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Análise ergonômica de instrumentos líticos pré-históricos brasileiros: uma contribuição para a história da ergonomia

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(1)

U N I V E R S I D A D E E S T A D U A L P A U L I S T A

FACULDADE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN

Mariana Menin

ANÁLISE ERGONÔMICA DE INSTRUMENTOS

LÍTICOS PRÉ-HISTÓRICOS BRASILEIROS:

UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A HISTÓRIA DA ERGONOMIA

(2)

Mariana Menin

ANÁLISE ERGONÔMICA DE INSTRUMENTOS

LÍTICOS PRÉ-HISTÓRICOS BRASILEIROS:

UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A HISTÓRIA DA ERGONOMIA

Tese de Dout or ado apresent ada ao Program a de Pós- Graduação em Design ( área de concent ração: Desenho do Produt o; linha de pesquisa: Ergonom ia) , da Faculdade de Ar quit et ura, Ar t es e Com unicação da Univer sidade Est adual Paulist a “Julio de Mesquita Filho”, campus de Bauru, como exigência para a obt enção do t ít ulo de Dout or .

Or ient ador: Prof. Dr. José Carlos Plácido da Silva

Co- or ient ador : Prof. Dr. Luis Carlos Paschoarelli

(3)

Menin, Mariana.

Análise Ergonômica de Instrumentos Líticos Pré-Históricos: uma Contribuição para a História da Ergonomia / Mariana Menin, 2014

109 f. : il.

Orientador: José Carlos Plácido da Silva

Tese (Doutorado)–Universidade Estadual

Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Bauru, 2014

1. Ergonomia. 2. Artefatos Líticos. 3. Arqueologia. I. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de

(4)

Banca de Avaliação

________________________________

Prof. Dr . José Carlos Plácido da Silva Program a de Pós- Graduação em Design – FAAC – UNESP/ Bauru

________________________________

Profa. Dr a. Paula da Cruz Landim Program a de Pós- Graduação em Design – FAAC – UNESP/ Bauru

________________________________

Prof. Dr. João Guarnet t i dos Sant os Faculdade de Engenharia – FEB – UNESP/ Baur u

________________________________

Prof. Dr . Paulo Kaw auchi Universidade de Marília – UNI MAR

________________________________

Prof. Dr . Robson Rodrigues

(5)
(6)

Agradecimentos

Agradeço prim eiram ent e a Deus por ilum inar m eu cam inho.

Aos m eus pais, irm ãs e irm ão que especialm ent e m e apoiaram e incent ivar am nest a

j or nada.

Ao m eu or ient ador Pr of. Dr . José Carlos Plácido da Silva pela confiança e dedicação,

que m uit o cont r ibuíram para m eu cr escim ent o pessoal e acadêm ico.

Aos professor es e funcionár ios do Program a de Pós- Graduação em Design pela

com pet ência e dedicação.

Aos Museus que for necer am as peças para est e est udo, em especial aos seus

diret or es Dr . Robson Rodrigues, Profa. Dr Rut h Künzli e Guilherm e Valent e.

Aos am igos do Labor at ório de Ergonom ia e I nt erfaces, sem os quais não ser ia possível

realizar est e t rabalho.

Ao m eu nam or ado pela paciência e aj uda.

Aos m eus am igos, pr esent es em t odos os m om ent os, pelo car inho e com preensão.

À CAPES ( Coordenação de Aper feiçoam ent o de Pessoal de Nível Super iro) que e

financiou est e proj et o.

E a m uit os out ros que diret a ou indiret am ent e colabor aram com esse t rabalho.

A t odos m eus sinceros agradecim ent os.

(7)

Resum o

A Ergonom ia é um a das ciências, se não a única, com dat a exat a de seu surgim ent o –

12 de j ulho de 1949. No Brasil est a ciência t em pouco m ais de 30 anos. A hist ór ia da

Ergonom ia, ou sej a, t odo o per íodo post erior à sua dat a de nascim ent o vem sendo

m uit o est udada no Brasil e no m undo. Por ém o que precede essa hist ór ia, o que

podemos chamar de “pré-história” da Ergonomia, até hoje foi pouco debatida. Para

vár ios aut or es o início dest a est á relacionado à cr iação das pr im eiras fer ram ent as pelo

Hom em , ou sej a, quando o Hom em prim it ivo sent e a necessidade de adapt ar

inst rum ent os para facilit ar suas t arefas cot idianas. Assim , a Ar queologia – ciência que

est uda do passado do hom em at ravés de rest os m at eriais de suas at iv idades, pode

ser um a im por t ant e fer ram ent a para invest igação dest a hipót ese e para a

com preensão dos cr it ér ios que o hom em j á busca de confor t o, segurança e facilidade

na const rução de suas fer ram ent as. O obj et ivo dest a t ese é a análise de fer ram ent as

de pedra lascada desenvolv idas pelos Hom ens pré- hist ór icos, avaliando

principalm ent e as pega/ em punhaduras de seus inst rum ent os, sendo possív el

apresent ar dados e infor m ações para a cont ext ualização da hist ór ia da er gonom ia no

Brasil. For am ut ilizados com o obj et os de est udo art efat os lít icos do CEMAARQ da

UNESP de President e Prudent e ( SP) , do Museu de Ar queologia e Paleont ologia de

Ar araquara ( SP) e do Museu Municipal de Jahu ( SP) . As peças arqueológicas

escolhidas for am m oldadas com m ist ura de bor racha líqu ida de poliuret ano, m olde de

silicone. Com o auxílio dos m oldes os inst rum ent os arqueológicos for am reproduzidos

– de m aneira fiel com relação ao peso e cor - em resina de poliést er e cargas ( areia e m icr o esfer as de fer ro fundido) . Após a reprodução, as pegas/ em punhaduras for am

analisadas. O m ét odo ut ilizado para a avaliação do t ipo de preensão foi o em prego de

luvas dot adas de sensores FSRs que regist ram as cargas durant e a sim ulação de

possíveis at iv idades r ealizadas com inst rum ent os lít icos.

(8)

Abstract

Ergonomics is a science, if not the only one, with the exact date of its appearance - July 12, 1949. In Brazil, this science is just a little more than 30 years of age. The

history of Ergonomics − i.e. the entire period following its date of birth − has been

extensively studied in Brazil and worldwide. But what precedes this history, which we may call the "pre-history" of Ergonomics, has been little debated until now. For many authors, the beginning of this relates to the creation of the first Man-made tools, i.e. when primitive man feels the need to adapt tools to facilitate their everyday tasks. Thus, Archeology - the science that studies Man's past through material remains of their activities, can be an important tool for investigating this hypothesis and to understand the criteria that man already sought like comfort, safety and ease of construction of their tools. The aim of this thesis is the analysis of chipped stone tools developed by prehistoric men, specially evaluating the grips/handles of their tools, being possible to provide data and information to contextualize the history of Ergonomics in Brazil. Lithic artifacts from the CEMAARQ of the UNESP of Presidente Prudente (SP), from the Museum the Archaeology and Paleontology of Araraquara (SP) and from the Municipal Museum of Jahu (SP) were used as objects of study. The archaeological pieces chosen were molded using a mixture of polyurethane liquid rubber (silicone mold). With the aid of the molds, the archaeological tools were reproduced accurately - regarding weight and color - in polyester resin and an addition of sand and micro spheres of iron). After the reproduction of the pieces, the grips/handles were analyzed. The method used for assessing the type of grip was the use of gloves equipped with FSRs sensors, which record the loads during the simulation of possible activities performed with lithic tools.

