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6.1 DIREITOS AUTORAIS NO BRASIL: L EGISLAÇÕES E C ÓDIGOS

6.1.1 Dos Projetos

No Brasil, a discussão para o surgimento da primeira Lei de direitos Autorais levou quase cinco décadas. Foi o deputado Aprigio Justiniano da Silva Guimarães, em 14 de agosto de 1856, quem propôs o primeiro projeto na Câmara dos Deputados. Com apenas oito artigos, o último contém uma autorização para o governo brasileiro celebrar uma convenção com Portugal.159

Em 1858, o deputado Gavião Peixoto apresentou um novo projeto contemplando os pontos existentes no projeto anterior, com algumas inovações. Depois de discutidos os dois projetos, teve preferência o primeiro, apresentado por Aprigio Guimarães.

O terceiro projeto foi apresentado à Câmara, em 7 de junho de 1875. O autor foi o escritor e deputado José de Alencar, dezessete anos após os outros dois. Os três projetos foram encaminhados para a Comissão de Legislação e Justiça, registra Martins, “ahi dorme o sonno eterno das cousas archivadas”.160

O quarto projeto do direito autoral brasileiro foi apresentado no Senado pelo senador Diogo Velho Cavalcante, em 1886, escrito e pautado na legislação belga.161

No ano de 1889, Portugal propôs acordo com o Brasil, assinando-o em 9 de setembro, para proteção e garantia recíproca. Esse acordo foi regulamentado pelo Dec. n.o 10.353, no mesmo ano. Baseado nesse acordo, deu-se a garantia

159

ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito autoral. 2 ed. refund. e ampl. Rio de Janeiro: Renovar, 2007. p. 11.

160

MARTINS, Samuel. Direito autoral, seu conceito, sua história e sua legislação entre nós. Recife: Livraria Francesa, 1906. p. 21.

161

MARTINS, Samuel. Direito autoral, seu conceito, sua história e sua legislação entre nós. Recife: Livraria Francesa, 1906. p. 21.

para os autores brasileiros em Portugal; a contrapartida, isto é, a proteção dos autores portugueses no Brasil não saiu do papel.162

O Projeto de Lei n.o 134 foi apresentado bem mais tarde, em 1893, pelo deputado Pedro Américo de Figueiredo, e também utilizou o texto de Diogo Velho. Após vários projetos, foi a vez de o deputado Augusto Montenegro apresentar, em 7 de agosto do ano de 1893, sendo o relator Medeiros de Albuquerque, tornando-se o projeto n. 48. Declarou eleger como ponto de referência a legislação germânica. Depois de poucas discussões e emendas, foi aprovado na terceira discussão na Câmara.

Após aprovação pelo Senado, foi promulgada em 1.o de agosto de 1898 a primeira Lei de Direitos Autorais brasileira.

6.1.2 Da Legislação

A primeira lei a trazer dispositivo para a proteção das criações intelectuais no Brasil foi a Lei Imperial de 11 de agosto de 1827. Ela criou os cursos jurídicos de São Paulo e Olinda, e no seu art. 7.º concedeu privilégio exclusivo sobre os compêndios para as lições jurídicas que deveriam ser escritas pelos lentes para ensinar o Direito nas Academias recém-criadas. O texto da lei, nesse artigo, assegurava aos lentes o privilégio sobre suas obras.163 Esse artigo faculta aos lentes a escolha do compêndio e garantia de privilégios àqueles que “os arranjarão”, isto é, o professor podia escrever o livro didático para uso do ensino em sala de aula. O que o texto legal assegura ao autor é o privilégio, e já estipulando decurso de prazo para usar, dispor e fruir desse direito com tempo definido em dez anos.

162

ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito autoral. 2 ed. refund. e ampl. Rio de Janeiro: Renovar, 2007. p. 10.

163

BRASIL. Lei de 11 de agosto de 1827. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LIM/LIM-11-08-1827.htm>. Acesso em: 14 out. 2015.

6.1.3 Lei n.o 496, de 1.o de agosto de 1898

O texto desta lei164 foi baseado no projeto de Augusto Montenegro e teve como relator Medeiros de Albuquerque, que, dentre outos aspectos, previu a proteção aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Brasil.165 Foi a primeira lei específica que teve como escopo a proteção dos direitos autorais. A lei contém 28 artigos e foi promulgada pelo presidente Prudente de J. Moraes Barros, no 10.º ano da República. Segundo Bittar, a lei classificou o direito de autor em móveis e transmissíveis, para efeito de aproveitamento econômico, com texto baseado na lei belga de 1886.166 Destacam-se, no art. 1.º, os direitos reservados ao autor para reproduzir ou autorizar a reprodução de sua criação. Outro ponto é o tratamento igualitário entre os nacionais e estrangeiros.

O art. 2.º traz o entendimento para obra literária, científica ou artística, cujos elementos estão compreendidos na lei de forma taxativa.

O registro do depósito legal da primeira obra na Biblioteca Nacional foi inaugurado com o advento dessa lei. Segundo Nunes, com a obra Lithographia Lithographia e chromolithographia chromolithographia da empresa Le León de Rennes & Cia, sob o número 1 – Livro 1 – folha 1 (o registro foi requerido em 14 de outubro de 1898, e deferido em 7 de dezembro de 1899, tendo seu termo sido lavrado em 16 de dezembro de 1899)”.167

O registro da obra literária na Biblioteca Nacional é meramente “declaratório”, e servirá somente como prova da anterioridade da criação.168

164

BRASIL. Lei n.o 496 de 1.o

de agosto de 1898 Disponível em: <http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaNormas.action?numero=496&tipo_norma=LEI&data= 18980801&link=s>. Acesso em: 14 out. 2015

165

ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito autoral. 2 ed. refund. e ampl. Rio de Janeiro: Renovar, 2007. p. 12.

166

BITTAR, Carlos Alberto. Contornos atuais do Direito do Autor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1992. p. 89.

167

NUNES, Maria Elizabeth da Silva. Direitos autorais: a experiência brasileira na Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em: <www.stf.jus.br/arquivo/sijed/02.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2013.

168

MINHARRO, Francisco Luciano. A propriedade intelectual no direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2010. p. 57.

O depósito legal assegura, para Ascensão, a formação de bibliotecas e coleções com a obrigatoriedade de o autor contribuir para em troca receber a proteção do depósito legal.169

6.1.4 Lei n.o 5.988, de 14 de dezembro de 1973

A Lei n.o 5.988/1973 foi promulgada na vigência da Constituição de 1967- 1969. Essa lei foi reescrita pelo romanista José Carlos Moreira Alves, pautado no texto do anteprojeto de Antônio Chaves170 em parceria com Sebastião Barbosa, e vigorou até 1998, quando foi revogada pela Lei n.o 9.610/98, depois de mais de duas décadas em vigor.

A cópia privada compreendia a reprodução integral para uso pessoal, desde que de uma obra, e sem fins comerciais, e está no Capítulo IV – Das limitações aos direitos de autor. Esse novo texto atribuiu uma visão mais ampla à que havia no Código Civil de 1916, pois na época a reprodução era muito mais fácil pelos recursos já disponíveis, como as máquinas fotocopiadoras. Também foi suprimida a expressão “feita à mão”, pois a ausência da expressão permitia mais liberdade ao copista. Para Vieira Manso, foi bom ter excluído a exigência de que a cópia só seria permitida se feita à mão, adequando a lei aos recursos da época.171

6.1.5 Lei n.o 9.610, de 19 de fevereiro de 1998

A atual lei de direito de autor, Lei n.o 9.610/1998, alterou, atualizou e consolidou a legislação sobre o assunto com sua entrada em vigor. O art. 1.º define como direitos autorais os direitos de autor e os que lhe são conexos.

