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17.1. EM QUE CONSISTE O DPVAT?

O DPVAT é um seguro obrigatório contra danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas, transportadas ou não.

Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos pessoais causados por um veículo automotor, ou por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber a indenização do DPVAT. Isso abrange os motoristas, os passageiros, os pedestres ou, em caso de morte, os seus respectivos herdeiros.

Ex.: dois carros colidem e, em decorrência da batida, acertam também um pedestre que passava no local.

No carro 1, havia apenas o motorista. No carro 2, havia o motorista e mais um passageiro. Os dois motoristas morreram. O passageiro do carro 2 e o pedestre ficaram inválidos. Os herdeiros dos motoristas receberão indenização de DPVAT no valor correspondente à morte. O passageiro do carro 2 e o pedestre receberão indenização de DPVAT por invalidez.

CS – CIVIL II 2020.1 146 Para receber indenização, não importa quem foi o culpado. Ainda que o carro 2 tenha sido o culpado, os herdeiros dos motoristas, o passageiro e o pedestre sobreviventes receberão a indenização normalmente.

O DPVAT não paga indenização por prejuízos decorrentes de danos patrimoniais, somente danos pessoais.

17.2. QUEM CUSTEIA AS INDENIZAÇÕES PAGAS PELO DPVAT?

Os proprietários de veículos automotores. Trata-se de um seguro obrigatório. Assim, sempre que o proprietário do veículo paga o IPVA, está pagando também, na mesma guia, um valor cobrado a título de DPVAT.

O STJ afirma que a natureza jurídica do DPVAT é a de um contrato legal, de cunho social. O DPVAT é regulamentado pela Lei nº 6.194/74.

17.3. VALOR DA INDENIZAÇÃO DO DPVAT

Qual é o valor da indenização de DPVAT prevista na Lei? no caso de morte: R$ 13.500,00 (por vítima)

no caso de invalidez permanente: até R$ 13.500,00 (por vítima)

no caso de despesas de assistência médica e suplementares: até R$ 2.700,00 como reembolso à cada vítima.

Como a indenização por invalidez é de até R$ 13.500,00, entende-se que esse valor deverá ser proporcional ao grau da invalidez permanente apurada. Nesse sentido, existe um enunciado do STJ:

Súmula 474-STJ: A indenização do seguro DPVAT, em caso de invalidez parcial do beneficiário, será paga de forma proporcional ao grau da invalidez.

17.4. AÇÕES DE COBRANÇA ENVOLVENDO O SEGURO DPVAT

Caso a pessoa beneficiária do DPVAT não receba a indenização ou não concorde com o valor pago pela seguradora, ela poderá buscar auxílio do Poder Judiciário?

Sim. A pessoa poderá ajuizar uma ação de cobrança contra a seguradora objetivando a indenização decorrente de DPVAT.

Contra quem essa ação é proposta?

Contra a Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT.

O Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP determinou que fossem constituídos consórcios de seguros privados para administrar o pagamento do seguro DPVAT, sendo esses comandados por uma seguradora líder (Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT).

CS – CIVIL II 2020.1 147 A Seguradora Líder-DPVAT é uma companhia de capital nacional, constituída por seguradoras que participam dos dois consórcios.

As seguradoras consorciadas são responsáveis pela garantia das indenizações, prestando, também, atendimento a eventuais dúvidas dos usuários. No entanto, em demandas administrativas ou judiciais, elas são representadas pela Seguradora Líder-DPVAT.

17.5. PRAZO PRESCRICIONAL NA AÇÃO COBRANDO A INDENIZAÇÃO DO DPVAT

Qual é o prazo que o beneficiário possui para ajuizar ação cobrando da seguradora a indenização do DPVAT que não lhe foi paga?

A ação de cobrança do seguro obrigatório DPVAT prescreve em 3 anos ( art. 206, § 3º, IX, do CC). Qual é o termo inicial do prazo prescricional?

