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4.8 O Setor Brasileiro Elétrico depois da Crise de 2001

4.8.2 Do comitê de revitalização do modelo do setor elétrico

O Comitê de Revitalização do Setor Elétrico, instalado em 27 de junho de 2001, foi criado com a missão de promover a retomada dos investimentos privados, a implementação da competição plena no setor, a normalização do funcionamento do mercado e a garantia de oferta confiável de energia, com atenuação dos impactos tarifários.

O atual modelo ainda apresenta problemas não superados, tais como incertezas regulatórias, onde há necessidade de se criar mecanismos de compensação e melhores critérios das revisões tarifarias, uma melhor definição da metodologia para ajustes periódicos dos preços do MAE.

Além destes, o Comitê possuía como responsabilidade o desafio de introduzir energia nova no sistema, bem como solucionar a questão entre energia velha e energia nova.

As questões existentes estão na aplicação, de energia velha e energia nova, uma vez que elas não são diferentes. O ativo de produção mais velho produz o mesmo tipo de energia que os empreendimentos mais novos e sua qualidade e eficiência podem ser mantidas através de manutenção e atualização.

Conceitualmente energia nova é aquela proveniente de empreendimentos de geração que entraram em operação comercial a partir de 2003 e que não foram, até agora contratados, já a energia velha é aquela em que

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os investimentos realizados já se encontram amortizados, ou ainda que não se enquadram na definição da energia nova.

Todos os trabalhos desenvolvidos pelo Comitê deveriam se pautar na busca de soluções que preservassem os pilares básicos de funcionamento do modelo do setor, a saber: competição nos segmentos de geração e comercialização de energia elétrica, buscando dessa forma estimular o aumento de eficiência e redução de preços.

A separação entre as atividades de geração, transmissão, distribuição e comercialização, visa o livre acesso de todos os produtores e consumidores às redes de transmissão e distribuição, para garantir a qualidade dos serviços e o suprimento de energia elétrica de forma compatível com as necessidades de desenvolvimento do país.

O Comitê com intuito de melhor gerir a execução dos trabalhos quanto a identificação e diagnóstico dos obstáculos do setor, propôs formar quatro subgrupos com tarefas específicas a cada um: i) o grupo de regulação, que discutiria sobre os assuntos de regulação tais como repasses de custos e reajustes tarifários; ii) o grupo de Mercado com propostas ligadas ao papel das empresas estatais e à competição; iii) o grupo de questões jurídicas e contratuais; e o grupo de Planejamento, com a premissa de estudar assuntos ligados ao planejamento da operação e da expansão do sistema, como licitações e licenças ambientais.

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medidas propostas, onde a organização institucional do MME foi novamente questionada, bem com levantou-se, mais uma vez, a necessidade de reorganização institucional do MME. (COMITÊ DE REVITALIZAÇÃO DO MODELO DO SETOR ELÉTRICO, 2001a),

Relatório de Progresso 2, apresentado em fevereiro de 2001, complementava o número um com mais 19 medidas, detalhando aquelas anteriormente divulgadas e acrescentado propostas de prevenção como a adoção de procedimentos de alerta quanto a dificuldades de suprimento e estímulo à conservação e uso racional da energia e regularização dos contratos de concessão, entre outras. (COMITÊ DE REVITALIZAÇÃO DO MODELO DO SETOR ELÉTRICO, 2001b),

O Relatório de Progresso 3, apresentado em junho de 2001, foi uma conciliação e adequação das medidas apresentadas nos relatórios 1 e 2, sendo priorizados 8 temas que ficaram assim definidos:

A. Normalizar o funcionamento do setor, em curto prazo;

B. Fortalecer o mercado, reforçando os instrumentos de os instrumentos de competição nos setores de geração e comercialização para consumidores livres;

C. Assegurar expansão da oferta e demanda em termos estruturais; D. Monitorar confiabilidade de suprimento, criando sinais de alerta com relação a riscos de suprimento a curto prazo – horizonte de dois anos, e médio prazo – horizonte entre três e seis anos, permitindo assim, em caso de evento

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crítico, a adoção de medidas corretivas preventivas por parte do MME e do CNPE;

E. Aperfeiçoar interface entre mercado e setores regulados, assegurando a passagem de sinais econômicos adequados do setor regulado para o competitivo;

