• Nenhum resultado encontrado

EDUCAÇÃO E MOBILIDADE SOCIAL

Na sociedade moderna, a ocupação das pessoas depende em grande medida da educação formal que elas adquirem. Um médico, por exemplo, não pode transmitir diretamente seu status ocupacional para seu fi lho. Para ser médico é necessário passar pelo sistema de educação formal. Essa cons-tatação é válida em diversos graus, para diferentes ocupações e grupos de classe. Portanto, a educação constitui o principal mecanismo de superação e de transmissão de desigualdades de oportunidade de mobilidade social. Diante de tal necessidade de obter educação formal para garantir e alcançar posições de prestígio na sociedade, as famílias geralmente se dispõem a inves-tir bastante na educação de seus fi lhos. Aquelas que possuem mais recursos têm vantagens, na medida em que podem investir com mais sistematicidade nesse item. Em contrapartida, cabe aos governos criar oportunidades edu-cacionais para a população com o objetivo de suprir pelo menos o mínimo das necessidades de crianças e jovens com diferentes origens sociais. De fato, os governos têm como uma de suas principais política a implementação de sistemas escolares abrangentes. Durante o século XX, os sistemas escolares no mundo todo se expandiram rapidamente (SHAVIT; BLOSSFELD, 1993). Com isso há uma tendência, ou pelo menos promessa, de diminuição das vantagens das classes mais privilegiadas de acesso à educação (RAFTERY; HOUT, 1993). Como a educação é o principal mecanismo de mobilidade social, a diminuição das desigualdades de oportunidades educacionais, bem como a expansão do sistema educacional, tende a diminuir as desigualda-des de oportunidade de mobilidade social. No Brasil, embora com atraso, o sistema educacional também cresceu desde meados do século passado. Essa ampliação está provavelmente associada ao aumento da fl uidez que descrevi anteriormente. Mas de que forma a educação pode ter contribuído para o aumento da fl uidez?

De acordo com Breen e Jonsson (2005), há dois mecanismos por meio dos quais a educação pode contribuir para diminuir a associação entre ori-gem e destino de classe. O primeiro é o de “equalização”, que, pela ligação entre educação e classe de destino, diminui a associação total entre origem e destino de classe. O segundo é o de “composição”: se há associação entre educação, origem e destino de tal forma que o vínculo entre os dois últimos

seja mais fraco entre indivíduos com educação elevada, e se a expansão edu-cacional coloca uma proporção cada vez maior de cada coorte de idade nos níveis educacionais em que a associação entre origem e destino é mais fraca, então essa ligação pode sofrer redução global por meio dessa mudança de composição.

Para determinar qual desses dois mecanismos mais contribuiu para a diminuição da associação entre origem e destino no Brasil, é necessário levar em conta não apenas as quatro amostras (1973, 1982, 1988 e 1996), mas também as coortes de idade que estão representadas em cada uma de-las. Essa cautela metodológica é necessária porque pessoas nascidas em di-ferentes períodos estão expostas a didi-ferentes oportunidades educacionais. Por exemplo, pessoas que nasceram na década de 1930 tinham probabili-dade muito menor de entrar na escola ou de ir para a universiprobabili-dade do que os nascidos na década de 1960, quando o sistema educacional começou a se tornar mais abrangente ,oferecendo mais oportunidades para o conjunto da população.

As quatro amostras que estou analisando incluem homens entre 25 e 64 anos de idade. Algumas coortes de idade estão representadas em todas as amostras, enquanto outras deixaram de ser representadas ou passaram a compor as amostras mais recentes. Os homens que nasceram entre 1932 e 1948 tinham entre 25 e 41 anos em 1973, 34 e 50 anos em 1982, 40 e 56 anos em 1988 e 48 e 64 anos em 1996. Estão, portanto, representados nas quatro amostras analisadas e constituem uma coorte com idade intermediária (co-orte dois). Por lógica semelhante, a co(co-orte de idade que nasceu entre 1909 e 1931 está representada com diferentes idades em 1973, 1982 e 1988, mas não está em 1996. Essa é a coorte mais velha (coorte um). Finalmente, a coorte de idade nascida entre 1949 e 1971 não está representada em 1973, mas apenas nos outros anos e é a mais nova de todas (coorte três). Análises preliminares indicaram que a fl uidez social não varia entre as quatro amostras para cada

