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Do Reinado: Perspectivas e bases de Governação

I. º CAPÍTULO:

2. Do Reinado: Perspectivas e bases de Governação

Tal como no pa rá grafo anterio r, o no ss o ob jetivo ao sistematizar dados já muito trabalhad os pelos in vestiga dores é o de situa r, no conte xto político , indivíduo s que rod eavam D. João I e aos quais foram acometidas embaixad as diplomáticas du rante o seu re inado .

Situemos esta b reve síntese na s cortes de Co imbra de 1385131,

acontecimento que nos se rvirá de pon to de partida pa ra abordar a s a ltera ções ve rificada s ao nível da administraçã o central mas também na dinâmica da defesa do reino e n a atribu ição de mercês ré gias132.

Para além da novidade do auto de eleição de D. João I133, os capítulos

ge rais apresentad os pelos conce lhos em 1385, estud ados por Armindo de SOUSA, perm item -nos compreender a importância política de alguns aspe tos que nos inte ressam particula rizar .

131 Sobre as cortes de Coim bra cf. Maria Helena da Cruz COELHO, D. João I, op. cit. ,

pp. 59-68; Marcello CAETANO, Crise Nacional de 1383 -1385, Lisboa, Verbo, 1985.

132 Cf. Armindo de SOUSA, “ O discurso político dos concelhos na Cortes de 1385” in Revista da Faculdade de Letras, Histór ia, Vo l. II, Porto, Universidade de Porto, 1985, pp. 9 -

44. Veja-se igualmente Fernão LOPES, Crónica de D. João I , 2 .ª Parte, op.cit., Cap. I, pp. 4 - 7; Armando Luís de Carvalho HOMEM, “ A sociedade política joanina (1383 -1433): para uma visão de conjunto”, in En la España Medieval , n.º 12, Madrid, Universidad Complutense, 1989, pp. 231 -241; Marcello CAETANO, Cr ise Nacional de 1383 -1385, op. cit.; Maria Helena da Cruz COELHO, D. João I, op. cit. , pp. 69-73.

133 Cf. Joseph Soares da SYLVA, Colleccam dos document os com que se authorizam as memorias para a vida Del Rey Joao I , L isboa, Oficina de Joseph Antonio da Sylva, 1734, pp.

Comecemos pelo Conselho ré gio134. Os capítu los gera is propõe m a

composição d e u m Conselho e sta mental135, ou se ja, um corpo po lítico

representa tivo dos quatro e stados ; mais concretamente, os “povos” sugerem os nomes de dois prelados , quatro fidalgo s, quatro le gistas e quatro cidad ãos para que “amdassem sempre com elle (rei), pera seu regimento seer mais perfeito e o regno mantheudo em dereito e em justiça”136.

De entre os conselheiros nomeados pelo Mestre de Avis du rante a re gência, incluem -se os segu intes n omes que irão desempenhar missões de representa ção e xte rna: João Afonso de Azambuja , Joã o Anes, Gil do Se m, Vasco Martins de Melo e J oão das Regras137. Após a eleição ré gia, D. João I

134 O Conselho régio foi especialmente estudado por Armando Luís de Carvalho

HOMEM (“Conselho real ou conselheiros do rei? A propósi to dos “Privados”de D. João I” ,

Revista de História da Faculdade de Letras – História, Série II, Vol. 4, Porto, 1987, pp. 9 -

64), mas também Rita Costa GOMES , cf. uma síntese da evolução do Conselho régio desde o século XIII até D. Manuel , Rita Costa GOMES , “Le Conseil Royal au Portugal (1 400 - 1520)”, in Conseils. Conseillers dans l´Europe de la Renaissance. v. 1450 -v. 1550, Cedric MICHON (dir.), Rennes, Presses Universitaires de Rennes, 2012, pp. 149 -174 – Disponível em https://www.academia.edu/5388382/Le_Conseil_Royal_au_Po rtugal

135 Utilizamos o termo na aceção proposta por Armando Luís de Carvalho HOMEM ,

“Conselho real ou conselheiros do rei … , op. cit , p. 32. Registe -se o facto de a novidade política deixar transparecer a consciência de governo e exercício do poder, so bretudo pelas elites das oligarquias municipais, especialmente a de Lisbo a, cf. Armindo SOUSA, op.

cit.,pp. 37-38. Rita Co sta GOMES, “Le Conseil Royal au Portugal (1 400-1520)”, op. cit., pp.

