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O fato de também fazermos parte do grupo de pesquisa que desenvolve as UDI nos levou a adotar as etapas da elaboração das mesmas para o nosso projeto1.

A elaboração das UDI é composta das seguintes etapas:

1. A fase inicial diz respeito à escolha do livro ou da história infantil que pretendemos trabalhar.

O trabalho foi desenvolvido a partir de livros infantis encontrados no mercado e de histórias criadas no decorrer do desenvolvimento do projeto.

A seleção dos livros foi feita por um grupo de acadêmicos, pós-graduandos e professores de diferentes áreas do conhecimento: Matemática, Geografia, Biologia, Pedagogia, etc., integrantes do grupo INTERNEXUS. Na escolha dos livros, levamos em conta a relevância do assunto abordado na obra, nosso envolvimento com a história e a possibilidade de organizarmos atividades a partir do seu contexto. Foram eles: As Aventuras

da Família Tamanduá, de Jô Oliveira, que nos propiciou desenvolver atividades com as

1 Etapas de elaboração das UDI foram organizadas pela professora Deisi Sangoi Freitas (UFSM), responsável pelo Grupo INTERNEXUS, e pelas acadêmicas Sheila Goulart(UFSM) e Marcela Ten Caten(UFSM), ambas integrantes desse grupo.

turmas de pré-escola, 2ª série e 4ª série; Se essa rua fosse minha, de Eduardo Amos, em turmas de 3ª série. Balas, bombons, caramelos, de Ana Maria Machado, em turmas de 1ª série.

As histórias criadas surgiram após observações realizadas nas escolas envolvidas com a proposta e em conversas com as professores titulares das turmas. Dessa maneira criamos histórias envolvendo as seguintes temáticas: reutilização de materiais, água, e a questão das diferenças, que deram origem respectivamente a três histórias: A História do Copinho; João, o

Leão, em: Com medo de água? e Sou diferente! que propiciaram a implementação das UDI

em turmas de pré-escola.

Destacamos que as histórias são sempre contadas e o título de cada livro ou história dá o nome à respectiva Unidade Didática Interdisciplinar.

2. Num segundo momento, observando o enredo de cada história, procuramos destacar os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais2 a serem trabalhados.

Para auxiliar nessa etapa, dentre outros referenciais são utilizados PCN, RCN, os Temas Transversais e Zabala (1999).

Assim, procuramos contextualizar determinados conteúdos em função da história escolhida. Desta forma, é possível trabalharmos, por exemplo, noções de frações numa história, enquanto que numa outra trabalhamos noções de geometria.

Os conteúdos conceituais que abordamos na área da matemática dizem respeito a noções de frações, grandezas e medidas, e de geometria. Além de destacarmos o respeito e interesse pelo trabalho em grupo e opinião dos colegas, a solidariedade e tolerância com os colegas. As noções abordadas com perspectiva interdisciplinar envolvendo outras áreas dizem respeito às diferenças entre o campo e a cidade, construção de vocabulário, organização e redação de histórias, a vida de alguns animais, etc.

Procuramos trabalhar com noções de conceitos e não com o conteúdo rigidamente sistematizado. Esta escolha pelo grupo INTERNEXUS é uma sinalização para o fato de que não partimos de conceitos prontos e sim dos conceitos prévios dos estudantes para avançarmos conceitualmente, o que é uma forma de romper com a estrutura disciplinar tradicional de apresentar conceitos prontos e posteriormente exercícios de fixação. Os assuntos abordados pela UDI na maioria das vezes já haviam sido abordados pelo professor da turma.

2 Zabala (1999) faz referência aos conteúdos conceituais, como aqueles que é preciso “saber”; aos conteúdos procedimentais, como aqueles que é preciso “saber fazer” e aos conteúdos atitudinais, como aqueles que é preciso “ser”.

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3. Em seguida, organizamos as atividades, envolvendo os conteúdos e o material necessário para desenvolver a UDI.

A partir do contexto da história elaboramos e decidimos quais os materiais e atividades que poderão ser utilizados durante a implementação na escola, tais como: relatos orais e escritos, desenhos, construção de maquete, de personagens das histórias, dobraduras, colagens, passeios, jogos, etc.

Alguns desses materiais foram elaborados em nível de laboratório, para fins de estudo, pois a intenção não foi a de criarmos modelos para que sejam simplesmente copiados, mas que sirvam apenas de referência. Desta forma, deixamos sempre margem para a reinvenção.

4. Posteriormente, preocupamo-nos com a estruturação da UDI, distribuindo as atividades, procuramos observar a dinâmica dos TMP, de Delizoicov e Angotti (1991).

5. Quando as UDI ficaram prontas, entramos em contato com duas escolas da rede pública de ensino, uma localizada próximo ao centro da cidade de Santa Maria-RS e outra num bairro periférico, da mesma cidade. Apresentamos então uma prévia dos objetivos da proposta. Ao escolhermos estas instituições de ensino levamos em conta principalmente a intenção, a proximidade e a disponibilidade da escola diante da proposta.

6. A partir daqui, dedicamo-nos as implementações em sala de aula. Novamente, a escolha da turma foi feita observando e respeitando a vontade da professora.

A proposta envolveu turmas de pré-escola a 4ª série, totalizando cerca de 80 alunos. O trabalho foi desenvolvido no segundo semestre de 2004 e primeiro semestre de 2005, em encontros semanais e quinzenais, adequando-nos a disponibilidade da escola, perfazendo um total de 20 implementações que perduraram cerca de 60 horas.

7. Após a etapa de implementação reunimos os apontamentos, procurando avaliar e refletir sobre uma possível e/ou necessária reestruturação nas UDI. Nesse sentido, o trabalho é uma proposta aberta, pois está sempre se reestruturando.

O material coletado, incluindo a experiência da proposta, sempre que possível, é ofertada na forma de oficinas para acadêmicos e professores da rede de ensino, contribuindo com a formação inicial e continuada dos mesmos.

Em anexo, trazemos o resumo de uma UDI (João, o leão, em: com medo de água?), com os principais passos que orientarão o trabalho em sala de aula. (ANEXO B)