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Discussão e Considerações finais

Discussão

Como primeiro objetivo, esta investigação pretendia conhecer as várias tarefas associadas à carreira de TSR. Após a recolha das várias informações através das entrevistas, constatamos que apesar de existirem formas de trabalho distintas entre os técnicos, de um modo geral os técnicos acompanham o recluso da mesma forma. Todos eles apresentam ter uma rotina de trabalho idêntica, não obstante algumas variações. Enquanto uns aguardam pelos pedidos de atendimento dos reclusos, outros apenas se deslocam à secção de reclusos aguardando que os mesmo venham ao seu encontro com os mais variados problemas e preocupações para resolver. No entanto, todos os técnicos têm por hábito realizar atendimentos durante a manhã, enquanto tratam das burocracias relacionadas com tratamento penitencial durante a tarde. As atividades e a realização de projetos vão-se encaixando conforme a disponibilidade dos técnicos nos habituais horários de trabalho. Para além das tarefas acabadas de mencionar, alguns técnicos são ainda responsáveis por algumas atividades realizadas na prisão, como é o caso do desporto, do ensino superior, do voluntariado, entre outras.

Como segundo objetivo, esta investigação pretendia perceber em que condições as medidas de reeducação são aplicadas. Foi possível constatar que ao nível da reinserção, dentro do estabelecimento prisional, muito pouco é realizado, já que no âmbito das funções do técnico superior de reeducação tal intervenção não está prevista. Para além disso, segundo os técnicos, os estabelecimentos prisionais não reúnem as condições para que este trabalho seja realizado em parceria com as equipas de trabalho da reinserção social, já que apresentam inúmeras dificuldades na realização de contactos com os serviços extramuros. No entanto, trabalham as competências dos reclusos e de reeducação através da aplicação de programas dirigidos aos mesmos, vindos da DGRSP, assim como no contacto diário que estabelecem com os reclusos.

O terceiro objetivo era o de identificar os obstáculos que os técnicos superiores de reeducação encontram na aplicação das políticas sociais previstas legalmente. Em relação a este aspeto, foram destacados diversos obstáculos: a falta de tempo, a falta de internet, inexistência de e-mail, falta de um telefone ligado ao exterior, a falta de projetos específicos que supram as

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necessidades dos reclusos, falta de recursos humanos que trabalhem como técnicos superiores de reeducação para melhor intervenção, e a realização de planos de vida durante o cumprimento da pena que na prática nunca se chegam a efetivar, por mais que sejam elaborados, devido à falta de capacidade de resposta do estabelecimento prisional.

Quanto ao quarto objetivo que pretendia perceber a eficácia da intervenção dos Técnicos Superiores de Reeducação e a visão que os mesmos tinham sobre o seu trabalho, embora muitos acreditem que têm muito mais para dar a nível profissional e ambicionem chegar mais longe na sua intervenção, a maioria acha impossível avaliar tal intervenção, já que isso só pode ser avaliado depois do cumprimento da pena e já em liberdade e nesse âmbito o técnico já não possui qualquer contacto com o reclusos para conseguir perceber se a intervenção foi eficaz ou não, a não ser que o recluso entre novamente no sistema prisional. Dessa forma as metas estabelecidas pelos técnicos têm sempre de ser a curto e a médio prazo, quando, idealmente, o objetivo da intervenção surge ainda dentro do Estabelecimento Prisional, caso contrário a sensação de ineficácia será uma constante na prática profissional deste grupo.

Os TSR, não são os únicos funcionários nos estabelecimentos prisionais, existindo por isso alguns desencontros de interesses que são apresentadas pelos técnicos. Neste âmbito, pode-se claramente concluir que os desencontros surgem, mas sem grande destaque, sejam eles com o grupo de guardas prisionais, ou até mesmo com a Direção do Estabelecimento Prisional. Os técnicos, na sua maioria, referiram que por vezes as formas diferentes de trabalhar e de perspetivar as funções que exercem fazem com que entrem em desacordo (tendo ainda em conta que nem sempre as formações de base são as mesmas), muito embora consigam facilmente respeitar tais diferenças. Apesar de referirem que com o grupo de guardas as incompatibilidades laborais destacam-se pelo facto das funções de um grupo e de outro nada terem a ver, na maior parte das vezes, os técnicos relacionam-se bem com os guardas prisionais, apesar destes nem sempre colaborarem com a intervenção.

