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4.2 COMPARAÇÃO DOS GRUPOS AMOSTRAIS QUANTO

4.3.4 Do conteúdo das entrevistas

Conforme o que foi exposto no capítulo anterior, as entrevistas tiveram por

objetivo responder à seguinte pergunta: Os resultados obtidos pelas entrevistas

correspondem aos resultados apresentados pela escala de atitudes? Pretendeu-se

verificar se os três domínios que caracterizam as atitudes (afetivo, cognitivo e

conativo) desses sujeitos em relação à Matemática se explicitam, por meio de algum

comportamento manifesto, quando eles são submetidos a uma entrevista do tipo

semi-estruturada.

Considerando que a análise de conteúdo enquanto procedimento de pesquisa

se apóia no papel ativo do sujeito na produção do conhecimento, procurou-se

garantir os requisitos de validade e fidedignidade para que fosse possível fazer

inferências sobre os elementos da comunicação. Nesse sentido, o pesquisador

tomou o cuidado para não extrair do texto transcrito somente os aspectos que

confirmam o objetivo das entrevistas, procurando, desse modo, eliminar certo grau

de subjetividade que pudesse existir no momento em que estava selecionando as

unidades de análise (extratos das falas dos sujeitos).

Foi importante tomar esse cuidado pelo seguinte motivo: quando se examinou

o material coletado por meio das entrevistas, foi possível observar a existência de

sujeitos que haviam apresentado atitude positiva em relação à Matemática

(conforme escore obtido na escala de atitudes) e que, ao serem entrevistados,

apresentaram comportamentos por meio dos quais se observaram indícios de

atitude negativa. Uma situação recíproca a essa também pôde ser observada, ou

seja, sujeitos que haviam apresentado atitude negativa em relação à Matemática

(conforme escore obtido na escala de atitudes) apresentaram comportamentos por

meio dos quais observaram-se indícios de atitude positiva.

O conjunto formado pelos cinco sujeitos com atitudes mais positivas é

composto por um aluno do início da licenciatura, dois alunos do final da licenciatura

e dois professores com 1 a 10 anos de experiência. Já o conjunto formado pelos

cinco sujeitos com atitudes mais negativas é composto por três alunos do início da

licenciatura, um aluno do final da licenciatura e um professor com mais de 10 anos

de experiência.

Com a intenção de ilustrar o tipo de material coletado, optou-se por

apresentar, integralmente, somente uma entrevista entre as cinco que foram

realizadas com sujeitos que haviam apresentado atitude positiva (vide anexo 24) e

somente uma entrevista entre as cinco que foram realizadas com sujeitos que

haviam apresentado atitude negativa (vide anexo 25).

Durante a realização das entrevistas, e também durante suas transcrições, foi

possível observar, nas respostas avaliativas emitidas pelos sujeitos, sinais dos

componentes cognitivo, afetivo e conativo das atitudes para com a Matemática.

No capítulo anterior foi esclarecido que o roteiro para a realização das

entrevistas tomou como referência esses três componentes das atitudes. Esse

roteiro serviu de base para o estabelecimento a priori dos eixos temáticos. Os eixos

temáticos serviram de guia para a leitura e organização do material transcrito e

foram nomeados da seguinte maneira:

Domínio afetivo:

1. Sentimentos positivos em relação à Matemática

2. Sentimentos negativos em relação à Matemática

Domínio cognitivo:

3. Conhecimento do sujeito sobre a Matemática

Domínio conativo:

4. Predisposição para apreciar a Matemática

5. Predisposição para não apreciar a Matemática

Conforme esclarecimentos anteriores, os extratos das falas dos sujeitos que

possibilitaram identificar temáticas em seus depoimentos foram chamadas de

unidades de análise. Para a escolha de uma unidade de análise, oriunda do texto

transcrito, consideraram-se como critério os três domínios que caracterizam as

atitudes: afetivo (os sentimentos em relação à Matemática); cognitivo (conhecimento

sobre a Matemática) e conativo (predisposição para agir de certa maneira em

relação à Matemática).