(9)

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Escala de Tem po ... 21

Figura 2 – Taxonom ia do Pr im at as... 22

Figura 3 – Deslocam ent o Nodopedálico. ... 23

Figura 4 – Exem plos de Bipedalism o Tem por ário. ... 25

Figura 5 – Adapt ações Anat ôm icas para a Bipedia.. ... 27

Figura 6 – Adapt ação do Australoptecus à Arbor ealidade e ao Bipedism o. ... 30

Figura 7 – Evolução Hum ana. ... 31

Figura 8 – I m agens do Crânio de Homo Sapiens e suas Possíveis Caract erist icas. .... 35

Figura 9 – Rot as do Ser Hum ano ... 37

Figura 10 – Mapa do Brasil com as Dat as das Ocupações por Região. ... 38

Figura 11 – Com paração da Mão de um Chim panzé e a Mão Hum nana. ... 43

Figura 12 - Tipos de Preensão A – Preensão de For ça e B – Preensão de Precisão. ... 44

Figura 13 - Desenvolv im ent o Técnico do Hom em ... 47

Figura 14: A – Talhador da Nova Guiné ( 1990) , B – Talhador es da Nova Guiné Modelando Lascas. ... 49

Figura 15 - Exem plo de Fer ram ent as da I ndúst ria Olduvaiense. ... 51

Figura 16 - - Exem plo de Fer ram ent as da I ndúst ria Achuelense. ... 52

Figura 17: I nst rum ent os de Pedra. ... 53

Figura 18: Exem plo de Fer ram ent as da I ndúst ria Moust eriense ... 54

Figura 19 - Exem plo de Fer ram ent as da I ndúst ria Um bu. ... 55

Figura 20 - Exem plo de Fer ram ent as da I ndúst ria Hum ait á ... 56

Figura 21 – Exem plos de Peças da Tradição I t aparica. ... 57

Figura 22 – Exem plo de Pega de I nst rum ent o Lít ico Brasileiro ... 58

Figura 23: Est udo de Preensão de Art efat os Lít icos. ... 63

Figura 24: Luva Dot ada de Sensor es ... 64

Figura 25: Sensor Fsr e suas Dim ensões ... 64

Figura 26: Soft ware Sadbio ... 65

Figura 27– Mat er iais Ut ilizados. ... 66

Figura 28 - Luvas com Sensor es Fsr para Avaliação de Pont os de Concent ração de Pressão. ... 67

Figura 29 – Museu Municipal De Jahu - Peça ( A) MMJ 2007.011; ( B) JHS 03; ( C) MMJ; ( D) MMJ 2007.001. ... 68

Figura 30 - Cem aarq - Peça ( E) St m 456; ( F) Crg 152; ( G) St f 006.. ... 69

(10)

Figura 32 –Alguns Ex em plares dos Moldes de Silicone Confeccionados ... 71

Figura 33 - Et apas Da Execução Dos Moldes Bipart idos ... 73

Figura 34– Reprodução em Resina de Poliést er com Difer ent es Cargas. ... 74

Figura 35: I m agem do Procedim ent o de Análise com o Uso da Luva ... 78

(11)

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Pr inicpais Hom inídeos ... 28

Tabela 2 – Est im at iv a de peso e est at ur a de alguns Aust ralopit hecus e Parant hropus em relação ao Hom o ... 29

Tabela 3 – Capacidade Craniana de alguns hom iníneos ... 33

Tabela 4 - Com paração ent re os pesos das peças or iginais e as r eproduções... ...75

Tabela 5 – Tabela de elem ent os para cálculo de m at eriais ... 77

Tabela 6 – Dados Colet ados pelos Sensores ... 79

Tabela 7 - Result ado dos sensores para a Peça A ... 84

Tabela 8: Result ado dos sensor es para a Peça B ... 85

Tabela 9: Result ado dos sensor es para a Peça C ... 86

Tabela 10: Result ado dos sensores para a Peça D ... 87

Tabela 11: Result ado dos sensores para a Peça E ... 88

Tabela 12: Result ado dos sensores para a Peça F ... 89

Tabela 13: Result ado dos sensores para a Peça G ... 90

Tabela 14: Result ado dos sensores para a Peça H ... 91

(12)

ÍNDICE

I NTRODUÇÃO ... 15

OBJETI VOS ... 19

1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRI CA ... 21

1.1 Evolução Hum ana ...21

1.1.1.Adapt ação das Novas Espécies e a Origem do Hom em ...22

1.1.2. Processo de Savanização Afr icana ...24

1.1.4 Bipedism o ...25

1.1.5 As Mudanças Físicas nas Difer ent es Espécies Hom iníneas ...27

1.1.6 A Evolução Cer ebral e seus Processos Cognit ivos ...32

1.1.7 Hom o Sapiens ...34

1.2 A Ex pansão Hum ana. ...36

1.2.1 Or igem do Hom em na Am ér ica ...36

1.2.2 Or igem do Hom em no Brasil ...37

1.2.3 Região Sudest e do Brasil...39

2.A I MPORTÂNCI A DA MÃO ... 42

2.1 O Hom em e a Manipulação de Obj et os ...43

3.O HOMEM E SUAS FERRAMENTAS ... 46

3.1 I ndúst r ias Lít icas ...50

3.1.2 I ndúst r ias Lít icas Brasileiras ...55

4.ERGONOMI A, DESI GN E AS FERRAMENTAS LÍ TI CAS ... 57

5.MATERI AI S E MÉTODOS ... 62

5.1 Procedim ent os ...62

5.2 Mét odos ...62

5.2.1. Luva Com Sensor es ...62

5.2.1 Mat eriais ...66

5.2 Suj eit o ...67

5.3 Am ost ra ...67

5.4 Modelagem das Peças ...71

5.4.1 Moldagem em Silicone ...71

5.4.2 Modelagem em Resina ...74

5.4.3 Cálculos ...75

5.4.4 Pré- Test e ...77

6.COLETA DE DADOS ... 81

(13)

8.CONCLUSÃO ... 95

9.REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS ... 97

(14)

I nt r odução

(15)

I NTRODUÇÃO

A hist ória da er gonom ia t em sido est udada m undialm ent e há aproxim adam ent e

60 anos. No Brasil, t ant o a er gonom ia, quant o a sua hist ória são est udadas há m ais

de 30 anos, onde podem os dest acar est udos de Mor aes ( 2004) e Soares ( 2004) .

Por ém , o que precede essa história, ou seja, a “pré-história” dessa ciência at é hoj e foi

pouco debat ida. Ent ret ant o, para vár ios aut or es o início da er gonom ia est á

relacionado à cr iação das prim eiras fer r am ent as pelo Hom em , ou sej a, quando o

Hom em pré- hist órico sent e a necessidade de adapt ar inst rum ent os para facilit ar suas

t arefas cot idianas. Assim a Ar queologia pode ser um a im por t ant e fer ram ent a par a

invest igação dest a hipót ese e para a com preensão dos cr it érios que o hom em j á

buscava de confor t o, segurança e facilidade na const rução de suas fer ram ent as.

Tendo em vist a a im por t ância da ar queologia nesse est udo, faz- se necessário

um a breve apresent ação sobre o t em a. Ar queologia é a ciência que est uda as cult uras

por m eio de aspect o m at erial, const ruindo suas int er pret ações at ravés de análises dos

art efat os ( GASPAR, 2004) . Para Funar i e Noelli ( 2006) , é um a ciência volt ada ao

est udo do m undo m at erial ligado à vida em sociedade. Os est udos m ais recent es

consider am - na um a ciência social, pois t ent a ex plicar grupos hum anos no passado e

seus processos de m udança cult ural ( FUNARI , 2006) . De m aneira sim plificada é

possível definir a arqueologia com o o est udo do passado do hom em at ravés de rest os

m at eriais de suas at iv idades ( CARVALHO, 2003) . Seus pr incipais obj et ivos são

proporcionar o conhecim ent o não só do subst rat o m at er ial e da hist ór ia da nossa

civ ilização, m as t am bém o de nós próprios e de caract eríst icas de nossa nat ureza

( CLARD, 1968) , com o t am bém o conhecim ent o da or igem e evolução da cult ura e dos

povos ( CARVALHO, 2003) . A arqueologia pré- hist órica, segundo Childe ( 1975) , est uda

com o o Hom em se t ornou hum ano pelo t rabalho e pelo desenvolv im ent o de seu

equipam ent o ext racor por al.

Ao longo das er as o Hom em evoluiu fisicam ent e e se espalhou pelos difer ent es

cont inent es, se adapt ando aos m ais diver sos am bient es e clim as. Childe ( 1975)

explica que a espécie hum ana não é fisiologicam ent e adapt ável a qualquer m eio físico,

est a adapt ação foi assegurada pelo desenvolv im ent o de equipam ent os ext racor pór eos

com o fer ram ent as, roupas e abrigos. Assim pode- se per ceber que a t raj et ór ia do

desenvolv im ent o desses obj et os inicia- se j unt o com a hist ória do próprio Hom em ,

quando est e buscou aliar confor t o, segurança, m anuseabilidade e facilidade na

const rução de suas ferram ent as para a realização de at iv idades cot idianas com caçar,

(16)

As prim eiras fer ram ent as er am const ruídas a part ir pedaços de m adeira, ossos

e pedra, levem ent e aguçados ou acom odados à m ão pela quebra ou lascagem .

Hesket t ( 2008) diz que, sem dúv ida, as fer ram ent as er am um a ext ensão das m ãos

com a finalidade de com plem ent ar ou reforçar habilidades, com o a for ça ou a sut ileza.

São vários os vest ígios arqueológicos ( m at eriais) encont rados e est udados no Brasil.

