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Foi durante a primeira semana de estágio que pude acompanhar o processamento do sistema

DIDDU. Tudo começa com a prescrição médica, que é efetuada on-line através do GHAF (14). Posteriormente, é da responsabilidade das farmacêuticas a validação da prescrição que consiste na verificação da dose, frequência, indicações e contra indicações, via de administração, interações, duplicações de medicação e duração e ainda adequação do tratamento ao doente (14,28). A validação das prescrições foi um processo que pude acompanhar ao longo do estágio com as diferentes farmacêuticas. Sempre que detetada alguma inconformidade, incoerência ou mesmo prescrições incompletas ou pouco claras, o médico deverá ser contactado para proceder à sua reformulação (14). A este processo segue- se a elaboração do perfil farmacoterapêutico e subsequente processamento de dados que são enviados para o Kardex (28). Os SF beneficiam assim da utilização de dois Kardex, carrosséis verticais automáticos com elevada capacidade de armazenamento e facilidade de acesso a medicação de elevada rotatividade. Eles permitem a redução de erros, a racionalização de stocks e agilização na preparação, com diminuição do tempo destinado a esta tarefa (5). Os

Kardex interatuam com o GHAF, sendo as malas unidose preparadas pelos TDT de acordo com os dados disponibilizados por este mesmo software: nome do doente, serviço, nome do medicamento (por DCI) e stock desse medicamento. Existem também armários tradicionais com múltiplas gavetas para medicação unidose, às quais os TDT podem sempre recorrer durante a preparação das malas.

Quando existem produtos que não estão no Kardex, como medicamentos de frio, produtos de alimentação, soluções de grande volume (p. ex. soros), medicamentos de dosagens diferentes, material de penso e colírios, é emitido um mapa de produtos externos a preparar pelos TDT. Deverá constar a identificação do doente e no caso de existirem medicamentos de frio, estes só deverão ser retirados do frigorifico no momento da entrega, estando identificados com o nome do doente e indicação “Guardar no frigorifico (2-8ºC)” (28). É também emitido um mapa de incidências (28) com os medicamentos que devem ser repostos pelos TDT no caso de rotura de stock nos Kardex. Caso haja medicamentos não disponíveis nos SF e/ou seja requerida uma justificação clínica, é enviada na gaveta do doente um alerta da farmácia, onde os serviços clínicos são informados do porquê da medicação ter faltado na DIDDU (28).

Visto que durante a preparação da medicação podem existir alterações ao nível da prescrição, as farmacêuticas procedem à revalidação e os TDT à retificação da medicação na gaveta do doente em causa. Após preparação da DIDDU, é da responsabilidade dos AO o transporte da medicação até aos serviços clínicos (28). Na enfermaria de cada serviço, efetua-se a conferência conjunta da medicação entre uma farmacêutica e um elemento de enfermagem com base no perfil farmacoterapêutico (14,28). No entanto, atualmente esta conferência está a ser realizada apenas por amostragem. Na eventualidade de ser detetada alguma não conformidade esta é registada e corrigida imediatamente (28).

Toda a medicação que segue nas malas é identificada pela DCI, dosagem, prazo de validade e lote e as malas são identificadas com o nome do doente, nº de processo e o serviço onde este se encontra (14). Estas são preparadas para um período de 24h, excetuando fins-de-semana e feriados, onde poderão ser preparadas para um período máximo de 72h (14,28). Na medicação fornecida em DIDDU, todos os medicamentos que não foram administrados ao doente devido a alterações da prescrição médica, impossibilidades de administração, alta ou óbito, devem ser devolvidos aos SF. Esta medicação deve ser devolvida na gaveta da mala unidose ou em saco individualizado no dia seguinte à não administração, com etiqueta identificativa do doente e data de devolução (24). Na impossibilidade da devolução ser feita por doente (medicamento fora da gaveta, falta de recursos e/ou tempo), as revertências vão sendo anotadas diariamente numa listagem própria do serviço.

Em alguns dias, procedi também ao registo dessas revertências, no decurso das quais verifiquei as condições de preservação dos medicamentos (se eram p. ex. termolábeis), os

prazos de validade, a integridade de cada um dos fármacos e condições de rotulagem (24,28). Caso os medicamentos não estivessem conformes, estes eram descartados em contentor próprio de resíduos do grupo IV, para incineração. Medicamentos como benzodiazepinas, psicotrópicos e estupefacientes são da responsabilidade das farmacêuticas e com tal, pertence-lhes o re-armazenamento em local apropriado. As devoluções devem também ficar registadas na GHAF, no final do mês, para reentrada no stock e devem ser feitas por doente (24). No entanto, dado a escassez de recursos, estas são feitas por centro de custo. Coube-me o registo informático das mesmas no final de fevereiro, onde indiquei o centro de custo, o nome do serviço, a DCI, a dose e forma farmacêutica, o prazo de validade, o número do lote e o número de unidades devolvidas.

Para otimizar a DIDDU, são emitidos diariamente nos Kardex, mapas de reposição com informação da medicação que está abaixo dos mínimos (28). Esta lista é recebida pelos AO que retiram do stock do armazém a quantidade de cada medicamento que é solicitado. Por sua vez, os TDT selecionam os medicamentos que pretendem carregar, aludindo também aos lotes e prazos de validade e construindo uma listagem de entrada com apoio do software do Kardex (29). Depois é o próprio Kardex que através da informação cedida, segue a sua ordem específica de carregamento, informando os TDT qual o medicamento a carregar. É ainda realizado um inventário e conferida a validade da medicação “antiga” existente nos Kardex versus aquela a ser introduzida, pois a medicação carregada deverá ter o mesmo lote e prazo de validade para maior controlo e gestão (28,29).

A DIDDU demonstra ser assim um tipo de distribuição que prima pela segurança do circuito do medicamento. Permite a diminuição do risco de interações, proporciona um melhor conhecimento do perfil farmacoterapêutico dos doentes, diminui os erros de administração, de custos e desperdícios e faculta aos doentes maior tempo de cuidados de enfermagem (5).

7.3.

Distribuição de Medicamentos por Reposição de Stocks