CAPÍTULO V – EXPERIÊNCIAS-CHAVE EM 1.º CICLO DO ENSINO BÁSICO
Apêndice 8: Documentação pedagógica do Projeto "Misão 007 Colorir VV"
maquilhagem surgiu o projeto das “Pinturas”, que se aliou aos dois projetos já existentes, das sombras e natureza. E como por vezes escolher um só projeto se torna difícil, fomos desafiadas pelos nossos meninos, em tempo recorde, a “pintar a natureza” (L.M.) e a colorir todas as sombras de ---, para que esta não ficasse, nos dias de Inverno, “tão escura e feia.” (L.T.)
Começámos por perceber que atividades podíamos todos fazer. L.R.: “Gostava de pintar a cara dos meninos.”
L.M.: “A minha mãe pode vir cá pintar a cara dos meninos.” D.N.: “Ela faz pinturas na cara toda.”
L.M.: “Ela (mãe) tem uma revista e nós procuramos para pintar as caras ou pedimos para ela fazer aqui uma coisa, um gato ou assim e ela faz.”
J.C.: “Sim, pinturas faciais.”
J.R.: “Até podemos fazer com as pinturas uma árvore.”
S.B.: “E podemos pintar as costas e também o pé e a perna.”
M.F.: “E o cabelo.”
L.R.: “Eu pesquisei no computador e há pessoas que andam todas nuas e pintam o corpo todo.”
J.R.: “Fazemos uma árvore com pinturas e depois noutro dia fazemos as caras.”
L.R.: “Eu posso fazer uma flor, ponho aqui verde (folha de papel) e faço assim uma flor.”
J.S.: “Também dá para pintar uma saia na árvore. E depois um soutien, e depois um umbigo. Aquela. Pegávamos nas pinturas e pintávamos de outra maneira.”
J.R.: “Já trouxe as pinturas para pintar a árvore.” J.S.: “Sim, vamos pintar aquela árvore. Vamos vesti-la coitadinha, deve estar cheia de frio.”
J.C.: “Podemos pintar as folhas para as perucas e saias.”
L.R.: “Nós podíamos fazer assim coisinhas para elas não terem frio.” M.S.: “Podíamos fazer desenhos do inverno nas árvores.”
L.T.: “Podemos pintar com giz.”
L.R.: “Pois é, nós podemos ir lá para fora e pintávamos os troncos das árvores no chão com giz.”
J.S.: “Pode-se juntar as pinturas com as sombras.” L.R.: “E podem pintar sombras.”
J.S.: “Faz-se uma sombra e depois a sombra bate no papel e depois nós fazemos o desenho.”
L.R.: “E fazemos a imagem de algum animal ou assim.” L.M.: “Pintámos as sombras de preto.”
D.N.: “De amarelo, de cor-de-rosa, de outras cores.”
L.M.: “Nas sombras podia haver animais, pessoas, árvores, porque são coisas da natureza.”
S.B.: “Podíamos trazer uma árvore.”
J.R.: “Podemos fazer plantas com as pinturas.”
L.M.: “E pode-se pintar a natureza.”
Depois de tantas ideias, construímos um “mapa de ideias” (J.S.) e decidimos o que fazer, mas já depois do nosso mapa pronto, outra ideia surgiu e era mais uma que não podíamos deixar escapar.
L.R.: “Já sei, vamos colorir ---.”
M.F.: “Podemos pintar com canetas de pintar no ar.”
“E o que é que podemos pintar?”
M.F.: “Casas velhas.” L.T: “A capela.”
L.R: “Pintámos casas velhas para Vila Verde não ficar tão escura e feia. Podemos pintar uma coisa na Associação, eu peço ao meu tio.”
L.T:“A casinha do leite.” J.S.: “As ruas.”
M.F.: “Temos de pedir autorização às senhoras.” J.R.:“Podemos pintar árvores e flores.”
D.N.: “Temos de saber o que é que vamos pintar.”