Lembrando os procedimentos descritos no capítulo anterior, uma primeira

organização dos dados textuais aconteceu pela inserção das unidades de análise

dentro de um determinado eixo temático, para cada um dos dez sujeitos,

separadamente. Assim, as unidades de análise foram categorizadas conforme os

eixos temáticos. Para tal categorização extraíram-se do material transcrito somente

as falas que estavam pertinentes com o objetivo das entrevistas. Esse procedimento

corresponde a uma primeira interpretação dos dados das entrevistas e pode ser

observada no anexo 26.

Para conhecer o sentido do texto e garantir a possibilidade de interpretação

dos dados mediante a análise de conteúdo, para essa primeira interpretação foi

necessário fazer um levantamento exaustivo dos textos transcritos. Para tanto,

consideraram-se as seguintes operações: “a) eliminação de todas as repetições,

paráfrases, implicações, etc., ou melhor, uma “limpeza” do texto quanto às

reiterações que freqüentemente ocorrem em qualquer narrativa; b) seleção dos

temas que o pesquisador considera de importância para o seu trabalho...”

(QUEIROZ, 1991, p. 104) [grifo no original].

Dando continuidade à interpretação da informação contida nas respostas

emitidas pelos sujeitos, o passo seguinte foi: agrupar as unidades de análise, de

todos os sujeitos, tomando-se como critério os cinco eixos temáticos identificados

inicialmente. Com a adoção desse procedimento, constatou-se a necessidade de

estabelecer subeixos temáticos (a posteriori), o que permitiu uma análise ainda mais

refinada das respostas individuais por meio da identificação das unidades que

possuíam conteúdos similares.

Para a inserção de uma unidade de análise num determinado subeixo

temático, consideraram-se novamente os três domínios que caracterizam as

atitudes: afetivo (atração/repulsão, emoções manifestadas por sentimentos positivos

ou negativos em relação à Matemática); cognitivo (aquilo que o sujeito conhece

sobre a Matemática, que diz respeito às suas percepções sobre a Matemática) e

conativo (disposição para reagir diante da Matemática; apreciar ou não apreciar a

Matemática de acordo com suas experiências). Assim, cada eixo temático ficou

subdivido em subeixos temáticos da seguinte maneira:

1. Sentimentos positivos em relação à Matemática

a) Sentimentos positivos em relação à Matemática enquanto ciência

b) Sentimentos positivos em relação à Matemática adquiridos na licenciatura

2. Sentimentos negativos em relação à Matemática

a) Sentimentos negativos em relação à Matemática enquanto ciência

b) Sentimentos negativos em relação à Matemática adquiridos na licenciatura

3. Conhecimento do sujeito sobre a Matemática

a) Conhecimento sobre a Matemática enquanto ciência

b) Contribuição da Matemática para o avanço de outras áreas do conhecimento c) Conhecimento da importância do ensino da Matemática na Educação Básica

4. Predisposição para apreciar a Matemática

b) Bom desempenho no exercício da docência c) Empenho em estudar e aprender Matemática d) Prezar a Matemática enquanto ciência

5. Predisposição para não apreciar a Matemática

a) Mau desempenho enquanto estudante de graduação b) Mau desempenho no exercício da docência

c) Falta de empenho em estudar e aprender Matemática d) Não prezar a Matemática enquanto ciência

A inserção de uma unidade de análise num determinado subeixo temático

corresponde à segunda interpretação dos dados das entrevistas e pode ser

observada no anexo 27. Assim, as unidades de análise foram, agora, categorizadas

conforme os subeixos temáticos.

Ao agrupar as unidades de análise de todos os sujeitos em subeixos

temáticos, tomou-se o cuidado de indicar, em cada subeixo, dois grupos: um

formado por respostas dos sujeitos com atitudes positivas e outro formado por

respostas dos sujeitos com atitudes negativas (vide anexo 27). Tal procedimento

possibilitou determinar a quantidade de respostas emitidas pelos sujeitos em cada

subeixo temático.

Quando as unidades de análise foram designadas como pertencentes a cada

um dos subeixos temáticos, foi possível uma interpretação mais acurada dos dados.

Para facilitar essa interpretação, considerou-se pertinente determinar a quantidade

de respostas emitidas pelos sujeitos, quando essas foram inseridas nos subeixos

temáticos (conforme anexo 27). Essa quantificação pode ser observada na tabela

que se encontra no anexo 28. Os percentuais apresentados nessa tabela foram

obtidos sobre o total de unidades de análise inseridas em cada subeixo temático, e

também sobre a quantidade de respostas emitidas pelos sujeitos com atitudes

positivas e negativas. Um exame mais pormenorizado dos conteúdos presentes em

cada subeixo temático será apresentado a seguir.

