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Do conteúdo das questões abertas do questionário

4.2 COMPARAÇÃO DOS GRUPOS AMOSTRAIS QUANTO

4.3.1 Do conteúdo das questões abertas do questionário

O corpus 1 tomou como referência o tema envolvido na questão 10 do

referido questionário (Aponte a razão pela qual escolheu esse curso superior.). Ele

foi dividido em 388 unidades de contexto elementar (UCE), das quais 295 (76,03%)

foram designadas em duas classificações hierárquicas descendentes (CHD) que

utilizam UCEs com tamanhos diferentes.

Figura 1 – Análise hierárquica descendente – Corpus 1 (Razões de escolha do curso superior.)

Classe 1 78 u.c.e. 26,44% do total Afinidade com a Matemática Classe 2 217 u.c.e. 73,56% do total Vontade de ensinar Matemática

A figura acima expressa o resultado das classificações hierárquicas

descendestes e ilustra as relações intercalasses. O corpus 1 foi subdividido,

obtendo-se as classes 1 e 2, por meio da uma partição. A classificação hierárquica

descendente foi concluída com apenas uma partição, pois as duas classes

mostraram-se estáveis, ou seja, elas são compostas por unidades de contexto

elementar (UCE) com vocabulário semelhante.

Para a análise descritiva do vocabulário característico das duas classes que

compõem o corpus 1, utilizaram-se três critérios, simultaneamente, para se

interpretarem os resultados apresentados nesse corpus:

a) manteve-se a atenção na freqüência de ocorrência das palavras.

Consideraram-se neste corpus aquelas com média maior que 5, que é o

critério lexicográfico indicado na operação A2 (vide anexo 16) desenvolvida

pelo ALCESTE;

b) manteve-se a atenção nas palavras mais associadas à classe, ou seja,

aquelas que apresentaram qui-quadrado maior ou igual a 3,84 (χ

2

≥ 3,84),

pois o cálculo desse teste estatístico é feito com base em uma tabela com

grau de liberdade igual a 1;

c) manteve-se a atenção nas palavras que apresentaram 50% ou mais das

ocorrências na classe a ser analisada, e não em outra.

Seguindo esses três critérios, foi possível elaborar tabelas com o vocabulário

mais significativo para cada uma das classes que compõem o corpus 1. As palavras

apresentadas na tabela 37 são aquelas que caracterizam em maior proporção a

classe 1.

Tabela 37 – Palavras associadas significativamente à classe 1 (78 UCEs que correspondem a 26,44% do total)

Palavra Freqüência na classe

χ

2 afinidade 26 70,16 exatas 19 51,85 ciências 14 40,89 cálculo 9 18,02 campo 9 25,83 aptidão 6 9,97 maior 6 17,04 profissional 6 12.95 ter 6 12,95

A classe 1 se organiza através de oito elementos: afinidade, exatas, ciência,

cálculo, campo, aptidão, maior e profissional (substantivos). O verbo ter também faz

parte do vocabulário característico dos sujeitos que compõem a classe 1.

Consultando-se o anexo 16, é possível observar na operação C2 (descrição das

classes) as palavras com asterisco destacadas para a classe 1. Cinco dessas

palavras se apresentam como variáveis: aula, ensinar, graduação, idade e gênero.

Assim, pessoas de 21 a 30 anos, do sexo masculino, possuidoras de mais de um

curso superior, que preferem ensinar aritmética e que ministram aula no Ensino

Médio, contribuíram para a formação do conteúdo apresentado na classe 1.

Uma nova consulta ao anexo 16 permite observar, na operação D1 (seleção

das UCE mais características da classe 1 – ou contexto lexical A), os extratos das

listas de unidades de contexto elementar selecionados na classe 1. Por meio da

leitura desses extratos observa-se que o foco da classe 1 está baseado na afinidade

que esses sujeitos apresentam com a Matemática. Eles demonstram maior aptidão

pelas ciências exatas e têm um bom relacionamento com a Matemática.

A maior facilidade que esses sujeitos apresentam com os cálculos os

impulsionou a escolher a Matemática, ou outro curso da área de exatas, como

campo profissional. A razão de escolha também se deu pelo fato de ser este um

campo profissional bastante amplo, o que possibilita maior facilidade de sua inserção

no mercado de trabalho.