uma das três coortes de idade.57 Portanto, é possível que a diminuição da fl

ui-57. De fato, análises utilizando o modelo log-linear de mobilidade constante revelam que a fl uidez social não muda para as três coortes de idade representadas nas quatro amostras da PNAD. Ou seja, o modelo de fl uidez social constante, segundo o qual não há variação na fl uidez, é o que melhor se ajusta às seguintes tabelas: (1) tabela cruzando origem por destino por ano da pesquisa para pessoas pertencentes à

co-dez tenha sido determinada pelo fato de a associação entre origem e destino ser mais fraca para as coortes mais jovens do que para as mais velhas.

No entanto, como destaquei anteriormente, o sistema educacional no Brasil expandiu-se ao longo do século XX, o que proporcionou acesso a níveis educacionais mais elevados a um porcentual maior da população. Essa expan-são certamente está relacionada a uma diminuição da associação entre origem e destino, tendo em vista que a partir de certos níveis educacionais as origens de classe tendem a ter menor impacto nas chances de mobilidade social. No Brasil, o ensino médio já pode ser considerado um patamar educacional rela-tivamente alto, uma vez que a maioria da população tem níveis educacionais muito baixos. A tabela a seguir indica o porcentual de homens que concluíram o segundo grau tanto nas quatro amostras quanto nas três coortes.

Realmente houve uma enorme expansão da educação de segundo grau, que afetou as chances dos homens mais jovens de concluir esse nível educacional. Nas duas últimas amostras (1988 e 1996), cerca de 22% dos homens concluíram

orte de idade nascida entre 1932 e 1948; (2) tabela semelhante para a coorte nascido entre 1909 e 1931; e (3) para a coorte nascida entre 1949 e 1971.

Tabela10 – Percentual de homens entre 25 e 64 anos com escolaridade “menor”

e “maior ou igual” ao 2o grau por coorte de idade e ano da pesquisa – Brasil,

1973-1996

Em porcentagem

Coortes < 2o Grau 2o Grau ou mais

1909-31 92,1 7,9 1932-48 85,9 14,1 1949-71 75,3 24,7 Anos 1973 91,7 8,3 1982 84,8 15,2 1988 77,1 22,9 1996 78,1 21,9

o segundo grau. Tal expansão deve-se principalmente à educação alcançada pela coorte de homens mais jovens, nascidos entre 1949 e 1971. Enquanto apenas 14% dos homens nascidos entre 1932 e 1948 e 8% dos nascidos entre 1909 e 1931 tinham o segundo grau completo, cerca de um quarto (25%) dos homens nascidos entre 1949 e 1971 chegou ao fi m desse nível educacional.

Para analisar o efeito da educação na diminuição da força da associação entre origem e destino e verifi car qual dos dois mecanismos delineados ante-riormente mais contribuiu para tanto, esmiuço a ligação entre origem e des-tino para as três coortes de idade, separando as pessoas que concluíram pelo menos o segundo grau das que não alcançaram esse nível educacional. Busco, dessa forma, testar as seguintes hipóteses:

• As coortes mais jovens são mais fl uidas de modo geral, ou seja, há menos associação entre origem e destino, independentemente do nível de escolaridade, para as coortes mais novas. Nesse caso, o mecanismo que contribui para o aumento da fl uidez é o de “equalização”.

