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CAPÍTULO III – ATUAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR EM UMA

3.4 Discutindo os elementos sistematizados pela prática do Conselho da Escola

Nesse tópico discutimos sobre os elementos sistematizados pela prática do conselho escolar da escola pesquisada. Por meio das falas dos entrevistados, serão abordadas questões relativas a experiência de participação dos conselheiros; da administração municipal de educação de Ceará Mirim, e consequentemente da forma de gestão escolar assumida por meio da atuação desenvolvida pelo colegiado da escola.

Com o grupo de entrevistados, conseguimos extrair informações importantes no que diz respeito ao processo de democratização da gestão escolar no município e na escola pesquisada. Para tanto, tivemos a oportunidade de participar de momentos que contribuíram para aprofundar a compreensão com relação à vivência colegiada. Além de buscarmos dialogar com os conselheiros para conhecer que experiências são desenvolvidas por meio da atuação do Conselho, como veremos a seguir com a expressão das entrevistas.

Diante disso, iniciamos esse bloco de perguntas com o seguinte questionamento: na sua compreensão qual deve ser o papel/função exercida pelo

conselho de escola na gestão das escolas públicas municipais de Ceará Mirim? De

imediato, o primeiro entrevistado, identificado como CE1, respondeu;

Com relação ao conselho escolar, eu acredito que o papel, a função principal é justamente aquilo para o qual ele foi criado, que é servir de elo entre os demais segmentos, para que ele seja a trama que une os vários pontos, das várias pontas soltas do tecido da administração, da gestão das escolas públicas. Ele é aquele elo de ligação entre os vários segmentos da gestão (ENTREVISTADO 1, 2018).

É perceptível que a fala do CE1 traduz-se na necessidade de integração social dos diferentes segmentos representativos, como estratégia para a melhoria da atuação do conselho e consequente fortalecimento dos direitos da coletividade. Nesses termos, o entrevistado assume para si e para todos, uma percepção da função do Conselho Escolar como um colegiado de atuação ampla e social, que inclusive, pode resultar na desconstrução de vínculos verticais e hierárquicos presentes no contexto escolar.

Coincidentemente, o CE2 também responde que: “O conselho nas escolas do município tem que ser realmente o elo para discutir soluções ou possíveis soluções no que diz respeito à determinada situação. Ser espaço de troca de ideias e de opiniões para se chegar num consenso comum com todos”. Uma vez que, ambas as falas reconhecem o CE como espaço de debates e discussões, evidenciam o sentido no qual os conselhos são criados, dada a sua função primordial de democratizar as relações sociais e escolares. Porquanto, esse colegiado importa “um lugar de participação e decisão, um espaço de discussão, negociação e encaminhamento das demandas educacionais, possibilitando a participação social e promovendo a gestão democrática” (BRASIL, 2004, p. 35). Assim como os primeiros conselheiros, o CE5 e CE6 também responderam o seguinte:

[...] pelo o que eu entendo, trabalhar, justamente, com a gestão para resolver alguns problemas que venha a ocorrer, a acontecer. Certo? Sempre que houve algum problema na escola, o conselho se reúne para deliberar o que é melhor para a comunidade escolar. Essa é a minha compreensão, que eu entendo sobre a questão do Conselho (ENTREVISTADO 5, 2018).

Essa concepção na qual o conselho assume a responsabilidade em encontrar soluções para as situações do cotidiano escolar, expressa-se inclusive nos registros escritos das reuniões, como no seguinte trecho extraído da Ata de Reunião Extraordinária do Conselho Escolar da Escola Municipal Adele de Oliveira:

Ao dia 19 do mês de maio de 2017, em uma sala de aula da presente escola, que está situada à Rua Floriano Ferreira da Silva, S/N, reuniram-se em Assembleia Extraordinária, as 14 horas, os membros do conselho escolar dos segmentos de professores, funcionários, pais, alunos com a finalidade de deliberar a reposição das aulas no período de 9 a 19 de maio, em virtude dos serviços de substituição da rede elétrica da escola que impossibilitou o percurso das aulas nesse período. Sendo assim, esse conselho propôs que a reposição fosse feita da seguinte forma: cada turno com a mediação da supervisão pedagógica, iria elaborar um projeto extra, com intuito de trabalhar os conteúdos pendentes no período que ficou impossibilitado de ter aulas, cujo motivo já foi citado nessa ata [...] (ESCOLA ADELE DE OLIVEIRA, 2017).