Para fazer a comparação entre os grupos amostrais foi necessário identificar

a freqüência de palavras específicas em cada uma das classes que compõe o

corpus 1 e verificar quais sujeitos as emitiram. A seleção de algumas palavras por

classe apresentada na operação D1 possibilitou tal verificação, cujos resultados

estão apresentados na tabela do anexo 17.

Uma consulta ao anexo 17 permite verificar que a maior parte dos sujeitos

que emitiram respostas que compõem a classe 1 é formada por professores com 1 a

10 anos de experiência (46,3%).

Essas características conduzem à seguinte afirmação: esses sujeitos avaliam

favoravelmente o objeto da atitude (a Matemática), pois é possível perceber que eles

tendem a se envolver com situações que favorecem e valorizam o objeto. Esses

resultados permitem observar traços das componentes da atitude em relação à

Matemática. Por meio dos relatos escritos observa-se que esses sujeitos

expressaram uma avaliação positiva do objeto, o que permite supor que apresentam

atitude positiva em relação à Matemática.

Na tabela 38 podem-se observar as palavras que caracterizam, em maior

proporção, a classe 2.

Tabela 38 – Palavras associadas significativamente à classe 2 (217 UCEs que correspondem a 73,56% do total)

Palavra Freqüência na classe

χ

2 matemática 149 59,69 professor 28 6,71 vontade 11 4,11 gostar 124 17,55 ensinar 28 8,74 querer 22 8,55

A classe 2 se organiza através de três elementos: matemática, professor e

vontade (substantivos). Os verbos gostar, ensinar e querer também fazem parte do

vocabulário característico dos sujeitos que compõem a classe 2. Consultando-se o

anexo 16, relativo ao corpus 1, é possível observar na operação C2 (descrição das

classes) as palavras com asterisco destacada na classe 2. Algumas dessas palavras

se apresentam como variáveis: graduação, idade e gênero. Isso significa que

pessoas do sexo feminino, com idade até 20 anos e que possuem (ou possuirão)

licenciatura plena em Matemática, contribuíram para compor o resultado

apresentado na classe 2.

Uma nova consulta ao corpus 1, no anexo 16, permite observar, na operação

D1 (seleção das UCEs mais características da classe 2 – ou contexto lexical B), os

extratos das listas de unidades de contexto elementar selecionados na classe 2. Por

meio da leitura dos extratos observa-se que o foco da classe 2 está centrado na

vontade de ensinar Matemática. O fato de gostar da Matemática e a vontade de

aprender mais impulsionaram esses sujeitos a optar pelo curso de licenciatura em

Matemática.

Por outro lado, o fato de gostar de trabalhar com o público e também o fato de

ter aprendido a gostar da Matemática, no decorrer de sua experiência acadêmica,

contribuíram para a escolha deste curso superior.

Uma consulta ao anexo 17 permite verificar que a maior parte dos sujeitos

que emitiram respostas que compõem a classe 2 é formada por alunos que

freqüentam o início do curso de licenciatura em Matemática (38,6%).

Nota-se que os sujeitos pertencentes à classe 2 também avaliam

favoravelmente o objeto da atitude. É provável que esses sujeitos tenham vivenciado

sentimentos e emoções que os levam a reagir de maneira positiva em relação à

Matemática. Esses resultados permitem observar indícios das componentes da

atitude em relação à Matemática e permitem supor que contribuem para a formação

de uma atitude positiva em relação ao objeto.

Em síntese, os resultados da análise do corpus 1 apontam que, para a

amostra de professores com 1 a 10 anos de experiência, a razão de escolha do

curso superior foi a afinidade com a Matemática. Eles manifestaram ter aptidão por

ciências exatas, ter facilidade com os cálculos e, no momento da escolha, eles

acreditaram ser esse um campo profissional promissor.

Já a amostra de alunos iniciantes do curso de licenciatura manifestou que as

razões de escolha estiveram relacionadas com a vontade de ensinar Matemática,

com o gosto por essa área do conhecimento e também com a vontade de aprender

mais Matemática.

Essas razões de escolha do curso superior, expressas tanto pelos alunos

iniciantes do curso de licenciatura quanto pelos professores com 1 a 10 anos de

experiência, revelam uma avaliação favorável do objeto da atitude, constituindo-se

em marcas ligadas à atitude positiva em relação à Matemática.

