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Existem diferentes formas para se avaliar as estruturas e funções do complexo orofacial. A eletromiografia é um destes recursos.

A eletromiografia é um exame de grande utilidade, pois permite ao avaliador obter informações objetivas sobre os padrões de disparo e recrutamento de um grupo muscular e o grau de controle motor que o sujeito avaliado pode exercer sobre o movimento requerido. É um exame não invasivo e um recurso importante para avaliação e diagnóstico complementar para os profissionais da saúde

A avaliação através da eletromiografia (EMG) ou biofeedback são utilizadas e indicadas em todas as situações nas quais se deseja verificar e reeducar um movimento muscular (91).

7.1 Eletromiografia e Mastigação

Com algumas exceções, os fatores que afetam a mastigação têm sido estudados um de cada vez, de forma fragmentada. Embora nem todas as variáveis potencialmente relevantes possam ser estudadas em qualquer investigação, conjuntos-chave de variáveis podem ser identificados e estudados (80)(82).

No que se refere às ferramentas de diagnóstico para avaliar a cinesiologia mandibular, a eletromiografia de superfície de (EMG) se mostra como um grande balizador de estudos de grupos musculares e representa uma técnica útil de diagnóstico para dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, neurologistas. Por ser um exame indolor, e de fácil acesso as diferentes áreas da saúde, pode auxiliar profissionais que necessitem parâmetros objetivos para avaliação clínica da atividade muscular, bem como para avaliar os resultados cirúrgicos e terapêuticos em curtos ou longos períodos de estudo.

A eletromiografia (EMG) também investiga as alterações musculares gerais, determina o início da ativação muscular e avalia a coordenação ou desequilíbrio dos diferentes músculos envolvidos em uma função.

Na fonoaudiologia, pode ser utilizado para avaliar importantes funções e resultados terapêuticos. É realizada com eletrodos de superfície para determinar a atividade elétrica da posição de repouso mandibular, a hiper ou hipoatividade de músculos, bem como para examinar a atividade dos músculos durante a mastigação, bruxismo e atividade parafuncional (66)(92).

Em seres humanos, a sequência de mastigação pode ser facilmente ilustrada usando a eletromiografia. Tais estudos têm avançado muito e contribuído no conhecimento sobre a fisiologia normal da mastigação (60). O exame de eletromiografia pode ser usado para registrar atividades estáticas (isométricas, de repouso, de aperto dos dentes) e dinâmicas (mastigação). Alguns tipos de tarefas utilizam o mesmo grupo de músculos, mas os movimentos rítmicos requerem um controle diferente das atividades musculares, onde a contração e a descontração

devem ser cuidadosamente coordenadas entre os músculos agonistas e antagonistas (86).

Particularmente na avaliação da função de mastigação observa-se uma relação direta com o crescimento e desenvolvimento craniofacial dos indivíduos, estando também relacionada com os hábitos alimentares (93)(77).

7.2 Eletromiografia e Fissura Labiopalatina

Apesar da eletromiografia ser um excelente instrumento para avaliação das atividades musculares, é ainda subutilizado para avaliar indivíduos portadores de anomalias craniofaciais como as fissuras labiopalatina.

Esta anomalia atinge gravemente as estruturas orofaciais, e desta forma suas funções.

Durante exames de eletromiografia em pacientes portadores de fissura labiopalatina unilateral, os músculos masseter e temporal foram analisados em diferentes situações, tais quais repouso, isometria e mastigação, e estes resultados foram comparados com sujeitos sem fissuras labiopalatinas. O grupo de indivíduos com fissura labiopalatina unilateral apresentou maior tempo de ativação muscular durante o ciclo mastigatório e maior duração do ciclo, o que provavelmente resulta em maior dificuldade na mastigação quando comparado ao grupo controle (indivíduos sem fissuras) (94).

Alguns autores verificaram na população com fissura labiopalatina maior ativação dos músculos masseter e temporal no repouso, atividade desarmônica desses músculos durante os movimentos mandibulares, maior índice de assimetria em ambos os músculos, além de menor velocidade mastigatória com pão em meninas, e ciclos mastigatórios mais longos e em maior quantidade (94).

No entanto, não há consenso na literatura quanto ao prejuízo ou semelhança relacionados à função mastigatória na comparação entre populações controles e aquelas com fissura labiopalatina, visto que foi observado força de mordida semelhante entre os lados com e sem fissura do mesmo sujeito, e em crianças com e sem fissura labiopalatina (95).

Pouquíssimos estudos compararam a ativação dos músculos da mastigação apenas entre sujeitos portadores de fissura labiopalatina, como é o caso deste trabalho.

Acredita-se que o padrão mastigatório esteja diretamente relacionado ao padrão de crescimento craniofacial (64). Esta é uma das principais preocupações entre os grupos de cirurgiões que reparam esta anomalia.

O desenvolvimento dos terços médio e inferior da face, podem ser considerados um processo adaptativo, ou seja, a criança poderá assumir esse padrão em função da falta de um elemento dentário; má oclusão, má conservação de um dente e/ou dor na articulação temporomandibular em um lado da face. É possível perceber que crianças de 2 a 5 anos possuem condições de executar um padrão de mastigação próximo ao do padrão adulto (64)(93).

Houve também muitos estudos de padrões de crescimento e características dimensionais do esqueleto maxilofacial em pacientes com fissura labiopalatina. Semb (1991) relatou que após a conclusão do crescimento, a retrusão maxilar é muito comum em pacientes com fissura labiopalatina e após cirurgia reparadora durante a infância. Essa alteração tem sido atribuída a defeitos primários intrínsecos e interferência no crescimento secundário à contração do tecido cicatricial nas regiões palatinas operadas (94).

A função mastigatória propicia a estabilidade da oclusão, o equilíbrio muscular e ósseo, sendo essencial na prevenção dos distúrbios miofuncionais, pois estimula a musculatura orofacial, contribuindo assim para harmonia facial (7).

Os padrões de alimentação sofrem modificações no decorrer do tempo, e uma série de fatores podem estar incidindo sobre estas transformações (7).

As crianças na faixa etária de 5 a 10 anos estão no primeiro surto de crescimento craniofacial e devem receber atenção em relação a estas transformações (8).

O conhecimento das características anatômicas e fisiológicas e os aspectos da dinâmica dos músculos mastigatórios formam um importante arcabouço para a compreensão dos efeitos da biomecânica maxilo-mandibular sobre o crescimento e desenvolvimento do complexo craniofacial, servindo de base para o planejamento e intervenções terapêuticas e compreensão das variações do desenvolvimento crânio facial (66).

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