F. Defesa da concorrência, visando prevenir o exercício de poder de mercado por parte de agentes;

G. Realismo tarifário e, defesa do consumidor objetivando a melhoria do serviço prestado com tarifas aderentes aos custos;

Aperfeiçoamento das instituições, reforçando a eficácia e transparência de atuação dos agentes institucionais do setor. (COMITÊ DE REVITALIZAÇÃO DO MODELO DO SETOR ELÉTRICO, 2001c),

Em 30 de junho de 2002, foi extinta a GCE e criada a Câmara de Gestão do Setor Elétrico - CGSE, que passou a integrar o Conselho Nacional de Política Energética – CNPE, com a atribuição principal de finalizar os trabalhos de Revitalização.

Em novembro de 2002, um novo relatório (COMITÊ DE REVITALIZAÇÃO DO MODELO DO SETOR ELÉTRICO, 2003d) é apresentado, demonstrando o balanço das atividades do Comitê agora sob o novo nome de Comitê de Gestão do Setor Elétrico – CGSE, descrevendo as atividades desde sua criação, assim como as ações e seus resultados, dos trabalhos apresentados

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anteriormente, que resumidamente serão demonstrados através do quadro de número 9.

QUADRO RESUMO DAS MEDIDAS DOS RELATORIOS DE PROGRESSO 1, 2 E 3

ITEM OBJETIVOS MEDIDAS

A

Normalizar funcionamento do setor através de medidas de curto prazo

Acordo Geral do Setor - firmado pelos agentes e implementado pela Lei N° 10.438

*

Continuação da reestruturação do MAE - aperfeiçoamento da estrutura de governança (Lei N° 10.433) e contabilizações realizadas - preparado para a

primeira liquidação.

Aperfeiçoamento do processo de despacho e formação de preços – implementação da curva de aversão a risco e outras medidas (Resolução GCE N° 109).

Regularização dos contratos de concessão.

B

Fortalecer o mercado – estas tem como objetivo reforçar os instrumentos de competição nos setores de geração e comercialização para consumidores livres

Implementação de oferta de preços esquema que concilia competição com otimização do uso dos recursos hídricos, software em

desenvolvimento: conclusão prevista para meados de 2003. Comercialização da energia de serviço público federal –

implementada pela Lei N° 10.438 e, 1° leilão a ser realizado em 19 de setembro de 2002.

Consumidores livres e cativos MP N° 64 e Res. CNPE N° 12/2002 - – separação das parcelas “fio” e “energia” e regulamentação de prazos de contratos.

Tributação no MAE

Aperfeiçoamento das regras do MAE –regime especial de tributação (PIS/PASEP e COFINS) - MP N° 66, regulamentação do processo de implantação de novas regras (Resolução ANEEL N° 446/2002), e, definição dos submercados (Resolução CNPE N° 6/2002). Aperfeiçoamento do processo de definição de submercados. Aperfeiçoamento das regras do Mecanismo de Realocação de Energia.

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QUADRO RESUMO DAS MEDIDAS DOS RELATORIOS DE PROGRESSO 1, 2 E 3

ITEM OBJETIVOS MEDIDAS

C

Assegurar expansão da oferta assegurando a existência de oferta de demanda em termos estruturais:

Aperfeiçoamentos no Valor Normativo –unificação do VN como o custo médio da fonte mais competitiva e transição para incorporar ao VN referências de mercado através dos leilões de compra

Regulamentação dos leilões de compra de energia, abrangendo a)Defesa do consumidor: preços de leilões de compra são referência externa auditável para repasse a consumidores cativos, b) Estímulo à expansão: parcela da compra reservada para energia “nova” com contratos de longo prazo começando no 5º ano, e c) Defesa da concorrência: oportunidades iguais para todos os geradores .

Exigências de contratação bilateral aumento para 95% da demanda (Resolução ANEEL N° 511/2002).

Regras de contratação para expansão

Revisão das energias asseguradas, para aperfeiçoamento de critérios.

Estímulo à expansão da capacidade de suprimento de ponta.

Agilização do processo de licenciamento ambiental com assinatura de Termo de Cooperação Técnica entre MMA e MME e convênio de cooperação técnica entre ANEEL, IBAMA e órgãos ambientais estaduais.

