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Guião de Entrevista: Museu das Rendas De Bilros de Vila do Conde

Génese e surgimento do Museu Intenção de fazer este Museu Sobre que moldes foi implementado Alterações que foram ocorrendo

Papel das entidades locais: financiamento? Outros?

Há alguma preocupação com a função de formação que o museu pode assumir?

Que Articulação/Parcerias existem entre o Museus e outras instituições? E com a Escola de Rendas?

Génese e surgimento da Escola de Rendas Funcionamento da Escola de Rendas Alterações que foi sofrendo

Como é que vê as relações da população com o museu/escola actualmente? E futuramente?

Qual acha que é o papel do museu no desenvolvimento da comunidade? E o das entidades locais?

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1- Génese e surgimento do Museu

Desde o século XVI as rendas de bilros tiveram em Vila do Conde grande implantação. Ao longo deste largo período vários foram os ciclos de depressão e crescimento. Foi precisamente para dar resposta às necessidade de superar um ciclo de crise que a Câmara Municipal de Vila do Conde decidiu abrir ao público um Museu de Rendas de Bilros, trabalho artesanal que é hoje um dos maiores ex-libris de Vila do Conde, o qual se insere numa política mais alargada de salvaguarda deste valioso património local.

2- Intenção de fazer este Museu

O objectivo deste museu é preservar e relançar as Rendas de Bilros em Vila do Conde, no país e no estrangeiro, para o facto são desenvolvidas parcerias internacionais que visam cumprir este objectivo.

As Rendas de Bilros estão presentes na História de Vila do Conde desde o Século XVI. Desde aí estas sempre tiveram uma importância fundamental na economia e na sociedade vilacondense. O desenvolvimento industrial retirou desta actividade muitas mulheres que rumaram às fábricas em busca de um ordenado certo ao final do mês. Para evitar este declínio, a Câmara Municipal de Vila do Conde, desenvolveu diversas medidas que passaram pela organização de uma Feira Nacional de Artesanato, que perdura com grande vitalidade até hoje, a criação de um centro de venda de artesanato, e em 1991 criou este Núcleo Museológico.

O Museu estuda o passado das Rendas de Bilros em Vila do Conde, no país e a sua origem na Europa. Conservam-se as colecções e procura-se enriquecer o acervo do museu, motivando as ofertas ao Museu de peças de reconhecido valor, mostrando a boa prática na conservação e na promoção das Rendas. Por outro lado procuram-se novas soluções, novos mercados, que promovam a inovação das rendas bem como uma maior produção.

Objectivos Específicos: Estudar a origem das Rendas de Bilros de Vila do Conde; Estudar os motivos iconográficos apresentados nas Rendas; Preservar e estudar todos os materiais e utensílios necessários para se fazerem as Rendas de Bilros; Promover esta arte noutros pontos do país e do estrangeiro; Disponibilizar ao público informações que motivem o interesse por esta actividade; Promover intercâmbios de rendilheiras que visem o aperfeiçoamento técnico e a tomada de conhecimento de novas realidades; Estudar e apontar novas soluções que visem o relançamento das Rendas de Bilros; Colaborar em todas as actividades da autarquia e de entidades privadas que visem a promoção e/ou o estudo das Rendas de Bilros; Apoiar a Escola de Rendas na formação de novas rendilheiras; Conservar as colecções existentes e ampliar o acervo do Museu com rendas de reconhecido valor patrimonial; Cadastrar as rendilheiras ao longo dos tempos.

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3- Sobre que moldes foi implementado 4- Alterações que foram ocorrendo

O Museu que abriu ao público em 1991 pouco tem a ver com o Museu de Hoje. Naquela época o museu não era mais que uma sala de exposição permanente. Depois de 1996, fomos organizando a instituição com as diversas valências do tratamento museológico e museográfica, Organizamos o inventário e o catálogo, promovemos exposições no interior e no exterior da instituição, apoiamos o projecto bilros, criamos um “site” na Internet.

5- Papel das entidades locais: financiamento? Outros?

O Museu das Rendas de Bilros trabalha basicamente com financiamento da tutela – Câmara Municipal de Vila do Conde.

Para o desenvolvimento de projectos de valorização que envolvam mais verbas recorremos também a financiamentos comunitários. Promovemos candidaturas nacionais ou directamente à União Europeia. Dentro destes projectos avançamos com candidaturas individuais ou em parceria com outras instituições estrangeiras da mesma área de actividade.

6- Há alguma preocupação com a função de formação que o museu pode assumir?

A função da formação é encarada por nós com algum cuidado. Assim, promovemos ateliers de formação para rendilheiras, com o objectivo destas partilharem experiências, observarem o que se produz noutros países. Já realizamos várias actividade dentro do Museu, mas também já acompanhamos diversos grupos de rendilheiras ao estrangeiro para um contacto directos com outras comunidades produtoras de Rendas de Bilros.

