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1. Metodologia de Investigação Utilizada

Tal como já foi referido anteriormente, esta investigação pretende perceber as dificuldades dos técnicos superiores de reeducação no exercício das suas funções, atendendo à legislação que os rege, e tendo em conta o grupo-alvo destes profissionais.

Para tal, foram entrevistados técnicos de dois estabelecimentos prisionais. Desta forma, procurou-se perceber se as dificuldades são transversais aos técnicos, mesmo que trabalhem em estabelecimentos prisionais distintos.

Assim sendo, foram entrevistados técnicos superiores de reeducação com os objetivos de :

- Conhecer as várias tarefas associadas à carreira de TSR (vários tipos de trabalho exigido enquanto profissional num Estabelecimento Prisional - EP). - Perceber as condições em que as medidas de reeducação são aplicadas; - Identificar os obstáculos encontrados pelos TSR na aplicação das políticas sociais previstas legalmente;

- Compreender a visão dos TSR face às respostas e à sua eficácia;

- Identificar as aspirações destes profissionais relativamente à carreira de técnico superior de reeducação.

Para que tais objetivos fossem alcançados, a metodologia de investigação que suportou cientificamente a pesquisa foi a investigação qualitativa13, através de uma amostragem do tipo

não probabilístico, já que esta é usada quando se conhece o universo dos entrevistados e estes são selecionados por critérios previamente definidos pelo investigador. Tendo por base uma amostra por conveniência, neste tipo de amostras, o investigador seleciona alguns elementos a que tem acesso e parte do pressuposto que os mesmos podem representar um universo de sujeitos, existindo no entanto, riscos na imprecisão dos resultados (Kinnear & Taylor, 1979).

13 O objetivo da metodologia qualitativa é compreender o sentido da realidade social fazendo uso da indução como forma de obter uma

compreensão alargada dos fenómenos. O investigador pretende compreender o fenómeno tal como é vivido e relatado pelos indivíduos (Fortin, 2009)

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Numa primeira fase, foi realizado um pedido14 de autorização para a efetivação da

investigação à Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais que, depois de facultado, exigiu um contacto com o Diretor Adjunto dos Estabelecimentos Prisionais envolvidos. A estes foi explicado o objetivo da investigação, assim como a necessidade de realizar entrevistas aos técnicos superiores de reeducação para uma investigação de sucesso. Logo de seguida, o objetivo da investigação foi também explicado aos Técnicos Superiores de Reeducação via e-mail e/ou pessoalmente, dependendo da disponibilidade, e combinado um momento específico para a realização da entrevista, de forma a não alterar significativamente o trabalho diário dos técnicos superiores de reeducação.

Aquando da realização das entrevistas, foi novamente apresentado o tema de investigação e entregue uma declaração informativa15 que explicava a investigação, estando

também assinada pela investigadora, assim como foi pedido que o TSR assinasse o consentimento informado16, de forma a preservar a confidencialidade das informações prestadas

na entrevista.

Toda a entrevista foi orientada por um Guião de Entrevista pelo que a entrevista como técnica de recolha de informação assumiu, nesta investigação, um carácter semi-estruturado17.

Com o guião de entrevista pretendi explorar seis dimensões do trabalho do técnico superior de reeducação: (1) adaptação ao contexto institucional, (2) funções desempenhadas, (3) meios de ação: reconhecimento de problemas e soluções/propostas, (4) contexto organizacional: recursos, (5) articulações com entidades institucionais externas, (6) perspetivas face ao futuro técnico superior de reeducação.

14Ver Anexo I 15Ver Anexo II 16Ver Anexo III 17Ver Anexo IV

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2. Amostragem

Para esta investigação foi selecionado um total de 12 técnicos superiores de reeducação, dos quais, 7 pertencem ao Estabelecimento Prisional do Porto e 5 ao Estabelecimento Prisional de Coimbra. Isto porque com este estudo pretende-se perceber se as dificuldades e opiniões dos técnicos superiores de reeducação são as mesmas, tendo em conta mais que um ambiente prisional.

A seleção dos técnicos processou-se de forma muito simples. Após a aprovação da investigação pela DGRSP, os respetivos diretores adjuntos de cada estabelecimento prisional foram contactados com o intuito de se realizar uma reunião onde fosse possível apresentar o tema da investigação e os objetivos propostos. Depois de reunir com os respetivos diretores adjuntos, os mesmos, apresentaram a equipa de técnicos superiores de reeducação aos quais foi novamente explicado o motivo da investigação e pedida a sua participação.

Foram escolhidos estes dois estabelecimentos prisionais porque, apesar de terem algumas semelhanças, têm também diferenças nas suas características.

Trata-se de dois estabelecimentos prisionais centrais. No entanto, o EP do Porto, apesar de inicialmente se destinar apenas a reclusos a cumprir prisão preventiva, atualmente também acolhe reclusos a cumprir pena de prisão efetiva, sendo o número maioritário no EPP. O EP de Coimbra destina-se apenas a reclusos a cumprir pena de prisão determinada.

Ambos os estabelecimentos prisionais se destinam apenas a indivíduos do sexo masculino, tal como todos os outros estabelecimentos prisionais centrais. Estes EP’s têm uma média de 554 reclusos por E.P., valor que não coincide com os estudados, já que o Estabelecimento Prisional do Porto alberga 1220 reclusos e o de Coimbra, cerca de 500 reclusos18. O valor acima da média apresentado pelo EP do Porto fará com que se compreenda

quais são as dificuldades associadas a um trabalho com sobrelotação de reclusos, tendo ainda em conta que a média de TSR por estabelecimento prisional é de 9 técnicos.

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Além dos fatores anteriormente descritos, Porto e Coimbra são os Distritos Judiciais com maior e menor número de estabelecimentos prisionais. O Distrito Judicial de Coimbra é o mais pequeno do país com apenas 9 EP’S associados e o Distrito Judicial do Porto é o segundo com mais estabelecimentos prisionais, com EP’s, logo seguido de Lisboa, já que 15 estabelecimentos prisionais.

De seguida serão caracterizados, embora de uma forma muito breve, os dois estabelecimentos prisionais escolhidos para a realização da investigação.

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