Considerando o conteúdo dessa ata afirmo que os conselheiros concebem o CE como um mecanismo que contribui para a resolução de problemas e questões envolvendo aspectos cotidianos de diferentes ordens na escola, a exemplo de: lacunas na infraestrutura física e entraves que impactam negativamente nas condições de trabalho, sejam na dimensão administrativo-financeira, como também pedagógica. Partindo dessa compreensão um dado conselheiro afirma: “A função do conselho escolar é deliberar situações e soluções para os problemas da instituição escolar. Há exemplo este ano à escola tem que passar por uma reforma e o conselho teve que sentar para resolver se a reforma iria ser feita meio parcelada ás aulas” (ENTREVISTADO 6, 2018).

No entanto, se por um lado, o conselho exerce a função de deliberar sobre os problemas e soluções da escola, por outro, ele também pode ser potencial de transformação social da comunidade escolar e local, pela qual atuar e intervir criticamente, principalmente, dadas suas singularidades próprias e passíveis de estarem ligadas a cultura, política e economia local. Nessas circunstâncias, Candau e Oliveira (2003, p. 160) admitem que:

A escola é, sem dúvida, uma instituição cultural. Portanto, as relações entre escola e cultura não podem ser concebidas como dois polos independentes, mas sim como universos entrelaçados, como uma teia tecida no cotidiano e com fios e nós profundamente articulados.

Nesse sentido, a cultura é parte da educação, e nela intervém impactando nas relações sociais construídas em cada contexto escolar especifico. Talvez seja por isso, que os estudiosos Celso; Luiz e Riscal (2013, p. 2018) compreendem o conselho como uma instituição social, constituída: “por meio de uma teoria de relações nem sempre detectáveis. O que tem dificultado a identificação de padrão de funcionamento típico”.

Com efeito, além das peculiaridades culturais, políticas e econômicas de cada lugar, os conselhos escolares são formados por particularidades humanas reais, podendo ser conflituosas ou não, mas que se fazem presente na experiência colegiada. Sabendo disto, direcionamos nosso olhar para saber o que pensa cada membro do colegiado por meio da seguinte pergunta: no seu entendimento quais as funções/atribuições exercidas pelos conselheiro(a) na gestão das escolas públicas municipais de Ceará Mirim?

O CE2 pensa que: “Os conselheiros devem ter, ser a voz em todas as escolas públicas do município”. Enquanto isso, o CE3 colocou: “Eu acho que deve ouvir a opinião de cada um, principalmente a gente que é conselheiro tem que ouvir. Acho que a função do conselheiro é isso, pelo menos no meu entendimento”. Já o (CE8) disse: “Eu acho que em primeiro lugar ele é observador porque é partindo dessas observações, que vai surgir o como fazer, o como agir em determinadas situações”. Por ora, percebemos nas falas três percepções diferentes, porém muito valiosas a vivência democrática – observar, opinar e ouvir. Em nossa compreensão, tais preceitos representam o reconhecimento do papel do conselheiro para fazer valer a participação nos processos decisórios. Ainda nesse quesito o CE1, discorreu:

Ele deve ser primeiro um cooptador, deve estar nos seus segmentos trazendo as mais diversas opiniões e sugestões. Cada um no seu determinado segmento, e dentro disso, exercer a função de deliberador, juntamente com seus pares deliberar sobre determinadas ações e decisões que cabe ao conselho tomar, por exemplo no tocante a reforma de escolas, então se á uma janela quebrada e uma porta na outra sala e de repente só tem recurso pra fazer um dos dois, então uma das funções do conselheiro e do conselho é justamente essa, não vamos deliberar, se só há recurso para um dos dois. Não é uma decisão unilateral da gestão (ENTREVISTADO 1, 2018).