Segundo Prous ( 2006, p. 13) :

[ ...] os ossos hum anos inform am sobre idade, sex o, caract eríst icas

físicas individuais e t am bém de um t ipo de população, o t ipo de esforço

físico, doen ças ent r e out ros, j á os v est ígios de pequen os anim ais

inform am sobr e o am bient e local, dos anim ais caçados os hábit os

alim ent ares, dos v eget ais as t écnicas de colet a e cult ivo. Os grafism os

e as escult uras perm it em est udar o pensam ent o sim bólico das

populações pr é- hist óricas. Já os inst rum ent os de pedra – m ais

facilm ent e preser vados – com o t am bém de ossos e cerâm ica inform am

sobr e as t ecnologias de fabricação.

Os hum anos com eçaram a produzir e ut ilizar fer ram ent as de pedra, t am bém

cham adas de inst rum ent os lít icos, há cer ca de 2,5 m ilhões de anos. Nossos ancest rais

aprender am quais as pedras er am m ais adequadas à m anufat ura de fer ram ent as e

com o lascá- las cor ret am ent e.

Ao ut ilizar um inst rum ent o lít ico com o, por exem plo, um a fer ram ent a para

cor t ar seu alim ent o, com o um a faca, o hom em ut ilizou de m at éria pr im a do seu

am bient e nat ural e a for m at ou às suas necessidades. Por t ant o ut ilizou conceit os

básicos do design – design é a at iv idade de cr iar for m as ( HESKETT, 2008) –

j unt am ent e com conceit os básicos da er gonom ia – er gonom ia é o est udo da

adapt ação do t rabalho ao hom em . ( I I DA, 2005) .

Os inst rum ent os lít icos pré- hist óricos são dest inados ao m anuseio; nest e

sent ido, faz- se necessário dest acar a im port ância da invest igação er gonôm ica desses

inst rum ent os. Assim , a hipót ese propost a e est udada nest e t rabalho, é: Analisar

inst rum ent os de pedra lascada produzidos por hom ens pré- hist ór icos brasileiros,

especificam ent e do int erior do Est ado de São Paulo, pr incipalm ent e no que se refere à

confecção das pegas/ em punhaduras nest es inst rum ent os lít icos, por m eio da

associação da Ergonom ia e seus m ét odos e da Ar queologia. Pr et endendo- se, assim ,

iniciar invest igações sobre a er gonom ia “pré-histórica” no Brasil, t em a est e nunca

(17)

O Prim eiro capít ulo apresent a um breve hist ór ico da evolução hum ana e sua

expansão pelo m undo, finalizando com a chegada do hom em em nosso país.

O Segundo capít ulo dest aca a im por t ância das m ãos para o desenvolv im ent o

hum ano.

O t erceiro capít ulo abor da a t raj et ór ia da confecção de inst rum ent os lít icos,

t endo com o dest aque as fer ram ent as de pedra lascada que são os obj et os de est udo

dessa pesquisa.

No quart o capít ulo são cont ext ualizados a er gonom ia, o design e sua relação

com a arqueologia, m ais especificam ent e a relação dest es com as fer ram ent as lít icas.

No quint o capít ulo são apresent ados m at eriais, m ét odos e procedim ent os

ut ilizados para a realização da colet a de dados, post er ior m ent e apresent ada no sext o

capít ulo.

O sét im o capít ulo apresent a os result ados da colet a de dados por m eio de

t abelas e infográficos.

Por fim , no oit avo capít ulo apresent a- se um a discussão sobre as conclusões

encont radas durant e o desenvolv im ent o da pesquisa, além de t am bém apresent ar as

(18)

Objetivos

(19)

O

BJETI VOS

Quest ão de Pesquisa

Com o a Ergonom ia pode cont ribuir para ent ender as form as de em punhadura/ pegas

de fer ram ent as lít icas e o que o design dessas fer ram ent as influencia na t opologia das

difer ent es pegas?

Obj et ivo

Analisar fer ram ent as desenvolvidas pelos hom ens pré- hist ór icos, avaliando

principalm ent e as pega/ em punhaduras de seus inst rum ent os, sendo possív el

apresent ar dados e infor m ações para a cont ext ualização da hist ór ia da er gonom ia no

Brasil. Essa análise foi realizada por m eio da reprodução por m oldagem de art efat os

lít icos de coleções do Museu Municipal de Jahu da cidade de Jaú ( SP) , do Cent ro de

Museologia, Ant ropologia e Ar queologia ( CEMAARQ) da UNESP/ President e Prudent e

(20)

Fundamentação

Teórica

Raspador ( 10 m il anos) colet ado no Sit io Ouro Verde – PR

(21)

1.

FUNDAMENTAÇÃO

TEÓRICA

1.1

E

VOLUÇÃO HUMANA

O surgim ent o do Hom em na Ter ra e sua evolução são t em as im por t ant es para o

desenvolv im ent o dessa pesquisa. Na Figura 1 podem os observar as Eras, per íodos,

épocas e os principais acont ecim ent os de cada um a delas e assim , not ar que o

hom em aparece na Ter ra há um per íodo de t em po relat ivam ent e pequeno. Por ém ,

durant e sua t raj et ór ia de evolução o hom em evolui fisicam ent e, se espalha pelos

difer ent es cont inent es dom inando o am bient e em que vive e m odificando- o segundo

suas necessidades.

(22)

Quant o à evolução dos hom iníneos, podem os apresent á- la em quat ro et apas

( LEAKEY, 1996) :

A 1ª et apa foi a or igem da fam ília hum ana propr iam ent e dit a, isso ocorreu a

cer ca de 7 m ilhões de anos, quando espécies sem elhant es aos m acacos, por ém com

um m odo de locom oção bípede com eçaram a evoluir ; a 2ª et apa foi a da propagação

das espécies bípedes ( irradiação adapt at iv a) , ou sej a, ent re 7 e 2 m ilhões de anos

at rás difer ent es espécies de “macacos bípedes” evoluíram; a 3ª et apa foi a expansão

em t am anho do cér ebro, que coincide com a or igem do gênero Homo e a 4ª et apa foi a or igem dos hum anos m odernos ( equipados com linguagem , consciência, im aginação

art íst ica, e capacidade de desenvolvim ent o de inovações t ecnológicas)

1.1.1.

A

DAPTAÇÃO DAS NOVAS ESPÉCIES E A ORIGEM DO

H

OMEM

Som os o result ado de um processo nat ural de m odificação ao longo do t em po a

part ir de um grande sím io.

Nós, Hom ens, fazem os part e da or dem zoológica dos pr im at as ( BOURGUI GNON,

1990) , ( CHI LDE, 1975) , ( NEVES e PI LÓ, 2008) . Grupo est e que inclui t odos os

m acacos e sím ios ( Figura 2) .

FI GURA 2 – Taxonom ia dos Prim at as. Font e: Neves e Piló ( 20 08) .

A or dem dos prim at as surgiu há pelo m enos 55 m ilhões de anos. ( NEVES; PI LÓ,

2008) . Pr im at as são anim ais t ipicam ent e arbór eos, habit ant es de flor est as t ropicais e

sub- t ropicais, com m ãos e pés com habilidade de agarrar, unhas no lugar de gar ras,

alm ofadas nos dedos e visão est er eoscópica ( LEWI N, 1999) . I nclui- se na or dem dos

(23)

est er eoscópica, com por t am ent o com plexo, or ganização social, cr ia alt r icial e infância

prolongada ( NEVES; PI LÓ, 2008) .

Dent re os prim at as o Hom o Sapiens é a única espécie com am pla dist r ibuição

geográfica e t oler ância para var iações clim át icas.

A or dem dos prim at as se div ide em duas subor dens e um a delas é a

Ant hropoidea ou t am bém denom inada grupo dos ant ropóides. Est es er am anim ais que

viv iam em flor est as e ut ilizavam braços e per nas com o est rut ura de locom oção.

Dessa subor dem se originam duas infra- or dens onde encont ram os a Cat arrhini,

caract erizados por narinas próx im as um a da out ra, cauda curt a e não pênsil e

dent ição com 32 dent es ( com o os hum anos) . Neves e Piló ( 2008) explicam que dent ro

dessa infra- or dem encont ram - se dois subgrupos ( super fam ílias) , sendo um dos

m acacos propriam ent e dit os e um dos hom inóides.

Hom inóides são caract erizados pelo grande por t e, ausência de rabo e se

locom ovem por nodopedalia ou bipedia ( Figura 3) .

Essa super fam ília se div ide em 3 fam ílias, e nós e nossos ancest rais

per t encem os a fam ília dos Hom iníneos. A caract eríst ica pr incipal dest a fam ília é a

bipedia.