• A fl uidez social é maior (ou, inversamente, a associação entre origem e destino é menor) para pessoas que concluíram o segundo grau do que para pessoas com menos escolaridade. Se a expansão do sistema educacional contribuiu para colocar um porcentual maior da popu-lação nesse nível educacional e a força da associação entre origem e destino não varia entre as coortes mais velhas e mais novas, então o aumento da fl uidez se deve ao mecanismo de “composição”.

Para testar essas hipóteses, ajustei um modelo de associação constante e outro unidiff, ambos com as escalas estimadas pelo modelo RC-II da seção anterior, para as seguintes tabelas: cruzamento de 16 classes de origem por 16 de destino por 3 coortes, incluindo apenas os homens que não concluíram o segundo grau; cruzamento de 16 classes de origem por 16 de destino por 3 co-ortes, incluindo apenas os homens com pelo menos o segundo grau completo. Na primeira tabela, relativa a pessoas com menor escolaridade, foi o modelo

de associação constante que melhor se ajustou aos dados.58 Isso signifi ca que

para os homens que não concluíram o segundo grau, a associação entre ori-gem e destino não se modifi cou entre as coortes mais velhas e as mais jovens. Na segunda tabela, de homens com pelo menos o segundo grau completo, foi o

58. O modelo de associação constante (L2 = 4687,7; g.l. = 609; Bic = -2.560) ajusta-se

Gráfi co 19 – Logaritmo das chances de mobilidade para a classe de profi ssion-ais e administradores de alto nível (I) ao invés de técnico ou supervisor (V), segundo classe de origem Segundo Modelo de Quase RC Homogêneo – Brasil

-2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 -0,7 -0,6 -0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4

Hierarquia das Classes de Origem 2o grau ou mais, 1949-71 2o grau ou mais, 1932-48 2o grau ou mais, 1909-31 Sem 2o grau, 1949-71 Sem 2o grau, 1932-48 Sem 2o grau, 1909-31 2o grau ou mais, 1909-31 2o grau ou mais, 1932-48 2o grau ou mais, 1949-71 Sem 2o grau, 1909-31 Sem 2o grau, 1932-48 Sem 2o grau, 1949-71

modelo “unidiff ” que melhor se ajustou aos dados. A inspeção dos coefi cientes indica que diminuiu a fl uidez entre a coorte mais velha, de homens nascidos entre 1909 e 1931, e as duas mais novas, de nascidos entre 1932 e 1948 e entre

1949 e 1971.59 Para ajudar na interpretação desse resultado, apresento no gráfi co

a seguir as chances relativas de entrar na classe de profi ssionais e administradores de alto nível (I) em vez de ingressar na classe de técnicos supervisores do trabalho manual (V), de acordo com as classes de origem para homens nos três coortes de

idade e nos dois níveis educacionais.60

As três linhas na parte inferior do gráfi co representam as chances relativas de homens com menos do que o segundo grau nas três coortes de idade, de acordo com as classes de origem. As linhas estimadas têm uma inclinação positiva, indi-cando que quanto mais alta a origem de classe das pessoas, maiores as chances de entrarem na classe I em vez de na classe V. O fato de a inclinação dessas linhas ser idêntica indica que não há modifi cação entre as coortes no efeito da origem de classe sobre as chances de entrar na classe I. Ou seja, para os homens com menor escolaridade, nas três coortes as origens em classes com status mais alto favorecem a entrada na classe I. Além disso, quanto mais distante do zero o ponto está, maiores são as chances de uma pessoa com essa origem entrar na classe V em vez de na I. O gráfi co indica que, quanto mais baixa a classe de origem, menores as chances de entrar na classe I em vez de na V. Há muita desigualdade de oportunidades e pouca fl uidez nesse grupo, fato que não se modifi ca em nenhuma coorte.

As três linhas na parte superior do gráfi co representam as chances relati-vas de homens com o segundo grau completo de entrar na classe I em vez de na classe V. Tais chances são maiores para pessoas com o segundo grau completo, o que fi ca evidente não apenas pelo fato de as linhas estarem mais próximas do valor zero no eixo “log chances I/V” (eixo Y), mas também pelo fato de as linhas serem menos inclinadas do que as que representam as chances de pessoas que não concluíram o segundo grau.

