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2. Trajetórias socioafetivas de mulheres negras em um bairro periférico em Natal/RN

3.1 Afetividade e saúde

3.1.2 Emoções e saúde

Clélia Prestes (2013), utiliza o quadro de vulnerabilidades baseado na abordagem dos direitos humanos, exposta por Ayres, Paiva e França Jr. (2012), e que surgiu na década de 90, trazendo como diferencial o fato de abranger não só fatores de risco, mas tendo uma expansão para uma análise sistêmica, ao considerar as dimensões individual, social e programática na formatação de vulnerabilidades. Na dimensão individual, estão as configurações dos sujeitos, a sua subjetividade e relações intersubjetivas nos contextos do cotidiano, que incluem não só a constituição física e psicológica, mas também os atributos, as experiências, os valores pessoais, a dinâmica psicossocial, a maneira como o sujeito administra situações, como absorve e incorpora informações e recursos em suas práticas diárias, as relações de amizade, familiares,

afetivo/sexuais, profissionais etc. Na dimensão social, se analisa as diferentes especificidades, como as relações são permeadas por contextos de igualdade/desigualdade e inclusão/exclusão, por exemplo, como vemos a partir das relações de gênero, étnico-raciais, econômicas, geracionais, religiosas etc. Já na dimensão programática se observa o atendimento dos indivíduos para garantia de seus direitos, incluindo estratégias que podem promover, reproduzir ou diminuir condições de vulnerabilidade. Em resumo, o racismo, preconceito e discriminação racial impactam negativamente a saúde, aumentando a vulnerabilidade de negros tanto na saúde orgânica, quanto psíquica (PRESTES, 2013, p. 33/34).

Certo dia, quando cheguei em frente de sua casa ela diz que pensava em mim e que somos conectadas por pensamento. Contou que na semana anterior foi até o posto de saúde num dia em que eu não estava e falou dos inúmeros estresses vivenciados e que só foi atendida após gritar e utilizar diversos palavrões, em forma de denúncia pelos desrespeitos passados: “Chamei porra, chamei caralho! Mais um pouco e eu tinha jogado aquele birô por cima da diretora! No final só atendeu eu porque eu tava passando mal” (Notas do diário de campo em uma visita a Dona Acotirene).

As mulheres aqui pesquisadas frequentemente conectavam e relacionavam emoções e estados de ânimo com manifestações físicas; deixando espaço no corpo e na fala para suas emoções encarnarem. Foi desse modo que as sensações cotidianas trouxeram informações pertinentes a condição em que cada uma dessas mulheres se encontra ou como encaram seus momentos atuais. Me deparei, por exemplo, com relatos de felicidade e orgulho que surgem com frequência, mesmo em meio da somatização das condições adversas e desfavoráveis que se estende para o psíquico, físico – insônia, artrite, dores musculares etc. Afinal, com a melhora de uma doença que acometia Dona Edenice depois de muito tempo, se sente feliz com tal cura, que apesar de ser aparentemente pequena (uma ferida num dedo do pé, mas de uma mulher com diabetes), carrega consigo grandes significados, já que ela conseguiu enfrentá-la sozinha e cuidar-se sozinha também, direcionando todo seu cuidado consigo mesma:

Dona Edenice: Eu tô tão feliz, Amanda. Tão feliz que parece que arrumei um namorado.

Amanda: E por quê?

Dona Edenice: Porque quando a pessoa ta doente e fica boa fica tão feliz. E mais, eu me preocupava tanto com a pressão... eu não tô me preocupando, já tô bem.