FI GURA 3 – Deslocam ent o nodopedálico. Font e:

ht t p: / / 2.bp.blogspot .com / _u64Yawvr wEs/ S6_XEGcI AlI / AAAAAAAAAHE/ bHv_sJVJ0UY/ s1600/ gor illa_bone_

(24)

1.1.2.

P

ROCESSO DE SAVANIZAÇÃO AFRICANA

O ber ço da hum anidade, segundo Leakey e Lewin ( 1981) , Leakey ( 1996) ,

Bourguignon ( 1990) e Klein ( 2002) , é a África – cor roborando com as t eor ias de

Darw in ( 1874) .

Lewin ( 1999) explica que há 20 m ilhões de anos o cont inent e africano er a

t opograficam ent e niv elado e cober t o de nort e a sul por flor est as t ropicais. Por volt a de

15 m ilhões anos um m ovim ent o t ect ônico produziu nest e local elevações que

chegaram a 2.000 m et ros de alt ura. O efeit o dessas m ont anhas foi lançar a part e

ocident al do cont inent e um clim a de chuvas escassas o que acarret ou a m udanças da

veget ação ant es exist ent e.

As épocas Miocênico e Pliocênico for am de cr escent e aridez na África, at ingindo

seu pont o m ais seco por volt a de 2,5 m ilhões de anos. E foi nesse per íodo que

ocorreram na África grandes m udanças paisagíst icas: onde ant es predom inavam

flor est as com frut os, brot os e sem ent es, com eçaram a ser cobert as por grandes

ext ensões de for m ação aber t a ( savanas) e deser t os com eçaram a se for m ar. A

redução de recursos veget ais facilm ent e digest íveis deve t er exer cido um a grande

pressão sobre os prim eiros hom iníneos. ( NEVES; PI LÓ, 2008) .

A flor est a foi sendo subst it uída por bosques aber t os e, post erior m ent e, por

past agens de savana ( LEWI N, 1999) e, nesse novo cont ext o am bient al, a necessidade

e capacidade de subir em árvor es t alvez t enham deixado de ser adapt at iva ( NEVES,

2006) .

Assim fez- se necessário um a t ransição adapt at iva para esse novo am bient e que

surgia.

Nest e novo cont ext o am bient al surgiram duas novas linhagens hom inídeas,

um a adapt ada à colet a e consum o de grandes quant idades de alim ent os veget ais e

baixa capacidade nut r icional e out ra que adot ou um a diet a carnívor a com suplem ent o

de recursos veget ais, sendo o 1º grupo do gêner o Parant hopus, que se ext inguiu por

volt a de 1,4 m ilhão de anos e o 2º grupo os denom inados Aust ralopit hecus. Esses

prim eiros hom iníneos carnívor os se aproveit avam de carniças deixadas pelos grandes

felinos ( NEVES; PI LÓ, 2008) .

Assim , as caract eríst icas cor por ais ar bor ícolas for am subst it uídas por

(25)

1.1.4

B

IPEDISMO

As principais caract eríst icas dos hom iníneos for am m odificação do aparat o

dent ário e a adoção da post ura e do andar er et o ( Leakey, 1996) . Sobre o bipedism o o

aut or revela que é um a m udança anat ôm ica enor m e e t ot al, pois ocorrer am

im por t ant es m odificações dos m em bros e t am bém nos ór gãos int er nos. E que, acim a

de t udo, a adoção do bipedism o é um a das alt erações anat ôm icas m ais not áveis que

se pode obser var na biologia evolut iv a.

O bipedism o, que t am bém pode ser cham ado de bipedia, bipedalia ou

locom oção er et a- ver t ical, é um a post ura de deslocam ent o bast ant e rara no m undo

anim al.

É com um alguns anim ais adot arem a posição de bipedalism o em carát er

t em por ário para a execução de algum a at iv idade, pr incipalm ent e os m acacos, m as

ger alm ent e a fazem em casos de necessidade. ( Figura 4) .

Mas, na or dem dos prim at as, som os os únicos a nos locom over em posição

ver t ical sust ent ada, explica Neves ( 2006) .

FI GURA 4 – Exem plos de Bipedalism o Tem por ár io. Font e:

HTTP: / / M1. PAPERBLOG. COM/ I / 57/ 575281/ LUCHA- COMO- ORI GEN- DEL- BI PEDI SMO- L- YBRPPC.JPEG

Essa post ura foi fixada em nossa linhagem há pelo m enos 7 m ilhões de anos ,

sendo por t ant o, os hom iníneos os prim eiros bípedes. Lew in ( 1999) explica que a

evolução da bipedia surgiu com deslocam ent o ver t ical em salt os dos prossím ios, para

o quadrupedalism o dos m acacos e sím ios, a braquiação dos sím ios e só ent ão o

(26)

Neves ( 2006) dest aca que não foi a fabr icação de fer ram ent as a for ça selet iva

que t eria levado à fix ação da bipedia. O int er valo de t em po ent r e a bipedia e a fixação

da capacidade t ecnológica do hom em é m uit o grande.

O bipedism o foi pr im eiram ent e fixado com o hábit o post ural e som ent e m ais

t arde de locom oção. Neves ( 2006) explica que est e foi fixado em nossa linhagem em

2 et apas, os prim eiros hom iníneos ( ent re 7 e 2,5 m ilhões de anos) associavam a v id a

no chão e nas árvor es. Assim , er am bípedes, m as conser vavam caract eríst icas

arbor ícolas com o, por exem plo, braços longos em relação às per nas e dedos do pés e

m ão curvos; a locom oção adapt ada exclusivam ent e ao m eio t errest re (

bípede-ver t ical) ocorreu por volt a de 2,5 m ilhões de anos e coincide com o surgim ent o do

gêner o Hom o.

Para a locom oção t er rest re o nosso corpo sofreu algum as adapt ações e

t ransfor m ações, com o por exem plo, nossas per nas relat ivam ent e longas em

com paração com aos braços m axim izam o descolam ent o t errest re, nosso pé per deu

sua função de agarrar e se t ornou um a plat afor m a adapt ada ao andar er et o. Out ras

t ransfor m ações podem se obser vadas na Figura 5.

Lewin ( 1999) dest aca que as principais adapt ações for am : base curva na coluna

ver t ebral, pelve m ais larga e curt a, j oelho m ais per t o do cent ro de gravidade do

cor po, m em bros infer ior es alongados e deslocam ent o do for am e m agno ( cavidade

pela qual a espinha dor sal penet ra no cr ânio) .

Sobre o for am e m agno Leakey ( 1996) ex plica que nos m acacos essa aber t ura

fica relat ivam ent e m ais para t rás na base do cr ânio, enquant o nos hum anos est á bem

próxim o ao cent ro da base do cr ânio, o que possibilit a que a cabeça se equilibre em

(27)

FI GURA 5 – Adapt ações Anat ôm icas par a a Bipedia. FONTE: Lewin ( 1999) pag. 219.

1.1.5

A

S MUDANÇAS FÍSICAS NAS DIFERENTES ESPÉCIES HOMINÍNEAS

Neves e Piló ( 2008) caract erizam os prim eiros hom inóides bípedes com o

basicam ent e veget arianos, com braços relat ivam ent e m ais longos que a per nas,

dedos levem ent e curvos, com est at ura por volt a de um m et ro para as fêm eas e 1,40

m et ro para os m achos.

Quant o aos hom iníneos, Neves ( 2006) apr esent a um a t abela com as pr incipais

(28)

TABELA 1 – Pr incipais Hom inídeos.

(29)

Os Aust ralopit hecus ( Tabela 02) surgem em t orno de 4 m ilhões de anos e Szpak

( 2006) explica que o últ im o grupo dest e gêner o viveu há cer ca de 1,4 m ilh ão de anos.

TABELA 2 – Est im at iv a de Peso e Est at ur a de Alguns Aust r alopit hecus e Par ant hr opus em Relação ao Hom o.

Font e: Adapt ada de Szpak ( 2006) ; I m agens - ht t p: / / www.avph.com .br

Lewin ( 1999) os apr esent a com o sím ios bípedes com dent ição m odificada. O

aut or ainda explica que seus prim eiros represent ant es t inham pequena est at ura e

peso, sendo em t orno de 30 quilos para as fêm eas e 45 para os m achos, t inham

m em bros infer ior es curt os e os ossos das m ãos e pés curvos. Eram bípedes quando

no chão ( Figura 06) , m as passavam grande per íodo subindo em árvor es ( dor m ir ,

escapar de predador es e for ragear) .

Szpak ( 2006) explica que est es possuíam pelve, fêm ur e coluna ver t ebral

(30)

m am ífer os ou aves, sem elhant e aos chim panzés at uais) e veget ais ( sem ent es, frut as,

e cast anhas) .