Até aqui a explicação é relativamente simples: foi o mecanismo de com-posição que contribuiu para o aumento da fl uidez. Ou seja, o fato de, entre as coortes mais velhas e mais novas, um maior número de homens ter

conclu-59. O modelo unidiff (L2 = 2120,8; g.l. = 608; Bic = -5.202) ajusta-se melhor aos dados

do que o modelo de associação constante (L2 = 2146,1; g.l. = 609; Bic = -5.189).

60. Essas duas classes foram consideradas devido à importância das decisões racionais relacionadas a essa escolha. Ver Breen e Goldthorpe (1997).

ído o segundo grau, nível educacional a partir do qual o efeito da origem de classe sobre o destino de classe mostra-se evidentemente mais fraco. No entanto, a linha relativa aos homens com segundo grau completo nascidos entre 1909 e 1931 está mais próxima de zero do que as duas outras linhas, representando os homens mais novos (duas coortes mais novas) com segun-do grau completo. Dessa forma, os dasegun-dos revelam que para as pessoas mais jovens (nascidas entre 1932 e 1971) que concluíram o segundo grau as ori-gens de classe passaram a ser mais importantes do que antes (para pessoas mais velhas) no que se refere ao ingresso na classe I, e não na V. Reduziu-se a fl uidez. Uma interpretação plausível é a de que começa a haver uma infl ação de credenciais que deprecia o valor dos diplomas de segundo grau ao longo dos anos. Quanto mais gente com esse nível de ensino, menor o valor desse diploma e maiores os efeitos das vantagens de classe no processo de mobili-dade intergeracional.

De fato, percebe-se que o porcentual de pessoas com segundo grau com-pleto dobrou entre a coorte mais velha (1909-1931) e a intermediária (1932-1948), passando de 7% para 14%.

Essa conclusão sobre a diminuição da fl uidez entre pessoas com pelo menos o segundo grau completo no momento em que há um maior porcentual da população com esse nível educacional contradiz algumas previsões da literatura, segundo as quais a fl uidez seria maior acima de certos níveis educacionais (HOUT, 1989). De fato, o caso brasileiro indica um processo semelhante ao de “infl ação de credenciais” que ocorre nos retornos de renda quando há aumento de credenciais educacionais. No caso da mobilidade intergeracional, parece existir um mecanismo semelhante operando, segundo o que revelam as análises anteriores. Testes mais pormenorizados são necessários, mas a hipótese parece relevante.

Em suma, o mecanismo de “composição” parece ter sido a principal causa do aumento da fl uidez no Brasil. Além disso, há evidências da redução de sua efi ciência para pessoas com pelo menos o segundo grau completo, uma vez que um terceiro mecanismo, o de “infl ação de credenciais”, também parece operar no país. De qualquer forma, não há sinais de que a “equalização” seja uma das causas do aumento da fl uidez no Brasil.

CONCLUSÃO

Embora a mobilidade social total no Brasil tenha aumentado entre 1973 e 1982 e não tenha se modifi cado desde então, a direção da mobilidade sofreu mudanças. Como mostrei anteriormente, a mobilidade ascendente diminuiu e a descendente aumentou. Para explicar a menor mobilidade ascendente, aban-donei a antiga distinção da literatura entre dois tipos de mobilidade – estru-tural e de circulação. Esse tipo de divisão está errado porque cada indivíduo experimenta apenas um tipo de mobilidade, expresso nas taxas absolutas de mobilidade. Assim, em vez de utilizar medidas antigas normalmente emprega-das no Brasil, fi z uso de metodologia e conceitos mais recentes. Segundo esta concepção, há dois efeitos, não dois tipos, sobre a mobilidade observada. O pri-meiro é um efeito estrutural, que por falta de imaginação conceitual continua a ser chamado de “mobilidade estrutural”. Esse efeito só pode ser entendido de forma completa se estudado conjuntamente com o grau de associação entre origem e destino. Portanto, no lugar da mobilidade de circulação, que era me-dida de forma incorreta, utilizei a idéia de que há um segundo efeito de fl uidez social, que nada mais é do que a associação estatística entre classes de origem e destino.