Após anos de situações humilhantes passadas durante seu casamento, Dona Edenice atualmente está divorciada, mas mesmo que não esteja propriamente “procurando” um namorado/marido, deseja ter uma companhia, após seu divórcio de um casamento que durou

exatamente trinta anos. Pergunto se ela está com algum “paquera” e ela diz que está sem nenhum:

Eu mandei aquele viajar. Tô dando um castigo, mas daí a família dele é aqui direto. Porque outro dia ele disse que vinha, aí não veio. Disse que vinha e minha pressão e diabetes subiu. Foi dessa vez. Depois disso ela já vem desmantelando assim de 14/15… hoje tirei 14/08. Daí eu baixei a UPA! Terá sido por causa de Clécio? Diga nada não, mas foi. Fiquei nervosa né, mas é porque eu tenho umas boas pra dizer pra ele (Diálogo com Dona Edenice – grifos meus).

Não são raras as vezes que causos do dia-dia afetivo das interlocutoras são relacionados às dinâmicas de saúde/doença. Tal frequência me fez indagar, junto com orientadora e colegas de curso, se esses relatos só surgiam por eu estar ali na função de ACS. Contudo, o diálogo mostrado anteriormente me faz refletir mais sobre como as emoções se relacionam ao estado físico e corporal, do que propriamente que elas acionem todo tempo a minha função como de importância e necessidade em tratar sobre saúde, ainda mais conectado ao fator afetivo:

E eu avisei: “olhe, no dia que eu vir você com outra eu num olho nem mais na sua cara.” Mas ele achava que eu gostava dele ne, que podia fazer qualquer coisa. Eu dizia: “tu faz isso comigo porque tu sabe que eu gosto de você. Mas tem limite! Depois que eu pisar o pau na barraca, meu filho, eu vou sofrer, porque a minha doença também foi isso.” Eu passei 3 noites sem dormir, mas eu digo que eu num corro atrás e ele telefonava e eu não atendia (Diálogo com Dona Edenice – grifos meus).

As pesquisadoras Adriana Vianna e Juliana Farias (2011), no texto “A guerra das mães: dor e política em situações de violência institucional”, mostram que existem gramáticas e linguagens corporais dos afetos, nas quais as emoções são tematizadas e dramatizadas. As mães apresentadas no texto trazem o feminino como marcas de significação coletiva, como exemplo simbólico da própria maternidade. Os corpos adoecidos dessas são evidenciados pela luta por justiça, de uma perda que não pode ser reparada, mas que espera por justiça – a condenação dos culpados pela morte de seus filhos. Ao reafirmarem o feminino, utilizam o útero como tentativa em dar humanidade para aqueles que foram gerados, além de mostrar o vazio de suas perdas e a dor que este órgão agora carrega, frente às condições desiguais que atravessam os corpos por toda trajetória de suas vidas, em que negras e negros tem corpos e vidas produzidas de modo dispensáveis. Me permito juntar essas reflexões com uma passagem de bell hooks (2000), que reafirma a importância em nos mantermos entre nós, em prol de uma luta capaz de modificar nossos corpos, pensamentos e afetos com relação a nós mesmos:

Em uma cultura de dominação e antiintimidade, devemos lutar diariamente por permanecer em contato com nós mesmos e com os nossos corpos, uns com os outros. Especialmente as mulheres negras e os homens negros, já que são nossos corpos os que frequentemente são desmerecidos, menosprezados, humilhados e mutilados em uma ideologia que aliena. Celebrando os nossos corpos, participamos de uma luta libertadora que libera a mente e o coração (HOOKS, 2000, p. 08).

Relembro ainda da entrevista com Dona Edenice, que descreveu quando decidiu colocar as coisas do seu marido em outro quarto, sinalizando que não o queria mais, mas acima de tudo, que ele não voltasse a encostar nela com suas investidas sexuais, após descobrir uma série de doenças sexualmente transmissíveis que adquiriu com ele e com isso, ratificar que seu corpo é mais importante do que aquela relação abusiva de tantos anos, inclusive ao desafiar “normas” que ainda carregava com relação ao casamento de formato nos moldes hegemônicos:

Dona Edenice: Eu dizia: “Se você quiser morar eu posso ser sua empregada, agora mulher sua eu não sou mais!”

Amanda: E tu ainda queria ser empregada?

Dona Edenice: Mulher, eu desempregada. Eu queria fazer o acordo e ele não queria, eu dizia “vamo, a gente tem nossos filhos”, por que eu achava que mulher sem marido não vivia, mas vive; aquela que tem vergonha vive, só num vive aquelas bandidas. Eu disse vamos criar nossos filhos, mas a partir de hoje a gente não tem mais nada. Eu fiz essa proposta e ele não aceitou. Eu disse: “você me dê cem reais por semana, você tem roupa lavada, tem comida, tem filho, mas não mulher, arranje do quintal pra lá!” Aí arranjou bem aí na esquina e depois me queria, eu disse: “Quero não. Quero nada! Mas eu num quero mermo!” (Dona Edenice).

Quatro das interlocutoras passaram grande parte do tempo de seus casamentos dependendo financeiramente de seus maridos, o que lhes cerceava possiblidades até mesmo de ter amizades, sair para visitar familiares, comprar produtos pessoais etc. A partir da aproximação a uma nova configuração familiar, seja com a viuvez, o divórcio ou aposentadoria, essas mulheres passam a ter uma experiência de “chefe da casa” recém adquirida, que ocorre somente com a “velhice”, o que demarca uma recente perspectiva de classe para elas.

Como pudemos ver, diversos relatos de afetividade apareceram a partir de episódios envolvendo saúde, especialmente acerca de relações afetivo-sexuais. Em muitas falas tais mulheres relacionaram o estado de saúde daquele momento da vida ao que passavam em seus relacionamentos com seus parceiros e assim se deu uma cronológica relação entre saúde/doença e afetividade, levantadas pelas próprias colaboradoras. A sexualidade também se fez presente

nas histórias narradas, tomando um tipo específico de doenças como definidoras de momentos marcantes para algumas delas.

3.2 “O que tinha de sexo, tinha de doenças!”: afetos e os discursos ginecológicos

O desenlace da sexualidade e traições dos companheiros das relações afetivo-sexuais foram decisivos para mudanças nas perspectivas de vida de algumas das mulheres colaboradoras desta pesquisa. Quando falam das traições essas não vêm com o tom melancólico, relatando tristeza, mas sim a postura de enfretamento e a menção de que nada daquilo foi fácil, mas souberam ultrapassar ao ponto de estarem bem melhor atualmente. As infidelidades foram sinônimas de doenças sexualmente transmissíveis e me impressionei com tantas falas sobre o tema.

A saúde ginecológica é a mais retratada nas falas, independentemente do tempo cronológico em que as doenças foram desenvolvidas. Mesmo sem narrações em sequências lineares, é perceptível que alguns aspectos dessas doenças foram decisivos em várias situações vivenciadas. Vimos, ao exemplo de Dona Acotirene, que sua motivação na juventude para se casar foi o fato de acreditar que assim as menstruações incessantes acabariam. Foi isso o que lhe fizeram entender as mulheres da cidade em que vivia. No caso da Dona Edenice o contágio de diversas doenças sexualmente transmissíveis foi o motivo para se decidir pelo divórcio, mesmo que outras razões poderiam ter sido arguidas por se tratar de um relacionamento que envolvia diferentes tipos de violências.

Dona Zeferina dizia que apesar das constantes traições que seu falecido marido mantinha, sua “sorte” é que ele “analisava” as calcinhas de suas amantes, pois somente em caso dessas peças serem limpas e sem odores é que ele aceitava se relacionar sexualmente com suas donas. Me conta que tinha muita raiva quando ele compartilhava tais histórias com ela, apesar de ele sempre insistir em fazê-lo. Já Dona Dandara tem sentimentos de aversão ao sexo, não permitindo toque ou qualquer outro contato que não o sexo “normal” e isso também advém de experiências traumáticas sexuais que enfrentou na vida e que a fizeram negar a possibilidade de existir prazer sexualmente falando. Se queixa constantemente sobre doenças nos órgãos reprodutores e costuma dizer que os órgãos são fedorentos e que a enojam. Certa vez, quando

contava sobre sua falta de prazer sexual e negação ao sexo, relatou lembranças da infância e da adolescência, quando foi vítima de abuso.

