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Diversidade religiosa como parte da cultura

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O primeiro volume começa com a seguinte afirmação: “Somos diversos. Esta verdade fundamental é sempre ameaçada por ações individuais e coletivas de intolerância. Somos diversos historicamente, etnicamente, lingüisticamente e, da mesma fora, somos diversos religiosamente.” 53 A ideia de que somos um país

52 Idem.

53 Secretaria de Estado da Educação. Ensino Religioso – O Ensino Religioso nas escolas públicas do Estado

plural é clara, bem como a ideia do respeito a esta diversidade. Enfatiza as diversas heranças culturais que convivem na população brasileira, oferecendo informações que contribuam para a formação de novas mentalidades, voltadas para a superação de todas as formas de discriminação e exclusão. Nesse sentido os Parâmetros Curriculares Nacionais afirmam:

Tratar da diversidade cultural, reconhecendo-a e valorizando-a, e da superação das discriminações é atuar sobre um dos mecanismos de exclusão- tarefa necessária, ainda que insuficiente, para caminhar na direção de uma sociedade mais plenamente democrática. É um imperativo do trabalho educativo voltado para a cidadania, uma vez que tanto a desvalorização cultural – traço bem característico de país colonizado – quanto à discriminação são entraves à plenitude da cidadania para todos; portanto, para a própria nação.” 54

Trabalhar cidadania tem sido um dos grandes desafios da educação brasileira. Fischimann trabalha a cidadania como algo coletivo. Lembremos que há, em curso, uma reestruturação histórica da cidadania. A afirmação de um direito não significa que todos sejam obrigados a exercê-lo. Se me pronuncio a favor de determinado direito, posso ou não valer dele. Não interessa por um direito não me faculta impedi-lo a outrem, tratando de exercício individual. Interessando-me, não posso constranger ninguém a exercer algo que diga respeito exclusivamente a mim ou aos meus. A complexidade de compatibilização no exercício de direitos e deveres – individuais e coletivos, sociais, culturais – não é simples, mas trabalho contínuo, parte da tarefa de consolidação democrática que atribuímos como cidadãos.55

O respeito à diversidade é um dos valores mais importantes do exercício da cidadania, nesse respeito não existem seitas, sincretismos ou religião melhor do que outra.

Em nenhum período da História houve uma única religião em todo mundo, como também nunca foram dominantes as atitudes de tolerância no passado da História das Religiões. A associação entre Estado e Igreja é uma dessas formas

54 Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: pluralidade cultural,

orientação sexual / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. p.21

de intolerância, não deixando, por isso mesmo, uma boa lembrança. A imposição de uma fé como oficial e a conseqüente exclusão dos outros deixou seu rastro no passado. No presente, muitos conflitos continuam sendo alimentados a parir de convicções ou da justificativa de crença, como vemos no Oriente Médio ou na Irlanda.

Observando tais conflitos a defesa da separação entre Estado e Igreja constitui-se na liberdade absoluta de crença onde inclua a liberdade de não- crença, da expressão de ateísmo, agnosticismo ou simples indiferença aos valores religiosos. “Dessa forma o Estado não deve patrocinar o “ensino de religião”, já que esta é uma questão de foro íntimo; de decisão própria.” Ensino religioso entendido como catequese ou pregação apologética de uma determinada expressão religiosa é um direito das instituições religiosas, mas deve ser realizado em escolas confessionais, seminário ou círculo de estudo.” 56 Essa é a ideia deste volume, mas como isso é possível, o texto não consegue demonstrar, o que mostra as dificuldades de lecionar Ensino Religioso conforme a proposta pedagógica.

Toda instituição deve e pode ter assegurado seu direito de expressar a seus fiéis ou interessados seus pontos de vista sobre os diversos aspectos da vida religiosa. Como fica então a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas públicas? O texto mostra que o ensino das religiões, o estudo de diversidade, o exercício de alteridade pode ser conteúdos trabalhados na Escola pública. Da mesma forma que o professor de literatura faz referência a diversas escolas

56 Secretaria de Estado da Educação, Ensino Religioso – O ensino religioso na escola pública do Estado de

literárias; e o professor de história enfatiza diversos povos, assim o ensino de religiões deve enfatizar diversas expressões religiosas, considerando que as religiões fazem parte da história.

