L UVA COM SENSORES

Obser vando a análise de pegas realizadas em pesquisas de arqueologia ( Figura 23) buscou- se um m ét odo j á consolidado na er gonom ia para aper feiçoar t al análise.

Um dos m ét odos m ais ut ilizados para a avaliação da dist r ibuição de for ças na super fície palm ar da m ão é o uso de luvas dot adas de sensores, os quais regist ram as cargas durant e um a at iv idade de preensão. Assim , est e foi o m ét odo escolhido par a a avaliação de pegas nos inst rum ent os lít icos pré- hist óricos.

FI GURA 23: ESTUDO DE PREENSÃO DE ARTEFATOS LÍ TI COS. FONTE: GALHARDO ( 2010) E LEMES ( 2008 ) .

Est e m ét odo é m uit o ut ilizado para avaliação de inst rum ent os m anuais. Podem os cit ar alguns exem plos: Kong e Fr eivalds ( 2003) ut ilizaram um a luva equipada com 12 sensor es FSRs para avaliar a cont r ibuição de for ça das falanges dist ais, m édias e proxim ais no t ranspor t e de carnes; Lu et al. ( 2008) analisaram as for ças de int er ação da m ão e o esforço do polegar causado pelo uso de t rês m odelos de pipet as, o que rev elaram que a for ça ex er cida pelo polegar e m ão são dit adas pelo design da pipet a; Cast ro e Cliquet ( 2000) que desenvolver am um sist em a para a obt enção de dados sobre a preensão de indiv íduos com deficiências de m ov im ent os nos m em bros super ior es.

Por m eio dos est udos cit ados acim a Silva et al. ( 2008) chegaram a conclusão que a aplicação desse sist em a pode ger ar parâm et ros significat ivos para av aliações de usabilidade em inst rum ent os m anuais e assim desenvolver am um a luva dot ada de sensor es FSRs ( For ce Sensing Resist ors) para avaliação er gonôm ica ( Figura 24) . Os aut or es dest acam que o difer encial desse equipam ent o est á na facilidade de subst it uição dos sensor es.

FI GURA 24: LUVA DOTADA DE SENSORES. FONTE: SI LVA ET AL., 2008.

As caract eríst icas t écnicas dessa luva per m it em um a boa sensibilidade ao t oque, o que oferece um a condição de m anipulação de obj et os próxim a à m anipulação em condições nor m ais. A flexibilidade dos sensor es e o acondicionam ent o de seus cabos na região dor sal da m ão garant em a m obilidade das j unt as e art iculações exigidas por um a grande var iedade de t arefas ( SI LVA; PASCHOARELLI , 2009a) .

O FSR ( Figura 25) é um sensor em que a resist ência var ia em função da for ça m ecânica ( ou pressão) aplicada em sua área at iva, ou sej a, quando um a for ça é aplicada sobre essa est rut ura, as cam adas ent ram em cont at o prom ovendo um a queda da resist ência à passagem da corrent e elét rica. Est e se m ost ra com pouca sensibilidade a var iações t érm icas ( oper ando ent re - 30° C e 70° C) e com um a vida út il m aior que dez m ilhões de at uações ( SI LVA; PASCHOARELLI , 2009b) .

Sensores FSRs são com post os por dois film es espessos de polím er o unidos por um adesivo espaçador ( que prom ove a vent ilação do sist em a) , na cam ada super ior consist e em um m at erial sem icondut or e, na infer ior , elet rodos int er - espaçados ( Silv a et al., 2008) .

Os dados ger ados, em kgf, pelos sensor es são colet ados pelo soft w are SADBI O ( int erface Labv iew 7) , desenvolvido com o auxílio do Prof. Dr . José Alfredo Covolan Ulson, do Depart am ent o de Engenharia Elét rica da Faculdade de Engenharia da Unesp – cam pus de Bauru ( SI LVA; PASCHOARELLI , 2009b) ( FI GURA 26) .

FI GURA 26: SOFTWARE SADBI O

Para est a avaliação os sensor es FSRs for am program ados para regist rar durant e o per íodo de 5 segundos, 50 difer ent es m edidas de pressão exer cida em cada um deles.

Durant e um a t arefa de preensão, o cont at o da super fície palm ar com a super fície do obj et o não é unifor m e e a dist ribuição de for ça depende t ant o da área de cont at o, quant o da geom et ria e das caract eríst icas do obj et o, ou ainda da nat ureza da t arefa a ser desenvolvida ( MURALI DHAR et al., 1999) . As caract eríst icas do obj et o, com o a sua t ext ura ( FLANAGAN et al. 1995) , ou a curvat ura da super fície ( GOODWI N;

WHEAT 1992) t am bém influenciam a per cepção de peso ou a for ça de cont at o, o que pode induzir o suj eit o a var iar a for ça aplicada.