Por último, pretendia-se também com esta investigação perceber quais seriam as aspirações dos TSR relativamente ao futuro das suas carreiras. Neste aspeto, as respostas foram de forma geral muito divergentes. Uns gostariam que todo o funcionalismo penal e presidiário evoluísse e conquistasse uma abertura para o exterior que facilitasse os contactos com vários

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serviços, por várias vias (telefone, internet, entre outros), assim como adquirisse novos técnicos superiores de reeducação que pretendessem fazer mais e melhor pela carreira, tornando-a mais transdisciplinar e com intervenções mais completas para a população reclusa portuguesa. Outros referem que não esperam evolução alguma, esperando apenas que o trabalho do técnico superior de reeducação continue a ser executado da mesma forma, e acreditando que os processos de execução se devem manter, sob pena de se correr o risco de os piorar com novas ideias de novos técnicos.

Depois dos resultados, que apresentei em função dos objetivos propostos, considero também importante perceber se estes são convergentes com os de outras investigações que são anteriores a este estudo, isto, apesar das diferenças entre o contexto prisional português e francês. Assim sendo, torna-se importante apresentar os aspetos que se mostraram transversais.

Primeiramente podemos começar por referir a sobrelotação dos estabelecimentos prisionais, referida por todos os estudos. Tanto na investigação de Gomes (2008), como na de Bouagga (2014), os estabelecimentos prisionais estudados albergavam mais reclusos do que a lotação máxima permitia. Para além disso, no estudo da última, os TSR acompanhavam também uma média de 80 a 120 reclusos por técnico, fazendo com que as condições de trabalho, de alguma forma se assemelhem.

A par da sobrelotação, e do trabalho administrativo que depende do técnico, é também transversal a opinião de que os atendimentos realizados não são suficientes para um acompanhamento eficaz do tratamento penitenciário e do recluso enquanto pessoa, isto afasta inevitavelmente o técnico do recluso, sendo o apoio e acompanhamento apenas realizados em contexto de atendimento ou em situações de urgência.

Para além da falta de um acompanhamento assertivo dos reclusos, um outro aspeto que foi também apontado como falha foi a realização de projetos de intervenção pouco adequados à população reclusa, assim como a oferta formativa dos reclusos na aprendizagem de um ofício porque, embora exista, o mesmo irá tornar-se inútil aquando da saída em liberdade.

Outro aspeto que é também transversal às várias investigações, e referido pela maior parte dos técnicos superiores de reeducação, é a falta de respostas às necessidades dos reclusos dentro da prisão. Tal falta de respostas é ainda mais visível aquando da aplicação do Plano Individual de Readaptação, já que se trata de um contrato de intervenção, em que o

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recluso se compromete a aprender um ofício ou a ingressar no percurso escolar, mas sem garantias de colocação em nenhuma das partes. Na investigação de Larminat (2013) tal também é referido, no entanto, nesse caso a intervenção também falha por ter demasiados reclusos. Para além disso, os apoios sociais ou o acompanhamento extramuros não podem ser fornecidos pelos TSR, até esses são escassos, na medida em que o estabelecimento prisional não tem condições de apoio para a preparação da saída em liberdade do recluso, já que esse trabalho de acompanhamento não é previsto nas funções do TSR e os mesmos referem não ter tempo disponível para a realização de tal tarefa, mesmo que de livre e espontânea vontade. No entanto, foi também possível perceber que parte dos técnicos considera o acompanhamento extra muros feito por eles uma mais-valia. Bouagga refere o mesmo na análise dos seus dados.

Tal como foi referido aquando da descrição dos estabelecimentos prisionais estudados, ambos os EPs são constituídos por equipas de técnicos com mais de 10 anos de carreira, sendo que muitos deles têm também esses 10 anos de carreira no mesmo E.P.. Para além disso, a média de idades dos TSR entrevistados encontra-se nos 52 anos de idade, sendo notável a necessidade de técnicos mais novos com novas competências e saberes mais recentes, que detenham os conhecimentos necessários para um melhor trabalho nos estabelecimentos prisionais e principalmente na aplicação de programas mais adequados à população reclusa. É no entanto de ter em conta que a conjuntura socioeconómica do Estado, seja ele português ou não, não facilita a entrada de novos técnicos superiores de reeducação no sistema, a não ser que tal só aconteça aquando da entrada de vários técnicos na aposentação, ou que sejam abertos pelo Ministério da Justiça novos locais de trabalho.