1. Sentimentos positivos em relação à Matemática:

a) Sentimentos positivos em relação à Matemática enquanto ciência

Quando se analisaram as falas dos sujeitos no que se refere aos sentimentos

positivos que eles expressam em relação à Matemática enquanto ciência,

observou-se que esobservou-se subeixo temático está caracterizado por palavras, tais como: prazer,

boa ligação, simpatia, gostar, adorar, bonita, paixão, adoração, dedicação total,

maravilhosa, fácil, etc. Esses sujeitos se sentem bem quando falam sobre a

Matemática, e expressam sentimentos bons em relação a essa ciência. Pode-se

afirmar que eles sentem-se privilegiados por terem estudado Matemática e se

dedicam ao seu estudo. Para eles a Matemática é fácil e as pessoas tendem a

complicar algo que, no seu entendimento, é muito simples e não tem nada de difícil.

A quantificação apresentada no anexo 28 permite verificar que 67% das

unidades de análise relativas a essa categoria são respostas emitidas por sujeitos

com atitudes positivas em relação à Matemática, ao passo que apenas 33% das

unidades de análise são respostas emitidas por sujeitos com atitudes negativas em

relação à Matemática. Isso significa que a maior parte das unidades de análise,

referentes a sentimentos positivos em relação à Matemática enquanto ciência, foram

apresentadas por sujeitos que possuem atitude positiva (conforme escore obtido na

escala de atitudes).

b) Sentimentos positivos em relação à Matemática adquiridos na licenciatura

As falas dos sujeitos no que se refere aos sentimentos positivos que eles

expressam em relação à Matemática, sentimentos esses adquiridos durante o curso

de licenciatura, foi possível observar que este subeixo temático está caracterizado

por palavras, tais como: melhorar, adorar, escolher, apaixonada, etc. Esses sujeitos

alegam que as experiências que tiveram durante o curso de graduação melhoraram

seu sentimento em relação à Matemática. Pode-se afirmar que eles são

apaixonados pela Matemática e não se arrependem de ter feito ou estar fazendo o

curso de licenciatura. Se tivessem que escolher outro curso, escolheriam a

Matemática novamente. Os conhecimentos adquiridos na licenciatura foram

importantes para esses sujeitos e acreditam que ainda é muito pouco em relação ao

que desejam conhecer.

Quando se examina a quantificação apresentada no anexo 28, é possível

verificar que 67% das unidades de análise são respostas emitidas por sujeitos com

atitudes positivas em relação à Matemática, ao passo que apenas 33% das

unidades de análise são respostas emitidas por sujeitos com atitudes negativas em

relação à Matemática. Isso significa que a maior parte das unidades de análise,

referentes a sentimentos positivos em relação à Matemática adquiridos na

licenciatura, também foram apresentadas por sujeitos que possuem atitude positiva

(conforme escore obtido na escala de atitudes).

2. Sentimentos negativos em relação à Matemática:

a) Sentimentos negativos em relação à Matemática enquanto ciência

Quando se analisaram as falas dos sujeitos, foram identificados sentimentos

negativos que eles expressam em relação à Matemática enquanto ciência.

Observou-se que este subeixo temático está caracterizado por palavras, tais como:

complicada, chata, ignorância, aversão, calafrio, ódio, horrível, inacessível,

frustração, etc. Esses sujeitos não se sentem bem quando falam sobre a

Matemática. Para eles a Matemática lembra uma coisa chata, complicada,

inacessível e com a qual não se identificaram. Manifestam também um sentimento

de aversão e de ignorância em relação a essa ciência. Sentem um calafrio e ódio

quando ouvem a palavra Matemática. Sentem inveja das pessoas que gostam da

Matemática.

