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O Homem e suas Ferramentas

4. E RGONOMIA , D ESIGN E AS FERRAMENTAS LÍTICAS

A part ir da declaração de Leakey ( 1996) que por volt a de 1,4 m ilhão anos o hom em com eça a desenvolver um m odelo m ent al do que desej avam produzir , que im punham int encionalm ent e um a for m a à m at ér ia pr im a que ut ilizavam é possível afirm ar que est es est avam em pregando cr it ér ios er gonôm icos em suas fer ram ent as com o obj et ivo de facilit ar seu t rabalho cot idiano. Tal hipót ese cor robora com o Meirelles ( 1991 apud THERRI EN; LOI OLA, 2001) , Sander s e McCorm ick ( 1993) , Vidal ( 2000) e I ida ( 2005) que afirm am t er a ergonom ia sua or igem com os hom ens pré- hist ór icos, quando est es sent iram a necessidade de adapt ar a nat ureza aos seus hábit os, ou sej a, est á relacionada à cr iação das prim eiras fer r am ent as pelo hom em ,

ist o é, quando ele sent e a necessidade de adapt ar inst rum ent os para facilit ar suas tarefas cotidianas. Moraes e Mont’Alvão (2000) salientam que desde as civilizações ant igas o hom em buscou aper feiçoar as fer ram ent as, inst rum ent os e ut ensílios que ut iliza em suas at iv idades cot idianas de m odo a proporcionar m ais confort o na ut ilização. A Figura 22 exem plifica a afirm ação das aut or as.

FI GURA 22 – Ex em plo de pega de inst r um ent o lít ico br asileir o ( ent r e 11.000 e 14.000 anos) . Adapt ado de fot o: Robson Rodr igues.

Iida (2005 p.03) supõe que provavelmente o início da ergonomia se dá “[...] com o prim eiro hom em pré- hist órico que escolheu um a pedra de for m at o que m elhor se adapt ava à for m a e m ovim ent os de sua m ão, para usá-la como arma”.

Meirelles ( 1991 apud THERRI EN; LOI OLA, 2001) explica que há indícios de preocupações com aspect os er gonôm icos desde o paleolít ico super ior e que os art efat os ut ilizados para o t rabalho for am gradat ivam ent e se especializando ao uso e m anuseio e se m iniat urizando, dem onst rando assim a necessidade da adequação de obj et os ao uso produt ivo por m eios de um a for m a especializada e um t am anho condizent e a um uso e m anuseio m ais confor t ável e facilit ado.

Laville ( 1977) salient a que não exist e um a hist ór ia propr iam ent e dit a da er gonom ia e o aut or concor da que est a se relaciona à criação das pr im eiras fer ram ent as pelo hom em .

Por t ant o, os hom ens pré- hist óricos ut ilizaram conceit os de er gonom ia quando confeccionaram as prim eiras ferram ent as e ut ensílios buscando um a for m a m ais

confor t ável, segura e eficaz de realizar suas at iv idades cot idianas. Childe ( 1973 p.10) afirm a que o hom em conseguiu sobrev iver e m ult iplicar -se “principalmente pelo aper feiçoam ent o de seu equipam ent o [ ...] é, sobret udo por m eio do equipam ent o que o hom em at ua sobre o m undo ext er ior e reage em função dele, obt ém sust ent o e escapa aos per igos – em linguagem t écnica, adapt a- se ao m eio ou m esm o aj ust a o meio às suas necessidades”.

Hoelt z ( 2007) dest aca a im por t ância da área preensiva de um art efat o pré- hist ór ico quando afir m a que é est a área que per m it e ao inst rum ent o funcionar e ainda salient a que pode at é se sobrepor à área t ransfor m at iva.

Lem es ( 2008) ressalt a que os inst rum ent os pré- hist óricos er am confeccionados e ut ilizados pelas m ãos, por t ant o a invest igação er gonôm ica da relação ent re as m ãos e est as fer ram ent as se t or na m uit o im por t ant e.

A Ergonom ia é definida por Laville ( 1977) com o o conj unt o de conhecim ent os a respeit o do desenvolv im ent o do hom em em at iv idade com o obj et ivo de aplicá- los na concepção de t arefas, inst rum ent os, m áquinas e sist em as de produção. O t er m o er gonom ia é der ivado das palav ras gregas ergon ( t rabalho) e nomos ( r egras) . Os aut or es Dul e Weerdem eest er, ( 1993) , afir m am que a er gonom ia se aplica a proj et os para m elhorar a segurança, saúde, confor t o e eficiência no t rabalho.

Ou sej a, a er gonom ia t em por obj et ivo a adequação de processos e produt os aos lim it es, capacidade e anseios hum anos.

A Ergonom ia é um a das ciências, se não a única, com dat a exat a de seu surgim ent o – 12 de j ulho de 1949 – por ém , os acont ecim ent os que precedem o surgim ent o oficial dest a são at é hoj e pouco explor ados.

A pré- hist ória da er gonom ia est á diret am ent e relacionada com o desenvolv im ent o de fer ram ent as pelo ser hum ano, est ando relacionada com as fer ram ent as pré- hist óricas.

Com o sabem os a debilidade em relação à nat ureza e a necessidade de sobrevivência for am os principais m ot ivos para o ser hum ano t er iniciado a ut ilização e fabricação de fer ram ent as. Childe ( 1975) afirm a que o aparecim ent o do hom em na Ter ra é indicado por t ais fer ram ent as e que est es necessit avam de inst rum ent os par a suplem ent ar as deficiências de seu equipam ent o hum ano fisiológico na obt enção de alim ent o e abrigo. Out ro aut or que com part ilha das idéias de Childe é Löbach ( 2000) que assegura que, sendo o hom em desprovido de ór gãos especializados para sobreviver, t eve de m odificar com sua int eligência as condições nat urais encont radas idealizando fer ram ent as que for t alecessem suas apt idões nat urais.

Quando est udam os a pré- hist ór ia, os dados e t ext os nos falt am . A pr incipal fer ram ent a que nos per m it e acesso a esse passado é a Ar queologia, sendo im por t ant e dest acar que a cult ur a m at er ial hum ana é o principal obj et o de análise dest a ciência.

A Ergonom ia, com seu carát er m ult idisciplinar, pode unir seus conhecim ent os com os da Ar queologia per m it indo invest igar e com preender quais cr it ér ios os hom ens pré- hist óricos ut ilizav am inconscient em ent e para produzir suas fer ram ent as e, assim , escrever um a part e im por t ant e da Ergonom ia que, no Brasil, at é ent ão não foi pesquisada.

Aut or es com o Viana ( 2005) e Lem es ( 2007) j ust ificam a invest igação de t ais infor m ações quando afirm am que os inst rum ent os lít icos pré- hist ór icos são peças confeccionadas art esanalm ent e pelo hom em e ut ilizadas pelas m ãos, nest e sent ido dest acando a im por t ância da invest igação er gonôm ica das m ãos nos inst rum ent os pré- hist óricos. Os aut or es ainda ressalt am que aspect os er gonôm icos er am por t ant es t ant o no m om ent o de fazer o inst rum ent o com o no de oper á- lo.

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