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Em um estudo realizado pelo Instituto Ethos (www.ethos.com.br) foram levantados dados sobre o perfil social, racial e de gênero das 500 maiores empresas do Brasil tendo sido analisados os dados de 132 empresas (26,4% do universo pesquisado) representando um total de mais de 700 mil pessoas atuando nos quatro níveis hierárquicos analisados. Os resultados da pesquisa indicam que, apesar de alguns avanços entre dados de 2005 e 2007, há ainda uma situação de grande desigualdade nas empresas.

Na composição por sexo, comparando-se os dados de 2007 com os de 2005, a participação da mulher cresceu em três dos quatro níveis hierárquicos (quadro funcional de 32,6% para 35%, supervisão de 27% para 37% e no quadro executivo de 10,6% para 11,5%) e apresentou uma redução em posições gerenciais passando de 31% para 24,6%.

Na composição por cor ou raça, a participação de negros (pretos e pardos) é extremamente baixa, mesmo representando 49,5% da população brasileira. No comparativo dos dados entre 2007 e 2005, os negros ocupam 25,1% do quadro funcional (redução de 1,3%), 17,4% dos cargos de supervisão (aumento de 3,9%), 17% de cargos gerenciais (aumento de 8%) e 3,5% do quadro executivo (aumento de 0,1%).

A situação é ainda pior para a mulher negra, que tem presença de 7,4% no quadro funcional, 5,7% no quadro de supervisão, 3,9% na gerência e 0,26% no quadro executivo. Cita o estudo que em valores absolutos, em 2007, havia quatro mulheres negras (3 da cor parda e 1 da cor preta) num total de 1.518 diretores participantes da pesquisa.

A revista Exame em parceria com a FIA (Fundação Instituto de Administração) publicou a 11ª edição da pesquisa “Melhores empresas para você trabalhar”. Segundo a pesquisa, as 150 empresas selecionadas pelo guia 2007 são fontes de aprendizado acerca de

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gestão de pessoas. Os números chamam atenção; no total, estas empresas empregam 451.000 funcionários, faturam 397 bilhões de reais e possuem rentabilidade média sobre patrimônio líquido de 18 reais para cada 100 reais (5 a mais que o retorno das 500 melhores e maiores empresas do anuário de Exame 2007). Menciona a revista que este nível de desempenho advém do ambiente de trabalho, do papel atuante de seus gestores em “escutar o que seu pessoal tem a dizer (e refletir sobre as valiosas dicas que vêm desse tipo de interação)”.

A metodologia utilizada pela FIA inclui pesquisa com funcionários de todos os níveis das organizações e avaliação das políticas das empresas utilizando critérios de coerência, consistência, abrangência e sustentabilidade nas políticas e práticas de RH. Além da pesquisa geral classificando as 150 melhores, há também categorias especiais, como estratégia e gestão, cidadania empresarial e diversidade.

A tabela 8 indica as 10 melhores no geral e as 10 melhores na categoria diversidade, referenciando a categoria mulheres.

Tabela 8: Pesquisa 150 melhores empresas para trabalhar

10 campeãs Melhores para mulheres Total de empregados Na empresa Cargos liderança %

1ª Masa 1ª Serasa 2371 1217 157 13% 2ª Albras 2ª Landis+Gyr 336 109 5 5% 3ª Serasa 3ª ChemTech 323 99 15 15% 4ª Landis+Gyr 4ª Accor 7785 3991 623 16% 5ª Volvo 5ª Todeschini 476 155 4 3% 6ª Arvnmeritor 6ª Unimed VTRP 251 167 11 7%

7ª Promon 7ª Laborat´rio Sabin 476 350 49 14%

8ª ChemTech 8ª Unimed Missões 105 66 4 6%

9ª Caterpillar 9ª Aspen 526 284 35 12%

10ª Hoken 10ª São Bernardo Saúde 207 146 17 12%

Distribuição de mulheres Comparativo melhores empresas para trabalhar e melhor para mulheres

Fonte: Elaborado pelo autor

O cruzamento dos dados da tabela 8 possibilitou a identificação de algumas empresas constantes em ambas classificações, indicando um campo interessante de análise, ao relacionar os dados desta pesquisa com os resultados financeiros obtidos por essas empresas nos últimos anos.

SRS: Maior empresa da América Latina em pesquisas, informações e análises econômico- financeiras para apoiar decisões de crédito e negócios.

Classificação no ranking: 3º lugar geral, melhor empresa em liderança, melhor empresa para executivos e melhor empresa para mulheres (no ranking das 150 melhores desde 1999).

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· Programa de liderança adaptativa, focada em adaptabilidade, inovação e capacidade coletiva de lidar com os desafios do ambiente.

· Programa de coaching e desenvolvimento dos funcionários, com investimentos em cursos de línguas, graduação e pós-graduação.

· Oportunidade de carreira para mulheres que hoje ocupam quase metade dos cargos de liderança.

L&G: Empresa de origem suíça com sede em Curitiba, fabricante de equipamentos de medição de energia.

Classificação no ranking: 4ª lugar geral e segunda melhor para as mulheres (no ranking das 150 melhores desde 2001)

· 336 funcionários, dos quais 44% com tempo médio de casa de mais de 10 anos.

· Faturamento anual multiplicou-se por 3 entre 2003 e 2007.

· Programa de bolsa de estudos para funcionários e filhos, creche subsidiada, plano de previdência privada com mais de 90% de adesão.

· Comunicação efetiva entre áreas, entre a diretoria e o chão de fábrica e estabelecimento de bom clima organizacional contribuindo para a baixa rotatividade de pessoal.

CTH: Empresa de engenharia controlada pelo grupo Alemão Siemens, tem como prática gerencial a valorização dos funcionários nos processos sucessórios (não são contratados líderes no mercado).

Classificação no ranking: 8º lugar geral e 3ª melhor para as mulheres (no ranking das 150 melhores desde 2004).

· Os mais de 300 funcionários participam de 2 encontros anuais com membros da diretoria e presidência podendo se envolver ao máximo com os negócios da empresa.

· Desenvolvimento de carreira em “Y” (gerencial e técnica) com faixas salariais variando entre 80% e 120% dos valores praticados no mercado.

· Pagamento de bônus por mérito em vez de participação nos resultados.

· Programa de mentores, universidade corporativa e bolsas de estudos para pós- graduação, mestrado e doutorado.

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A pesquisa também destaca que as mulheres querem alcançar seu espaço nas organizações e ter oportunidades de crescimento baseadas em desempenho e não por privilégios, políticas protecionistas ou ações afirmativas. Dos 123.000 respondentes, cerca de 40.000 eram mulheres e, do total dos líderes das empresas, 15% (ou 18.465 de 123.445) de mulheres ocupavam algum cargo de liderança. A comparação desses números revela que ainda há dominação masculina em cargos de liderança.

O estudo constatou que a formação educacional feminina é melhor do que a dos homens e, das mulheres respondentes da pesquisa, 20% têm pós-graduação contra 15,9% dos homens, mas quando o assunto é salário, 5,1% das mulheres recebem acima de R$ 6.000 e 9,7% dos homens ocupam esta faixa.

A pesquisa indica que a maioria das empresas reconhece a necessidade de práticas de igualdade com flexibilidade entre homens e mulheres e que estas práticas podem trazer ganhos para funcionários e potencializar ganhos para as organizações.

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS