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CAPÍTULO III: REVISÃO DA LITERATURA

3.4 Breve histórico sobre EaD

3.4.1 Educação a distância no Brasil

University of South Africa, criada em 1873. A China TV University System, criada em 1979, é a que registra um número mais elevado de estudantes em programas de graduação, mais de meio milhão, o que lhe permite lançar no mercado mais de 100.000 profissionais formados a cada ano. Curioso destacar é que nesta universidade não há ônus para os estudantes, ficando o governo com 75 por cento dos subsídios. Apesar disso, o custo unitário por estudante em termos percentuais face ao custo médio por estudantes de outras universidades no país não é o mais elevado. A França e África do Sul são os que apresentam maior distorção entre custo de cada estudante em termos percentuais em relação ao custo médio de outras universidades no país.

3.4.1 Educação a distância no Brasil

No caso do Brasil, um marco importante é a experiência de educação por correspondência do Instituto Universal Brasileiro – IUB, cuja fundação data de 1941. Além dessa experiência, vale destacar a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, inaugurada por Roquete Pinto, entre 1922 e 1925 (Saraiva, 1996).

Os principais registros sobre programas de EaD no Brasil dão conta de programas surgidos a partir da década de 1960. Nesse período foi criado, na estrutura do Ministério da Educação e Cultura, o Programa Nacional de Teleeducação (Prontel). O modelo de EaD existente estava apoiado numa concepção de transmissão de aulas através da Televisão, o que representava uma tentativa de instituir uma educação massiva. Esse programa tinha por objetivo coordenar e apoiar a teleeducação no Brasil. Ainda nessa fase, surge, por iniciativa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares (Projeto Saci), que consistia num satélite doméstico para uso educacional. “Em sua primeira versão, de 1968, o projeto discutia as

vantagens de um sátélite de alta potência que alocaria três canais de TV para fins educativos” (Idem, p. 20). A intenção com o Projeto Saci era atingir todas as escolas do país através da transmissão de programas de rádio e TV, acompanhados de material impresso. Belloni (2002) assinala que a dimensão tecnocrática foi sempre uma marca registrada das experiências de EaD no Brasil, nas quais a tecnologia está fortemente associada a seu desenvolvimento. Nessa conjuntura, segundo a autora, destaca-se a ingerência do poder público que insiste em políticas de

caráter tecnocrático, autoritário e centralizador que as destina necessariamente a resultados medíocres, senão ao fracasso, ao passo que a iniciativa privada vem ganhando terreno, construindo competência e obtendo verbas públicas ( p. 125).

Outra falha da qual o governo brasileiro é acusado, pelo fracasso de programas baseados em EaD, consiste na falta de atenção às condições sociais, políticas e econômicas de realização do projeto. O ambiente social e cultural, revelador das condições concretas de implementação das políticas então propostas é negado, se tornando a principal causa do fracasso a que muitos programas foram submetidos, como o Projeto Saci, em nível nacional e o projeto Viva Educação, do governo do Maranhão.

Embora a evidência de que a teleeducação tenha sido uma forte manifestação de estratégia de EaD, é preciso considerar a utilização de outros tipos de tecnologias utilizadas no Brasil, inclusive em períodos anteriores. Em 1939, por exemplo, a Marinha utiliza o ensino por correspondência (Saraiva, 1996).

Na maioria dos projetos de EaD criados no Brasil, nota-se a existência de mecanismos de feedback dos alunos, embora precários, o que significa uma preocupação com sua dimensão interacionista.

Além dessa constatação, as iniciativas de EaD não estiveram reduzidas exclusivamente à órgãos lidados à educação. Também setores como as forças armadas, o judiciário e a imprensa deram e continuam dando uma importante colaboração no sentido de criar cursos, programas e estratégias de EaD no Brasil. O Exército Brasileiro, por exemplo, oferece cursos por correspondência para preparação de oficiais para admissão à Escola de Comando do Estado Maior. No que tange a seu caráter massivo, segundo Alessandra Picanço (2003), as iniciativas de EaD no Brasil tiveram a pretensão de reduzir o impacto de problemas emergenciais gerados pelo processo de crescimento econômico, especialmente a partir da década de 1960. A década de 1970, por exemplo, foi um momento de intensificação desses projetos, sobretudo pelo contexto de industrialização no qual estava submetida a sociedade brasileira, conforme observa a mesma autora:

Inúmeras experiências iniciadas no Brasil, nesse período, assumiram a linha tecnicista de educação, enfatizando a utilização de recursos tecnológicos (geralmente importados) para suprir a demanda por educação, presencialmente ou a distância ( p. 233).

Conclui-se, portanto, que o contexto sócio-político-econômico foi determinante para a definição de uma política de EaD que estivesse voltada para as necessidades imediatas de um período conhecido como o milagre econômico, cabendo à educação a preparação de mão-de-obra para fazer frente a esse desenvolvimento.

