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Partindo-se dos resultados do estudo, percebeu-se que as redes colaborativas vitivinícolas apresentam bons níveis de capital social relacional, estrutural e cognitivo, bem como equilíbrio geral entre as três dimensões. Assim como, tem pautado sua competitividade sobre três alicerces, quais sejam: estoque de ativos organizacionais, aproveitamento de recursos endógenos e networking empresarial.

Consoante a isto, as seis dimensões foram correlacionadas a fim de identificar se tais construtos compartilhavam covariação. De acordo com os índices de correlação de Pearson verificou-se que das 9 interações medidas, 5 estão altamente relacionadas, 3 moderadamente relacionadas e apenas uma apresentou covariação pequena, visto uma característica específica do contexto. De acordo com os dados é possível dizer, então, que o capital social exerce influenciação recíproca com a competitividade e, além disso, tem servido para sustentar atividades que permitem prognosticar o desenvolvimento das ações competitivas no cluster.

Chama atenção nos resultados do presente estudo, o fato de que o fortalecimento da competitividade e do capital social vem dependendo resumidamente de redes colaborativas coesas, que apresentam relacionamento com outras instituições, com histórico de interações e que dedicam tempo para as trocas conjuntas. Tão logo, destaca-se que das 14 variáveis submetidas à verificação de interferência nos construtos de capital social e competitividade, todas apresentaram pelo menos diferença significativa com uma dimensão nos dois construtos. Possivelmente tais resultados permitem afirmar a relação entre capital social e competitividade.

Finalmente compararam-se os níveis de capital social e competitividade nas redes que proporcionaram o estudo: APROVALE e APROBELO, onde identificou-se que as maiores médias para as duas dimensões pertencem a APROBELO, porém as diferenças entre as duas redes é pequena, confirmando que as combinações dos elementos multidimensionais do capital social, provocam externalidades idiossincráticas e reafirmando, por sua vez, que o capital social está altamente relacionado às covariações da competitividade.

Com referência aos resultados encontrados pode-se afirmar que existe relação entre a existência de capital social e competitividade no cluster vitivinícola da Serra Gaúcha

representado pelas redes APROVALE e APROBELO. Os métodos estatísticos utilizados para avaliar os resultados não permitem inferir uma relação de causa e efeito, mas sim um percentual de determinação de variação. Tal percentual apresentou-se num intervalo entre 74% e 15,7%. Contudo, esta pesquisa confirma a existência de efeitos complexos de feedback entre as origens e os efeitos do capital social, elencados também pela Comission reserach

paper (2003). Não se sabe ao certo se a colaboração é que causa a melhoria da

competitividade ou se a busca da competitividade é que causa a colaboração. Apenas pode-se afirmar que a colaboração depende da “cola sociológica” (PUTNAM, 2002).

À medida que o problema que encadeou esta pesquisa encontra-se agora respondido, pois já se sabe que o capital social está altamente correlacionado à competitividade, o esquema a seguir procura modelar os resultados encontrados.

Figura 19 - Relação do Capital Social com a Competitividade em redes colaborativas vitivinícolas da Serra Gaúcha

Fonte: Elaborado pela autora com base no presente estudo.

Co v s o

Capital Social Competitividade

C veers o

- Ativos Organizacionais

- Aproveitamento de Recursos Endógenos;

- Networking; -Melhores práticas organizacionais;

- Promoção da identidade comunitária; - Troca de informações - Relacional - Estrutural - Cognitiva -Soluções coletivas; - Redução de custos e riscos; -Aprendizagem coletiva; FEEDBACK FEEDBACK

5 CONTRIBUIÇÕES RELEVANTES DO ESTUDO, CONSIDERAÇÕES FINAIS, RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS E LIMITAÇÕES

Esta última seção trata das considerações finais da dissertação, das recomendações para trabalhos futuros e das limitações do presente estudo, destacando as contribuições confirmadas pela literatura pesquisada, as contribuições discrepantes em relação à literatura pesquisada, pontos relevantes não abordados na literatura pesquisada, as contribuições metodológicas e as implicações para o meio acadêmico e para o ambiente de negócios no que tange a formação e gestão endógenas das redes.

Pela forma como foi organizada esta dissertação, as principais conclusões de cada seção foram distribuídas ao final das análises de cada objetivo. Apesar disso, vale retomar os pontos principais para que haja uma visão de conjunto das informações.

Ao longo deste trabalho, sustentou-se que o alto estoque de capital social existente, pautado principalmente no forte sentimento de pertença, respeito, colaboração, engajamento, conectividade e compartilhamento de objetivos e experiências, trouxe para as redes estudadas muitas oportunidades para alavancar a competitividade individual das empresas coligadas. Também, partindo-se destes elementos vinculados, o estudo elencou três dimensões que têm contribuído para a melhoria da competitividade dos dois grupos: o desenvolvimento de ativos organizacionais, o aproveitamento do potencial endógeno (principalmente potencial turístico e enogastronômico) e a networking.

Os dois construtos - capitais social e competitividade – avaliados pelo presente estudo encontram-se altamente correlacionados e qualquer mudança relativa a um deles, conforme os dados estatísticos apontaram, tem poder para afetar significativamente as variações do outro, fato este corroborado pela quantidade de variáveis compartilhadas com diferenças significativas para esta dimensão. A comparação entre os níveis de capital social e competitividade existente para as redes APROVALE e APROBELO, permitiu evidenciar que

as diferenças entre os objetivos compartilhados por cada rede e a forma de organização fazem derivar de cada qual uma externalidade idiossincrática, que depende exclusivamente da combinação de cada um dos elementos vinculados.