Onde fica o direito à liberdade religiosa e o direito a cidadania. As religiões não poderiam ser estudadas transversalmente nos conteúdos de História e Geografia? Se formos livres e o objetivo é levar á criança a conhecer as várias religiões que formam o cenário nacional; existe a necessidade de obrigar, mesmo que em caráter facultativo a disciplina ensino religioso?

A proposta é estudar historicamente movimentos e pensamento religiosos onde se discute teoricamente as formas possíveis de abordagem, dentro de uma área de estudos que vem crescendo e construindo seus próprios referenciais. Desta forma, uma abordagem teórica preliminar para o estudo das religiões, do pensamento religioso, das formas de religiosidade em geral, é aquela que leva em conta a historicidade dos fenômenos religiosos construídos em variados aspectos e matizados na sua complexidade histórico-cultural. O texto mostra que:

O censo de 2000 revela o Brasil como uma nação cristã, de maioria católica e com forte crescimento dos evangélicos pentecostais. Em uma população de aproximadamente, 174 milhões, 123 milhões disseram ser católicos (74%) e 26 milhões (15%) evangélicos. Cerca de 12 milhões (10%) de pessoas afirmaram não pertencer a nenhuma forma de religião organizada e o restante da população admitiu pertencer a movimento religiosos variados, como espiritismo Kardecista, budismo, judaísmo, umbanda e candomblé, entre outras opções. 57

Nesse sentido Fischimann alerta:

Da mesma forma, a liberdade de crença, colocada no mesmo dispositivo constitucional que trata da liberdade de consciência, traz o sentido da gravidade que é a escolha e a prática da religião, situadas no campo do foro íntimo, que a ninguém é facultado violar. A situação de tensão, e até de guerra, gerada por conflitos religiosos, que algumas regiões do planeta vivem, como a Irlanda ou a Bósnia, para citarmos dois exemplos muito conhecidos, indica a necessidade absoluta de cutela quando se adentra esse campo, historicamente marcado por derramamento de sangue em nome da fé, em nome da divindade. 58

Por isso, uma definição para uso acadêmico e científico não pode atender a compromissos religiosos específicos, nem ter definições vagas ou ambíguas, como, por exemplo, definir religião como visão de mundo, o que pressuporia que todas as visões de mundo fossem religiosas.

O conceito de Deus é trabalhado conforme os sistemas religiosos. Em termos mais gerais, deus é apresentado em diferentes sistemas religiosos como sobre-humano, sobrenatural, dotado de poder, personalidade e presença. Mas, apesar desta definição geral, objetivamente falando, as teologias possuem variações.

Os estudos atuais sobre religião e religiosidade valorizam os fenômenos religiosos de forma diversificada. Há o reconhecimento de que as questões religiosas permeiam a vida cotidiana como religiosidade popular, sob formas de espiritualidade que fornecem elementos para construção de identidades, de memórias coletivas, de experiências místicas e correntes culturais e intelectuais que não se restringem ao domínio das igrejas organizadas e institucionais.

Muitos movimentos religiosos procuram repensar os papéis de gênero, as opções sexuais, a participação política engajada, os conflitos em nome da fé, as

58 Fischimann, Roseli, Ensino Religioso em Escolas Públicas: subsídios para estudo da identidade nacional e

novas práticas espirituais, as liturgias alternativas e as revisões teológicas, de acordo com as necessidades da modernidade, destacando-se aí o papel das mulheres e das minorias dentro da sociedade e suas expressões culturais.

Com isto o texto privilegia como objeto central de pesquisas, correntes de pensamento, movimentos, tendências até então considerados marginais à cultura religiosa como, por exemplo: movimentos religiosos dos povos indígenas latino- americanos e africanos; religiões orientais; as centenas de igrejas evangélicas, pentecostais, neopentecostais; o espiritismo; as religiões afro-brasileiras como a umbanda e o candomblé. O ensino religioso deve ser trabalhado ampliando seus limites, desmontando preconceitos, revendo cronologias e desenvolvendo análises comparativas.