O corpus 2 tomou como referência o tema envolvido na questão 26 do

referido questionário (fator que mais contribui para a dificuldade encontrada ao

ensinar Matemática). Esse corpus foi dividido em 218 unidades de contexto

elementar (UCE), das quais 196 (89,91%) foram designadas em duas classificações

hierárquicas descendentes (CHD) que utilizam UCEs com tamanhos diferentes.

A figura 2 exibe o resultado das classificações hierárquicas descendentes e

ilustra as relações interclasses. Observa-se que corpus 2 foi dividido em dois

subcorpus (1ª partição). O primeiro subcorpus sofreu uma subdivisão (2ª partição),

resultando, de um lado, na classe 2; e de outro lado, numa nova partição (3ª

partição) que deu origem às classes 1 e 4. O segundo subcorpus deu origem à

classe 3. A classificação hierárquica descendente foi concluída com essas três

partições, pois as quatro classes mostraram-se estáveis, ou seja, elas são

compostas por unidades de contexto elementar (UCE) com vocabulário semelhante.

Figura 2 – Análise hierárquica descendente – Corpus 2 (Fatores que dificultam o ensino da Matemática.)

Para a análise descritiva do vocabulário característico a cada classe que

compõe o corpus 2, utilizaram-se três critérios, simultaneamente, para interpretar os

resultados apresentados nesse corpus:

a) deteve-se a atenção na freqüência de ocorrência das palavras,

considerando-se aquelas com média maior que 4, que é o critério lexicográfico indicado na

operação A2 (vide anexo 18) desenvolvida pelo ALCESTE;

b) deteve-se a atenção nas palavras mais associadas à classe, ou seja, aquelas

que apresentaram qui-quadrado maior ou igual a 3,84 (χ

2

≥ 3,84), pois o

cálculo desse teste estatístico é feito com base em uma tabela com grau de

liberdade igual a 1;

c) deteve-se a atenção nas palavras que apresentaram 50% ou mais das

ocorrências naquela classe, e não em outra.

Seguindo esses três critérios foi possível elaborar tabelas com o vocabulário

mais significativo para cada uma das classes que compõem o corpus 2. As palavras

apresentadas na tabela 39 são aquelas que caracterizam em maior proporção a

classe 1.

Tabela 39 – Palavras associadas significativamente à classe 1 (43 UCEs que correspondem a 21,94% do total.)

Palavra Freqüência na classe

χ

2 material 12 40,26 escola 7 11,83 recursos 7 17,17 didático 6 13,71 realidade 6 22,02 aprendizagem 5 18,26 Classe 1 43 u.c.e. 21,94% do total Falta de recursos para o ensino Classe 4 64 u.c.e. 32,65% do total Falta de interesse dos alunos Classe 2 33 u.c.e. 16,84% do total Falta de experiência Classe 3 56 u.c.e. 28,57% do total Saber ensinar Matemática

A classe 1 se organiza através de seis elementos: material, escola, recursos,

didático, realidade e aprendizagem (substantivos). Consultando-se o anexo 18, é

possível observar na operação C2 (descrição das classes) as palavras com asterisco

destacadas para a classe 1. Uma dessas palavras se apresenta como variável: a

palavra gênero. Isso significa que pessoas do sexo masculino contribuíram para o

conteúdo apresentado na classe 1.

Uma nova consulta ao anexo 18 permite observar, na operação D1 (seleção

das UCEs mais características da classe 1 – ou contexto lexical A), os extratos das

listas de unidades de contexto elementar selecionados na classe 1. Por meio da

leitura desses extratos, observa-se que o foco da classe 1 está baseado na falta de

recursos didáticos nas escolas e nas condições de trabalho. Reclama-se da

precariedade das escolas, da falta de material didático e da falta de uma

metodologia adequada ao ensino da Matemática.

Para fazer a comparação entre os grupos amostrais, foi necessário identificar

a freqüência de palavras específicas em cada uma das classes que compõem o

corpus 2 e verificar quais sujeitos as emitiram. A seleção de algumas palavras por

classe apresentada na operação D1 possibilitou tal verificação, cujos resultados

estão apresentados na tabela do anexo 19.