169

ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito autoral. 2 ed. refund. e ampl. Rio de Janeiro: Renovar, 2007. p. 272.

170 Sobre o Projeto de Lei do prof. Antonio Chaves, sugerimos o artigo de sua autoria: “O projeto

brasileiro do Código de Direito de Autor e direitos conexos”, publicado na Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 66, p.1-43, 1971.

171

VIEIRA MANSO, Eduardo. Direito autoral: exceções impostas aos direitos autorais. São Paulo: José Bushatsky. 1980. p. 301.

Costa Neto elaborou um estudo detalhado do trâmite até a aprovação da nova lei, além de ter analisado e confrontado os dois textos legais no que se diferenciam. Como exemplo, pode ser mencionado o princípio da reciprocidade não explícito na lei de 1973, mas que na lei nova foi alçado no seu art. 2.º, parágrafo único.172

Naturalmente, com o desenvolvimento de novas tecnologias, outros meios foram abrangidos no novo texto legal, que acrescentou expressões como sinais de satélite, fio, cabo ou outro condutor em decorrência das tecnologias. As alterações introduzidas devem-se muito às mudanças tecnológicas, que apresentam grandes preocupações às violações aos direitos autorais por meios eletrônicos; reflexo das possibilidades pelo emprego de novas tecnologias e por meio da internet, que começava sua expansão naquele momento.

Os avanços na lei para incluir as questões resultantes da revolução tecnológica para Cabral não foram satisfatórios, foram apenas parciais, considerando uma oportunidade perdida.173 Vieira Manso reconhece que é pelas tecnologias que o direito de autor se desenvolve, ou seja, tecnologias e direito de autor estão intimamente ligados na sociedade da informação, impingindo reflexões sobre ambos. 174

Diante disso, Ascensão faz uma análise do texto do projeto de lei. Seu estudo vale pelas críticas apontadas e serve para confrontá-las se foram acatadas ou simplesmente ignoradas ao texto final pelo legislador brasileiro. Para ilustração dos seus comentários, cita-se a crítica apontada ao art. 103, o qual trata da remuneração pela cópia privada. No seu entender, a permissão é muito restritiva, pois a cópia privada é livre, e não está relacionada ao direito de autor, assim como não deve originar uma compensação generalizada, com “repercussão inflacionista, que esconde um verdadeiro imposto para beneficiários particulares!”175

De outra parte, Santos se opõe a essa ideia afirmando que o

172

COSTA NETTO, José Carlos. O novo Regime legal brasileiro de direitos autorais. Revista da ABPI, Rio de Janeiro, n.o 30, set./out. 1997. p. 3-12.

173

CABRAL, Plínio. A nova lei de direitos autorais. 2. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1999. p. 27-28; p. 122.

174

VIEIRA MANSO, Eduardo. A informática e os direitos intelectuais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1985. p. 2.

175

ASCENSÃO, José de Oliveira. Breves observações ao projeto de substitutivo da Lei de Direitos Autorais. Revista Forense, Rio de Janeiro, v. 345, 1999. p. 65-73.

princípio não pode ser aplicado de forma absoluta; esse princípio era válido quando o uso privado não ameaçava a exploração normal da obra, portanto não causava prejuízos injustificados ao autor.176

Silveira também é incisivo, afirmando que a nova lei traz poucas diferenças à anterior e que não passa de uma lei meramente empresarial, como se tivesse sido reescrita, projetada num espelho.177

José Afonso da Silva destaca que a lei, na sua essência, é relevante para a proteção da cultura pela ampliação dada, saindo da esfera da proteção de obras literárias, adicionando a proteção às obras culturais de todo gênero.178