4. 2 A análise dos textos sagrados

O documento Ensino Religioso – O ensino religioso na escola publica do Estado de São Paulo, possui um caderno especial voltado para a questão dos textos sagrados. Num primeiro momento é trabalhada a questão da Imagem, linguagem e comunicação. A experiência religiosa necessita de expressão e comunicação. Isto ocorre a partir da linguagem e outra forma simbólica. O texto afirma:

Nenhuma experiência religiosa pode ser objeto de análise enquanto permanece oculta ou subjacente. Os usos das linguagens – políticas, científicas religiosas, morais, estéticas, filosóficas e outras – estão carregados de propósitos variados, através dos quais as

experiências, individuais ou coletivas, são descritas e interpretadas.

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Dessa forma, religiões, religiosidades, tradições religiosas, simbolismos, arte, cultura, corresponde a um período histórico dentro de uma comunidade particular de interpretação. Não existe nenhuma criação religiosa fora da realidade cultural e histórico. Por isso, a compreensão de um texto depende das formas de difusão e circulação cultural que o levam até o leitor.

Os livros sagrados desempenham função importantíssima no processo de expressão e comunicação religiosa. Através deles estabelece-se uma relação fundamental entre as tradições orais e escritas, que são instrumentos de comunicação pertencentes a diferentes sistemas. Neste sentido o documento pretende que se ensine a ter uma melhor relação com o sagrado. Mas qual sagrado? Ou ainda; qual deus? O deus do panteísta, dos deístas, dos xintoístas, dos budistas, dos cristãos? Como vimos no documento, será difícil, ou melhor impossível ensinar as concepções religiosas diversas, sem predominar as concepções mais populares do Brasil.

Os escritos religiosos são, portanto, documentos variados que se destinam a estabelecer normas, definir revelações e verdades religiosas, fixando orações, invocações, juramentos, doutrinas, mitos, histórias, hinos e verdades consideradas fundamentais. Os livros sagrados são uma categoria especial de escritura religiosa que contém uma revelação de uma religião, podendo ou não provir de uma fonte divina direta, como no caso dos livros atribuídos aos fundadores de religiões. Os

59 Secretaria de Estado da Educação. Ensino religioso – o ensino religioso na escola pública do estado de São

textos sagrados representam também um ensinamento proveniente do mundo divino, concedido aos homens como instrumentos libertados e meio de contato com o próprio mundo divino.

Através de imagens, músicas, palavras, rituais, os sistemas religiosos expressam suas referências e sentidos. Contudo, podemos pensar que o sentido da linguagem religiosa é tanto literal como particularmente dotado de sentidos simbólicos e metafóricos. A linguagem religiosa poética, litúrgica, dogmática, teológica, doutrinária, é dotada de poder que atravessa longos períodos temporais,

A língua religiosa e textos religiosos têm funções e papeis especiais dentro de contextos religiosos, embora não obedeçam a qualquer forma de padronização. Em muitas religiões, é comum os rituais serem desenvolvidos numa linguagem particular, diferente daquela de uso comum. Em alguns casos, é uma variedade do próprio idioma dos seguidores, talvez um dialeto antigo ou esquecido, ou então uma linguagem completamente diferente e até mesmo ininteligível do idioma dos seus seguidores. Uma linguagem sagrada é ainda rodeada por mitos e tradições.

Vários fatores contribuem para que a língua seja sacralizada, da sociolingüística à teologia, com conseqüências profundas para o desenvolvimento das religiões. Para isto acontecer, a literalidade escrita ocupa um papel central quando consideramos como os textos foram escritos, que língua foi preservada e quem foram os responsáveis pela transmissão.

Mesmo com o objetivo e orientação para que a disciplina ensino religioso respeite a pluralidade cultural religiosa o documento se mostra excludente. Ao estudar como a língua foi preservada e quem foram os responsáveis pela

transmissão, estuda, como exemplos apenas a Tora (cincos primeiros livros da Bíblia) para os judeus, os Evangelhos para os cristãos e o Corão para os muçulmanos. Para os três grupos, estes textos têm inspiração divina e representam uma revelação de Deus aos homens. Por serem considerados inspirados diretamente por Deus, são alvos de respeito dos fiéis tanto pelo conteúdo quanto pela própria existência física do texto.