152-153.

136 Cf. Fernão LOPES, Crónica de D . João I , 2 .ª P arte, op.cit. , Cap. I, p. 7.

137 Carvalho Homem, “O doutor João das Regras no desembargo e no conselho régio s

(1384-1404). Breves notas”, in P ortugal nos finais da Idade Média, op. cit. pp. 149-158; António Domingues de Sousa COSTA, “O célebre conselheiro e chanceler régio Doutor João das Regras, clérigo conjurado e prior da colegiada de Santa Maria da Oliveira de Guimarães”, Itinerarium, ano 18, 77 (Julho -Setembro 1972), p. 232 -259.

ratifica se is dos catorze nomes prop ostos n as corte s, mantendo os mesmos indivíduo s que se rão seus embaixado res du rante bastante tempo138.

Vejamos o que escre ve C a rva lho HOMEM sobre a condição de conselhe iro ré gio:

“[…] parece-nos bem diferenciada, embora antes de mais pela nega tiva, da dos oficiais ré gio s. O conse lheiro não é, enquanto tal, detentor de um ofício, como o Con se lho é órgão de funcionamento documentado de forma bem mais espaçada que o das outras instâncias da Corte”139.

Sabemos que a eficácia go ve rnativa dos reis na Eu ro pa medie val do s séculos XIV e XV se fundamenta na organ ização da burocra cia e na profissiona lização do Conselho r égio140. No conte xto dos reinos peninsu lare s,

os conselheiros do rei não se enquadram numa matriz politicam ente estrutu rada, mas a rticulam -se com a go ve rnação ré gia, que a e les reco rre em situações específicas (le gisla ção , finanças, co nflito s bélico s )141. É um facto

que o Conse lho desen volve atividade muito importante sobretudo no âmbito das re lações d iplo máticas.

138 Cf. Armando Luís de Carvalho HOMEM, “Conselho real ou conselheiros do rei? A

propósito dos “Privados”de D. João I”, op. cit., pp. 30-34. Segundo Carvalho Homem, apesar de não vir referido em Fernão Lopes , o Doutor João Afonso de Azambuja, será conselheiro régio (p. 31).

139 “Conselho real ou conselheiros do rei? …”, op. cit., p. 22.

140 Cf. Joseph R. STRAYER, As or igens medievais do Estado Moderno , Lisboa, Gradiv a,

s/d, p. 100.

Carva lho HOMEM analisou o e vo luir da composição social do Conselho ré gio ao lon go dos vá rio s re inados142. A situação criada pela Crise de 1383 -85

e a eleição do Mestre de Avis tra z consigo uma integração mais ou menos equilibrada de membros d a nobreza, clérigos e letrado s143. Se avança rmos ao

longo do re inado de D. João I n otam-se dive rsa s altera ções. Depois da conqu ista de Ceuta eme rgem novo s conselhe iros pro veniente s de descendência familia r, de serviço prestado n essa empresa e de elementos associado s à C a sa dos Infantes144. Após 1420, verifica -se a cre scen te

influência de membros da nob re za ou de nobilitados, sendo praticame nte exclu ídos letrados e clé rigos145.

Para além do s nom eados lo go no in ício do seu reinado, são os se gu intes os membros do Conselho de D. João I que serão incumbidos de missões de representa ção e xte rna.

Ál varo Gonçalve s Camelo146 (1383 ), Álvaro Gonçalves de Ataíde147,

Fernando de Castro (1423 -1434)148, Fernando Gonçalves Bel eágua149, Gil

142 Armando Luís Carvalho HOMEM, IBIDEM, pp. 26-30.

143 Armando Luís de Carv alho HOMEM, IBIDEM; Maria Helena da Cruz COELHO , D. João I, op. cit. , p. 156.

144 Armando Luís de Carvalho HOMEM, IBIDEM, p. 37; Maria Helena da Cruz COELHO , D. João I, op. cit., pp. 157-158.

145 Armando Luís de Carvalho HOMEM, IBID EM. Veja-se o que escreve Rita Costa

GOMES sobre o tipo de nobreza do Conselho de D. João I ao longo do seu reinado (“Le Conseil Royal au Portugal (1400 -1520)”, op. cit., pp. 162-163), e sobre os critérios de inclusão no Conselho régio (IDEM, IBIDEM, pp. 157-158.