Uma consulta ao anexo 19 permite verificar que a maior parte dos sujeitos

que emitiram respostas que compõem a classe 1 é formada por professores com 1 a

10 anos de experiência (53,5%).

Esses sujeitos também apontam a marginalização dos jovens, a falta de base

dos alunos, o tempo reduzido para vencer o conteúdo, a indisciplina, o desinteresse

do aluno pelo conteúdo e a falta de experiência do professor como fatores que

dificultam o ensino na Matemática. Esses fatores podem contribuir para o

desenvolvimento de atitudes negativas em relação à Matemática.

Tabela 40 – Palavras associadas significativamente à classe 4 (64 UCEs que correspondem a 32,65% do total.)

Palavra Freqüência na classe

χ

2 interesse 21 28,99 base 16 12,80 desinteresse 6 6,80 aprender 8 4,11

Na tabela 40, podem-se observar as palavras que caracterizam, em maior

proporção, a classe 4.

A classe 4 se organiza através de três elementos: interesse, base e

desinteresse. O verbo aprender também faz parte do vocabulário característico dos

sujeitos que compõem a classe 4. Consultando-se o anexo 18 relativo ao corpus 4, é

possível observar na operação C2 (descrição das classes) as palavras com asterisco

destacada na classe 4. Duas dessas palavras se apresentam como variáveis, que

neste caso são: idade e aula. Isso significa que pessoas com mais de 50 anos, que

ministram aula em mais do que um nível de ensino, também contribuem para a

formação do conteúdo apresentado na classe 4.

Uma nova consulta ao corpus 2, no anexo 18, permite observar, na operação

D1 (seleção das UCEs mais características da classe 4 – ou contexto lexical D), os

extratos das listas de unidades de contexto elementar selecionados na classe 4. Por

meio da leitura dos extratos, observa-se que o foco da classe 4 está baseado na

falta de interesse dos alunos.

Uma consulta ao anexo 19 permite verificar que a maior parte dos sujeitos

que emitiram respostas que compõem a classe 4 é formada por professores com 1 a

10 anos de experiência (43,8%).

Esses sujeitos também enfatizaram muito o desinteresse que os alunos

apresentam em relação à Matemática. Eles também alegam que a falta de base, a

dificuldade de concentração, a falta de disciplina e a falta de vontade dos alunos em

aprender são fatores que dificultam o ensino da Matemática. Esses fatores podem

contribuir para o desenvolvimento de atitudes negativas em relação à Matemática.

As palavras apresentadas na tabela 41 são aquelas que caracterizam em

maior proporção a classe 2.

Tabela 41 – Palavras associadas significativamente à classe 2 (33 UCEs que correspondem a 16,84% do total.)

Palavra Freqüência na classe

χ

2 aula 13 68,77 pré-requisito 10 40,37 experiência 8 30,02 série 6 14,02 relação 5 12,42 sala 5 25,34

A classe 2 se organiza através de seis elementos: aula, pré-requisito,

experiência, série, relação e sala (substantivos). Consultando-se o anexo 18, é

possível observar na operação C2 (descrição das classes) as palavras com asterisco

destacadas para a classe 2. Duas dessas palavras se apresentam como variáveis:

aula e gênero. Isso significa que pessoas que ministram aula de 5ª a 8ª série, do

sexo feminino, contribuíram para a formação do conteúdo apresentado na classe 2.

Uma nova consulta ao anexo 18 permite observar, na operação D1 (seleção

das UCEs mais características da classe 2 – ou contexto lexical B), os extratos das

listas de unidades de contexto elementar selecionados na classe 2. Por meio da

leitura desses extratos observa-se que o foco da classe 2 está centrado na falta de

experiência em sala de aula.

Consultando-se o anexo 19, é possível verificar que a maior parte dos sujeitos

que emitiram respostas que compõem a classe 2 é formada por professores com 1 a

10 anos de experiência (48,5%).

Embora tenham feito estágio durante o curso de licenciatura, quando esses

sujeitos iniciam a função docente eles sentem dificuldades para ensinar Matemática.

Nos extratos produzidos pelos sujeitos da classe 2, observa-se que o estágio feito

por eles durante o curso de graduação não foi suficiente para prepará-los

adequadamente para a prática docente. Ao lado disso, as condições de trabalho não

lhes permitem preparar adequadamente as aulas que irão ministrar.

