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Capítulo 3: Estudos Empíricos

3.1. Estudo A: Análise de Documentos Oficiais e Curriculares

3.2.2. Instrumentos e procedimentos

Na realização dos questionários e das entrevistas, que correspondem às duas fases que constituem o estudo B, adotámos cuidados de natureza ética. Na elaboração e disponibilização do questionário on-line demos cumprimento ao Regulamento da Comissão Nacional de Proteção de Dados Pessoais Informatizados, publicado no D.R. Número 191/94 I - Série A, por Resolução da Assembleia da República n.º 53/94, de 19 de Agosto. Tivemos em conta o respeito pelos direitos relativos à utilização da informática que estão consagrados na Constituição da República (art.º 35.º). Atendemos ainda à Diretiva 95/46/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 24 de outubro de 1995, relativa à proteção das pessoas singulares no que diz respeito ao tratamento dos dados pessoais e à livre circulação desses dados, e que foi transposta para a ordem jurídica portuguesa. Estes direitos foram desenvolvidos na Lei de Proteção de Dados (Lei n.º 67/98, de 26 de Outubro - Lei da Proteção de Dados Pessoais).

A realização de cinco entrevistas ocorreu após a autorização da direção de um agrupamento de escolas de Aveiro, de acordo com o Despacho n.º 15 847/2007, publicado no Diário da República, 2.ª série - N.º 140, de 23 de Julho de 2007. Na relação com os participantes da investigação respeitámos a Carta Ética da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação (Baptista, 2014), nomeadamente no que concerne aos princípios de consentimento informado, de confidencialidade/privacidade, e de respeito pela integridade.

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Quanto aos instrumentos de análise de dados para estudarmos as decisões curriculares assumidas pelos professores na elaboração de planos/planificações, nas duas fases do estudo B, utilizámos a grelha de análise das categorias, das subcategorias, das respetivas definições e dos indicadores (Cf. Tabela 19).

Tabela 19: Categorias de Análise das Decisões Curriculares assumidas pelos Professores na Elaboração de

Planos/Planificações

Categ. Definição Subcat. Definição Especificação (Indicadores)

Utilização de documentos curriculares Tipo de documentos curriculares usados pelo(a) professor(a), quando elabora os seus planos/ planificações. Macro Consulta e utilização de documentos curriculares definidos a nível nacional e de forma oficial. - Programas do 1.º CEB. - Metas Curriculares do EB – 1.º ciclo. Meso Consulta e utilização de documentos curriculares definidos a nível da escola/agrupamento de escolas.

- Plano Anual de Atividades. - Projeto Educativo de Escola/ Agrupamento.

- Projeto Curricular de Escola/ Agrupamento.

- Projeto Curricular de Turma/Plano de Atividades de Turma). Outras fontes Consulta e utilização de diferentes fontes de informação. - manuais adotados.

- documentos diversos (manuais não adotados, livros, artigos científicos, documentos disponibilizados em plataformas para professores, consultas temáticas na internet, cadernos de apoio, …). Planificação Forma como o(a) professor(a) faz as planificações das suas aulas e o modo

como as encara

Periodicidade Período de tempo a que

destinam os planos.

- diários. - semanais. - mensais.

- trimestrais (de período letivo). - anuais.

Autoria Quem elabora os

planos/planificações

- o próprio, individualmente. - o próprio, em grupo.

- o próprio, quer individualmente, quer em grupo. Estrutura Características dos planos/planificações. - detalhados. - flexíveis. - específicos. - gerais. - extensos. Significado atribuído à atividade Perceção do(a) professor(a) acerca da planificação. - atividade rotineira. - atividade refletida.

- conversão de uma ideia ou um propósito num curso de ação. - plano mental do professor. - sucessão de condutas. - satisfação das suas próprias necessidades pessoais, ou seja, reduzir a ansiedade e a incerteza. - instrumento/auxiliar útil do trabalho docente

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fundamentais

Elementos valorizados pelo(a) professor(a) nos

seus planos/planificações. - a análise de necessidades/destinatários/alunos. - os objetivos/descritores de desempenho/metas. - as competências. - os conteúdos/domínios e subdomínios/tópicos/temas/áreas. - os processos/os métodos e estratégias de ensino/experiências de aprendizagem/atividades/processo de operacionalização/metodologias. - os materiais e recursos. - a avaliação. - o tempo/duração. - outros elementos. - a articulação de todos os elementos.

Como instrumento de recolha de dados, na fase 1 do estudo B, como antes referimos, utilizámos um questionário dirigido aos professores do 1.º CEB. Na redação das perguntas deste instrumento, tivemos em conta a adequação ao tipo de informação que se pretendia obter, optando por um formato semiestruturado, com perguntas abertas e fechadas. A nossa opção deriva do facto de o recurso às primeiras ser “útil quando se pretende obter informação qualitativa para complementar e contextualizar a informação quantitativa obtida pelas outras variáveis” (Hill & Hill, 2000, p. 95).