Vale destacar que o Brasil sofreu pressões estrangeiras para elaborar uma nova lei, que, segundo Carboni, teve a intenção de colocar o país na rota da globalização. Entretanto, há ressalvas, entre as quais, que a lei nasceu atrasada com relação à realidade tecnológica do momento, pois tentou aplicar para as obras digitais os mesmos princípios que foram válidos e eficazes para as obras analógicas; seu entendimento é que tais princípios são incompatíveis.179

Há virtudes nessa lei como recepcionar direitos de acesso aos deficientes visuais. Mas essa lei, não obstante, como a anterior por ela revogada, não menciona bibliotecas ou instituições culturais em seu texto, como se não houvesse nenhuma implicância no funcionamento dessas instituições. Destaca-se que essa omissão não ocorria nas legislações de países vizinhos.

6.2 DOS CÓDIGOS

O Código Criminal do Império do Brasil de 1830 tratou do delito de contrafação. Na edição desse Código, o Brasil ainda não dispunha de uma lei de

176

SANTOS, Manoel J. Pereira dos. O futuro do uso privado no direito autoral. Revista de Direito Autoral, São Paulo, v. 1, n.o 2, fev., 2005. p. 47.

177

SILVEIRA, Newton. Comentários à nova lei de direito autoral n.o 9.610, de 19/2/98. Revista da ABPI, Rio de Janeiro, n.o 31, nov./dez. 1997. p. 35.

178

SILVA, José Afonso da Silva. Ordenação constitucional da Cultura. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 175.

179

CARBONI, Guilherme Capinzaiki. O Direito de autor na multimídia. 2001. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. f. 34.

direito autoral. A primeira lei propriamente dita surge em 1898, portanto, antes de uma lei específica, o legislafor pensou na proteção contra a contrafação.

O Código Civil de 1916 estabeleceu a proteção dos direitos autorais sessenta anos após a morte do autor, e, no Capítulo VI, cuidou da propriedade literária, científica e artística. O direito de exclusividade do autor foi recepcionado no art. 649.

6.2.1 Do Código Criminal de 1830

O primeiro Código Criminal do Império do Brasil é de 16 de dezembro de 1830180, que instituiu e determinou que o delito de contrafação fosse punido com a perda de todos os exemplares. O que estava protegido no art. 261 era a contrafação ou a reprodução não autorizada e, desse modo, tal artigo tratou da matéria fixando penas para aqueles que se apropriassem indevidamente de criação alheia.

Esse artigo era apenas o que existia para reprimir a contrafação, em razão de um Código com disposições lacônicas.181 Quanto aos dispositivos referentes à contrafação no Código Penal de 1891, Martins tece críticas à imperfeição dos preceitos e à deficiência do assunto.182 Mas o que parece mais curioso é a sequência do seu comentário, criticando a “extravagância jurídica”, isto é, ser considerada crime a violação de um direito, o qual ainda não fazia parte do patrimônio social, por força de lei específica. A crítica se dá em razão de o Código ser de 1830, e a primeira Lei de Direitos Autorais somente ter sido promulgada em agosto de 1898. Outros artigos interessantes são os de números 303 a 307, os quais tratam de impressão.

De outro modo, Bittar apresenta uma visão positiva do Código como de extrema vanguarda, protegendo a sociedade contra delitos de aspectos morais e

180

BRASIL. Lei de 16 de dezembro de 1830. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/lim-16-12-1830.htm>. Acesso em: 14 out. 2015.

181

MARTINS, Samuel. Direito autoral, seu conceito, sua história e sua legislação entre nós. Recife: Livraria Francesa, 1906. p. 23.