146 Vide biografia 3. 147 Vide biografia 6. 148 Vide biografia 12, 149 Vide biografia 13.

do Sem150, Gonçalo Vasques de Melo151 (1399-1403 ), João Afonso de

Azambuja152, João Anes153, João das Re gras154 (1383-1404), João Gomes da

Silva155 (1403-1433), João Vasques de Almada156 (1423-14 17), João Xira157,

Luís Gonçalves Malafaia158, Martim Af onso de Melo159 (13 99-1428), Martim

do Se m160 (1406-1 428), Nuno Ál vares Pereira161 (1 385), Pedro de

Noronha162, Pedro Gonçalves Malafa ia163 (1426-1433 ), Rui Galvão164, Rui

Lourenço165 (1384), 150 Vide biografia 16. 151 Vide biografia 21. 152 Vide biografia 22. 153 Vide biografia 24. 154 Vide biografia 25. 155 Vide biografia 26. 156 Vide biografia 28. 157 Vide biografia 30. 158 Vide biografia 35. 159 Vide biografia 36. 160 Vide biografia 38. 161 Vide biografia 39. 162 Vide biografia 41. 163 Vide biografia 43. 164 Vide biografia 48. 165 Vide biografia 49.

Mas, para a lém dos conselhe iro s do rei, a mudança din ástica implicará altera ções, no co njunto d a socieda de pol ítica166 nomeadamente nas suas

matrize s burocrática, gue rre ira e doméstica, para utiliza r a termino lo gia proposta po r Carvalho HOMEM . Se gundo este auto r, n os sécu los XIV e XV assiste-se a uma e specia liza ção da o rganização do funcionamento dos órgã os e dos ofícios da ad ministração centra l167.

A ve rtente buro crática, o Dese mbargo Ré gio , encontrar -se -ia perfeitamente estruturad a no final d o reinado de D. Fernando168. Nos “anos

re volu cionários”, que Carvalho Homem prolonga até ao fim da década de 90, ve rificou -se uma reformulação nos quadros do Desembargo169, entrando

166 Cf. Armando Luís de Carvalho HOME M, “A sociedade política joanina (1383 -1433):

para uma visão de conjunto”, En la España medieval , 12, 1989, pp. 231 -242; IDEM, “État, institutio n, société politique sous Jean 1er et Édouard 1er (1 383 -1438)”, Arquivos do

Centro Cultural Português , XXVI, 198 9, pp. 3 5-48.

167 Sobre a sociedade de corte, consulte -se Rita Costa GOMES, A corte dos reis de Portugal no final da Idade Média , Difel, Lisboa, 1995 .

168 Cf. Armando L uís de Carvalho HOMEM, “Uma crise que sai d’“A Crise” ou o

Desembargo Régio na década de 13 80, op. cit., p. 53.

169 Segundo Carvalho Ho mem, trata -se do “co njunto de funcionários e serv iços que,

junto do monarca, assegura por um lado a publicitação das respectivas leis, por outro o despacho dos assuntos correntes da Administração, o u seja, a respos ta aos feitos e petições que à Corte forem presentes, traduzida na leitura das cartas respectivas, de «justiça» e de «graça» ou de «fazenda» ( O Desembargo Régio (1320 -1433), op. cit., p. 25, p. 25. Veja-se também os trabalhos deste autor “Uma crise que sai d’“A Crise” o u o Desembargo Régio na década de 1380 in Revista de História , Vol. 7, Porto, Centro de História da Universidade do Porto, 1983 -1984, pp. 53 -92; Portugal nos finais da Idade

Média: Estado, Instituições, Sociedade Política , Livros Horizo nte, L isboa, 1990. Veja -se

igualmente as dissertações de mestrado sob orientação de Armando Luís de Carvalho HOMEM: Judite Gonçalves de FREITAS, A burocracia do Eloquente (1433 -1438), os textos,

as normas, as gentes , Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1991; Maria Helena