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Considerações Finais

Chegado o fim da investigação, considero fundamental referir que a mesma foi apenas uma ponta do iceberg da realidade prisional, apesar de todo o trabalho realizado, é um contributo para aquilo que pode ainda vir a ser estudado nos estabelecimentos prisionais, quer seja no âmbito da carreira do técnico superior de reeducação em Portugal, ou investigando os níveis de reincidência criminal em Portugal.

As dinâmicas de construção da investigação tiveram em atenção a preservação da identidade dos entrevistados, assim como a clareza com que a informação lhes foi transmitida sobre a pertinência da investigação e a importância do contributo dos mesmos.

A realização da mesma nem sempre demonstrou ser fácil, pois os estabelecimentos prisionais são instituições muito fechadas, e o tempo de espera até obter uma resposta positiva da DGRSP e a confirmação do início das entrevistas nos estabelecimentos prisionais foi de cerca de três a quatro meses. O agendamento das entrevistas junto dos técnicos superiores de reeducação aconteceu no mês de Julho de 2015, tendo por isso encontrado muitos técnicos fora das prisões a beneficiarem do seu período de férias e o facto da participação dos mesmos ser voluntária, fez com que o número, já reduzido, se tornasse ainda mais reduzido, já que alguns dos técnicos por motivos pessoais, ou outros não identificados, preferiram não participar.

Esta investigação apresenta um conjunto de aspetos que decorrem da amostra recolhida, apresentados na parte III do trabalho, tendo sempre em vista a análise do próprio técnico superior de reeducação sobre o seu trabalho. Os técnicos, tal como foi referido, são agentes provenientes das mais variadas formações das ciências sociais, no entanto desempenham todos da mesma forma o mesmo papel. A maior parte dos técnicos entrevistados, também apresentam já alguma experiência na área de intervenção, sendo que têm mais de 10 anos de carreira em estabelecimentos prisionais.

Os resultados permitiram perceber que na sua maioria os técnicos superiores de reeducação referem de forma positiva o trabalho que realizam, referem que, apesar das dificuldades, conseguem implementar os vários programas exigidos pela DGRSP, assim como

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fazer os reclusos ingressar, quer na escola, quer nas ocupações, sejam laborais ou recreativas, do estabelecimento prisional. Embora nem todos tenham possibilidade de ingressar em qualquer tipo de atividade devido à sobrelotação, o trabalho do técnico é feito nesse sentido, já que referem também conseguir atingir os objetivos a que se propõem, pelo menos os de curto e médio prazo da intervenção.

Apesar dos aspetos positivos, os técnicos superiores de reeducação, apontam também alguns aspetos negativos que se fossem alterados, melhorariam em muito a qualidade da intervenção dos mesmos e, quem sabe, uma reeducação mais efetiva dos reclusos que evitasse a reincidência. Um dos principais aspetos negativos referido foi a lotação que excede o número máximo de capacidades da prisão, sem aumento da equipa de técnicos superiores de reeducação, dificultando o acompanhamento dos reclusos e o desempenho do papel do técnico. Apontam ainda a falta de tempo, consequência do grande número de reclusos que cada técnico tem a cargo, e que é ainda reforçada pela falta de capacidade de comunicação com o exterior da prisão, pois, os técnicos de reeducação não têm acesso à internet, possuem apenas acesso a um e-mail intranet do estabelecimento prisional. Também não possuem qualquer tipo de telefone com acesso direto ao exterior do estabelecimento prisional, tendo todo o contacto externo de ser realizado pela Diretor(a) Adjunto(a), o que dificulta qualquer tipo de intervenção que o técnico necessite ou ache relevante realizar para trabalhar a reeducação do recluso. A par disto, referem ainda a necessidade de projetos mais direcionados para a população reclusa que acolhem, já que muitos dos planos de intervenção são os mesmo que eram utilizados há vários anos atrás, sem ter havido uma adaptação dos mesmos ao novo grupo de reclusos que cumprem agora penas de prisão nos estabelecimentos prisionais.