No início da década de 1970 foi designada pelo então Ministro Jarbas Passarinho, uma Missão à Inglaterra para estudar a experiência de Universidade Aberta recém-implantada naquele país. A intenção era analisar tão polêmico fenômeno e propor um anteprojeto de adaptação de tal modelo à realidade brasileira. Pode-se dizer que este episódio significou um momento de elevado otimismo em relação a EaD por parte do governo brasileiro, embora no caso britânico os objetivos da Open University, considerados complexos e audaciosos, iam desde “o progresso e disseminação da aprendizagem e do conhecimento, utilizando para isso diferentes meios, tais como, rádio, televisão e dispositivos tecnológicos apropriados ao ensino superior”, como “promover o bem estar educativo da comunidade”. Ao fazer algumas considerações e indicações acerca da experiência britânica de educação superior a distância, Newton Sucupira, integrante da referida Missão, acreditava “que a instituição se justifica plenamente, não só porque amplia as oportunidades de acesso à educação superior, mas como processo de educação permanente em nível universitário” (1973, p. 449). Além disso, Sucupira ainda recomendava que uma Universidade Aberta no Brasil deveria estar vinculada exclusivamente ao Ministério da Educação e Cultura, que a faria funcionar com a “eficácia desejada”. O otimismo em torno da possibilidade iminente de se criar no Brasil uma Universidade Aberta, seja nos moldes da experiência inglesa ou não, estava claro no discurso oficial da época, embora não fosse desconsiderado a percepção de que a realidade brasileira merecia ser minuciosamente estudada para uma possível adaptação.

Do ponto de vista da expansão, a EaD obteve grande impulso no Brasil a partir da década de 1990. Os fatores que contribuíram para esse fenômeno foram as inovações das tecnologias de informação e a expansão do ensino superior. Tais

novidades se configuram como um acontecimento irreversível do mundo contemporâneo, apesar da dificuldade do sistema escolar de acompanhá-las (Moraes, 2003). Foi exatamente na segunda metade da década de 1990 que surgiu a nova geração de EaD, com o uso intensivo de tecnologias de comunicação e da informação. São os chamados ambientes virtuais que permitem a adoção de recursos tecnológicos, configurando uma EaD estruturada, ora em bases de mídias integradas, ora em bases de convergências de mídias (Vianney, 2001).

Como influência, não se pode esquecer que as transformações da cultura no século XX tiveram um componente relevante: o agigantamento dos meios de comunicação em massa. Não significa, com isso, uma redução da EaD às tecnologias das mídias dos meios de comunicação e informação, entretanto, esse fenômeno, colaborou para a alteração e mesmo para o incremento das tecnologia utilizadas em EaD. Em Culturas e artes do pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura, Santaella (2003) destaca que a passagem da cultura de massas para a cultura das mídias foi um passo decisivo para o surgimento da cultura digital, em curso na contemporaneidade.

Como se não bastassem as instabilidades, interstícios, deslizamentos e reorganizações constantes nos cenários culturais midiáticos pós-modernos, desde meados dos anos 90, esses cenários começaram a conviver com uma revolução da informação e da comunicação cada vez mais onipresente que vem sendo chamada de revolução digital ( p. 59).

No cerne dessa revolução aparece o computador com a possibilidade de tornar texto, imagem, vídeo, enfim, todo tipo de informação numa linguagem universal. É portanto a indicação do surgimento de um novo cenário para a EaD no Brasil. Apesar da Internet surgir como um conjunto de redes de computadores que

interligam milhões de máquinas no mundo a partir de meados da década de 1980, no Brasil, sua expansão só acontece na década de 1990 (Campos, et al., 2003). A discussão sobre o impacto da Internet na EaD será melhor aprofundada próximo item.

Um ambiente novo surge tornando a inovação no campo do ensino a distância um fenômeno ainda mais evidente. Os primeiros agentes desse processo de inovação na EaD, utilizando tecnologias de comunicação e informação surgem no ano de 1995, quando três universidades – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade do Anhembi Morumbi(UAM) em São Paulo, Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – criam ambiente próprios para o uso da Internet como mídia educacional qualificada (Vianney, 2001). A partir de então, aparecem novos núcleos no Brasil, utilizando novas tecnologias para o ensino a distância, principalmente a Internet.

Quadro 03 – Instituições de Ensino Superior pioneiras em 3ª Geração Universidade Mogi das Cruzes

Universidade de Brasília

Universidade Anhembi Morumbi Universidade Federal de São Paulo Universidade Federal de Santa Catarina Faculdade Carioca (UNIVIR)

Universidade São Francisco

Universidade de São Paulo – Fundação Vanzoline

Pontifícia Univ. Católica do Rio de Janeiro (Projeto Aulanet) Pontifícia Univ. Católica de Campinas

Fundação Oswaldo Cruz – Esc. Nac. de Saúde Pública Universidade Federal da Bahia

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Universidade Brás Cubas

Faculdades Integradas Renascença Universidade Federal de Pernambuco

SP DF SP SP SC RJ RJ SP RJ SP RJ BA RS SP SP PE Fonte: Vianney, 2001, p. 79

As características gerais desses cursos giram em torno da concepção de uma EaD estruturada ora em Mídias Integradas (conjugação do uso de várias mídias), ora em bases de Convergências de mídias, sendo esta última a possibilidade de utilização da Internet como rede de bom desempenho agregando e transmitindo dados para um usuário final.

A Internet, situada como ícone no cerne da terceira geração de EaD, está provocando uma verdadeira mudança no sentido clássico do ensino a distância. O problema da separação física entre o aluno e o professor ou a instituição está ficando fora de questão em função da aproximação e integração virtual desses elementos. A possibilidade apresentada pela Internet em EaD se impõe neste contexto de forma complexa e irreversível, conforme se apresenta a seguir.

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