A fala CE1 atribui ao conselheiro a função de deliberador de ações e decisões que envolvem assuntos, definidos em função da realidade específica da escola, cujo

os sentidos comporta os momentos de divergências, trocas de ideais, consensos e desafios próprios. Nesse sentido, para Marques (2012, p. 7) afirma que:

O conselho escolar é considerado uma estrutura discursiva, que constitui reorganiza relações que se dão no interior da escola, através de práticas articulatórias que constroem sentido à gestão escolar. No entanto, os sentidos da gestão construídos através das práticas discursivas pelos conselheiros escolares têm a marca própria de cada escola, tendo em vista que ela representa uma organização, sendo, portanto, culturalmente diferente.

Porquanto, as falas aqui analisadas, estão propugnadas no Regimento Escolar23 da Escola Municipal Adele de Oliveira, Documento que institui a necessidade do exercício da função deliberativa a ser executada por meio da atuação dos conselheiros, essa diretriz pode ser identificada, notadamente no Art. 17, parágrafo 2º, que prevê o seguinte quanto às atribuições do Conselho:

I - Aprovar e modificar seu Regimento Interno, com o voto de 2/3 (dois terços) de seus membros; II. Definir a capacitação necessária para os integrantes do Conselho Escolar; III. Sugerir a equipe de direção da Escola, a adoção de medidas socioeducativas a serem aplicadas aos alunos maiores de 12 anos de idade, assegurando-lhe a ampla defesa; IV. Emitir parecer sobre adoção de medidas socioeducativas, previstas em lei, inclusive encaminhamento (devolução), para a SEME, aplicáveis ao pessoal docente, técnico e de apoio administrativo, garantindo-se a ampla defesa, nos termos do Regimento Escolar. *(OBS) Esse item “d”, será objeto de consulta jurídica a ser encaminhada ao Conselho Municipal de educação, para emissão de parecer e posterior aprovação; V. Convocar Assembleia Geral da Escola, devendo a pauta de convocação ser publicada no prazo mínimo de quarenta e oito horas de antecedência, por Edital a ser afixado na respectiva instituição de ensino; VI Solicitar junto com a Direção da Escola, à Secretaria Municipal de Educação a ampliação e/ou reforma do prédio escolar (CEARÁ MIRIM, 2015, p. 10).

Consideramos oportuno, realçar na fala do CE1 a importância do gestor atuante e aberto para o diálogo junto aos demais membros do conselho, contribuindo

23 O Regimento não é um instrumento que isoladamente possa mudar o rumo do gerenciamento da

educação em nossas escolas. Contudo, se aliado ao compromisso dos profissionais que vivenciam a realidade escolar e se adequado às peculiaridades da rede pública de ensino, bem como articulado ao Projeto Político-Pedagógico, poderá colaborar significativamente para o êxito do trabalho escolar com o compromisso de oferecer uma educação que valorize a permanência e o sucesso escolar do aluno (CEARÁ MIRIM, 2015).

inclusive, para fomentar a dimensão política e dialógica nas práticas de gestão24. Tudo isso, condiz com o fortalecimento dos espaços democráticos [...] descentralizando o poder de decisão das mãos do diretor e das dos coordenadores pedagógicos, implica em perder o medo de mostrar a cara da escola (grifos do autor), com suas dificuldades e seus sucessos [...] (BARCELLI; WELLICHAN; PARRA, 2013, p. 184).

Os conselheiros precisam se colocar como pilares fundamentais do processo democrático e afirmar diante de todos o seu lugar de fala, escuta, saberes e valores úteis a desconstrução de sistemas unilaterais. Pois, “O CE pressupõe a partilha de diversos olhares e de inúmeras vivências para a construção de acordos provisórios que visem a melhorar a qualidade de aprendizagem dos estudantes” (BARCELLI; WELLICHAN; PARRA, 2013, p. 184).

Sendo assim, questionamos sobre como costumam participar das ações desenvolvidas pelo conselho escolar da Adele de Oliveira? Duas das respostas foram: “Só nas reuniões mesmo” (CE4). “Quando eles convocam, minha participação é essa” (CE3). Por sua vez, o CE1, CE5, CE6 e CE7, disseram o seguinte:

Então, eu vou para o meu segmento, capto as mais diversas opiniões críticas, sugestões que ele tem pra dar e nas reuniões de conselho nós trazemos isso para ser apresentado a gestão, e ser debatido junto com os conselheiros para que a gente possa chegar a um denominador comum nas mais diversas decisões tomadas pela gestão (ENTREVISTADO 1, 2018).

