• Nenhum resultado encontrado

Efeitos do sacrifício de Maria

CAPÍTULO II: Certeza da Imaculada Conceição

PONTO SEGUNDO A exaltação de Maria por Deus

VI. DA PURIFICAÇÃO DE MARIA Resumo histórico.

4. Efeitos do sacrifício de Maria

Pelos merecimentos, pois, de suas dores e da oferta de seu Filho, Maria tornou-se Mãe de todos os remidos. Portanto é justo crer que só por sua mão se dê o leite das graças divinas, isto é, os frutos dos méritos de Jesus Cristo. É ao que alude S. Bernardo, quando diz que Deus tem posto na mão de Maria todo o preço na nossa Redenção. Com o que nos faz o Santo entender que, por meio da intercessão da Santíssima Virgem, se aplicam às almas os merecimentos do Redentor, já que por suas mãos se dispensam as graças que são justamente o preço dos merecimentos de Jesus Cristo.

Abraão mostrou-se pronto a oferecer seu filho a Deus. Essa disposição foi tão agradável ao Senhor, que lhe prometeu em recompensa multiplicar os seus descendente como as estrelas do céu. “Pois que tu fizeste esta ação, e que por me obedeceres não perdoaste a teu filho único, eu te abençoarei e multiplicarei a tua raça como as estrelas do céu” (Gn 22,16ss.). Diante disso devemos crer com certeza que muito mais grato foi ao Senhor o sacrifício incomparável, que de Jesus lhe fez a excelsa Mãe. Por isso foi a ela concedido que, pelas suas súplicas, se multiplique o número dos escolhidos, isto é, a afortunada descendência dos seus filhos. Pois como tais considera e protege todos os seus servos.

S. Simeão teve promessa do Senhor, de não morrer antes de ver nascido o Messias. Mas esta graça ele não a recebeu senão por intervenção de Maria, porquanto não achou o Salvador, senão nos braços de Maria. De onde vemos que quem achar Jesus não o achará senão por meio de Maria. Vamos, pois, à Mãe de Deus, se queremos achar Jesus. Mas vamos com grande confiança. Certa vez disse Maria à sua serva, Prudência Zagnoni, que cada ano, neste dia de sua Purificação, se faria uma grande misericórdia a um pecador. Quem sabe se por acaso algum de nós será hoje este afortunado pecador? Se são grandes os nossos pecados, maior é o poder de Maria. O Filho não sabe negar coisa alguma a esta Mãe e infalivelmente a atende, diz S. Bernardo. Se Jesus está irado contra nós, Maria depressa o aplacará. Narra-nos Plutarco que Antípatro escreveu à Alexandre Magno uma longa carta de acusações contra Olímpia, mãe deste monarca. Depois de lê-la toda, respondeu Alexandre: Ignora Antípatro que uma pequena lágrima de minha mãe basta para apagar infinitas cartas de acusações? Imaginemos que também assim responda o Senhor às acusações que lhe apresenta contra nós o demônio, quando Maria roga por nós: Não sabes, Lúcifer, que uma súplica de minha Mãe, a favor de um pecador, basta para fazer-me

esquecer de todas as acusações de ofensas a mim feitas? Eis em prova disto o seguinte:

EXEMPLO

Este exemplo não está registrado em livro algum. Contou-mo, porém, um sacerdote meu companheiro, dando-se o fato com ele mesmo. Enquanto estava confessando numa igreja (cala-se o lugar por discrição, embora o penitente tenha dado licença para publicá-lo), viu um jovem, em pé, que parecia querer confessar-se. Olhando para ele o padre muitas vezes, finalmente chamou-o e perguntou-lhe se queria confessar-se. Respondeu que sim e que a confissão seria muito longa. Levou-o então o padre a um lugar mais retirado. Aí começou o penitente a dizer que era estrangeiro e nobre, e que não entendia como Deus quisesse perdoar-lhe, depois da vida criminosa que tinha levado. Além de inúmeros pecados de desonestidade, homicídios etc., disse que, desesperado de sua salvação, se pusera a cometer pecados, não tanto por paixão, mas por desprezo e ódio a Deus. Disse, entre outras coisas, que maltratara um crucifixo que consigo trazia, e que pouco antes, naquela manhã, tinha ido comungar sacrilegamente. Isto fizera para depois calcar aos pés a partícula consagrada. De fato queria pôr em execução o terrível projeto, mas não o fizera por causa das pessoas que o podiam ver. Com efeito entregou ao confessor a partícula, embrulhada num papel. Contou em seguida que, tendo passado por aquela igreja, sentira um grande impulso de entrar nela, e, não podendo resistir, entrou. Veio-lhe, então, logo um grande remorso de consciência, com certa veleidade e irresolução de confessar-se. Pusera-se por isso em frente ao confessionário. Mas aí era tão grande sua confusão e desconfiança, que queria ir embora. Alguém parecia, entretanto, retê-lo à força, ali perto. Até que — disse o jovem —, vós me chamastes, padre. Agora vejo-me aqui, e estou confessando-me nem sei como. Perguntou-lhe o padre por alguma devoção que talvez, durante esse tempo, praticara em honra de Maria Santíssima, pois que tais conversões extraordinárias são sempre obra das mãos poderosíssirnas da Virgem. — Nada, senhor padre, respondeu o jovem; que devoção poderia eu praticar? Pois eu me julgava condenado. — Recordai-vos melhor, tornou o padre. — Nada, meu padre, insistiu ele. Mas, metendo a mão no peito, recordou-se, e viu que trazia o escapulário de Nossa Senhora das Dores. — Ah! filho, disse então o confessor, não vedes que foi Nossa Senhora que vos fez esta graça? E notai que esta igreja lhe é consagrada. Ouvindo isto, o pecador estremeceu e cheio de arrependimento começou a chorar, continuando depois a manifestar os seus pecados. Confessou-os entre lágrimas de tal compunção, que caiu sem sentidos aos pés do confessor. Este fê-lo tornar a si, e finalmente, terminada a confissão, absolveu-o com suma consolação. Ele, todo contrito e resoluto a mudar de vida, voltou à sua pátria, depois de ter dado licença ao confessor de pregar e publicar por toda parte a grande misericórdia em seu favor.

ORAÇÃO

Ó santa Mãe de Deus e minha Mãe, Maria! Vós tanto vos interessastes pela minha salvação, que chegastes a sacrificar à morte o objeto mais caro ao vosso coração, o vosso amado Jesus. Se tanto desejastes ver-me salvo, é justo que em vós, abaixo de Deus, ponha todas as minhas esperanças. Ó Virgem bendita, por isso é que confio em vós inteiramente. Ah! pelo merecimento do grande sacrifício da vida de vosso Filho, que oferecestes a Deus neste dia, rogai-lhe que se compadeça da minha alma, pela qual o Cordeiro imaculado não recusou morrer na cruz.

Quereria, ó minha Rainha, também eu neste dia, à vossa imitação, oferecer meu pobre coração a Deus. Mas temo que o recuse, vendo-o tão manchado e imundo. Se vós, porém, lho oferecerdes, não recusará certamente. Ele aprecia e

recebe todas as ofertas que lhe são apresentadas por vossas mãos puríssimas. A vós, pois, ó Maria, apresento-me hoje, miserável como sou, e a vós inteiramente me consagro. Oferecei-me como coisa vossa, juntamente com Jesus, ao Eterno Pai. Rogai-lhe que, pelos méritos do Filho e por amor de vós, me aceite e tome para si. Ah! Mãe dulcíssima, por amor desse Filho sacrificado, ajudai-me sempre, e não me abandoneis. Não permitais que eu venha um dia a perder por meus pecados este meu amabilíssimo Redentor, hoje por vós oferecido à cruz com tanta dor. Dizei-lhe que sou vosso servo; dizei-lhe que em vós pus toda a minha esperança; dizei-lhe, enfim, que me quereis salvar e ele não poderá deixar de atender-vos. Amém.

VII. DA ASSUNÇÃO DE MARIA

Documentos relacionados