É im por t ant e dest acar que as caract eríst icas descrit as para os Aust ralopit hecus

t am bém se aplicam aos Parant hopus. Por ém , est es consum iam m ais veget ais e

fibrosos, pois possuíam m andíbulas m ais r obust as e m aior espessura do esm alt e dos

dent es ( SZPAK, 2006) .

(31)

Foi por volt a de 2 a 2,4 m ilhões de anos que surgiu o gêner o Hom o ( Figura 7) .

Neves e Piló ( 2008) afirm am que o gêner o Hom o t eve or igem ent re os

Aust ralopit hecus. Neves ( 1999) explica que a t ransição ent re o Aust ralopit hecus e o

Hom o foi acom panhada de um pequeno aum ent o cor por al, aum ent o do t am anho do

cér ebro e redução do aparat o dent ário ( m ax ilares e dent es) . Para Lewin ( 1999) a

evolução do gêner o est á associada ao resfriam ent o clim át ico ocorrido há 2,5 m ilhões

de anos.

O aum ent o cor por al foi um a adapt ação par a o novo cont ext o am bient al, com o

cor po m aior se t ornou m ais fácil para esses hom inídeos encararem os grandes

anim ais e per nas m aior es per m it iam o deslocam ent o e fuga m ais rapidam ent e.

( NEVES e PI LÓ, 2008) .

FI GURA 7 – Evolução Hum ana. Font e: Baseada em : ht t p: / / www.becom inghum an.or g/ node/ hum an-lineage- t hr ough- t im e

Graham et al. ( 2006) afirm am que o Hom o Habilis apresent av a locom oção

m uit o sem elhant e ao Hom o Sapiens ( os pés j á apresent avam os ossos do dedão

(32)

fabr icação e em punhadura de obj et os, os dent es e m andíbulas er am relat ivam ent e

grandes.

O Hom o er gast er é um a espécie m uit o parecida com o Hom o erect us. Por t ant o,

ser á descrit o som ent e o Hom o erect us, abaixo.

O Hom o er ect us exibiu dent es um pouco m aior es do que o Hom o sapiens ( no

ent ant o, est e m ost ra algum a redução da dent ição em relação aos ant er ior es do

gêner o) e aum ent o do t am anho cor por al. Foi com o Hom o er ect us que a carne passou

a const it uir um a part e im por t ant e da diet a ( GRAHAM et . al, 2006) . Lew in ( 1999)

descreve que seu cr ânio er a baixo e alongado e que a est at ura er a de 1,80m ( 63kg)

para os m achos e 1,55m ( 52kg) para as fêm eas. E est es são os prim eiros a cor rer

com o fazem os hum anos m odernos ( LEAKEY, 1996)

O Hom o heidelber gensis t inha est rut uras ósseas ( nos pés) e m archa idênt icas

aos dos ser es hum anos m oder nos, um a grande m andíbula, ossos pesados, e den t es

m enor es em com paração com do Hom o sapiens ( GRAHAM et . al, 2006) .

Por volt a de 200 m il anos surgiram os pr im eiros represent ant es do Neander t ais

( Hom o neander t halensis) . Est es er am at arracados, com ossos m ais espessos e

robust os em respost a ao clim a fr io sob o qual v iver am ( Europa) , t inham raízes dos

dent es m uit o grossas, o que deve cor responder a um a grande dem anda m ast igat ória

para o t rabalho, com o por exem plo, o t rat am ent o de pele, couro ou fibra ( NEVES e

PI LÓ, 2008) . A alt ura er a de aproxim adam ent e 1, 65m para os m achos e 1,55 m et ro

para as fêm eas ( GRAHAM et al., 2006) e o peso er a de aproxim adam ent e 65kg par a

os m achos e 50 para as fêm eas ( LEWI N, 1999) . Os últ im os Neander t ais v iver am há

cer ca de 29 m il anos.

O Hom o sapiens, que surgiu há aproxim adam ent e 200 m il anos, apresent ava

um a m enor robust ez t ant o no esquelet o com o nos dent es e m andíbulas, aum ent o na

caixa cr aniana e t est a ver t icalizada ( LEWI N, 1999) . Childe ( 1975) salient a que desde

o surgim ent o do Hom o sapiens a evolução do cor po hum ano prat icam ent e parou,

em bor a seu processo cult ural est ivesse só com eçando.

1.1.6

A

EVOLUÇÃO CEREBRAL E SEUS PROCESSOS COGNITIVOS

Nosso cér ebro precisa diar iam ent e de um a grande quant idade de ener gia, de

20% a 30% do que inger im os por dia é usado para a m anut enção dest e, o que o

t orna um ór gão m uit o dispendioso. Assim Neves e Piló ( 2008) dest acam que

(33)

nossos ancest rais passassem a inger ir regular m ent e um a quant idade significat iva de

gor dura e prot eína anim ais.

O cr escim ent o cer ebral foi rápido, t r iplicou de t am anho em 3 m ilhões de anos

( Tabela 03) . A expansão do cér ebro se inicia com o Aust r alopit hecus afarensis.

( LEWI N, 1999)

E foi há 800 m il anos que surgiram os prim eiros grandes cérebros – na África –

não exist e consenso sobre o nom e da espécie m as acr edit a- se que for am com os

Hom o Heidelber genis. A est es são at ribuídas 3 grandes evoluções: caça de grandes

m am ífer os, a const rução de prim eiros abr igos e dom est icação do fogo ( NEVES; PI LÓ,

2008) .

TABELA 3 – Capacidade Cr aniana de Alguns Hom iníneos

Font e: Adapt ada de Szpak ( 2006) .

A expansão cer ebral nos Aust ralopit hecus não foi m uit o significat iva, est a foi

m arcant e com o surgim ent o do gêner o Hom o ( LEWI N, 1999) .

O Hom o habilis é a pr im eira espécie que apresent a expansão cer ebral

significat iva. Graham et al. ( 2006) dest acam que com o result ado dessa expansão, as

fêm eas desenvolver am um a pélv is m aior com o int uit o de facilit ar o nascim ent o dos

filhos ( devido ao grande t am anho do cér ebro da prole) . Est e t inha um a vida baseada

(34)

pedra ( indúst r ia lít ica Olduvaiense) , que er am ut ilizadas para caça, defesa e

preparação de alim ent os.

O Hom o ergast er t am bém apresent a um aum ent o na capacidade cr aniana (

700-900 cm 3) e ossos do crânio m ais finos. Est e ut ilizada a indúst r ia Acheulense, que é

m ais avançada do que as fer ram ent as Olduvaienses ( GRAHAM et al., 2006) .

Já o Hom o er ect us, com parando com os prim eiros represent ant es do gêner o

Hom o, m ost ra consider ável expansão do cér ebro. Seu cr ânio t em um a for m a m uit o

dist int a, result ado do aum ent o do t am anho do cér ebro, alongado e baixo com a

presença de arcos supra ciliares pronunciados ( LEWI N, 1999) . Acr edit a- se que est es

hom ens ainda dependiam da carniça. Ut ilizavam e confeccionavam a indúst r ia

Acheulense ( GRAHAM et al., 2006) . Neves e Piló ( 2006) dest acam que ent re os Hom o

er ect us ocorreu um a grande inovação, surgiram fer ram ent as de pedra lascada que

dem andavam pré- concepção for m al.

O Hom o heidelber gensis possuía um volum e cr aniano ent re 1100 e 1400cm3. Exist em grandes ev idências que est e caçava grandes anim ais ( elefant es, rinocer ont es

e cavalos) . As fer ram ent as que ut ilizava per t enciam à indúst r ia Acheulense ( GRAHAM

et al., 2006) . Apesar de seu grande cér ebro, Neves e Piló ( 2006) acr escent am que

est es não desenvolver am um a nova t ecnologia lít ica, m as a eles é at r ibuído t am bém o

dom ínio do fogo.

O Hom o neander t halensis t inha a capacidade cr aniana com cerca de 1500 cm3 ( NEVES e PI LÓ, 2008) . Est es j á invest iam na const rução de abrigo t an t o na boca de

caver nas com o a céu aber t o ( ut ilizando ossos de grandes anim ais para a est rut ura e

peles para a cober t ura) . Viver am de caça e colet a e em pequenos grupos nôm ades e

desenvolver am a indúst ria lít ica denom inada Levallois ou Must er iense ( LEWI N, 1999) .

1.1.7

H

OMO

S

APIENS

Hom o sapiens é a ram ificação da subfam ília hom inínea que deu or igem aos

hum anos m odernos.