Olha, pelo menos, como eu participei, é contribuindo com a minha fala. Certo? É falando, é indagando, é questionando, é lançando proposta para que seja repassado para votação entre os membros desse colegiado. (ENTREVISTADO 5, 2018).

Eu sento com eles, tento mediar essas informações na qual eles votam, o conselho vota e levo para o órgão principal que é a secretaria da educação, e depois eu trago as respostas, os pareceres para eles discutirem (ENTREVISTADO 6, 2018).

Participando das reuniões e, estou sempre à disposição também pra ajudar em qualquer momento (ENTREVISTADO 7, 2018).

24 O termo gestão educacional e escolar, aplicado à educação, remonta à década de 1990. Muitos

autores consideram-no mais apropriado do que administração, que possui conotação mais burocrática, rotineira, ou é usada como sinônimo de manipulação, uma vez oriunda das teorias clássicas de administração geral, elaboradas, principalmente por Taylor e Fayol, no início do século XX, e inspiradoras das primeiras teorias da administração escolar implantadas em meados do mesmo século [...] (SANTOS, 2013, p. 49).

Os depoentes expressam seu direito de atuação no conselho, mas, evidenciamos que é preciso avançar na reflexão sobre atuação desse colegiado como identidade individual e coletiva crítica. Em nossa compreensão, enquanto espaço dialógico e humano, o CE vai muito além do cumprimento de tarefas normativas, a exemplo das reuniões, horários, presenças, assinaturas, dentre outros aspectos que compõem a pluralidade de fatores que foram sendo gestados em contextos de centralização de poder e práticas culturais patrimoniais.

Neste ponto, compreendemos que o sentimento de pertença dos participantes viabilizará a autonomia nas decisões numa perspectiva inclusiva dos sujeitos, cujo teor implica em pensar na gestão escolar como um espaço de possibilidade para realização do planejamento participativo, que por sua vez, enquanto espaço político e de poder envolve possibilidades de construção interativa, que necessariamente precisa fazer sentido para todos os sujeitos que participam e deliberam em processos que compreendam a tensão e o desejo de construir de forma colaborativa a gestão escolar democrática. E Dessa maneira, gerar consciência do sujeito de si inserido no mundo em que vive.

Com efeito, na obra O convite a Filosofia Chauí (2001) revela pistas capazes de ampliar nossa compreensão para o que denominamos de consciência crítica. Para a autora:

A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e as ideias da experiência cotidiana, ao que ‘todo mundo diz e pensa’, ao estabelecido. [...] A segunda característica é positiva, isto, é uma interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, as situações os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é? Porque é? Como é? [...] A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico (CHAUÍ, 2001, p. 12, grifo da autora).

Notadamente, precisamos avançar no exercício de construção e de formação do pensamento crítico concebido pela autora como processo filosófico. Do contrário, continuaremos imersos em entraves, não apenas para a formação da consciência crítica, mas, para as práticas de participação das camadas populares nos momentos de tomadas de decisões coletivas, que remetem para a necessidade de analisarmos

o plano histórico-social e político que carrega os efeitos benignos ao que acreditamos ser um conselho escolar formado democraticamente. Principalmente pela criatividade de um sistema capitalista que camufla à verdadeira raiz dos problemas sociais que afetam a democracia. O alicerce do CE faz-se por meio um diálogo consciente que se torne o meio de consolidar ações efetivamente democráticas na escola pública.

Em face das ideias apresentadas, solicitamos aos participantes da entrevista que fizessem uma: autoanálise sobre sua atuação como conselheiro do CE nessa Escola. Pausa para resposta! Você considera que tem sido atuante nas atividades desenvolvidas pelo Conselho? Pausa para resposta! Acha que tem conseguido representar seu segmento nas decisões da escola? Obtivemos as seguintes respostas:

