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EFEITOS JURÍDICOS DECORRENTES DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO

3 REGIME DE BENS E DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL

3.3 EFEITOS JURÍDICOS DECORRENTES DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO

Pode-se afirmar que a sociedade conjugal tem caráter patrimonial e pessoal entre os cônjuges ou companheiros, pois a união com intuito de constituição de entidade familiar gera para os consortes responsabilidades afetas aos encargos da família, manutenção do lar, educação dos filhos advindos dessa união, compromisso com os votos firmados e convívio harmonioso; vida em comum, no domicílio conjugal; mútua assistência; sustento, guarda e educação dos filhos; respeito e consideração mútuos; e regime de bens, nos termos da legislação civil.

Quando a relação conjugal não constitui mais meio de buscar a felicidade dos cônjuges ou companheiros, a solução é a dissolução da sociedade, da qual resultam efeitos jurídicos patrimoniais e pessoais. Desse modo, tais efeitos decorrem do regime de bens escolhido pelo casal e outros reflexos que repercutirão neste momento na vida aos membros do grupo familiar, dentre os quais, destacam-se: extinção dos deveres de coabitação e de fidelidade recíproca (se casados); de lealdade e respeito (se união estável); assistência mútua; estabelecimento de pensão alimentícia; guarda, sustento e educação dos filhos; dissolução do regime de bens e partilha.

Extinção dos deveres de coabitação e de fidelidade recíproca (casamento): No

com o seu parceiro(a) que escolheu viver uma comunhão de vida, cumprindo co m seus deveres e fidelidade. Dessa forma, para a extinção das obrigações pessoais os cônjuges podem optar pela separação judicial, conforme preconiza o artigo 1.576, do Código Civil/2002, como segue: “A separação judicial põe término aos deveres de coabitação, fidelidade recíproca e ao regime de bens”, (BRASIL/2002), ou pelo divórcio que põe fim ao casamento, de acordo com o artigo 3º da Lei nº 6.515/77 (Lei do Divórcio), pelo qual: “A separação judicial põe termo aos deveres de coabitação, fidelidade recíproca e ao regime matrimonial de bens, como se o casamento fosse dissolvido” (BRASIL, 1977), extinguem os deveres de coabitação e fidelidade recíproca, permitindo assim os cônjuges de relacionar-se com terceiros. Nesta linha de pensamento, Monteiro (1973, p. 01), argumenta sobre o assunto:

O dever de fidelidade perdura enquanto subsista a sociedade conjugal. Terminada esta, porém, pela morte, anulação do matrimônio, ou desquite (sic), readquire o cônjuge, juridicamente, plena liberdade sexual. Do ponto de vista moral é claro que não (...) se os cônjuges mantiverem apenas separados de fato, sem dissolução da sociedade conjugal, perdura o dever de fidelidade em todo seu vigor.

Portanto, pode-se afirmar que, o dever de fidelidade cessa quando houver a separação judicial ou divórcio, e além desses, com a separação de corpos, ou mesmo a separação de fato, ter-se-á por interrompido esse dever entre os cônjuges.

Lealdade e respeito (união estável): Os companheiros que vivem em união estável,

sem o vínculo matrimonial, possuem o dever de lealdade e respeito enquanto durar esta relação, conforme dispõe o artigo 1.724, do Código Civil/2002, como segue: "As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos." (BRASIL/2002). Razão pela qual, reconhecida e introduzida como entidade familiar na Constituição Federal de 1988, a união estável passou a ter semelhança com algumas regras aplicáveis ao casamento civil. Sobre o tema, Farias e Rosenvald (2008, p. 402) citam, como exemplo de violação aos deveres de lealdade e respeito, o adultério virtual, como segue:

Nesse aspecto, reconhecido o dever de lealdade e respeito entre os companheiros, que vivem em união estável, deflui a possibilidade de caracterização do adultério virtual, decorrente da falta de respeito entre os conviventes pela prática de relacionamentos via internet. O ambiente virtual pode propiciar conversas de conotação sexual, confidencial e até mesmo trocas de experiências sexuais. Apesar dessas conversas eróticas não caracterizarem a concretização do adultério, pela falta de contato físico, sem dúvida atentam contra o dever de lealdade e respeito exigível pelos companheiros. Nesse segmento, o companheiro enganado poderá atribuir ao outro, no caso do adultério virtual, a violação aos deveres de lealdade e respeito esperados reciprocamente.