Os prim eiros represent ant es dos Hom o sapiens surgiram na África, nossa

m or fologia cr aniana e cor por al j á est á pr esent e no lest e desse cont inent e há pelo

m enos 200 m il anos, afir m am Nev es e Piló ( 2006) . Apresent avam face

com plet am ent e encaixada sob o neurocr ânio, cr ânio m ais alt o com as lat erais

ver t icalizadas, arcada super cilar m enos proem inent e ( Figura 8) , cor po longilíneo

(35)

Ao cont rário de m uit os anim ais, Hom o sapiens t êm dent es difer enciados, cada

grupo com um a função difer ent e. I ncisivos, que est ão localizados na part e da frent e,

são ut ilizados para o cor t e de alim ent os. Caninos, que est ão localizados ao lado dos

incisivos é usado para rasgar e t rit urar alim ent os. Ao lado dos caninos são os

pré-m olares e pré-m olares, que são ut ilizados para a pré-m oagepré-m e t r it uração dos alipré-m ent os.

FI GURA 8 – I m agens do Cr ânio de Homo Sapiens e Suas Possíveis Car act er íst icas. Font e: ht t p: / / www.avph.com .br / hom osapiens.ht m

A capacidade cr aniana da m édia do Hom o sapiens é de aproxim adam ent e 1.400

cm3, o que significou um a m elhor ia em relação aos seus ant ecessor es. O cér ebro dos hum anos m odernos lhes per m it iu int eragir uns com os out ros e com o am bient e de

m aneiras difer ent es, assim à m edida que o am bient e se t ornou m ais im prev isível,

cér ebros m aior es aj udaram nossos ancest rais a sobrev iver .

Os Hom o sapiens viviam basicam ent e de colet a e caça, lascavam pedras e

t inham um a or ganização social com plexa ( LEWI N, 1999) . Mas por volt a de 45 m il

anos, na cham ada Revolução Cr iat iva do Paleolít ico Super ior , eles desenvolver am

linguagem e expressão art íst ica e sim bólica, seus m odelos de fer ram ent as se

especializaram e com eçaram a expressar est ilos pessoais ou grupais, produziram

painéis pint ados em paredões; ador nos com eçaram a ser usados frequent em ent e e

(36)

1.2

A

EXPANSÃO HUMANA

.

Com o j á foi expost o, o ber ço da hum anidade é a Áfr ica. E logo após o

surgim ent o do gêner o Hom o ele com eçou a se espalhar pelos cont inent es.

Est es hom ens viv iam em grupos e er am nôm ades, sendo a nat ureza seu único

recurso para sobreviv ência. Est abeleciam - se, principalm ent e em regiões per t o de rios

e, quando esgot ados os produt os da t erra e anim ais dest a região, m igravam para

out ra. Ao longo desse per íodo, o hom em evolui fisicam ent e e se espalha pelos

difer ent es cont inent es sendo assim obrigado a se adapt ar aos m ais diver sos

am bient es e clim as.

Neves e Piló ( 2008) , explicam que a saída do Hom em da África e sua expansão

pelos cont inent es se deu em 3 episódios: por volt a de 120 m il anos, de 70 m il anos e

45 m il anos. Por volt a de 120 m il anos nossos ancest rais chegaram at é o Orient e

Médio. Já na segunda expansão alcançaram a sul e sudest e da Ásia e a Aust rália. A

t erceira expansão foi a m aior e m ais im por t ant e, pois nossos ancest rais se

espalharam por t odo o m undo, sendo que há 40 m il anos j á ocupavam a Sibér ia, 14

m il a Am ér ica e há 3 m il anos a Polinésia.

1.2.1

O

RIGEM DO

H

OMEM NA

A

MÉRICA

A hipót ese m ais aceit a, de que a hum anidade penet rou o cont inent e am er icano

no Pleist oceno, per íodo geológico ant er ior ao nosso, é um a t eor ia apresent ada por

Prous ( 2006) e Cook ( 2005) .

Carvalho ( 2003) explica que at é o final do século XI X e o início do XX, foi

am plam ent e discut ida a hipót ese de aut oct onism o para explicar a or igem do Hom em

na Am ér ica. Ainda no início do século XX, est udiosos aceit ar am a hom ogeneidade

biológica dos am er índios gener alizando- se a cr ença de que as populações da Am ér ica

for am const it uídas exclusivam ent e por ancest rais asiát icos e de que eles chegaram ao

cont inent e pelo est reit o de Ber ing ( Figura 9) , ent re a Sibér ia e o Alasca. Funari e

Noelli ( 2006) apresent am com o t eor ia pr edom inant e a t ransposição pelo Est reit o de

Ber ing.

Ent re 35 e 12 m il anos at rás, a glaciação t eria feit o o m ar descer a uns 50

m et ros abaixo do nív el at ual o que possibilit ou a m igração. O aut or ainda explica que

o Est reit o de Ber ing t em m enos de 100 km de com prim ent o e ainda hoj e é facilm ent e

at ravessado pelos esquim ós, ut ilizando barcos de peles. Assent ando- se prim eiro nos

(37)

chegando aos Andes por volt a de 10.500 anos e chegando ao ext rem o da Am ér ica do

Sul em t orno de 10.000 anos.

Acr edit a- se que os prim eiros hum anos que povoaram a Am ér ica sej am

der ivados da segunda expansão ( por volt a de 70 m il anos) ( NEVES; PI LÓ, 2006) .

Para Funar i e Noelli ( 2006) ex ist em duas hipót eses para a or igem do Hom em na

Am ér ica, um a delas é que a ent rada do hom em no cont inent e am er icano t enha- se

dado pelo est reit o de Ber ing em algum dos t rês últ im os per íodos de glaciação ( 40 m il,

25 m il e 14- 9 m il AP1) .

Carvalho ( 2003) acr escent a que a sequência de ilhas e arquipélagos no Pacífico

ent re a Tasm ânia e a Ter ra do Fogo pode t er sido ut ilizada com o cam inho nat ural par a

o ingresso do hom em pré- hist ór ico na Am ér ica do Sul.

I

FI GURA 9 – Rot as do Ser Hum ano ( 1 – Ent r ada pelo Est r eit o de Ber ing e 2 – Ent r ada pelas I lhas do Pacífico) FONTE: ht t p: / / st at ic.infoescola.com / wp- cont ent / uploads/ 2010/ 05/ chegada- hom em - am er ica.j pg

1.2.2

O

RIGEM DO

H

OMEM NO

B

RASIL

Várias pesquisas for am realizadas at é o m om ent o sobre a chegada do hom em

ao Brasil.

1

(38)

Sabem os que os prim eiros habit ant es br asileiros er a Hom o sapiens sapiens e

est es são denom inados paleoíndios2. Gaspar ( 1999) afirm a que o Brasil foi

int ensam ent e ocupado no per íodo pré- hist ór ico e que cer t am ent e há m ais de 15.000

anos j á havia grupos ocupando nosso t errit ór io. Para Carv alho ( 2003) a pré- hist ór ia

do Brasil se div ide em dois per íodos: cult uras do pleist oceno ( ant es de 12.000 anos) e

cult uras do Holoceno ( post er ior es a 12.000) .

Out ra t eor ia at ualm ent e aceit a é que o hom em ent rou na Am érica do Sul pelo

ist m o do Panam á há pelo m enos 12 m il anos ( FUNARI ; NOELLI , 2006) .

Para Neves e Piló ( 2006) ocorrer am duas levas m igrat ór ias, sendo a prim eira há

aproxim adam ent e 14 m il anos e a segunda há 11 m il anos.

Funari e Noelli ( 2006) apresent am as dat as de ocupação em várias regiões do

país, que podem ser obser vadas na Figura 10.

FI GURA 10 – Mapa do Br asil com as Dat as das Ocupações por Região.

2

(39)

Já para Guidon ( 1992) em sínt ese pode- se adm it ir que ainda é desconhecida a

via pela qual grupos hum anos penet raram no Brasil, m as est es chegaram at é o

sudest e do Piauí há cer ca de 60 m il de anos. Já o sul de Minas Ger ais est aria povoado

por volt a de 30 m il de anos at rás e o Sul do Brasil há pelo m enos 15 m il anos.

Sant os ( 2010) apresent a os prim eiros m or ador es do Brasil com o sociedades

caçador as- colet or as, em ger al nôm ades e com post a de grupos com m édia de 25

pessoas.

Por volt a de 12 e 5 m il anos exist iam grupos hum anos em quase t odo o

t errit ór io brasileiro.

Sabem os que os m ais im por t ant es esquelet os hum anos encont rados no Brasil

são os de Lagoa Sant a, Minas Ger ais. Por m eio de dat ação com Carbono 14, afir m a- se

que est es t êm m ais de 10 m il anos. O cr ânio m ais ant igo da Am ér ica t am bém

per t ence à Lagoa Sant a, est e t em 11.680 anos e foi apelidado de Luzia.