A quantificação apresentada no anexo 28 permite verificar que 100% das

unidades de análise são respostas emitidas por sujeitos com atitudes negativas em

relação à Matemática. Já os sujeitos com atitudes positivas não emitiram nenhuma

resposta que pudesse ser inserida nesse subeixo temático. Isso significa que as

unidades de análise, referentes a sentimentos negativos em relação à Matemática

enquanto ciência, foram apresentadas somente por sujeitos que possuem atitude

negativa (conforme escore obtido na escala de atitudes).

b) Sentimentos negativos em relação à Matemática adquiridos na licenciatura

A análise das falas dos sujeitos revelou sentimentos negativos que eles

expressam em relação à Matemática, sentimentos esses adquiridos durante o curso

de licenciatura. Foi possível observar que esse subeixo temático está caracterizado

por palavras, tais como: medo, reprovação, crise, piorou, vocação, desistir, etc.

Esses sujeitos alegam que as experiências que tiveram durante o curso de

graduação pioraram seu sentimento em relação à Matemática. Muitos alegaram ter

levado um susto quando iniciaram o curso de licenciatura, pois era muito diferente

daquilo que haviam pensado ser. Encontraram procedimentos de ensino e de

avaliação muito diferentes daqueles que haviam vivenciado no Ensino Médio, o que

lhes provocou um sentimento de medo em relação à Matemática, uma vontade de

desistir do curso de licenciatura em virtude de terem sido reprovados e a

constatação de que não têm vocação para essa área do conhecimento.

Esses sujeitos levantaram também algumas críticas em relação ao modelo de

ensino proposto nos cursos de licenciatura. Por exemplo: os professores dos cursos

de licenciatura sabem muita Matemática, mas não se preocupam em entender o

nível de conhecimento de seus alunos, pois o Ensino Médio não lhes deu a base

suficiente para o prosseguimento dos estudos. As explicações dos professores são

muito rápidas e em grande quantidade, o que acarreta o não-aprendizado dos

conceitos abordados. Consideram que o curso de licenciatura está voltado para a

formação de pesquisadores e não de professores de Matemática.

Novamente, a quantificação apresentada no anexo 28 permite verificar que

somente 14% das unidades de análise são respostas emitidas por sujeitos com

atitude positiva em relação à Matemática, ao passo que 86% delas são respostas

emitidas por sujeitos com atitude negativa em relação à Matemática. Isso significa

que a maior parte das unidades de análise, referentes a sentimentos negativos em

relação à Matemática adquiridos na licenciatura, foram apresentadas por sujeitos

que possuem atitude negativa (conforme escore obtido na escala de atitudes).

3. Conhecimento do sujeito sobre a Matemática:

a) Conhecimento sobre a Matemática enquanto ciência

Quando se analisaram as falas dos sujeitos no que se refere ao seu

conhecimento sobre a Matemática enquanto ciência, observou-se que esse subeixo

temático está caracterizado por palavras, tais como: descoberta, instrumento,

pensar, raciocinar, lógica, cultura, estigma, etc. Esses sujeitos acreditam que a

Matemática não é uma ciência pronta; quanto mais se questiona, mais se

descobrem novos conhecimentos matemáticos. A Matemática é um produto da

nossa cultura, do nosso raciocínio e ela se desenvolve por meio de uma

determinada lógica. A Matemática contribui para o desenvolvimento de nossa forma

de pensar e quem trabalha com ela deverá conhecê-la plenamente.

Esses sujeitos também afirmam que a Matemática está relacionada à vida

cotidiana e é uma forma de organização do mundo, pois ela está em tudo. Um

desses sujeitos chega a afirmar que “a Matemática é a própria vida”. E ainda, eles

afirmam que algumas pessoas consideram a Matemática uma ciência difícil, e isso

acontece porque falta a ela um incentivo na aprendizagem dos conceitos dessa

ciência. Segundo eles, criou-se um estigma social de que a Matemática é uma

ciência difícil e que um bom professor pode modificar essa situação.

Embora esses sujeitos tenham a clareza a respeito da dificuldade de fazer

com que as pessoas apreciem a Matemática, eles acreditam que, quando a pessoa

passa a gostar da Matemática, esta ciência se torna uma coisa especial em sua

vida.