O declínio da mobilidade ascendente e o aumento da descendente, por-tanto, devem ser explicados em termos de efeitos estruturais e de associação entre classes de origem e destino, ou fluidez social. O efeito estrutural co-meçou a perder sua forca a partir de 1982. Isso significa que a disparidade entre distribuição de classes de origem e de destino que determinou gran-des volumes de mobilidade total no Brasil passou a ter menor impacto. O efeito estrutural – ou a mobilidade estrutural – é comum em países que passam por transições industriais rápidas, em que as classes rurais dimi-nuem de tamanho velozmente de uma geração para outra e as classes ur-banas aumentam também de forma acelerada. No Brasil, essa transição foi muito rápida e o efeito estrutural caracterizou-se pelo encolhimento das classes rurais e pela expansão das classes mais altas do setor não-manual. Essas duas mudanças constituem as principais forças de mobilidade estru-tural no Brasil e começaram a minguar, o que levou à diminuição das taxas absolutas de mobilidade. Seria bom se esse efeito estrutural continuasse a agir ininterruptamente, mas isso não ocorreu no Brasil nem em qualquer

outra sociedade estudada até hoje. Em última instância, poder-se-ia ima-ginar uma sociedade em que ocorresse uma mobilidade estrutural total e as classes fossem extintas. Esse sonho revolucionário jamais ocorreu em sociedades modernas.

O fato é que, paralelamente à diminuição do efeito estrutural, aumen-tou a fl uidez, de forma bastante acelerada até 1988 e um pouco mais lentamen-te entre 1988 e 1996. A maior fl uidez signifi ca que as vantagens de lentamen-ter origem numa classe mais alta hierarquicamente diminuíram em relação às desvanta-gens de ter origem numa classe menos privilegiada. Ou seja, decresceu a desi-gualdade de oportunidades. Essa redução, como mostrei na seção anterior, foi uma conseqüência de um processo de “composição”, ou seja, um porcentual maior da população passou a ter acesso à educação de segundo grau ou mais, nível educacional a partir do qual as classes de origem passam a ter menos importância na determinação das chances de mobilidade. Esse processo de composição, no entanto, parece ter se esgotado e há sinais de que a origem de classes terá impacto maior nas chances de mobilidade inclusive para pessoas com o segundo grau completo.

Menos mobilidade ascendente, menos mobilidade estrutural e mais fl uidez foram os padrões de mobilidade social no Brasil entre 1973 e 1996. Tais padrões indicam algumas tendências. Se o “efeito (mobilidade) estrutural” continuar a diminuir e a fl uidez, a aumentar, talvez a sociedade brasileira tor-ne-se mais justa em termos da transmissão intergeracional de vantagens e des-vantagens, porque esse padrão signifi ca que a classe em que as pessoas nascem determina cada vez menos suas chances de mobilidade. Seguindo essa lógica, pode-se dizer que a redução da mobilidade ascendente não é necessariamen-te ruim, porque implica na substituição de pessoas em posições hierárquicas mais altas por pessoas com origens em classes hierarquicamente mais baixas. Essa substituição só é possível em uma sociedade mais competitiva, em que classes de origem determinam menos as chances de mobilidade social. Se essas tendências se confi rmarem, a sociedade brasileira terá menos mobilidade, mas será menos caracterizada pela transmissão intergeracional de vantagens e des-vantagens. Não será uma sociedade totalmente igualitária, mas uma sociedade em que as chances de ascensão serão determinadas antes pela habilidade das pessoas do que por suas origens sociais. Esse ideal ainda está longe, mas houve mudanças nessa direção.