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A

SPECTOS

C

LÍNICOSE

E

PIDEMIOLÓGICOS

Descrição - Doença bacteriana de evolução progressiva e crônica,

que acomete, preferencialmente, pele e mucosas das regiões genitais, perianais e inguinais, podendo ocasionar lesões granulomatosas e destrutivas. Inicia-se por lesão nodular, única ou múltipla, de loca- lização subcutânea, que eclode produzindo ulceração bem definida e cresce lentamente. É indolor e sangra com facilidade. A partir daí, as manifestações estão diretamente ligadas às respostas tissulares do hospedeiro, originando formas localizadas ou externas e, até mesmo, lesões viscerais, por disseminação hematogênica. A observação do polimorfismo das manifestações levou à proposição de classificação clínica sugerida por Jardim (1987).

• Genitais e perigenitais - São divididas em ulcerosas e subdivididas em: com bordas hipertróficas e com bordas planas; ulcerovegetantes; vegetantes e elefantiásicas.

• Extragenitais.

• Sistêmicas - Geralmente as formas ulcerosas têm maior dimensão; apresentam bordas planas ou hipertróficas, com abundante secreção, e crescem, por expansão, por meio de auto-inoculação. Nas formas ulcerovegetantes (a mais freqüente), há abundante tecido de granulação no fundo da lesão, ultrapassando o contorno lesional. As lesões vegetantes são pouco freqüentes e, habitualmente, de pequenas dimensões, bem delimitadas e desprovidas de secreções. As manifestações elefantiásicas ocorrem, quase sempre, após formas ulcerativas, secundárias às alterações linfáticas, que as acompanham. As localizações extragenitais são raras e podem resultar de práticas sexuais não usuais ou da extensão do foco inicial, por auto- inoculação, sendo essa última mais freqüente. Há predileção pelas regiões de dobras e região perianal. Não há adenite na Donovanose, embora raramente possam se formar pseudobubões (granulações subcutâneas) na região inguinal, quase sempre unilaterais. Há relatos de localização nas gengivas, axilas, parede abdominal, couro cabeludo e outros locais. Na forma sistêmica da doença, podem ocorrer manifestações ósseas, articulares, hepáticas, esplênicas, pulmonares e outras. Em portadores de aids, a Donovanose assume uma evolução clínica atípica, com aparecimento de novas lesões, expansão das pré-

existentes e persistência da positividade bacteriológica em resposta ao tratamento.

Sinonímia - Granuloma venéreo, granuloma tropical, úlcera

serpiginosa, úlcera venéreo-crônica e granuloma inguinal.

Agente etiológico - Calymmatobacterium granulomatis (Klebsiella

granulomatis, Donovania granulomatis), descrito em 1913, por dois

brasileiros, Aragão e Vianna.

Reservatório - O homem.

Modo de transmissão - Provavelmente por contato direto com le-

sões, durante a atividade sexual. Entretanto, esse ainda é assunto con- trovertido. A ocorrência em crianças e pessoas sexualmente inativas e a variedade da doença em parceiros sexuais de pacientes com lesões abertas são dados que se contrapõem ao estabelecimento definitivo da transmissão sexual exclusiva da doença.

Período de incubação - Entre 3 dias a 6 meses.

Período de transmissibilidade - Desconhecido, provavelmente

enquanto há lesões abertas na pele e/ou membranas mucosas.

Complicações - As formas vegetantes, elefantiásicas e sistêmicas po-

dem ser consideradas como complicações da Donovanose.

Diagnóstico - Laboratorial: demonstração dos corpúsculos de Do-

novan em esfregaço de material proveniente de lesões suspeitas ou cortes tissulares corados com Giemsa ou Wright.

Diagnóstico diferencial - Cancro mole, principalmente na sua

forma fagedênica, sífilis secundária, condiloma acuminado, carcino- ma espinocelular, leishmaniose e paracoccidioidomicose.

Tratamento - Doxiciclina, 100mg, VO, de 12/12 horas, até a cura

clínica (no mínimo por 3 semanas), ou Sulfametoxazol+Trimetoprim, 160mg e 800mg, respectivamente, VO, de 12/12 horas, até a cura clí- nica (no mínimo por 3 semanas); ou Ciprofloxacina, 750mg, VO, de 12/12 horas, até a cura clínica; ou Tianfenicol granulado, 2,5g, VO, dose única, no primeiro dia de tratamento; a partir do segundo dia, 500mg, VO, de 12/12 horas, até a cura clínica, ou Eritromicina (estea- rato), 500mg, VO, de 6/6 horas, até a cura clínica (no mínimo por 3 semanas), ou Tetraciclina, 500mg, VO, de 6/6 horas, durante 30 a 40 dias, até a cura clínica.

Observação - Não havendo resposta na aparência da lesão nos pri-

meiros dias de tratamento com a Ciprofloxacina ou a Eritromicina, recomenda-se adicionar um aminoglicosídeo, como a Gentamicina, 1mg/kg/dia, EV, de 8 em 8 horas.

DONOVANOSE

Recomendações - O critério de cura é o desaparecimento da lesão.

As seqüelas podem exigir correção cirúrgica. Na gravidez, a doença é de baixa incidência. Não foi relatada infecção congênita, intra-uterina ou durante o parto. A gestante deve ser tratada com Estereato de Eri- tromicina, 500mg, VO, de 6/6 horas, até a cura clínica (no mínimo por 3 semanas), ou Tianfenicol, 0,5g, VO, de 8/8 horas, por 14 dias.

Características epidemiológicas - A doença apresenta maior

prevalência nas regiões subtropicais, sendo mais freqüente em negros. Afeta igualmente homens e mulheres, embora existam publicações conflitantes sobre esse aspecto. Habitualmente, é mais freqüente entre os 20 e 40 anos.

V

IGILÂNCIA

E

PIDEMIOLÓGICA

Objetivos - Interromper a cadeia de transmissão mediante detecção

e tratamento precoce dos casos (fontes de infecção).

Notificação - Não é doença de notificação compulsória nacional. Os

profissionais de saúde devem observar as normas e procedimentos de notificação e investigação de estados e municípios.

M

EDIDASDE

C

ONTROLE

Interrupção da cadeia de transmissão pela triagem e referência dos pacientes com DST e seus parceiros, para diagnóstico e terapia ade- quados.

• Aconselhamento - Orientações ao paciente, fazendo com que observe

as possíveis situações de risco presentes em suas práticas sexuais, desenvolva a percepção quanto à importância do seu tratamento e de seus parceiros sexuais e promova comportamentos preventivos. Devido à baixa infectividade, não é necessário fazer o tratamento dos parceiros.

• Promoção do uso de preservativos - Método mais eficaz para a

redução do risco de transmissão do HIV e outras DST. Convite aos parceiros para aconselhamento e promoção do uso de preservativos (deve-se obedecer aos princípios de confiabilidade, ausência de coerção e proteção contra a discriminação). Educação em saúde, de modo geral.

Observação - As associações entre diferentes DST são freqüentes, des-

tacando-se, atualmente, a relação entre a presença de DST e o aumento do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de úlceras genitais. Desse modo, se o profissional estiver capacitado a realizar

aconselhamento, pré e pós-teste para detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou mais DST, deve ser oferecida essa opção ao paciente. Portanto, toda doença sexualmente transmissível constitui evento sentinela para a busca de outra DST e possibilidade de associação com o HIV. É necessário, ainda, registrar que o Ministério da Saúde vem implementando a “abordagem sindrômica” aos pacientes de DST, visando aumentar a sensibilidade no diagnóstico e tratamento dessas doenças, para alcançar maior impacto no seu controle.

Enterobíase