Observando-se a quantificação apresentada no anexo 28, é possível verificar

que 73% das unidades de análise são respostas emitidas por sujeitos com atitudes

positivas em relação à Matemática, ao passo que apenas 27% dessas unidades de

análise são respostas emitidas por sujeitos com atitudes negativas em relação à

Matemática. Isso significa que a maior parte das unidades de análise, referentes a

conhecimentos sobre a Matemática enquanto ciência, foram apresentadas por

sujeitos que possuem atitude positiva (conforme escore obtido na escala de

atitudes).

b) Contribuição da Matemática para o avanço de outras áreas do conhecimento

A análise das falas dos sujeitos quanto à contribuição da Matemática para o

avanço de outras áreas do conhecimento permitiu observar que esse subeixo

temático está caracterizado por palavras, tais como: utilizar, ocupar, fundamentar,

usar, etc. Os sujeitos que expressaram seu ponto de vista sobre este papel da

Matemática afirmam que ela pode servir como instrumento para várias outras

ciências. Eles afirmam que a Matemática contribui para o avanço tecnológico e que

ela se apresenta como alicerce para outras ciências, como Astronomia, Medicina,

etc. Afirmam que no campo da informática quase tudo está baseado em Matemática,

citando um exemplo da utilização dos números primos para o estabelecimento da

segurança de redes de informação.

A quantificação apresentada no anexo 28 permite verificar que 67% das

unidades de análise são respostas emitidas por sujeitos com atitudes positivas em

relação à Matemática, ao passo que apenas 33% das unidades de análise são

respostas emitidas por sujeitos com atitudes negativas em relação à Matemática.

Isso também significa que a maior parte das unidades de análise, referentes à

contribuição da Matemática para o avanço de outras áreas do conhecimento, foram

apresentadas por sujeitos que possuem atitude positiva (conforme escore obtido na

escala de atitudes).

c) Conhecimento da importância do ensino da Matemática na Educação Básica

Nas falas referentes à importância do ensino da Matemática na Educação

Básica, foi possível observar que esse subeixo temático está caracterizado por

palavras, tais como: importante, adequado, ensinar, abstrato, currículo, pensar,

linguagem, esforço, aplicações, cotidiano, etc. Em relação a esse aspecto, esses

sujeitos alegam que a Matemática é muito importante como disciplina escolar, pois

ela participa do currículo básico, está ligada ao cotidiano do aluno e, por isso, deve

ser enfatizada em sala de aula. Afirmam que os programas de Matemática para a

Educação Básica são adequados e são cumpridos na escola privada, mas colocam

em dúvida se eles são cumpridos na escola pública.

Eles acreditam que as aulas de Matemática são muito descuidadas no ensino

público. Fazem o seguinte alerta: o problema está no ensino do conteúdo sem a sua

compreensão pelo estudante, e o professor acredita que ministrando a aula ele

cumpriu a sua obrigação. Acreditam também que alguns conteúdos são difíceis de

serem ensinados, pois os alunos não apresentam pré-requisitos necessários para o

prosseguimento dos estudos e alguns desses conteúdos são muito abstratos para o

nível de compreensão dos estudantes.

Afirmam também que as pessoas não se identificam com toda a Matemática

e, sim, com apenas partes dela. Para que uma pessoa aprenda Matemática, é

preciso que ela pare e pense, mas ela nem sempre está apta a isso. A pessoa que

afirma não gostar da Matemática é porque ela não entende a linguagem matemática

ou ela é preguiçosa. Esses sujeitos dizem que, de uma maneira geral, as pessoas

que não gostam de se esforçar se dão mal na Matemática. Isso também ocorre com

o estudante de licenciatura em Matemática, pois ele também tem que se esforçar e

se tornar autônomo em relação ao seu processo de aprendizagem.

Uma das condições que os tornam seguros para ministrar uma aula de

Matemática é o preparo da própria aula e o conhecimento do público-alvo. Para

esses sujeitos, o ensino da Matemática deverá estar focado em procedimentos de

análise e também no desenvolvimento do senso crítico, para que o aluno se torne

um formador de opinião.

E ainda, a quantificação apresentada no anexo 28 permite verificar que 61%

das unidades de análise são respostas emitidas por sujeitos com atitudes positivas

em relação à Matemática, ao passo que apenas 39% dessas unidades são

respostas emitidas por sujeitos com atitudes negativas em relação à Matemática.

Isso significa que a maior parte das unidades de análise, referentes ao

conhecimento da importância do ensino da Matemática na Educação Básica, foram

apresentadas por sujeitos que possuem atitude positiva (conforme escore obtido na

escala de atitudes).

4. Predisposição para apreciar a Matemática:

a) Bom desempenho enquanto estudante de graduação