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4. QUATRO CASOS DE ESTUDO RECONVERSÃO DE

4.6. R EFLEXÃO CRÍTICA DOS CASOS DE ESTUDO

Apresentados os quatro casos de estudo, e tendo sido feita a caracterização de cada um deles, torna-se necessário fazer uma análise global das intervenções. Das quatro intervenções estudadas, há uma que merece especial atenção, pois é a que mais aproveitamento faz daquilo que existia no local, conservando para além das paredes exteriores, a estrutura interna, e ainda algumas paredes interiores, correspondendo à recuperação do antigo armazém frigorífico, da autoria do Arq. Carlos Prata.

A intervenção efectuada, consistiu na eliminação de uma linha de pilares para permitir a criação de caminhos de circulação automóvel; na criação de elementos estruturais que permitissem a elevação dos automóveis; criação de divisórias interiores, reboco e isolamento de todas as paredes exteriores pelo seu lado interior; reabilitação exterior das fachadas; criação de uma parede exterior, pelo interior da fachada sul existente, permitindo a introdução de vãos envidraçados que permitissem uma grande entrada de luz natural, e ao mesmo tempo sendo adequados às exigências actuais sem comprometer as características originais da fachada existente. Foi também remodelada e melhorada a cobertura, tornando-a acessível. Outras tarefas foram realizadas, tais como a disposição adequada de água, gás e electricidade, introdução de isolamento acústico, iluminação, entre outras.

A definição das tipologias, foi pensada tendo em conta os ganhos solares e a entrada de luz natural, pelo que se decidiu realizar fogos apenas na parte voltada a sul do edifício, deixando-se a parte traseira do edifício reservada para as instalações sanitárias, arrumos, e aparcamento automóvel. Os restantes casos de estudo, resultam num menor aproveitamento das construções existentes, e por ordem de aproveitamento segue-se a recuperação das ruínas da antiga fábrica de Massarelos. Dentro daquilo que podia ser recuperado, o espaço Monchique e o espaço Chaminé constituem bons exemplos de reabilitação, sendo que se aproveitaram as fachadas existentes para a construção de dois novos edifícios, com uma traça antiga, onde a cobertura de telha cerâmica tradicional, acrescenta um estilo próprio, e um prolongamento da história do local.

O interior destes dois espaços resulta em amplas divisórias, de tipologias grandes proporcionando o conforto que normalmente os edifícios com configuração semelhante não apresentam. No entanto, a estrutura interior dos mesmos, e o seu interior, nada tem a ver com aquilo que era característico da época de construção dos edifícios originais, sendo que na ausência de estruturas relevantes, e susceptíveis de serem reabilitadas, a solução realizada é a que melhor de adequa as exigências modernas, proporcionando as melhores condições para quem lá pretender residir. As caixilharias são completamente novas e de boa qualidade, sendo que na ausência das caixilharias antigas, que foram destruídas com um incêndio, serão a melhor solução. Poder-se ia implementar caixilharias idênticas as que existiam no passado, no entanto apenas a questão estética poderia sair a ganhar, perdendo o edifício capacidades que hoje são tão importantes, como sejam o comportamento acústico e térmico. O edifício novo, correspondendo ao espaço Restauração, torna-se uma mais-valia para o empreendimento, uma vez que o permite rentabilizar, sendo uma maior garantia da viabilidade económica de todo o conjunto. Permite também acrescentar capacidade habitacional á cidade e albergar a dois passos do centro histórico, um número considerável de pessoas, contribuindo para a revitalização de uma zona degradada, e que aos poucos se ergue, servindo de estímulo a outras recuperações na mesma área. O Condomínio Aliança apresentava características bastante complicadas para a realização dos trabalhos necessários para a recuperação da antiga fábrica de bolachas Aliança. Talvez por isso, um estudo prévio previa a manutenção da fachada existente e a sua reabilitação, mas apenas como uma obrigação a cumprir, e de forma a constituir um “ornamento” ao local. Mantendo-se a fachada, interiormente seria construído um novo edifício sem qualquer ligação à mesma, o que seria uma solução pobre, desprovida de qualquer interesse arquitectónico, e que em nada contribuía para a

manutenção da identidade da cidade, e daquilo que em outros tempos foi um importante edifício da cidade. Por esta razão, o projecto do Arq. Manuel Ventura, surge como uma proposta arrojada, vencendo os problemas existentes ao nível das acentuadas diferenças topográficas, e quebras das linhas da antiga fábrica, proporcionando a manutenção da sua fachada, e encontrando soluções para as condicionantes encontradas. Ao mesmo tempo, a cobertura de abóbada redonda, realizada em folhas de alumínio, veio acrescentar forma ao edifício, e contribuir para que o mesmo se tornasse ainda mais imponente, sem perder toda a sua simplicidade. Face à ausência de caixilharias antigas em bom estado, e passíveis de recuperação, as caixilharias escolhidas foram soluções modernas, acrescentando conforto e segurança ao edifício. Este empreendimento, localizado em pleno centro da cidade, contribui para inverter as tendências de abandono progressivo da população do centro da cidade, uma vez que vem permitir a fixação de um número considerável de pessoas, sendo mais uma importante contribuição privada para a regeneração da Baixa e Centro Histórico do Porto.

O Condomínio Achbrito, surge como uma oportunidade de urbanizar um terreno de grandes dimensões, numa zona central da cidade, marcada pela presença de vários elementos de referência, como é exemplo a Casa da Musica, e tendo a seu favor as boas acessibilidades e a rede de Metro a menos de 100 metros.

No local, existiu durante muitas décadas uma unidade fabril, como foi explicado anteriormente, sendo que a unidade se compunha de um edifício principal, de maior valor arquitectónico, e de um conjunto de edifícios nas traseiras sem grande expressão arquitectónica, e que funcionavam para auxiliar a produção. Os edifícios sem valor arquitectónico foram demolidos, tendo sido preservada a fachada do edifício mais rico que se encontrava no local. O interior, como era completamente desadequado, e estava altamente degradado, também foi demolido, juntamente com a cobertura. Face à forma, e ao valor arquitectónico do edifício mais característico da antiga fábrica, deveria ter sido preservada uma maior parte da mesma, sendo que a torre virada para a Avenida de França poderia ter sido recuperada, acrescentando assim um maior simbolismo e distinção ao conjunto habitacional. As caixilharias da antiga fábrica foram substituídas por caixilharias novas, o gradeamento existente foi retirado, uma vez que se encontrava muito degradado, e que dificilmente seria passível de recuperação, ainda que da parte da Câmara Municipal tenham sido dadas indicações em sentido inverso. No interior do terreno, e anteriormente ao edifício que sucedeu à antiga fábrica Achbrito, foram construídos quatro novos edifícios, com traços actuais, e desprovidos de qualquer ligação ao que ali existia. Estes edifícios foram realizados sem preocupações peculiarmente interessantes, sendo edifícios novos semelhantes aos que se vão construindo em outros locais, e que por isso não têm grande interesse para este trabalho. A manutenção das árvores existentes em frente à fachada principal da antiga fábrica, acrescentam valor a este conjunto, ajudando ao seu enquadramento no local.

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