A elaboração deste questionário compreendeu duas etapas: pré-teste (Cf. Anexo A) e versão final (Cf. Anexo B). Na etapa do pré-teste elaborámos um conjunto de itens que se dividiram pelas seguintes categorias: dados pessoais e profissionais; fundamentação do ensino; planificação do ensino; conceções de ensino-aprendizagem; objetivos/conhecimentos a promover; sugestões/comentários/divulgação. Obtivemos uma primeira versão do questionário, que ficou composta por 46 itens. Para verificarmos a compreensão que os participantes teriam deles, pedimos a duas professoras do 1.º CEB para responderem a esta versão e, de seguida, a um questionário para avaliação de instrumentos de investigação.54 Com base nas suas respostas procedemos a algumas alterações no questionário inicial. Mantivemos a estrutura geral do instrumento, mas reduzimos a extensão de alguns itens e introduzimos uma nova questão relativa à identificação do distrito da escola do professor respondente.

54

Angleitner, A., & Wiggins, J.S. (1986). Questionário. Instrumentos de investigação (adaptado por H. Damião) (Cf. Anexo C).

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A versão final do questionário (Cf. Anexo B), foi disponibilizada on-line com recurso a uma ferramenta informática: Google.Docs. De seguida enviámo-la via correio eletrónico, com a devida explicação da investigação em causa, aos diretores dos agrupamentos, solicitando que procedessem ao seu reencaminhamento para os professores do 1.º CEB.

Este trabalho decorreu durante o mês de dezembro de 2012 e compreendeu dois momentos: num primeiro momento enviámos o pedido a 20 agrupamentos escolhidos aleatoriamente, de 20 distritos (18 do continente e dois das regiões autónomas); num segundo momento reforçámos o pedido a sete desses agrupamentos (dos distritos de Braga, Bragança, Leiria, Castelo Branco, Faro, Aveiro e Coimbra). Excecionalmente, para o distrito de Aveiro, foram enviados os pedidos para 14 agrupamentos. Neste segundo momento foram enviados 56 pedidos para preenchimento de questionários.

A estrutura final do questionário é apresentada sob a forma de tabela (Cf. Anexo D), nela se evidenciando as diferentes categorias e as 41 perguntas, 23 fechadas e 18 abertas, que a concretizam. A primeira parte é constituída por perguntas que permitem fazer a caracterização dos participantes; na segunda parte, as perguntas fechadas possibilitam a recolha dos dados relativos às conceções de ensino e de aprendizagem subjacentes às decisões curriculares dos professores. Nas perguntas abertas foi utilizada análise de conteúdo para o tratamento das respostas.

Quando optámos por um questionário on-line, pensámos que assim seria possível obter um maior número de respondentes. No entanto, isso não se concretizou e, além disso, também considerámos que os dados recolhidos foram pouco esclarecedores. Perante tais factos, decidimos aprofundar esses dados, analisando as conceções de ensino e de aprendizagem dos professores, bem como clarificar e explorar outras possíveis ideias que pudessem manifestar. Assim na fase 2 do estudo B, como instrumento de recolha de dados recorremos à entrevista semiestruturada. Segundo Fortin (2009), as funções são essencialmente: “1) examinar conceitos e compreender o sentido de um fenómeno tal como é percebido pelos participantes; 2) servir como principal instrumento de medida; 3) servir de complemento aos outros métodos de colheita de dados” (p. 375). Ainda segundo este autor, o entrevistador formula questões respeitantes a aspetos considerados relevantes e apresenta-os ao respondente na ordem que ele julga apropriado. Este tipo de entrevista assemelha-se a uma conversa, em que o

137 respondente tem oportunidade de manifestar as suas ideias acerca do tema.

Foi neste sentido que elaborámos o guião dessa entrevista (consultar o anexo E), que compreende duas partes: a primeira destina-se à caracterização dos participantes; a segunda integra questões, que foram elaboradas com base nas categorias de análise das conceções de ensino e de aprendizagem (Cf. Tabela 13) e nas categorias de análise das decisões curriculares assumidas pelos professores na elaboração de planos/planificações (Cf. Tabela 19).

Após a elaboração desse guião, dirigimos o pedido de autorização para a realização de entrevistas (consultar o anexo F) à direção de um agrupamento de escolas de Aveiro. Obtida a autorização, foram realizadas cinco entrevistas. As restantes cinco foram efetuadas, a partir de uma amostragem não probabilística, acidental (por conveniência), mediante consentimento das pessoas depois de informadas acerca do objetivo do estudo. O número total de participantes da fase 2 do estudo b enquadra-se nos limites que Fortin (2009) refere para a investigação qualitativa, que é geralmente reduzido, entre seis a dez. As entrevistas decorreram desde o dia 9 de junho a 3 de julho de 2015, com a duração total de 390 minutos, em média 39 minutos, cada entrevista. Optámos por reproduzir por escrito as respostas dos participantes, no momento em que eram produzidas, não recorrendo a outros meios de registo, nomeadamente gravações sonoras. De modo a evitar distorções no registo das respostas, sempre que era necessário pedíamos para o entrevistado repetir ou clarificar alguma ideia.