Matos MONTEIRO, A Chancelaria Régia e os seus oficiais (1461/1465) , Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1997; Hugo Alexandre Ribeiro CAPAS, A chancelaria e os seus

elementos que sã o conside rados “homens novos”: entre eles, contam-se algun s que virão a desempenhar funções diplomáticas como: o doutor João das Regras , chanceler -mor170, Rui Lourenço, licenciado e m Degredos e deão

de Coimbra e Ál va ro Peres , bacha rel em Leis171.

Também na chamada 3 .ª gera ção d os elementos do Desembargo, em in ícios da década de 20 do século XV172, surgem nomes como Pero

Gonçalves Malaf a ia, Diogo Afons o, Ferna ndo Afons o da Silveira e Rui Fernandes que se rão emissários e xte rnos do monarca173.

Vejamos, a go ra, a matriz gue rre ira174. Após a re voluçã o de 1383-85,

além da escolha de Nuno Álva res Pereira para co ndestá vel do rein o175,

Afonso Furta do será nomeado capitã o-mor176.

170 Como João Esteves de Azambuja se encontrava Inglaterra, o Doutor João da s

Regras assume as funções durante a sua ausência. Em 1400 sucede -lhe Álvaro Gonçalv es, outro oficial do governo do rei D. Fernando . Veja -se o estudo de Armando Luís d e Carvalho HOMEM, “Um percurso singular do Desembargo Régio – Álvaro Gonçalves (1368 -1406) ”, in

Jornadas sobre Portugal medieval , Leiria, 19 83, pp. 65 -77.

171 Cf. Armando L uís de Carvalho HOMEM, “Uma crise que sai d’“A Crise” ou o

Desembargo Régio na década de 1380, Revista de História , Vol. 7, Porto, Centro de História da Universidade do Porto, 1983 -1984, p. 76; Maria Helena da Cruz COELHO, D.

João I, op. cit. , pp. 15 4 -156 172 IDEM, IBIDEM.

173 Maria Helena da Cruz COELHO, D. João I, op. cit., p. 157.

174 Os cargos de condestável e marechal foram criados no contexto das guerras

fernandinas com Castela.

“He o Condestable em Portugal o General da Milicia, seu lugar no Exercito he o da vanguarda; e conform e ao seu titulo, que està no Regimento da guerra; a elle dà E lREy as ordens do que se deve fazer no Exercito, e elle as cõmette ao Marichal, para que as execute, e a elle pertence fazer os Coudeis dos Bèsteiros, e os homens de pè, cada hum com 30 soldados”. O primeiro condestável do reino de Portugal foi D. Álvaro P ires de Castro, conde de Arraiolos, cf. Manuel Severim de FARIA, Notícias de Portugal, Lisboa, Oficina de Antó nio Bo rges, 1740, Discurso II, § II, p. 36 .

Na vertente doméstica, r e gistam -se a s escolha s de Joã o Rodrigues de Sá, camareiro -mo r e João Gomes da Silva , copeiro-mo r177.

A consolida ção da estrutura e da le gitimidade do poder concretiza -se igualmente pela cons titu ição das casas da rainha D. Filipa e dos infantes178,

num período poste rio r . Quanto à primeira, ordenada a pós o casamento em fevere iro de 1387, ve rifica -se a nome ação de oficia is do Desembargo179, bem

como do séquito de aias e don zela s180. Quanto à constitui ção da casa do s

infantes D. Dua rte, D. Pedro e D. He nrique, D. João I convo ca as Co rtes de Évo ra, em 1408, para informar das moradias que atribui a cada um deles, O primeiro marechal do reino foi Gonçalo Vaz de Azevedo: “Ao Marichal pertence pelo Regimento da guer ra repartir os alo jamentos de seu exército; depois que pelo Aposentador do Condestable for assinado o lugar, onde se houver de assentar; e para isso tem também o Marichal seu Aposentador, e provè de outros para as cavalgadas; manda ter cuidado das vèlas ao tempo de comer, assim de dia, como de no ite”, cf. Manuel Severim de FARIA, Notícias de Portugal, op. cit., Discurso II, § III, p. 38

175 Cf. Fernão LOPES, Crónica de D. João I , 2.ª Parte, op.cit., Cap. I, p. 4; sucede no

cargo a Álvaro Pires de Castro conde de Arraiolos.