A ideia de que o papel do técnico superior de reeducação não é cumprido e realizado da forma que os serviços administrativos ordenam é de algum modo corroborada. Através desta investigação foi possível constatar que os técnicos superiores de reeducação realizam todos os objetivos burocráticos pedidos pelos tribunais e ainda aplicam inúmeras atividades junto dos reclusos, Todavia, se confrontarmos as atividades e os seus objetivos com os objetivos da educação não formal de adultos, podemos concluir que nada está garantido quando o assunto é

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a reeducação dos reclusos, já que os próprios TSR reclamam a falta de planos de intervenção adaptados à população prisional e também uma não avaliação da aplicação dos mesmos.

Concluímos assim que, apesar das dificuldades prisionais e das condições de trabalho nem sempre serem as mais adequadas, o que se mostra mais necessária é a substituição de programas de intervenção mais antigos (os quais, mesmo apesar das diferenças da população reclusa, continuam a ser aplicados) por programas mais adequados, que trabalhem efetivamente para a reeducação do recluso, evitando o seu regresso ao meio prisional, como é o caso de algo tão simples como dar ao recluso a possibilidade de adquirir carta de condução, já que tal não acontece. Será então importante que no futuro se rentabilize a formação e disponibilidade dos técnicos para atividades mais direcionadas para a educação dos reclusos de forma a reinseri-los eficazmente na sociedade.

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Plano de Contingência, Centro de Estudos e Formação Penitenciaria – Ministério da Justiça.

Anexos

Anexo I –Pedido de Autorização à DGRSP Anexo II – Declaração de Investigadora Anexo III – Consentimento Informado Anexo IV – Guião da Entrevista

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Anexo I

Instituto de Ciências Sociais

Ex.mº Sr. Director

Direcção Geral dos Serviços Prisionais

Sou mestranda de Sociologia no Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, sob orientação da Professora Doutora Teresa Mora. Venho por este meio solicitar a Vossa Excelência a autorização para realização de um estudo no âmbito de um projeto de investigação intitulado Os Técnicos Superiores de Reeducação e o

Trabalho Prisional que se destina à obtenção do grau de mestre.

Já desenvolvi no ano 2012 um estágio curricular, no Estabelecimento Prisional de Coimbra, que se destinava à obtenção do grau de licenciatura.

O presente estudo almeja analisar de que modo é que o trabalho prisional afeta os Técnicos Superiores de Reeducação, quer seja ao nível profissional, quer seja ao nível pessoal. O objetivo é avaliar a existência de pressões laborais e a forma como são geridas. Os resultados alcançados permitirão avaliar as principais dificuldades enfrentadas pelos Técnicos Superiores de Reeducação na execução das suas funções.

Gostaria assim de ter acesso a dois estabelecimentos prisionais – Estabelecimento Prisional de Coimbra (masculino) e E.P. Porto (masculino) – sendo- me possibilitado:

- Um acesso flexível às instalações prisionais, nomeadamente espaços de lazer, de forma participante, no próprio contexto das relações técnico-recluso;

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- Ter acesso aos processos dos reclusos para efeitos de caracterização do grupo com que os técnicos trabalham;

- Realização de entrevistas aos Técnicos Superiores de Reeducação dos dois estabelecimentos prisionais com a intenção de, i) perceber as condições em que as medidas de reinserção social são aplicadas; ii) descobrir quais as barreiras encontradas pelos técnicos na aplicação das medidas de reinserção previstas legalmente; iii) compreender se a vida profissional afeta significativamente a pessoal; iv) desvendar as pressões laborais a que o grupo de profissionais é sujeito e v) compreender as tarefas associadas ao grupo de profissionais.

Todos os aspetos do trabalho de campo irão ser monitorizados de forma a não interferir com a segurança ou rotinas dos Estabelecimentos Prisionais.

O período de recolha de dados decorreria durante o período de Janeiro de 2015 no Estabelecimento Prisional de Coimbra e Fevereiro de 2015 no Estabelecimento Prisional do Porto.

De modo a maximizar a recolha de informação, solicito ainda autorização para utilização de gravador áudio, estando a gravação sempre dependente da autorização prévia dos participantes no estudo. A realização das entrevistas irá ter em consideração a proteção de dados, privacidade dos técnicos, consentimento informado e reservando aos participantes o direito de, a qualquer momento, poderem interromper a cooperação.

Em anexo a esta carta segue a seguinte documentação, para apreciação de Vossa Excelência: projeto de investigação com respetivo cronograma e objetivos, declaração de consentimento e declaração das orientadoras científicas do trabalho.

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