J.S.: “Temos que planear aquilo que vamos pintar. Podemos fazer um mapa de ideias, uma chuva. É uma sugestão, um conselho.”
E assim começou a nossa “missão 007: Colorir ---” (Júlia). J.S.: “Eu escrevi assim: missão 007: Colorir ---.”
L.M.: “Tem onze ideias.”
J.S.: “Estas são as pinturas que podíamos fazer nas paredes das casas velhas, na casinha do leite e noutros sítios que escolhemos.”
L.R.: “Eu fiz uma pintura malcheirosa porque a vaca cheira mal.”
J.S.: “Eu fiz pinturas enganadoras, porque eles vão pensar que está ali madeira e não está.”
L.T.: “Eu fiz um mar apetitoso.”
E esta pintura de quem é? Então esta pintura não é cheirosa, com tantas flores?”
S.B.: “Não, são ervas daninhas.” J.S.: “Pinturas delicadas.” L.R.: “O que é isso?”
L.T.: “Eu fiz a minha sombra muito delicada.” J.S.: “Pinturas secretas.”
L.M.: “Eu fiz, mas não se vê.”
“E qual será a história que nos contam estas pinturas?”
L.T.: “Há um ano atrás...”
L.M.: “Nós devíamos era ter prestado atenção quando a senhora disse quando é que a outra senhora da casa morreu.”
J.S.: “Há cinco anos atrás...”
“O que é que aconteceu?”
L.T.: “A árvore vestiu-se e foi passear.”
J.S.: “Há cinco anos atrás havia um mar (aponta para o desenho que tem uma cascata) que tinha vida e como não sabia por onde ir e então foi dar um passeio.”
L.R.: “Há cinco anos atrás uma vaquinha deu à luz.”
“E de onde é que vem essa vaquinha Laura R.?”
L.R.: “Vem dali (aponta para o seu desenho).”
“E de onde vem o mar Júlia?”
J.S.: “Vem da cascata.”
“E de onde vem a tua árvore?”
L.T.: “Dali (aponta para o desenho).”
“Então e como é que fazemos?”
J.S.: “Podemos utilizar todos.”
“Então como é que começamos. Há cinco anos atrás...”
A HISTÓRIA DA VACA SEREIA
Há cinco anos atrás uma vaquinha deu à luz um vitelo que nasceu no mar. Ele tinha guelras, duas patas e uma cauda de sereia. Era uma vaca sereia, tinha os olhos de lado para ver melhor. Certo dia, a vaca sereia encontrou uma árvore que dormia descansadinha ao sol, mas de repente o sol desapareceu e um grande pesadelo começou...
As duas amigas corriam os campos dos céus de ---, quando a vaca sereia se apercebeu que não tinha asas. Comeu uma pastilha de ar e transformou-se num balão. Passou uma abelha que sem querer furou o balão e a vaca sereia caiu no colo do boi Sidónio.
E claro, ilustramos a nossa história, primeiro com lápis e papel e depois com uma técnica de outro planeta: light painting.
E finalmente, depois de muitos dias de chuva, conseguimos trazer a nossa história para a rua e com ela colorir todas as casas velhas de ---.
No entanto, apercebemo-nos de que todas as pinturas feitas tornaram-se um grande mistério para “as gentes de ---” (J.R.) e achamos que a nossa história deveria ser divulgada.
L.M.: “Pintávamos mais coisas.”
J.S.: “Dávamos dinheiro a um palhaço para contar a história com gestos e sombras e contar palhaçadas.”
J.R.: “Podemos fazer uma história e ir contar à gente toda de ---.”
J.S.: “Podemos ir numa camioneta e dizer com um holofote (altifalante): estas pinturas são da história da vaca sereia.”
E por isso é que hoje aqui estamos, para vos contar a história da vaca sereia que nasceu no mar, mas que agora vive em ---.
Apêndice 9: Atividades do Projeto "Colorir VV"