7- Que Articulação/Parcerias existem entre o Museus e outras instituições? E com a Escola de Rendas?

O Museu das Rendas de Bilros de Vila do Conde como já referimos desenvolve projectos com outros museus europeus, no âmbito da formação, promoção e inovação. Também nos articulamos com Museus portugueses e com outras comunidades produtoras de Rendas de Bilros, nomeadamente com Peniche.

No que diz respeito à Escola de Rendas a sua tutela é dependente da Escola Secundária José Régio pelo que nos limitamos apoiar as suas actividade e a ceder os espaços necessários.

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8- Génese e surgimento da Escola de Rendas

Em Abril de 1919 foi criada, através do decreto n.º 5.787 - 2X, em Vila do Conde, a Escola de Artes e Ofícios Baltazar do Couto. Destinada a ser uma instituição direccionada para o ensino das Rendas de Bilros, ficou a dever o seu nascimento ao ilustre Vilacondense António Maria Pereira Júnior, cujo filho, António José Sousa Pereira, contando à época 10 anos de idade, escreve ao governo pedindo a instalação de uma escola que estimulasse e promovesse o ensino da manufactura das Rendas de Bilros.

Nos finais de 1926 é transferido para esta instituição, como director, um homem que muito apreço, interesse e carinho devotou à arte de rendilhar, conhecendo a escola, durante a sua direcção, grande impulso. Estamos a referir-nos a Rui Morais Vaz, a quem se ficou a dever o ressuscitar da elaboração da Renda de Bilros nos moldes clássicos. Recupera desenhos e pontos já postos à margem, fixa pontos, e desenha novos motivos e piques. Nesta escola estiveram como directores, entre outros, o já referido Rui Vaz, Helena de Bourbon e Meneses, Manuel Rodrigues, Maria Amélia Cardoso, Margarida Neves, Maria de Sousa Silva e Luísa de Azevedo Alves. Não podemos esquecer, no entanto, a figura da exímia mestra Julieta de Castro Estrela, que acompanhou o nascimento da escola, ensinando a centenas de vilacondenses a arte de dedilhar os Bilros.

9- Funcionamento da Escola de Rendas

Desde a sua fundação a Escola de Rendas foi o meio privilegiado de transmissão de conhecimentos da mais importante forma de arte popular vilacondense. Muitas centenas de jovens passaram por estas instalações assegurando, assim, a existência viva das Rendas de Bilros de Vila do Conde, e esta, “Escola” continua a ser o principal meio de transmissão, para as gerações futuras desta secular arte e, em 1979, ciente do alto interesse no seu funcionamento, a Câmara Municipal realiza um importante investimento criando excelentes condições para a reinstalação da escola de Rendas, assinando com o Ministério da Educação as Bases para um Protocolo de Acordo em que garante a cedência gratuita do espaço e também o apoio nos utensílios e materiais de consumo.

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Tendo a Câmara Municipal de Vila do Conde colocado todo o empenho no funcionamento da escola e reconhecendo as vertentes pedagógica e cultural e a ocupação dos tempos livres das camadas mais jovens da população, tirando muitas vezes as crianças de famílias mais carenciadas das ruas nos períodos não lectivos. A escola de Rendas funciona no edifício do Museu das Rendas de Bilros, diariamente, envolvendo crianças, jovens e adultos com vontade de aprender esta técnica de produção de rendas.

10- Alterações que foi sofrendo

Ao longo dos anos a escola de rendas afirmou-se como um polo fundamental na transmissão desta técnica tradicional, sendo hoje em dia um organismo que funciona na dependência da Escola Secundária José Régio, na vertente oficina, sendo um meio de ocupação de tempos livres de crianças e jovens.

11- Como é que vê as relações da população com o Museu/Escola de Rendas actualmente? E futuramente?

O Museu das Rendas de Bilros é o local onde todas as rendilheiras podem vender o seu trabalho. No edifício do Museu funciona a Escola de Rendas, onde cerca de 50 alunas aprendem esta técnica. Estas duas valências potenciam um contacto quase quotidiano de uma parte da população com a instituição.

12- Qual acha que é ou tem sido o papel do Museu/Escola de Rendas no desenvolvimento da comunidade? E o papel das entidades locais?

O Museu das Rendas de bilros, a Escola de Rendas e a Câmara Municipal têm desenvolvido ao longo destes anos um papel fundamental na preservação desta secular arte que hoje é um dos principais cartazes turísticos de Vila do Conde.

Recebemos hoje no Museu visitantes de todo o Mundo, isto potencia o desenvolvimento de unidades turísticas de apoio ao turismo na cidade. Há um papel de fomento da actividade artesanal mas também potência a economia local.

António Ponte Junho, 2005-06-22

Anexo 2 – Questionário distribuído aos alunos da