D

Monitorar confiabilidade de suprimento O objetivo destas medidas é criar “sinais de alerta” com relação a riscos de suprimento em curto prazo – horizonte de dois anos – e médio prazo – horizonte entre três e seis anos. Estes sinais permitirão, em caso de necessidade, desencadear medidas corretivas preventivas por parte do MME/CNPE.

Procedimentos de alerta quanto a dificuldades de suprimento em curto prazo – Decreto No 4.261 estabelece responsabilidade do governo e cadeia de responsabilidades serão também propostos procedimentos e metodologias a serem implementados ao longo de 2003.

Supervisão por parte do MME das condições de atendimento em médio prazo.

Contratação de geração de reserva.

E Política energética

Fontes alternativas de energia, onde a Lei N° 10.438 estabelece incentivos e define fonte de recursos, onde posteriormente será encaminhado para proposta de regulamentação.

Incentivo à geração térmica a gás natural –MP N° 64 estabelece incentivo e define fonte de recursos, bem como possibilitar a redução de tarifa de transporte de gás.

Incentivo à conservação e uso racional da energia, através da Regulamentação da Lei N° 10.295 e, assinatura de diversos convênios com a Eletrobrás.

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QUADRO RESUMO DAS MEDIDAS DOS RELATORIOS DE PROGRESSO 1, 2 E 3

ITEM OBJETIVOS MEDIDAS

F

Questões Relativas à

Transmissão, que possuem os objetivos de harmonizar o segmento de transmissão, que é uma atividade de serviço público com tarifas reguladas, com os segmentos competitivos de geração e comercialização:

Revisão das tarifas de transmissão com o objetivo de intensificar o sinal locacional e estabilizar as tarifas.

Rateio de perdas na rede básica de transmissão

Planejamento da expansão da rede de transmissão onde foram detalhados aperfeiçoamentos na metodologia e critérios de dimensionamento e, proposta a criação de um órgão de apoio ao planejamento e a formalização do CCPE.

G

Realismo tarifário e defesa do consumidor, este conjunto de medidas visa a melhoria do serviço prestado com tarifas aderentes aos custos.

Universalização do atendimento proposta pelo regulamento da ANEEL que abrange os aspectos deste tema na Lei N° 10.438. Tarifa social para consumidores de baixa renda, através do enquadramento dos consumidores até 80 kWh/mês de acordo com a Lei N° 10.438, a regulamentação através da ANEEL para consumo entre 80 e 220 kWh/mês, o Decreto N° 4.336 que dispõe sobre a utilização da Reserva Global de Reversão - RGR para financiamento do atendimento ä consumidores de baixa renda e MP N° 64 que reparte o custo entre todos os consumidores, evitando que o mesmo recaia exclusivamente sobre os consumidores das regiões menos desenvolvidas.

Desverticalização a Medida Provisória Nº 64 de 26 de agosto de 2002.

Limites para as participações cruzadas e para a autocontratação. Abertura das parcelas das tarifas de distribuição criar métodos transparentes é essencial para a existência de consumidores livres (MP N° 64, Decretos, Resolução CNPE)

Realinhamento tarifário onde deve ser estabelecido cronograma para eliminar distorções tarifárias até 2006 (MP N° 64, Decretos e Resoluções CNPE).

Aperfeiçoamentos nas revisões tarifárias das distribuidoras,, Resolução ANEEL N° 493/2002.

H

Aperfeiçoamento das instituições. O objetivo neste caso é reforçar a eficácia e transparência de atuação dos agentes institucionais do setor MME e O.N.S.

Reorganização institucional do MME cuja proposta é a criação de uma Câmara de Gestão do Setor Energético dentro do CNPE, em substituição à atual CGSE e, a proposta da criação de um órgão de apoio denominado de Centro de Estudos e Planejamento

Energético - CEPEN - que atuará sob comando do MME por meio de contrato de gestão.

Governança do ON.S, com o constante aperfeiçoamento dos procedimentos de rede do O.N.S. e finalização dos modelos computacionais.

* O Acordo Geral foi objeto de um grupo de trabalho especifico e, não está formalmente incluído entre os 33 temas. É condição essencial para a normalização do funcionamento do

setor.

Quadro 9 – Quadro Resumo das Medidas dos Relatórios de Progresso

Fonte: Adaptado do Relatório número 4 do Comitê de Revitalização do Modelo do Setor Elétrico. (COMITÊ DE REVITALIZAÇÃO DO MODELO DO SETOR ELÉTRICO, 2003d).

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