176 IDEM, IBIDEM. 177 IDEM, IBIDEM.

178 Maria Helena da Cruz COELHO, D. João I, op. cit., pp. 141 -144.

179 Destacamos a nomeação de Lourenço Anes Fogaça como vedor da Fazenda, cf .

Fernão LOPES, Crónica de D . João I , 2.ª Parte, op.cit. , Cap. XCVII, p . 96; Manuela Santos SILVA, A rainha inglesa de Portugal , op. cit ., pp. 180-188;

180 Registe -se na presença feminina ligações familiares aos nobres que estão ao

serviço de D. João I. cf. Monumenta Henricina , Volume I, Coimbra, 1960, doc. 122, p.289; Luís Filipe OLIVEIRA, A Casa dos Coutinhos Linhagem, Espaço e Poder (1360 -1452), op. cit. , pp. 38-40; para o caso que nos interessa saliente -se D. Joana, filha do Mestre Fernando Afonso de Albuquerque, mestre da Ordem Militar de Santiago, cf. Manuela Santos SILVA, A

rainha inglesa de Portugal , op. cit., p. 183 -186; IDEM, “ A Casa e o Património da Rainha

de Portugal D. Filipa de Lencastre: um ponto de partida para o conhecimento da Casa das Rainhas na Idade Média”, Revista Signum , 11-2, 2010, pp. 207 -227 – Disponível em http://www.revistasignum.com/signum/index.php/revistasignum11/article/view/29/28

reco rrendo, para isso, à retoma do terço das sisa s de Lisboa181. A constitu ição

da casa dos inf antes e a nomeação dos respe tivos go ve rnadores182 tem como

consequên cia a e xistência de maior número de dependentes para a e sfera do poder central183. Veja -se o que escre ve Rita Costa GOMES sobre a sociedade

de corte e a s casa s dos re is e do s infantes184.

Voltemos às Cortes de 1385. A ação política emergente prende -se, também, com tomada de deci sões relativa s à defesa do reino e ao financiamento d a guerra com Caste la185. Após a eleição, o rei organiza as

suas atividades bé lica s186 para consolid ar a le gitim idade como go vernante de

181 Cf. Monumenta Henricina , Volume I, op. cit., doc. 134, pp.316 -319.

182 Como governador temos o Doutor Martim do Sem para a casa do infante D. Duarte,

cf. Gomes Eanes de ZURARA, Crónica da Tomada de Ceuta , op. cit., Cap. V, p. 49, Álvaro Gonçalves de Ataíde para a do infante D. Pedro, cf. Archivo Histor ico Portuguez , vol. III – n.º 2, Lisboa, 1905, p. 402, e D. Fernando de Castro para a do infante D. Henrique, cf. Rui de PINA, “Chro nica do Senhor Rey D. Afo nso V”, op. cit., Cap. LIV, p. 652..

183 Cf. Mafalda Soares da CUNHA, “Nobreza, rivalidade e clientelismo na primeira

metade do século XVI” in Penélope, N.º 29, 2 003, p. 34.

184 Cf. Rita Costa GOMES, «L'ordre domestique et l'ordre politique : la société de co ur

dans Ie Portugal du bas Moyen Age », in François FORONDA; Ana Isabel CARRASCO (ed.), Du contrat d´alliance au contrat pol itique. Cultures et Sociétés politiques dans la Péninsule Ibérique de la Fin du Moyen Âge, CNRS, 2007, pp. 2 50 -253. Disponível em - https://www.academia.edu/5388416/Lordre_domestique_et_lordre_politique_la_soci%C3 %A9t%C3%A9_de_cour_dans_Ie_Portugal_du_bas_Moyen_Age

185 Cf. Armindo SOUSA, op. cit. , pp. 15-16Cf. Marcello CAETANO, op. cit., pp. 57 e 60 ;

Fernão LOPES, Crónica de D. João I , 1.ª Parte, op.cit., Caps. XLVIII -XLIX, pp. 85 -88.