Além disso, esses sujeitos apontam as deficiências que os alunos trazem das

séries anteriores (falta de pré-requisitos), a indisciplina, a falta de interesse e a falta

de concentração dos alunos, como fatores que dificultam o ensino da Matemática.

Diante do que foi exposto, é possível afirmar que esses fatores também podem

contribuir para o desenvolvimento de atitudes negativas em relação à Matemática.

As palavras apresentadas na tabela 42 são aquelas que caracterizam em

maior proporção a classe 3.

A classe 3 se organiza por meio de cinco elementos: ensinar, forma, pessoas,

raciocínio e médio (substantivos). Os verbos trabalhar, saber, ter e passar também

fazem parte do vocabulário característico dos sujeitos que compõem a classe 3.

Consultando-se o anexo 18, é possível observar na operação C2 (descrição das

classes) as palavras com asterisco destacadas para a classe 3. Três dessas

palavras se apresentam como variáveis: graduação, aula e tempo. As pessoas

pertencentes à classe 3 possuem mais que um curso de graduação e ainda não

ministraram aula de Matemática. Embora ainda não tenham dispensado um tempo

ao exercício da docência, elas também deram contribuições importantes para a

formação do conteúdo apresentado na classe 3.

Tabela 42 – Palavras associadas significativamente à classe 3 (56 UCEs que correspondem a 28,57% do total.)

Palavra Freqüência na classe

χ

2 ensinar 21 37,15 forma 9 23,58 pessoas 6 15,47 raciocínio 5 9,10 médio 5 6,53 trabalhar 8 13,66 saber 7 14,19 ter 6 15,47 passar 5 12,83

Uma nova consulta ao anexo 18 permite observar, na operação D1 (seleção

das UCEs mais características da classe 3 – ou contexto lexical C), os extratos das

listas de unidades de contexto elementar selecionados na classe 3. Por meio da

leitura desses extratos, observa-se que o foco da classe 3 está baseado no saber

ensinar Matemática.

Uma consulta ao anexo 19 permite verificar que a maior parte dos sujeitos

que emitiram respostas que compõem a classe 3 é formada por alunos do início da

licenciatura (57,1%).

Uma das dificuldades também percebidas por esses sujeitos é encontrar a

melhor forma de ensinar. Para eles, saber é diferente de saber ensinar. Embora

tenham mais que um curso de graduação, eles não se sentem preparados para

ensinar Matemática. Alguns deles manifestaram receio em não saber passar o

conteúdo de forma clara e correta. Eles acreditam que os cursos de licenciatura

formam bons matemáticos, mas péssimos professores, salvo raras exceções.

Dificuldades em explorar situações do cotidiano e representá-las por meio da

linguagem matemática também foram apresentadas por esses sujeitos como fatores

que dificultam o ensino da Matemática. Manifestaram ainda dificuldade em

responder a perguntas do tipo: Para que serve isso que você está ensinando?

Destacaram também a dificuldade em compreender a forma de raciocínio utilizada

pelos alunos, e o que seria relevante para cada um deles aprender Matemática.

Novamente, diante do que foi exposto, é possível afirmar que esses fatores também

podem contribuir para o desenvolvimento de atitudes negativas em relação à

Matemática.

Em suma, os resultados da análise do corpus 2 dizem que, para os

professores com 1 a 10 anos de experiência, os fatores que dificultam o ensino da

Matemática estão ligados a dois aspectos: econômicos (tais como: “a falta de

recursos didáticos” e a “precariedade das escolas”) e sociais (tais como: “a

marginalização dos jovens” e a “indisciplina dos alunos”). Segundo essa amostra de

professores, também cumpre papel preponderante nesse resultado a falta de

experiência docente (associada notadamente a um estágio considerado insuficiente

para a formação docente) e a falta de base e de concentração dos alunos.

Por outro lado, os iniciantes do curso de licenciatura apontam a insegurança

em relação à sua própria capacidade de saber ensinar como um fator que pode

dificultar o ensino da Matemática.

Os diversos fatores relacionados com as dificuldades encontradas para

ensinar Matemática, manifestados por esses dois grupos de sujeitos, evidenciam

uma avaliação desfavorável do objeto da atitude e correspondem a marcas ligadas à

atitude negativa em relação à Matemática.