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9 ETAPA 6: VALIDAÇÃO DO SOFTWARE

9.3 Discussão da validação do software

No que se trata do perfil sociodemográfico dos juízes da etapa de validação do software, verificou-se que todos os juízes da área de Informática eram do sexo masculino e todas as juízas da área de Enfermagem eram do sexo feminino. Como foi discutido anteriormente, a predominância do sexo feminino na Enfermagem é um fenômeno mundial e amplamente conhecido. Acredita-se que essa predominância deve-se ao fato de, desde os primórdios, a profissão ser exercida predominantemente por mulheres e a questões culturais, pois em algumas culturas o cuidar dos doentes é considerado uma extensão das tarefas da mulher (PADILHA; VAGHETTI; BRODERSEN, 2006). Da mesma forma, a predominância masculina nos cursos e no campo de atuação da Informática está ligada a questões culturais, como a maior familiaridade dos homens com a tecnologia computacional e a falta de motivação que as meninas em idade escolar apresentam para empreender trajetórias educacionais que contemplem a informática (OLIVEIRA; BELCHIOR, 2009).

Verificou-se também que a média de idade dos juízes foide 32,3 anos (DP: 5 anos) e o tempo médio de formação foi de 4,5 anos (DP: 4,2 anos). Analisando essas variáveis nos grupos de juízes da Enfermagem e da Informática, separadamente, verificou-se média de 33,7 anos de idade e 10,2 anos de formação, no primeiro grupo, e de 30,8 anos de idade e 4,8 anos de formação no segundo grupo. Esse resultado era esperado devido aos critérios de seleção utilizados. No tocante aos juízes da Enfermagem, foram obtidos valores de idade e tempo de formação inferiores aos que foram encontrados no estudo de avaliação do objeto virtual de aprendizagem “Raciocínio diagnóstico em enfermagem aplicado ao prematuro” (GÓES, 2010). O ingresso nos programas de pós-graduação em Enfermagem é cada vez mais precoce, o que também foi observado e discutido em estudos de validação de DE (GUEDES, 2011; OLIVEIRA, 2011).

Com relação à validação do conteúdo do software, todos os 21 itens foram avaliados positivamente e apresentaram proporções de concordância iguais ou superiores a 90%. Alguns especialistas julgaram que determinados casos clínicos tinham um nível de dificuldade elevado para alunos que estivessem nas fases iniciais do curso de Enfermagem, o que pode estar relacionado ao percentual mais baixo do IVC nos quesitos relacionados à dificuldade adequada para o nível de conhecimento esperado do público-alvo e inclusão de situações com níveis variados de complexidade. Em concordância, dois juízes sugeriram que fossem acrescentados casos clínicos com diferentes níveis de dificuldade dentro de cada um dos domínios. Essa sugestão foi considerada interessante e deve ser implementada a longo prazo, no desenvolvimento de novas versões do sistema, sobretudo por requerer a repetição da etapa de validação dos casos clínicos, o que demanda tempo.

Como descrito anteriormente, na fase de definição do escopo do software atribuiu-se que seu uso principal era o de apoiar o desenvolvimento de habilidades de raciocínio diagnóstico de estudantes de graduação em Enfermagem, como ferramenta auxiliar de ensino, e que o público- alvo seria constituído por estudantes que estivessem cursando ou que já tivessem cursado disciplinas em que o uso da classificação da NANDA-I é abordado. Assim, na elaboração dos casos clínicos, intentou-se abranger casos com diferentes graus de dificuldade para tornar o escopo do software mais abrangente.

No tocante à validação dos aspectos técnicos do software, foram obtidas proporções de concordância nas posições 4 e 5 da escala de Likert superiores a 77% para todos os 17 itens avaliados. Resultados similares foram obtidos por Freitas (2010), a qual avaliou as mesmas dimensões técnicas validadas no presente estudo (ergonomia, funcionalidade, usabilidade e eficiência) e obteve uma avaliação positiva do ponto de vista dos juízes da área de Informática. No estudo de Góes (2010) avaliou-se a opinião de peritos de informática acerca da impressão geral e da usabilidade de um objeto virtual de aprendizagem, sendo obtidos somatórios de avaliação positiva superiores a 70%, exceto no quesito Densidade Informacional que atingiu 66,6%.

Dentre os aspectos avaliados pelos juízes, a usabilidade é considerada um dos mais importantes. A usabilidade é compreendida como o grau em que um sistema pode ser usado para se alcançar o objetivo desejado (MARTINS; MOURA JÚNIOR, 2011). Dessa forma, uma boa usabilidade é essencial para garantir que os requisitos do usuário sejam atendidos (CARRINGTON; EFFKEN, 2011). No que se refere à usabilidade do software Wise Nurse, os juízes técnicos

consideraram que o sistema é fácil de usar, contém conceitos e aplicações fáceis de aprender e permite que o usuário tenha facilidade em aplicar os conceitos trabalhados, com valores de IVC em torno de 85%. No estudo de Jensen (2010), especialistas em informática consideraram que a qualidade técnica de um programa para verificação da acurácia diagnóstica de estudantes de Enfermagem foi adequada, sendo inferido que o sistema tinha a estrutura necessária para fazer o que se propõe, era de fácil uso e estava dentro das conformidades de especificação e uso.

Ainda com relação ao critério usabilidade, o baixo IVC obtido na avaliação do quesito relacionado ao controle das atividades realizadas no software (IVC=0,77) está relacionado ao fato de que não foi inserido um botão “voltar” nas telas referentes à resolução dos casos clínicos. Em concordância, três juízes da área da Enfermagem e seis juízes da área da Informática sugeriram acrescentar um botão de “voltar” na interface do sistema. Embora se reconheça a relevância dessa sugestão, principalmente visando o alcance de uma alta usabilidade do sistema, a incorporação dessa funcionalidade será contemplada a longo prazo, pois demanda tempo, custos e recursos de programação avançados. Na validação do objeto virtual de aprendizagem construído por Góes (2010), também foi sugerida a inclusão de um botão “voltar” na interface do sistema, para viabilizar um maior controle do usuário.

Conforme descrito nos resultados, todas as sugestões de curto prazo foram acatadas. Essas sugestões foram direcionadas a algumas inadequações textuais, à inclusão de novas informações na interface ou a uma melhor apresentação do conteúdo nas telas a partir do uso de recursos tipográficos (tamanho da fonte, uso do negrito, etc.). A avaliação dos aspectos técnicos e do conteúdo do software e o fornecimento de sugestões para o aprimoramento do mesmo, a curto e a longo prazo, foram essenciais, tanto para desvelar erros que, apesar de pequenos, poderiam comprometer a usabilidade do sistema, quanto para viabilizar a elaboração de novas versões, a posteriori.

Ao final da etapa de validação, embora o software estivesse adequado para uso, procedeu-se à verificação da sua efetividade e usabilidade com o público-alvo. Considera-se que a construção de softwares funcionais e com boa qualidade de uso é potencializada quando o usuário é envolvido durante o processo de desenvolvimento (OLIVEIRA; BARROS; OLIVEIRA, 2010). Assim, considerou-se primordial o desenvolvimento da etapa de implementação junto a alunos de graduação em Enfermagem como última etapa do estudo.