Eu acho que assim, tenho deixado um pouco a desejar, a verdade é essa, apesar de ter procurado manter o elo de ligação, ser o facilitador, ser no momento certo o apoiador e no momento devido ser também o crítico da gestão da escola, mas assim, eu creio que ainda falta um grande passo a ser dado nessa questão da atuação, pelo menos olhando pra minha atuação, preciso talvez um pouco mais de empenho do sentido de democratizar, de levar a atuação do conselho para uma seriedade maior em todos os segmentos, não só no segmento professor que ele já atingiu essa seriedade, os professores já tem esclarecimento do que é conselho e do que tem que fazer lá, mas o segmento de pais e alunos por exemplo, eles precisam ser mais estimulados a participar, estar mais imbuídos nesse negócio que é o conselho escolar. Eu tenho procurado fazer o possível pra ser fidedigno ao que o meu segmento espera de mim. (ENTREVISTADO 1, 2018, grifo nosso).

Embora, um dos conselheiros tenha dito que: “A parte interessante nesse conselho foi à parte dos pais, que eles trouxeram para escola! Os pais começaram a participar mais” (ENTREVISTADO 3, 2018). Na condição de vice-presidente, o conselheiro 1 ressalta que precisa atuar mais no processo de democratização, o qual em sua opinião poderá ser edificado por meio das ações direcionadas para conscientização e mobilização para integrar todos os segmentos no CE, sobretudo, os representantes de pais e alunos, que segundo ele precisam ser mais estimulados a participar para o: “Enriquecimento da democratização escolar [...]” (ENTREVISTADO 1, 2018, grifo nosso).

Segundo Paro (2016, p. 65): “[...] parece que os pais têm sim conhecimento suficiente para exercer certa fiscalização e contribuir pelo menos em partes, na

tomada de decisões a respeito do funcionamento pedagógico da escola”. Diante disso, reconhecemos que a existência dos conselhos na escola já é um avanço basilar para o fortalecimento da democratização escolar participativa. Mas, na prática ainda existe alguns problemas, a exemplo do relato a seguir sobre a baixa frequência dos membros do colegiado nas reuniões do conselho: “[...] um grande impasse mesmo do nosso conselho é questão de ter membros que não frequentam a questão do contra turno, o que se torna bem difícil mesmo ter todos os presentes, tantos os titulares como os suplentes [...]” (ENTREVISTADO 2, 2018, grifo nosso).

Nessa parte, cabe destacar, que eles reconhecem a existência de lacunas em suas atuações, pois, acreditam que é por meio da participação ativa no colegiado que as relações democráticas na escola poderão se efetivar com êxito. Essa constatação, também encontra respaldo na concepção de Paro (2016) sobre democracia, que segundo ele: “Só se efetiva por atos e relações que se dão no nível da realidade concreta”(PARO, 2016, p. 24). Essa compreensão do Autor é reforçada pelas falas dos seguintes entrevistados:

Eu acho que deveria ter mais participação. Também falta interesse meu. Se tem uma reunião ficar procurando saber, me entrosar. Deveria ser assim. Procuro ajudar, mas não acho que estou sendo atuante. Eu ajudo em qualquer coisa quando me procuram. Mesmo assim, eu procuro falar, responder e dar opinião sabe? (ENTREVISTADO 3, 2018).

Pela minha análise, eu compreendo que eu participei do conselho de forma geral, mas vou falar por mim. Eu participei muito pouco, daria para ter participado de mais coisas, de mais reuniões. Eu acredito, assim, que foi muito pouco minha participação, deveria ter contribuído ainda mais porque foram muito problemas, que eu deixei a desejar como membro do Conselho (ENTREVISTADO 5, 2018, grifo nosso).

Fazendo uma reflexão sobre a expressão grifada na citação, é preciso considerar também, que não é justo que os conselheiros se autopunam por todas as situações que determinam ou não a articulação do conselho da escola, já que existem muitos outros condicionantes do tipo: dupla ou tripla jornada de trabalho do profissional; dificuldades de tempo para encontros do conselho no contra turno e consequentemente problemas da frequência e representatividade nas reuniões do CE; dificuldades de conhecer e discutir sobre a realidade local e o projeto político pedagógico da escola; falta de recursos e espaço apropriado.

Outro nunça que chamou a atenção nas falas dos conselheiros remete para a temática da infraestrutura escolar, a expressão é a seguinte: “Bom, poderia melhorar a questão dos aspectos da escola, assim da estrutura física de ir atrás mesmo, né? E