5.2.1

M

For am ut ilizados nest e proj et o os m at eriais, a saber:  Para m odelagem das peças ( Figura 27) :

FI GURA 27– Mat er iais Ut ilizados: Est opa( 1) ; Máscar a par a pint ur a ( 2) ; Balança ( Digit al Filizola Modelo MF- 3/ 1) ( 3) ; Bor r acha de silicone( 4) ; Solvent e ( 5) ; Resina de Poliést er ( 6) ; Máscar a ( 7) ;

Luvas de silicone ( 8) ; Palit os de m adeir a ( 9) ; Vaselina sólida ( 10) ; Plast ilina ou Massinha de m odelar ( 11) ; Papel Foam ( 12) ; Micr o esfer as de fer r o fundido ( 13) ; Ar eia ( 14) e Paquím et r o

 Para análise das pegas ( Figura 28) ;

FI GURA 28 - Luv as com sensor es FSRs par a avaliação de pont os de concent r ação de pr essão. Esquem a da Disposição dos Sensor es sobr e a Super fície Palm ar d a Mão. Font e: Silva et al. ( 2008)

5.2

S

Foi escolhido um único suj eit o com as seguint es caract er íst icas:

 Hom em – os inst rum ent os de pedra eram feit os e ut ilizados por hom ens ( LEAKEY, 1996) ;

 Dest ro – os prim eiros fabr icant es de inst rum ent os de pedras er am predom inant em ent e dest ros com o os hum anos m odernos ( TOTH, 1985 apud LEAKEY, 1996) e

 De por t e m ediano – com base nos dados de Luzio. 5.3 Amostra

For am ut ilizados com o am ost ra art efat os lít icos do CEMAARQ da UNESP/ President e Prudent e ( SP) , do Museu de Ar queologia e Paleont ologia de Ar araquara ( SP) e do Museu Municipal de Jahu ( SP) .

O Museu Municipal de Jahu é localizado na cidade Jaú ( SP) e foi inaugur ado em 1975, sendo é um espaço aber t o que recebe est udant es, pesquisador es e visit ant es.

O Cent ro de Museologia, Ant ropologia e Ar queologia ( CEMAARQ) per t encent e à Univer sidade Est adual Paulist a, est á no cam pus de President e Prudent e ( SP) . Est e cent ro foi cr iado pela ant ropóloga Rut h Künzli no ano de 2002 e cont a com um acer vo de m ais de 98 m il peças e fragm ent os, peças est as, com or igem de sít ios

arqueológicos das m argens do Rio Paraná. Os obj et os de pedra lascada do acer vo dat am 7 m il anos.

O Museu de Ar queologia e Paleont ologia ( MAPA) – localizado na cidade de Ar araquara ( SP) , foi fundado em 2008 sendo um a das principais inst it uições de preservação do pat rim ônio arqueológico do est ado de São Paulo.

Após visit a aos m useus, for am selecionadas as peças ( Figuras 29 a 31) . As peças selecionadas for am :

FI GURA 29 – Museu Municipal de Jahu - Peça ( A) MMJ 2007.011; ( B) JHS 03; ( C) MMJ; ( D) MMJ 2007.001. Font e: Ar quivo do aut or .

As peças acim a ( Figura 29) per t encem ao Museu Municipal de Jahu, com dat a est im ada em t orno de 5.000 anos. A fer ram ent a A é um Raspador confeccionado em Sílex com o peso de 177,5 grs, com pr im ent o de 123,15 m m , largura de 63,34m m e espessura de 27,18m m .

As fer ram ent as das figuras B e C recebem o nom e de lesm a.

A peça B feit a com a m at éria- pr im a Ar enit o Silicificado, pesa 169,0 gram as, t em 138 m m de com pr im ent o, 51,55 m m de largura e 28.43m m de espessura. Sendo que a peça C é feit a t am bém Ar enit o Silicificado, pesa 125,0 gram as, t em 105,75 m m de com prim ent o, 36,22 m m de largura e 30,93m m de espessura.

A Peça D consist e em um Raspador/ Furador feit o em Ar enit o Silicificado, pesando 64,0 gram as e com dim ensões de 93,23 m m de com prim ent o, 37,28m m de largura e 16,39m m de espessura.

Raspador es e lem as são fer ram ent as plano- convexas ut ilizadas para raspar, ralar, igualar, aplainar et c, ou sej a, para ret irar películas finas paralelam ent e à super fície de m at eriais com o couro, m adeir a ent re out ros. Furador es são fer ram ent as que apresent am um a pont a m uit o bem delim it ada ( Lam ing- Em per aire, 1967) e, com o o nom e suger e, é ut ilizado para furar m at ér ias com o, por exem plo, o couro ou pele de anim al para confecção de roupas.

As t rês peças ant er ior m ent e ilust radas ( Figura 30) per t encem ao CEMAARQ de President e Prudent e, e t em por volt a de 7,000 anos. São t odas classificadas com o raspador es, sendo a peça E confeccionada em quart zo branco, a peça F em sílex e a G em arenit o silicificado.

A peça E pesa 59 gram as e t em 75m m de com prim ent o, 32,65m m de largura e 22,95m m de espessura. Já a Peça F t em 71,30m m de com prim ent o, 36,15 de largur a e 19,83 de espessura e pesa 42,5 gram as. A peça G pesa 144 gram as e t em as seguint es dim ensões: com prim ent o de 91,24m m , largura de 43,73m m e espessura de 33,72m m .

FI GURA 31: MAPA – Peça ( H) BESI I I 419; ( I ) RI 69 . Font e: do aut or

As peças da figura 31 per t encem ao MAPA sit uado na cidade de Ar araquara. As duas peças são de Arenit o Silicificado. A peça H é um raspador e a peça I um a lesm a.

A peça H t em o peso de 103,5 gram as e o com prim em t o de 86,10m m , a largura de 45,68m m e a espessura de 22,71m m . A peça I pesa 71,5 gram as e t em as dim ensões: com prim ent o de 100,09m m , largura de 43,32m m e espessura de 15,26m m .

5.4 Modelagem das Peças