4. 3 O pluralismo religioso cristão

Outro fator interessante deste documento é o fato de dedicar um volume inteiro para o que chamam de pluralismo religioso cristão. Na verdade, este texto dedica-se a trabalhar exclusivamente a religião cristã.

O texto começa apresentando o Cristianismo como a religião de um terço da população mundial e de quase 90% da população brasileira. O cristianismo tornou-se modelo para pessoas, culturas e sociedades, mesmo que elas não vivam sob seus credos e princípios religiosos. Assim, a importância cultural – nacional e internacional – do Cristianismo deve ser entendida na dimensão histórica da sua teologia, fé e tradição religiosa. 60 Em quase todo documento há

referências às religiões cristãs. Assim o próprio documento se mostra preconceituoso em trabalhar uma religião com mais afinco do que as demais.

Nesse documento são trabalhadas expressões como contextualização do conhecimento, conviver com diferenças, conscientização, pluralismo nas referências ao conteúdo abordado na disciplina. É trabalhado também o fato de que nas aulas não poderiam se dedicar a nenhum credo específico, mas o próprio documento com suas orientações e declarações denunciam uma realidade bastante diferente.

O cristianismo nasceu no interior do Judaísmo. Dois fatores, dentre muitos, colaboraram para diferenciar o Judaísmo do Cristianismo. Paulo defendia que os convertidos ao cristianismo não precisavam cumprir a lei mosaica. Muitos outros cristãos acreditavam na posição contrária, mas uma reunião realizada em Jerusalém, no ano 49 d. C., posteriormente batizada como “Concílio de Jerusalém”, deu razão a Paulo.

Com o passar dos séculos da Idade Média, a Igreja Católica foi aumentando seu prestígio político, sua ascendência intelectual e seu poder econômico.61

A partir da Itália, a idéia do monarquismo seduziria milhares de europeus e transformaria os mosteiros em grandes centros de cultura e irradiação do cristianismo, fazendo com que, em muitos sentidos, a cultura religiosa da Idade Média fosse monacal, isto é, ligada aos monges. Crescendo os mosteiros, a posse de terras na Europa, cresce também a centralização política ao redor do papa, a Igreja aumenta seus laços com o poder civil.na idade Média Igreja e Estado, poder e religião dificilmente podiam ser dissociados.

A Contra-Reforma é o movimento de resistência da Igreja Católica ao avanço das idéias protestantes. Ao longo da história do Catolicismo, ocorreram inúmeras reformas internas: reforma gregoriana (do papa Gregório VII), contra o casamento de padres (nicolaísmo) e a venda do sagrado (Simoni); pode – se falar numa reforma leiga do século XIII, com Francisco de Assis. Porém, a partir da crítica luterana, calvinista e de outros líderes, a Igreja percebeu que os tempos eram outros.

Entre 1545 e 1563, ocorreu em Trento um dos concílios mais importantes na História da Igreja. O inédito é a vontade de implantar unidade de sistematização do catolicismo. Os seminários, uma das poucas novidades de Trento, seriam os núcleos formadores desta unidade férrea. A importância dos decretos sobre imagens, representações e relíquias é patente nos decretos de 17 de setembro de 1562 e 2 de dezembro de 1563.

O que marca o Concílio não é a reafirmação sobre a validade da intercessão dos santos ou sobre as imagens; nada foi acrescentado em relação à tradição teológica dos católicos. A novidade a este respeito é definir o católico por este atributo. A intercessão dos santos e sua representação passam a ser elementos identificadores da fé católica, como a figura do papa já era há muito tempo.

Com mais força a partir do século XVI, cresce a identificação do Catolicismo com aquilo que o diferencia dos outros Cristianismos. O católico não é mais, apenas, aquele que aceita o cerne da religião: a criação do mundo, o amor de Deus, a queda do homem, a encarnação e redenção. O católico passa a ser, cada vez mais, quem aceita a autoridade do papa, o que venera santos, o que incorpora

a transubstanciação na Eucaristia, as indulgências, as novenas e procissões, os tríduos de intercessão, o celibato clerical como forma superior de vida e tantos outros elementos.