O termo inicial do prazo prescricional é a data em que o segurado teve ciência inequívoca do caráter permanente da invalidez ou da morte.

Súmula 573-STJ: Nas ações de indenização decorrente de seguro DPVAT, a ciência inequívoca do caráter permanente da invalidez, para fins de contagem do prazo prescricional, depende de laudo médico, exceto nos casos de invalidez permanente notória ou naqueles em que o conhecimento anterior resulte comprovado na fase de instrução.

Em regra, a pessoa somente tem ciência inequívoca da invalidez permanente com o laudo médico que atesta essa situação. Assim, em regra, o termo inicial do prazo é a data do laudo.

Exceção: nos casos de invalidez permanente notória ou naqueles em que o conhecimento anterior resulte comprovado na fase de instrução, a ciência inequívoca da invalidez não depende de laudo médico.

17.6. PRAZO PRESCRICIONAL NA AÇÃO COBRANDO A COMPLEMENTAÇÃO DA INDENIZAÇÃO DO DPVAT

E se o beneficiário recebeu apenas uma parte do seguro, mas não concorda com o valor e quer o pagamento do restante? Ex: sofreu invalidez permanente, recebeu R$ 10 mil, mas acha que tem direito a R$ 13.500,00. Qual é o prazo neste caso?

O prazo de prescrição para o recebimento da complementação do seguro DPVAT também é trienal. Não há motivo para que o prazo da ação pedindo o complemento seja diferente daquele previsto para que se pleiteie o todo (STJ. 4ª Turma. REsp 1220068/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 06/12/2011).

Qual é o termo inicial do prazo prescricional?

O prazo prescricional começa no dia que foi realizado o pagamento administrativo que o beneficiário considera que tenha sido menor que o devido. STJ. 2ª Seção. REsp 1.418.347-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 8/4/2015 (recurso repetitivo) (Info 559).

17.7. PRAZO PRESCRICIONAL DURANTE A TRAMITAÇÃO ADMINISTRATIVA DO PEDIDO DO DPVAT

CS – CIVIL II 2020.1 148 Como vimos acima, o prazo prescricional para que a pessoa cobre o seguro DPVAT começa na data em que o segurado teve ciência inequívoca do caráter permanente da invalidez.

Imaginemos que a vítima soube, no dia 02/02, que ficou inválida permanentemente em razão do acidente de trânsito. Este é o termo inicial para cobrar a indenização. Ela faz o requerimento administrativo na seguradora no dia 02/03. A seguradora demora um mês para analisar o pedido. Durante esse período de tramitação administrativa, o prazo prescricional fica suspenso, conforme prevê enunciado do STJ:

Súmula 229-STJ: O pedido do pagamento de indenização à seguradora suspende o prazo de prescrição até que o segurado tenha ciência da decisão.

Depois que a seguradora informar ao beneficiário o resultado do seu pedido, podemos imaginar duas situações:

1) O pedido foi indeferido: neste caso, o prazo prescricional (que estava suspenso) volta a correr. Não há interrupção, mas simples retorno do curso do prazo prescricional. Isso significa que o beneficiário já perdeu uma parte do prazo, ou seja, o tempo que transcorreu entre a data da ciência da invalidez e a entrada do requerimento administrativo.

2) O pedido foi acolhido, mas a indenização paga não foi no valor máximo: neste caso, entende- se que houve interrupção do prazo prescricional para se postular a indenização integral. Em outras palavras, a partir do dia em que seguradora aceitou pagar parcialmente o valor da indenização surge o prazo de 3 anos para que o beneficiário ajuíze ação pleiteando a complementação do valor.

17.8. FORO COMPETENTE

Súmula 540-STJ: Na ação de cobrança do seguro DPVAT, constitui faculdade do autor escolher entre os foros do seu domicílio, do local do acidente ou ainda do domicílio do réu.

17.9. MINISTÉRIO PÚBLICO

O plenário do STF decidiu que o MP tem legitimidade para defender os contratantes do seguro obrigatório DPVAT.