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ESTAÇÃO METEOROLÓGICA CED INCRA

3.2 EM BUSCA DE PARCEIROS: ESCOLA E COMUNIDADE

Para definir a estratégia a ser usada no desenvolvimento das atividades na escola foram realizadas algumas reuniões com a direção e com os professores, as quais são descritas a seguir.

O primeiro contato foi com a direção da escola, em março de 2014, num momento em que o delineamento do projeto ainda não estava claro. Ainda assim, a direção abriu as portas da escola, possibilitando a mim a liberdade para a utilização do espaço.

O contato com os professores se deu em reuniões pedagógicas (coordenação pedagógica como tem sido chamadas na SEEDF), realizadas após essa conversa inicial com a direção da escola.

Na primeira reunião, participaram doze professore das seguintes áreas: 1 de Física, 2 de Geografia, 1 de História, 2 de Português, 1 de Biologia, 1 de Artes, 2 Matemática, 1 de Educação Física e 1 de Química.

Nessa reunião, apresentei o caminho que estava sendo percorrido, desde o histórico da estação na escola e do apoio da direção ao meu ingresso no mestrado, perpassando pela minha compreensão do que era ser professor, até a importância de articular as disciplinas escolares ao tema. Também aproveitei esse momento para identificar professores parceiros, dispostos a desenvolver um projeto relacionado à Estação na escola.

Também foi abordada nesse encontro, a perspectiva de articulação de cada disciplina com o tema. À medida que a discussão aconteceu foi possível perceber que os professores tinham certa facilidade em estabelecer conexões entre suas disciplinas e a Estação, mas, muitas vezes essas conexões se mostraram superficiais, a

60 exemplo da mencionada pelo professor de Matemática: “podemos calcular os dados” ou de Português “podemos associar a Meteorologia com a sua etimologia”. Outros professores, como o de Artes, já estabeleceram relações mais detalhadas – “podemos relacionar às artes visuais – produção de maquetes; Cênicas – como tema para a produção de peças teatrais, vídeos publicitários e cinematográficos, Música – relação entre som e instrumentos”.

A partir dessa reunião e das discussões com a direção, chegamos a um denominador comum. Havia um desinteresse da escola para desenvolver atividades relacionadas à Estação Meteorológica, o que a nosso ver, estava relacionada a falta de conhecimento do que era uma Estação Meteorológica por parte de todos.

Particularmente, sobre o projeto na escola, o professor responsável (Geografia) relata que em 2013 não havia conseguido relacionar a estação àquela realidade rural, não se conseguiu desenvolver atividades que motivassem os alunos para o trabalho com a Estação, nem tão pouco se conseguiu a motivação dos professores para participarem do projeto, apesar de o projeto fazer parte do PPP da escola.

A nosso ver, essa desmotivação é explicada pelo trecho a seguir, escrito por Freire no livro “Educação como Prática da Liberdade”:

E como são receitas transplantadas que não nascem da análise crítica do próprio contexto, resultam inoperantes. Não frutificam. Deformam-se na retificação que lhes faz a realidade. De tanto insistirem essas sociedades nas soluções transplantadas, sem a devida “redução” que as adequaria às condições do meio, terminam as suas gerações mais velhas por se entregarem ao desânimo e a atitudes de inferioridade. (FREIRE, p. 59, 1987)

Ou seja, era preciso buscar a devida “redução” da Estação Meteorológica para relacioná-la com as necessidades daquela comunidade. Mas, como fazer isso?

Seguimos o seguinte pensamento: Há um evento agrícola muito importante prestes a acontecer na região - a Festa do Morango. Outro ponto, o INCRA 08 é a região mais desenvolvida dos INCRA´S; é um misto de rural com urbano, fato que por muitas vezes deixa a juventude local sem querer se assumir como moradores de núcleo rural. E, finalmente, tínhamos uma Estação Meteorológica montada.

Isso tudo nos fez acreditar que articular a estação à agricultura seria o caminho a ser trilhado, seria uma busca de significado para a Estação. Tínhamos todos os pontos convergindo para fazer uma junção da Estação com a agricultura local.

61 Assim, no nosso entendimento, era necessário que déssemos um passo atrás com a Estação Meteorológica e fôssemos em busca desta identidade com a escola, com a comunidade. Seria uma busca por um apoderamento daquele conhecimento, ou seja, da Estação Meteorológica. Ela seria a ponte de ligação entre escola e comunidade. Ela nos apontaria para esse diálogo.

Desses contatos iniciais com a direção e os professores decidiu-se, também, que o assunto seria abordado em encontros a serem realizados no contra turno. Por sugestão da direção, esses encontros deveriam ser realizados no horário noturno, pois eles acreditavam ser mais fácil aos alunos de chácaras ficar na escola depois do horário normal de aula do que eles virem no período da manhã; também, cada encontro teria a duração de duas horas aula. Como parceiros foram identificados os professores de Geografia, Física, História, Artes e Português.

Também, com o professor de Geografia foi definido como seriam as ações com os alunos, ou seja, a programação dos encontros. Esses envolveriam o estudo e a confecção dos instrumentos presentes na estação: o anemômetro, psicrômetro, pluviômetro e termômetro de máximo e mínimo.

Após essas definições, decidimos buscar parceiros na comunidade e isso nos levou à EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural. Essa empresa foi fundamental nesse diálogo, foi a “ponte” entre a escola e os agricultores, indicando possíveis parceiros. Um dos agricultores indicados era antigo na região e que há muito tempo fazia o controle pluviométrico em sua propriedade. O outro agricultor, morador novo da região, estava despontando como um dos maiores produtores de morango e tinha interesse em desenvolver uma agricultura voltada para a sustentabilidade.

Aproveitando uma visita técnica fomos apresentados ao segundo agricultor (João Carlos) por agentes da EMATER que levaram para ele uma análise de solo. Neste momento o convidamos para participar do nosso primeiro encontro com os alunos. Também, falamos da possibilidade da construção de uma estação meteorológica na sua propriedade.