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PENETRÁVEIS II PROJETO HELIO OITICICA R$ 248.044 ARTES PLÁSTICAS

3 CRISE E TRANSFORMAÇÃO: A NOVA LEI DO ISS, 2011–

3.4 Do projeto de emenda a uma lei totalmente nova

Como o PL 232/09 sobre nova redação de alguns artigos da Lei 1.940/92 ainda estava em tramitação, acabou acolhendo a proposta de reformulação total do mecanismo em 2012. Agora presidente da Comissão de Educação e Cultura, o autor do projeto, Paulo Messina, convocou uma audiência pública em 9 de abril para tratar da Lei do ISS:

Figura 22: Divulgação eletrônica da audiência pública de 9 de abril de 2012 sobre o projeto de Lei 232/2009.

A audiência reuniu muitos produtores e foi um passo decisivo para a formação de um grupo de trabalho151 que viria a consolidar as sugestões para alterações no instrumento. Messina resumiu os objetivos da audiência em sua fala de abertura:

[...] estamos aqui hoje reunidos nesta Audiência Pública para que consigamos oficializar uma posição dos produtores quanto à forma de captação. Acho que todos estão passando – e acabaram de passar – por um problema, por uma fase aguda, não é? Tivemos esse problema da formação da fila. O problema acabou após a extinção da fila e da resolução – esse é o problema de uma década. Gostei muito de ver a mobilização, num momento de aflição, aflição não só do perigo de vocês terem o processo anulado, mas também, na melhor das hipóteses, perderem a verba, porque cada mês152 que se passa é menos 1/12 avos do que pode ser captado. Tivemos

algumas conversas com alguns grupos isolados, houve algumas mobilizações por outros grupos. Tentamos fazer uma organização através de uma lista de discussão, e vários produtores colocaram as suas preocupações. Acho que estamos no momento de oportunidades. É uma crise, mas também é uma oportunidade de fazermos uma proposta mesmo que ainda seja tarde demais para este ano, mas que consigamos, neste momento em que o Executivo está sensível a essa necessidade da mudança, mais uma vez comprovada pela tragédia que foi a fila, fazer essa proposta da mudança, se possível para este ano, mas com certeza para os anos futuros. Acho que o prefeito fez uma ótima sinalização, aumentando a renúncia, isso quer dizer que ele está sensível e está entendendo os problemas, mas é preciso rever não só a quantidade de renúncia, aumentar essa quantidade de renúncia, mas também trabalhar a questão da forma. Então, hoje, é uma Audiência Pública, por isso estamos aqui para ouvirmos o público, e o público-alvo desse assunto são justamente vocês. A ideia é que consigamos sair daqui com uma proposta que atenda a todo mundo. O ótimo de Pareto é possível na cultura, e vamos chegar nele (informação verbal).153

O produtor Frederico Cardoso reforçou algumas das principais demandas, como o piso de 1% sobre a arrecadação do ISS, a definição de um calendário fixo, tetos para o contribuinte incentivador e produtor cultural, maior diálogo com o Poder Executivo e, especialmente, a incorporação das regras, no corpo da lei, para evitar as sucessivas alterações a cada ano e /ou gestão:

Quero relembrar aqui que, neste mesmo salão, tivemos o compromisso do Secretário e da sua chefe de gabinete de nos ouvir e conversar conosco, antes de soltar qualquer procedimento para a Lei de Incentivo, que é o tema desta Audiência Pública. Não houve conversa nenhuma e soltaram a regra do jogo, exatamente, da mesma forma como vinha acontecendo nos últimos anos. Por que será que isso tudo acontece? Não é só nesta gestão, mas por que isso acontece sempre? As pessoas que estão administrando o Rio de Janeiro, ao longo dos últimos vinte, trinta anos, não estão

151 Anilia Francisca, Diler Trindade, Frederico Cardoso, Gisela de Castro, José Carlos Secco, Leonardo Gall,

Nivalda Aguiar, Paula Brandão, Paulo Branquinho, Ricardo Silva e Viviane Ayres. Participaram, ainda, contribuindo numa última rodada, os produtores Júnior Perim, Marcela Bronstein, Márcia Dias, Nayse Lopez e Rosana Lanzelotte (Justificativa do projeto de Lei 232-A).

152 Obs.: na transcrição oficial consta a palavra “vez”, mas o correto é “mês”.

153 Discurso de abertura do vereador Paulo Messina na Audiência Pública da Comissão de Educação e Cultura,

Plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em 9 de abril de 2012. Tema: discussão da Lei do ISS para incentivo à cultura carioca.

ouvindo a sociedade civil. Precisamos nos fazer ouvir e que os outros nos ouçam (informação verbal).154

A produtora Paula Brandão apontou os impactos que os problemas na operacionalização da lei geravam no setor e seus agentes:

Todo mundo discutiu durante muito tempo. Cada mês que passa é um mês a menos de renúncia que a gente tem. E mesmo depois de todo esse período truculento que a gente viveu, a Secretaria de Cultura, por muito pouco, deixou de utilizar a renúncia de março. Quer dizer, até a semana passada, a informação que todos os produtores tinham era que a renúncia de março não teria como ser aproveitada, por uma questão burocrática. Mais uma vez, a informação chegou diretamente ao prefeito, que hoje conseguiu, junto com a Secretaria de Fazenda, reverter a situação. O que estou querendo resumir? Acho que a lei precisa, sim, mudar em muitos pontos, mas acho que o ponto principal é a gestão da lei. Então, enquanto a gente não tiver uma Secretaria de Cultura que realmente se interesse pelo funcionamento dessa lei e pense em estratégias de melhor fazê-la operar, não vejo mudança que salve a situação (informação verbal).155

Ao longo de 2012 foram inúmeras as reuniões e discussões do grupo com produtores e Secretaria Municipal de Cultura, até se chegar a uma proposta azeitada, democrática,156 pronta

para ir a plenário. Em agosto, já havia um projeto substitutivo e em dezembro ele foi aprovado pelos vereadores. Em 14 de janeiro de 2013, foi promulgada a nova lei do ISS, Lei 5.553.