No Est ado de São Paulo o esquelet o do m ais ant igo m or ador , descober t o at é

agor a, é de um hom em , adult o, com aproxim adam ent e 1,60 m de alt ura, cham ado de

Luzio3 e dat ado de 10.180 9. 710 anos AP ( EGGERS

et. al, 2011) .

1.2.3

R

EGIÃO

S

UDESTE DO

B

RASIL

A região sudest e do Brasil foi habit ada por caçador es colet or es ( est ilo de v ida

de caça e colet a: a caça er a ocupação dos hom ens e a colet a de veget ais, sem ent es,

raízes er a das m ulher es ( LEAKEY, 1981) ) . Sendo as ocupações m ais ant igas do est ado

de São Paulo os sít ios: Alice Böer com cerca de 14.200AP ( FUNARI ; NOELLI , 2006) e

Boa Esper ança do Sul I I com cer ca de 14.500 anos ( SANTOS, 2010) .

Para Prous ( 1992) não exist e dúv ida de que os abrigos paulist as for am

largam ent e ut ilizados durant e o pré- cer âm ico e for am usados pr incipalm ent e com o

oficina lít ica.

O est ado de São Paulo é explor ado por pesquisador es vinculados e não

vinculados à academ ia desde 1935 ( GALHARDO, 2010) , por ém é na década de 60 que

os est udos acadêm icos ganham dest aque ( SANTOS, 2010) .

Para Sant os ( 2010) a m aior ia dos sít ios arqueológicos regist r ados nessa área

refere- se a sít ios lít icos a céu aber t o, per t encent es a pequenos grupos de caçador

es-colet or es em const ant e m ovim ent o pela região ( SANTOS, 2010) .

3

(40)

Na década de 60 são iniciadas pesquisas no vale do Rio Pardo e Mogi- Guaçu,

na bacia do Rio Paranapanem a ( que revelou m ais de um a dezena de sít ios na região

de Piraj u) e na Bacia de Rio Claro ( onde supost am ent e est ão os sít ios arqueológicos

m ais ant igos do Est ado) . Na década de 70 a região de Rio Claro recebe pesquisas

m ais av ançadas. Já na década de 80, iniciam - se pesquisas no m édio e baixo curso do

rio Tiet ê, na região do vale do rio Paranapanem a, no Vale do Ribeira de I guape e nas

bacias dos r ios Jacaré- Pepira e Jacaré- Guaçu. A part ir da década de 90, com o

surgim ent o da Ar queologia ligada aos est udos de im pact o am bient al, o núm er o de

sít ios arqueológicos ident ificados e pesquisados no Est ado de São Paulo vem

aum ent ando consider avelm ent e ( SANTOS, 2010) .

A idade dos sít ios at é hoj e pesquisados no est ado de São Paulo var iam ent re

14.000 e 2.000 anos. Vale dest acar que no cont ext o apresent ado acim a não for am

m encionadas as pesquisas referent es aos sam baquis4.

Sant os ( 2010) dest aca que o núm er o de pesquisas realizadas em sít ios no

Est ado de São Paulo não é suficient e para a obt ensão de infor m ações que possibilit em

a cr iação de um panoram a da ocupação caçador a- colet or a em nosso est ado.

Est a pesquisa dá ênfase à ocupação do Est ado de São Paulo, por t ant o o

dest aque é para as regiões das cidades de Jaú, Ar araquara e President e Prudent e.

As peças da cidade de Jaú per t encem a coleções de or igem da própria cidade,

com o t am bém das cidades de I t apuí e Dois Córregos. Muit as dessas peças for am

encont radas e doadas para o m useu por m or ador es das cidades, por t ant o pouco se

sabe sobre os sít ios aos quais per t encem .

As peças que per t encem ao CEMAARQ proveem de sít ios localizados as m argens

paulist as do Rio Paranapanem a.

Já as peças do MAPA são referent es aos sít ios Boa Esper ança do Sul I I I e

Rincão I . O sít io Rincão é um sit io a céu aber t o localizado na cidade de Rincão, est ado

de São Paulo, sit uado à m argem esquer da do rio Mogi Guaçu ( GALHARDO, 2010) . O

sit io Boa Esper ança do Sul I I I localiza- se per t o das m argens do Rio Jacaré- Guaçu, é

um sít io a céu aber t o, de pequena ext ensão e ót im o est ado de conser vação ( SANTOS,

2010) .

4

(41)

Importância das

Mãos

Sít io São Fr ancisco das Palm eir as, Mor r o do Chapéu - BA

(42)

2.

A

IMPORTÂNCIA DA MÃO

A m ão t em grande im por t ância nas at iv idades hum anas, são ut ilizadas em

m uit as t arefas cot idianas, desde alim ent ação at é o lazer . I st o não foi difer ent e com

nossos ancest rais.

Darw in ( 1874) exem plifica que se as m ãos e braços cont inuassem a ser usados

para locom oção e sust ent ação do cor po, com o ainda fazem os sím ios, dificilm ent e

t eriam se t ornados hábeis para fabr icação de inst rum ent os. Sust ent ar- se nos pés e

m ant er os braços e m ãos liv res foi um a grande vant agem para a sobrevivência, nessa

posição est avam apt os para se defender at acando a presa e t am bém para conseguir

alim ent o. Por t ant o, nossos ancest rais assum iam cada vez m ais a posição er et a. Essas

são as j ust ificat ivas do aut or para o hom em t er se t or nado bípede.

Acr edit a- se que a m ão hom inídea prim it iva t inha as m esm as proporções da do

hom em m oderno ( NAPI ER, 1983) . Leakey e Lewin ( 1981) afirm am que se t ivéssem os

nascido há m ais de 3 m ilhões de anos nossas m ãos não t er iam sido m uit o difer ent es.

Quando com parada à de um prim at a a m ão hum ana apresent a polegar m ais

longo, palm a da m ão e dedos m ais curt os e dedos sem curvat ura. E foi com a

conquist a do polegar oponent e que o hom em desenvolveu a habilidade de m odificar o

am bient e em que v iv e.

Exist e t am bém a hipót ese da anat om ia da m ão, principalm ent e no que se refere

ao polegar oposit or e robust o do hom em m oderno, que t er ia evoluído por m eio da

fabr icação de fer ram ent as, ou sej a, por m eio das pressões necessárias para o fabr ico

das fer ram ent as. Porém est a hipót ese ainda não foi com provada ( Willians et al.

2012) .

Tais afir m ações sobre o pr im it iv ism o são apresent adas por Napier ( 1983) com o

surpreendent es, pois se referem a um a est rut ura com m ovim ent os especializados,

aguda sensibilidade, precisão, sut ileza e expressiv idade.

Engels ( 1876) explica que at é ent re os m acacos m ais ant igos exist ia div isão

ent re as funções dos pés e das m ãos. A últ im a ser v ia para carregar e colet ar

alim ent os, aux iliav a no m om ent o de t repar em ár vor es e para defesa. Assim é

possível obser var a difer ença ent re a m ão de um ant ropoide e do hom em , sendo que

(43)

FI GURA 11 – Com par ação da Mão de um Chim panzé e a Mão Hum ana.

O aut or ainda explica que os m úsculos e ossos das m ãos de um m acaco

prim it ivo e de um hom em são os m esm os, por ém as m ãos hum anas ( m esm o de um

dos nossos ant epassados m ais ant igos) são capazes de execut ar cent enas de

m ovim ent os, que não podem ser execut ados por m acaco. Assim , a part ir do m om ent o

em que a m ão est ava livre podia adquir ir cada vez m ais dest reza, habilidade e est as

caract eríst icas ser em t ransm it idas de ger ações para ger ações. E foi graças à int er ação

m ão + ór gão de linguagem + cér ebro que os hom ens for am dom inando a nat ureza e

aprendendo a execut ar t arefas cada vez m ais com plexas.

2.1

O

HOMEM E A MANIPULAÇÃO DE OBJETOS

É evident e a im por t ância da m anipulação de obj et os na evolução hum ana,

sendo a m ão e o cér ebro os principais condicionant es do desenvolv im ent o do hom em ,

sua cult ura e civ ilização.

Rabardel ( 1995) afirm a que para a com preensão desses inst rum ent os é

necessário ent ender a abor dagem er gonôm ica dos m ét odos de produção e ut ilização

dest es e que para t ant o é im por t ant e invest igar as capacidades biom ecânicas do

(44)

A m ão hum ana pode escolher ent re um a grande var iedade de pegas e é

adapt ável a m uit as t arefas difer ent es. Podem agir com habilidade, for ça e precisão,

realizando com dest reza ações com o agarrar, raspar, cor t ar, furar ent re out ras.