182

MARTINS, Samuel. Direito autoral, seu conceito, sua história e sua legislação entre nós. Recife: Livraria Francesa, 1906. p. 29.

patrimoniais de autor.183 Cabral considera o texto pioneiro, pois precede a Convenção de Berna, que é de 1886, além de servir de base para outros países.184 Carboni também menciona que foi um texto pioneiro na América Latina.185

Sobre mecanismos de proteção na atualidade, para Rocha Filho, apesar de a opinião de alguns juristas brasileiros ser a de que a norma vigente é suficiente para dirimir controvérsias em relação a tais violações, na abordagem do Direito Penal, a legislação não protege a maior parte desses atos, o que impediria medidas coercitivas.186

6.2.2 Código Civil de 1916

O Código de Clóvis Bevilaqua tratou, no Capítulo VI, da propriedade literária, científica e artística. No art. 649, que abre o capítulo, define: “Ao autor de obra literária, científica, ou artística pertence o direito exclusivo de reproduzi-la”. O § 1.º, que estabeleceu o tempo de proteção, difere do prazo adotado pela Lei n.o 9.610/98. No CC/1916, era de sessenta anos, a contar do dia do falecimento do autor. Cabe lembrar que – não em relação ao CC/1916, mas em relação à Lei n.o 5.988/73 – a proteção poderia ser mais longa do que o texto atual (em razão da possibilidade de gozar vitaliciamente dos direitos patrimoniais de autor) e que isso também ocorreu na Lei n.o 5.988/73.

A licença compulsória foi prevista no art. 660: “A União e os Estados poderão desapropriar por utilidade pública, mediante indenização prévia, qualquer obra publicada, cujo dono a não quiser reeditar”.

183

BITTAR, Carlos Alberto. Contornos atuais do direito do autor. 2 ed. rev. Atual. e ampl. de conformidade com a Lei n.o 9.610/98, por Eduardo Carlos Bianca Bittar. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. p. 90-92.

184

CABRAL, Plínio. Revolução tecnológica e direito autoral. Porto Alegre: Sagra Luzatto, 1998. p. 36.

185

CARBONI, Guilherme Capinzaiki. O Direito de autor na multimídia. 2001. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. f. 27.

186

ROCHA FILHO, Valdir de Oliveira. Violação de direitos de propriedade intelectual através da internet. In: ROCHA FILHO, Valdir de Oliveira (Coord.). O direito e a Internet. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002. p. 182-183.

O art. 666/1916 tratou das limitações do direito de autor. Os incisos I e V autorizam as citações bibliográficas nos casos de pesquisa científica, quando, por meio de um conhecimento, se cria um novo. As bibliotecas atuam fortemente para que a indicação de origem da citação seja mencionada apropriadamente, como será mencionado neste trabalho. O art. 666/1916 do Código Civil incluiu limitação de direito de cópia, à época; essa limitação estava prevista no inciso VI. O meio mais viável para a reprodução era a cópia manuscrita. Dada a época da publicação, a reprodução é autorizada, desde que feita à mão.

No hiato de 1916 aos tempos atuais, houve muitas mudanças. As tecnologias amplamente acessíveis revolucionaram a cópia privada. Naquela época, com equipamentos rudimentares, a cópia era realizada com muita dificuldade; as máquinas de escrever, talvez, fossem o que de mais moderno existiam. Nesse cenário, as cópias privadas não despertavam impacto nas discussões dos direitos patrimoniais. E, como o propósito da cópia privada é o de que não se destine à venda, o assunto passou por um período de certa tranquilidade.

7 DIREITOS AUTORAIS NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS

A menção dos direitos autorais nas Constituições nacionais foi, na maioria das vezes, bastante tímida. Muito diferente do atribuído ao mesmo assunto nas Constituições portuguesas, que incluiu os direitos intelectuais como um direito fundamental em vários textos constitucionais.187 Nas Constituições brasileiras pode-se observar tratamento igualitário no assunto de direitos autorais entre os nacionais e estrangeiros, a partir da Constituição de 1891. Todavia, o maior avanço está representado na Constituição de 1988, quando os direitos autorais foram incluídos no art. 5.º – Direitos e Garantias Fundamentais, acolhendo o mesmo preceito consagrado no art. 27 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.