A Reforma é tratada como “diversidade cristã”. Durante o século XVI, a Igreja cristã Ocidental na Europa sofreu um grande movimento de mudanças e transformação com impacto político, social, econômico, cultural e religioso. O movimento ficou conhecido como a Reforma e tornou-se a base do Protestantismo. Atualmente, constitui-se um ramo do Cristianismo estendendo-se por todos os continentes. È uma forma religiosa muito diversificada, que está organizada em múltiplas igrejas, expandindo-se fortemente através de movimentos missionários e em obras sociais e movimentos onde colaboram membros de diferentes Igrejas. No Brasil as igrejas que mais crescem são as Igrejas Avivadas e Pentecostais.

Toda a história da Reforma é trabalhada com o intuito de mostrar que existe uma pluralidade religiosa entre os cristãos. É mostrado também como ocorreu a expansão do protestantismo, afirmando que a expansão protestante acompanhou as rotas comerciais, desde o surgimento da Companhia das índias Orientais Inglesas (1600) e Holanda (1602), quando o papel dos capelães passou a depender diretamente dos governos. Encarregados, primeiramente, da capelania dos agentes europeus da Companhia, deviam também pregar o Evangelho aos pagãos e ensinar as crianças, tarefas que, a aos poucos, se converterão no trabalho missionário.

Para os protestantes, a participação no movimento de expansão das missões evangélicas, que coincidiu com o período do chamado neocolonialismo,

tinha como causa profunda buscar difundir um despertar religioso que estava renovando a vida das Igrejas protestantes da segunda metade do século XVIII e começo do XIX. Os movimentos protestantes da Europa foram essencialmente de mas, objetivando atingir grupos sociais excluídos.

O pentecostalismo surgiu nos Estados Unidos no começo do século XX (1901), como resultado do “despertar de santidade”, mas suas raízes podem ser encontradas no crescimento, durante o século XIX, de muitos movimentos carismáticos de santidade que se desenvolveram por todo o país. Durante anos, chamaria a atenção dos protestantes os fenômenos considerados reveladores da presença do Espírito Santo como êxtases, dons de línguas, profecias, visões e cura divina.

As denominações Pentecostais difundiram-se dentro dos Estados Unidos, e quase simultaneamente, chegaram à Europa, Escandinávia, Inglaterra, áfrica do Sul, Rússia. No México, Chile e outros países da América do Sul, seu crescimento marcou o chamado “fenômeno evangélico”, que vem chamando a atenção dos estudiosos e transformando o campo religioso brasileiro dos séculos XX e XXI.

O texto trabalha ainda a dificuldade em estabelecer uma relação direta entre os conjuntos de crenças as quais os fies concordam, aquilo em que realmente acreditam e como se comportam na experiência diária da profissão de fé. Condições culturais, históricas, sociais e políticas geram sentimentos de identidade entre os fiéis e nas próprias instituições religiosas. Embora diferenças doutrinárias pouco signifiquem para a maioria dos crentes, as experiências de louvor, de culto, são imediatamente percebidas.

O documento mostra que a diversidade religiosa á marca da cultura contemporânea. Alguns têm características compatíveis, apesar das diferenças; outras não. Seja qual for à opinião pessoal, é necessário distinguir a importância da diversidade religiosa para uma atitude ética diante das escolhas e possibilidades baseadas em valores culturais e pessoais.

Tratar uma religião como sendo modelo para pessoa, culturas e sociedades, mostra que o respeito à minoria religiosa não é garantido. Se um caderno é totalmente dedicado a um tipo de religiosidade é porque de alguma maneira esta religiosidade é vista como mais importante do que as demais. Sobre isso Fischimann afirma:

Lei complementar de julho de 1997, deu nova redação ao artigo referente ao ensino religioso, criando uma situação de ambigüidade e ameaça aos direitos fundamentais, que, sem dúvida, o tempo já demonstra o desacerto. Essa nova situação, gerada como resultado de pressão da CNBB na fase preparatória da visita do Papa João Paulo II ao Brasil em outubro de 1997, deverá ser corrigida em prol da cidadania, uma vez que a mobilização havia em São Paulo em 1995, demonstrou à exaustão os perigos desse tipo de exposição

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