níveis da taxonomia: lembrar e aplicar.

62 Ao assumirmos determinadas decisões metodológicas, alertamos para o facto de neste quadro apenas identificarmos os verbos “diretamente identificados” nos níveis da taxonomia de Bloom. Recordamos, por exemplo, que os verbos mais frequentemente utilizados na formulação dos objetivos gerais das Metas Curriculares relativos a Matemática são os seguintes: “medir”, “resolver”, “representar” e “situar/situar- se”, que poderiam ser considerados nos níveis taxonómicos “aplicar” e “analisar”, se fossem considerados na ótica da disciplina.

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Nas Metas Curriculares – Matemática só é identificado o verbo “resolver” no nível taxonómico aplicar. Nas Metas Curriculares – Português só é identificado o verbo “compreender/compreendê-lo (o texto)” no nível taxonómico entender.

Considerámos que os casos “rentabilizar”, “respeita”, “valoriza”, “aptidão”, “capacidade”, “ser (capaz de…)”; “ler”; “medir”; “representar”; “situar/situar-se” e “escrever” não devem ser analisados segundo a taxonomia de Bloom e colaboradores (versão revista por Anderson, Krathwohl et al., 2001).

É necessário clarificar que na apresentação dos resultados considerámos os verbos comuns a diferentes documentos. De seguida, relacionamos esses verbos comuns a diferentes documentos com os níveis estabelecidos pela taxonomia de Bloom e colaboradores (versão revista por Anderson, Krathwohl et al., 2001).

O verbo “reconhecer” é identificado em todos os documentos e corresponde ao nível taxonómico lembrar.

É interessante notar que o verbo “usar/utilizar” é identificado em todos os documentos, inclusive no CNEB. Este verbo consta na listagem relativa às Competências Gerais e Operacionalização Transversal (CNEB).

Uma vez que são comuns a mais do que um tipo de documento curricular, devemos referir o verbo “compreender”, que corresponde ao nível taxonómico compreender; “identificar” e “estruturar/organizar”, que correspondem ao nível taxonómico analisar.

É interessante notar que é o documento relativo às Metas de Aprendizagem que apresenta mais casos de verbos comuns e que podem ser relacionados com a taxonomia de Bloom e colaboradores (versão revista por Anderson, Krathwohl et al., 2001).

Os casos relativos a “abordar”, “rentabilizar”, “valorizar”, desenvolver”, “dá”, “desenha”, “ouve”, “participa”, “regista”, “representa”, “respeita”, “estabelece”, “formula”, “lê” e “contar” não se adequam a esta análise baseada na aplicação da taxonomia de Bloom e colaboradores (versão revista por Anderson, Krathwohl et al., 2001).

De seguida, estendemos o nosso estudo à interpretação das expressões encontradas nos documentos curriculares, segundo as conceções de ensino e aprendizagem consideradas neste trabalho.