A vista disso, verifica-se que a lealdade está ligada diretamente ao respeito entre os companheiros, com o principal objetivo de preservar a relação e não ofender os direitos de personalidade do parceiro, os direitos à liberdade, à honra, à intimidade, à dignidade etc.

Estabelecimento de pensão alimentícia entre os cônjuges e filhos: Enquanto perdurar

a sociedade conjugal não se cogita a prestação de alimentos, pois é dever recíproco dos cônjuges/companheiros prover o sustento da família e somente após o término da convivência conjugal surge o dever de prestar alimentos. Com a separação judicial, ainda prevalece a assistência recíproca, na qual existe entre os consortes um vínculo, conforme dispõe o caput do artigo 1.566, do Código Civil, como segue: “A separação judicial põe termo aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca e ao regime de bens.” (BRASIL, 2002). Entretanto, quando o casamento é dissolvido pelo divórcio, o princípio da solidariedade que norteia a obrigação de prestar alimentos entre os cônjuges, deixa de existir quando não sobrevier mais a família formada pelo casal, portanto, não resta mais nenhuma obrigação alimentar entre os ex-cônjuges. Prevalece, somente a obrigação alimentar com relação aos filhos, nos termos do artigo 1.566, IV, do Código Civil/2002, como segue: “sustento, guarda e educação dos filhos.” (BRASIL, 2002).

Definição de guarda, sustento e educação dos filhos: Trata-se dos deveres entre os

pais com os filhos em razão do poder familiar, sendo responsabilidade dos pais assistir, criar e educar seus filhos, conforme preconiza o caput do artigo 229 da Constituição Federal/1988, como segue: “Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.” (BRASIL, 1988). Ainda no mesmo diploma, no artigo 227, destaca-se a disposição sobre os direitos da criança, do adolescente e do jovem que são assegurados não somente pela família, mas também pela sociedade e o Estado, como segue:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 1988).

Por sua vez, o Código Civil de 2002 traz expresso em sua redação, no artigo 1.566 e IV, como segue: “São deveres de ambos os cônjuges o sustento, guarda e educação dos filhos.” (BRASIL, 2002).

Desta feita, os pais conjuntamente são responsáveis pelos direitos fundamentais dos filhos e essenciais para todo ser humano. Os deveres dos cônjuges perante o sustento

englobam toda necessidade material do filho que se encerra somente com a maioridade, porém, este dever não cessa na sua totalidade após o filho alcançar a maioridade, pois continua a existir sob característica de alimentos. Já em relação à guarda de filhos menores, o que deve prevalecer é o princípio de melhor interesse da criança, de acordo com o Estatuto da Criança e do adolescente e a Constituição Federal/1988. A guarda não decorre exatamente do matrimônio ou da formação da família, e sim, do poder familiar, o qual deve abranger a companhia dos filhos, bem como, o direito de fixar-lhes residência e domicílio.

A educação, por sua vez, é dever dos pais acompanhar a criança em todo o processo pedagógico na instituição que está inserida até a sua formação profissional, contribuindo ainda como base de sua educação a compreensão, orientação pessoal, ética e religião, conforme artigo 205 da Constituição Federa/1988, como segue: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (BRASIL, 1988).

Dissolução do regime de bens e partilha: Em decorrência do término da sociedade e

do vínculo conjugal, os consortes devem realizar a partilha dos bens existentes, conforme o que estiver definido no regime legal escolhido pelo casal.

4 INDENIZAÇÃO PELO USO EXCLUSIVO DE IMÓVEL COMUM POR UM DOS