186 Cf. Fernão LOPES, Crónica de D. João I , 2.ª Parte, op.cit. , Caps. XIV-XVII, pp. 28 -

34.Cf. sobre as ativ idade s bélicas levadas a cabo neste período vd. Maria Helena da Cruz COELHO, D. João I, op. cit., pp.73-86; Humberto Baquero MORENO, “A campanha de D. João I contra as fortalezas da Região de Entre -Douro-e-Minho”, Revista da Faculdade de

forma exe rce r o p oder e a dominar todo o território187. Em contrapa rtida, a s

in vestidas de Castela fazem sentir -se atra vés de entra das na fronteira que têm como objectivo a pilha gem e o sa que de bens, dirigindo -se depois a Viseu e a Trancoso o nde ocorre a bata lha com o mesmo nome. Esta batalha po de conside rar -se o p renúncio de Aljuba rrota e rep resenta ao mesmo tempo a conju gação de esforços milita res d os principais fidalgos da Beira para a legitimidade do po der de D. João I188.

O culm inar das in vestidas de Ca stela dá -se com a batalha de Aljuba rrota189. A vitó ria sob re o exé rcito castelhano não significa o fim das

contendas, que se prolon gam por ma is de uma década até à assinatu ra d as tré guas po r um período de de z ano s, em 1402190.

187 Utilizamos os conceitos operatórios de Max Weber, cf. Max WEBER, Économie et société , Vol. I, op. cit. , p. 95.

188 IDEM, Caps. XX -XXI, pp. 39-45; Ruy D’Abreu TORRES, “Batalha de Trancoso”. in Jo el

SERRÃO (dir.) Dicionár io de História de Portugal , Vol. VI, Porto, Livraria Figueirinha, 19 81, pp. 191-192; Luís Filipe OLIVEIRA, A Casa dos Coutinhos Linhagem, Espaço e Poder (1360 -

1452), op. cit. , p. 123.

189 Cf. Fernão LOPES, Cr ónica de D. João I , 2.ª Parte, op.cit., Cap. XXXVIII -XLII, pp. 84 -

99; Estoria de Dom Nuno Alvrez Perei r a, op. cit., Cap. LI, pp. 1 12 -121; Cf. Luís Adão da FONSECA, “Significado da Batalha de Aljubarrota no contexto da conjuntura política europeia no último quartel do século XIV”, op. cit ., e bibliografia citada pelo autor. Veja - se sobretudo as obras de Joã o Gouveia MONTEIRO, A Guerra em Portugal nos finais da

Idade Média, Lisboa, Editorial Notícias, 199 8, e Aljubarrota 1385: a Batalha Real , Lisbo a,

Tribuna da História, 2 003.

190 Cf. AGS PR, Leg. 49 fls. 3, 4, 7 e 9; Fernão LOPES, Cr ónica de D. João I , 2.ª Parte, op.cit., Cap. CLXXXVII, pp. 402 -404; Luis SUAREZ FERNANDEZ, Relaciones entre Portugal y Castilla en la Epoca del Infante Don Enrique 1393 -1460, op. cit., pp.29-33;. registe -se o

facto de desde 1393 se terem encetado conta tos para o estabelecimento de t réguas entre Portugal e Castela, mas a viabilidade da sua concretização revela -se impossível pelas excessivas contrapartidas de ambas as partes. Maria Helena da Cruz COELHO, D. João I , op.

A con vergên cia de au xílio e de apoio s a D. João I perm ite compreende r a concessão de m ercês ao s que aju daram a sua causa, doando -lhes bens exp ropriad os ao s o posito res .

Esta política de recompensa é socialmente transve rsal. No cimo da escala hie rárqu ica surge Nuno Álvares Pere ira beneficiado com várias mercês e doações de terras, confirma das por carta de D. João I passada em Lisboa a 30 de março de 1387191. Possuido r de um vasto territó rio e de

va ssalo s que o servem, podemos dizer que a casa senhoria l do Condestáve l surge como um a exp ressão de poder em paralelo com a Coroa. Desta forma ,