Napier ( 1983) definiu duas post uras básicas da m ão hum ana: a preensão de

for ça e preensão de precisão ( Figura 12) .

FI GURA 12 - Tipos de Preensão: A – Preensão de For ça e B – Preensão de Precisão. Font e: Napier , 1983

A preensão de for ça é realizada quando é necessário t ransm it ir for ça para um

obj et o, com o por exem plo, em at iv idades que ger am a ação do polegar e dem ais

dedos cont ra a palm a da m ão ( NAPI ER, 1983) .

A preensão de precisão é realizada quando o obj et o é pinçado ent re as

super fícies flexor as de um ou m ais dedos com o polegar em oposição, per m it indo um a

m aior exat idão, assim com o refinam ent o de t at o ( RAZZA, 2007) .

O m ovim ent o preênsil é a aplicação de for ças, com um envolv im ent o anat ôm ico

das m ãos, cont ra um obj et o para a execução de um a t arefa ( I BERALL, 1987) .

Silva et al. ( 2008) dest acam que durant e um a t arefa de preensão, o cont at o da

super fície palm ar com a super fície do obj et o não é unifor m e e que a dist r ibuição de

for ça pode depender da área de cont at o, da geom et ria e das car act eríst icas do obj et o,

(45)

O Homem e suas

Ferramentas

I nst r um ent o Lascado de 7.000 anos – Sít io Tr ês Lagoas/ MS.

(46)

3.

O

HOMEM E SUAS FERRAMENTAS

Childe ( 1975) explica que a espécie hum ana não é fisiologicam ent e adapt ável a

qualquer m eio físico, por t ant o est a foi assegurada pelo desenvolv im ent o de

equipam ent os ext racor pór eos com o fer ram ent as, roupas e abrigos.

Ou sej a, a debilidade do Hom em em relação à nat ureza e a sua necessidade de

sobrevivência for am os principais m ot ivos para o ser hum ano t er iniciado a ut ilização

e fabricação de fer ram ent as e, at é os dias at uais, o Hom em necessit a de inst rum ent os

e fer ram ent as para desenvolver t odas as suas at iv idades cot idianas.

O desenvolv im ent o t écnico do Hom em pode ser obser vado na Figura 13.

Um a das caract eríst icas m ais not áveis do Hom em , e que o dist ingue dos

anim ais, é a sua capacidade de fazer e de ut ilizar ut ensílios. O t rabalho com as m ãos

foi sofist icando a capacidade de m anipulação do Hom em , est im ulando seu cér ebro e

sua capacidade int elect ual. Guidon ( 1992) dest aca que os ser es hum anos são os

únicos anim ais na face da t erra que fazem e ut ilizam ut ensílios, e foi essa capacidade

que nos possibilit ou elevar - nos t ão acim a de nossos parent es anim ais. Suggs ( 1962)

concor da com t al afir m ação e dest aca a im por t ância desses prim eiros art esãos que

iniciaram um a sequência de invent os e de desenvolv im ent os t écnicos at é hoj e

inint er rupt a.

Lewin ( 1999) com plet a afir m ando que os ser es hum anos são os únicos anim ais

que são dependent es dos frut os dessa t ecnologia.5

Na hist ór ia hum ana as roupas, fer ram ent as, arm as e t radições t om am o lugar

das peles, garras, pr esas e inst int os ( dos anim ais) na busca de alim ent o e abr igos,

por t ant o o hom em pôde sobreviver ao m esm o am bient e dos anim ais m elhorando sua

cult ura m at er ial ( CHI LDE, 1975) .

Darw in ( 1874) dest aca que for j ar um a pedra num ut ensílio requer o em prego

de m ãos e braços perfeit os, ext raor dinár ia habilidade e longa prát ica. O aut or ainda

dest aca que os hom ens prim it ivos prat icav am a div isão de t rabalho e alguns hom ens

se dedicavam exclusivam ent e a fazer ut ensílios. É por m eio dessas fer ram ent as que

Childe ( 1973) at ribui a sobrevivência e m ult iplicação da espécie hum ana, pois est as

aj udaram o Hom em a se adapt ar ao m eio e o m eio a elas ( ent ende- se por m eio o

am bient e onde viv iam ) . O aut or explica que é por m eio do inst rum ent o que o Hom em ,

5

Baseada na concepção aristotélica de tekhnĕm que significa a habilidade de fazerm os coisas

(47)

no sent ido m ais am plo, at ua sobre o m eio ext erior e reage em função dele obt endo

seu sust ent o, prot eção et c., ou sej a, adapt ando a m eio às suas necessidades.

FI GURA 13 - Desenvolvim ent o t écnico do Hom em ( Baseado em Funar i e Noelli( 2006) e Leakey ( 1996) )

As prim eiras fer ram ent as for am const ruídas de pedaços de m adeira, osso e

pedra, levem ent e aguçado ou acom odado à m ão pela quebra ou lascagem . O Hom em

prim it ivo t eve de aprender quais as pedras er am m ais adequadas à m anufat ura de

fer ram ent as e com o lascá- las cor ret am ent e. Assim const ruíram um a t radição cient ífica

sobre quais er am as m elhores pedras, onde podiam ser encont radas e com o dever iam

(48)

A habilidade de fazer um a fer ram ent a foi adquir ida por m eio de obser vação,

recordação e exper iência – t eor ia de Childe ( 1973) , que apresent a t odo inst rum ent o

com o a m at erialização da ciência. Pois cada inst rum ent o revela a aplicação prát ica de

exper iências lem bradas, com paradas e reunidas t al com o os preceit os cient íficos.

Napier ( 1983) com plet a que é per feit am ent e lógico que os prim eiros hom inídeos er am

usuários de inst rum ent os e que a fabricação de inst rum ent os é decor rent e do uso

dest es durant e m ilhões de anos.

Essas t écnicas er am t ransm it idas cult uralm ent e, o que para Cook ( 2005) prova

que o hom em não é genet icam ent e program ado para fabr icar inst rum ent os de pedra,

que est es t inham que aprender com out ros ser es hum anos. Childe ( 1973) dest aca que

o at o cr iador em seu prim eiro m om ent o foi indiv idual, m as que est e foi passado

ger ação após ger ação o que caract eriza a t r ansm issão de cult ura.

Os hum anos com eçaram a produzir e ut ilizar fer ram ent as de pedra, t am bém

cham ados inst rum ent os lít icos, há cer ca de 2,5 m ilhões de anos ( CHI LDE, 1973;

LEAKEY; LEWI N 1981; LEAKEY, 1996; COOK, 2005) . Leakey ( 1996) e Cook ( 2005)

afirm am que est es produziam ut ensílios bat endo um a pedra cont ra a out ra. Para

Leakey ( 1996) foi assim o início de um a t r ilha de at iv idades t ecnológicas que dest aca

a pré- hist ór ia hum ana.

Est as fer ram ent as er am usadas para realizar diver sas at iv idades e assim podem

nos infor m ar m uit o sobre a caça, a pesca, a agricult ura e a t ecnologia para

t ransfor m ar m at eriais brut os em bens m anufat urados das civ ilizações ant igas

( FUNARI ; NOELLI , 2006) .

Cook ( 2005) descreve com o possivelm ent e er am feit as as fer ram ent as de pedra

por per cussão. Prim eiram ent e er a escolhido o t ipo cer t o de pedra e dest a quebravam

-se lascas t rabalháveis com o m ost ra a Figur a 14A ( ob-ser vada num a cult ura neolít ica na

Nova Guiné) . Segurava- se um a pedra nas m ãos e ut ilizando- a com o um m art elo ( o

que é denom inado per cut or ) bat ia- se em out ra pedra para cor t ar lascas. Após

obt er em as lascas, o seguint e est ágio er a dar - lhe for m a. Com o m ost ra a figura 14B, a

t écnica básica é segurar a lasca com a m ão esquer da e bat er nela com out ra pedra

segurada na m ão direit a. O br it ador t inha que escolher um a pedra com for m a

apropriada, com um cant o cer t o para bat er e t er prát ica nos m ovim ent os, pois dever ia

Imagem

TABELA 1 – Pr incipais Hom inídeos.
TABELA 2  – Est im at iv a de Peso e Est at ur a de Alguns Aust r alopit hecus e Par ant hr opus em  Relação ao Hom o
TABELA 3  – Capacidade Cr aniana de Alguns Hom iníneos
Figur a 21  –  Exem plos de peças da t r adição I t apar ica. Font e :   www. ucs.br / et c/ r evist as/ index.php/ m et is/ art icle/ download/ 949/ 657
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