Levando em conta a importância da história de saúde ginecológica que apareceu nas falas das interlocutoras, foi interessante ler as contribuições de Fabíola Rohden (2001; 2011) quem discute como historicamente a saúde da mulher tem sido analisada a partir do viés da ginecologia. Segundo ela, foi parte dos mecanismos sociais de reafirmação das bases da diferença sexual por meio de uma especialidade dedicada à mulher, ou seja, uma verdadeira “ciência da diferença”. Com isso, a autora mostra como a questão da diferença sexual permeia a medicina em vários âmbitos. Ou seja, a moderna medicina da mulher leva em conta o sentido cultural da experiência social. O gênero aparecia como irremediavelmente ligado ao sexo e com funções extremamente específicas. Dessa maneira, percebe que certos valores e representações em torno do gênero sustentam determinadas práticas e intervenções corporais. Ou dito de outro modo, muitas histórias clínicas das mulheres aparecem como histórias ginecológicas, como marcas biográficas do corpo.

Aqui o tema aparece não apenas porque frequentemente as interlocutoras enquadram sua saúde prioritariamente pela perspectiva da sexualidade e reprodução, mas também por essa relação descrita entre relatos de sexualidade e relatos de doença. Ao descreverem suas trajetórias de vida e aventuras afetivo-sexuais muitas vezes foram contadas para mim seguindo um cronograma que se baseia nas doenças adquiridas sexualmente ou no desejo que se perde ou não de relações sexuais vinculados à idade. Foi assim que a frequência dos causos afetivos articulados aos órgãos, às relações e também às doenças sexuais não foram despercebidas. Além disso, e ainda inspirada no que aparece em campo, penso que alguns discursos podem demonstrar uma “hiperginecologização”, que se torna decisiva em momentos importantes de suas trajetórias. Isso porque, como vimos anteriormente, outras doenças acometem essas mulheres ao se relacionarem às emoções, mas quando se trata de doenças sexuais elas se tornaram mais enfáticas e convictas em suas decisões afetivas e em resoluções sobre novos arranjos familiares. Ou seja, aqui, afetivo e sexual se correlacionam, o que torna tais doenças ginecológicas encaradas de modo crucial para o viés afetivo.

Por exemplo, Dona Edenice toma a decisão do divórcio de um casamento de 30 anos em que era completamente dependente financeira do marido quando adquire pela terceira vez uma doença sexualmente transmissível grave e que até então não entendia como podia ter pegado, apesar das suspeitas de infidelidade do marido. Contudo, após anos de experiência de vida e idas aos médicos e a uma curandeira, esta última fala que isso seria uma doença do

mundo e foi aí que Edenice decidiu dar um basta neste casamento. Segundo ela, quando ficava boa precisava se sujeitar a ele, então nunca estava completamente saudável. Quando tentava recusar suas investidas sexuais ele alegava que ela tinha outra pessoa, mas até então, ele havia sido o único homem com quem tinha se relacionado sexualmente na vida:

Dona Edenice: Pior que por ser meu marido, eu nem fazia por gosto, eu fazia por obrigação.

Amanda: Mas tu num gostava não? Nunca gostou?

Dona Edenice: Mulher. Eu casei porque quando eu vinha do interior eu trabalhava em casa de família. Aí cheguei lá a médica olhou e disse assim: “Dona Edenice, se a senhora quiser ficar boa, a senhora vai ter que passar um ano sem ter contato com seu marido”. Eu disse: “doutora, pra eu ficar boa eu passo dez”. Eu cheguei em casa e disse “aquele homem eu não quero mais, não quero mais”.

Amanda: Ah, foi assim que terminou?

Dona Edenice: Foi mulher, porque eu doente. Eu antes continuei com ele por medo dele dizer que eu tinha outro. Aí eu digo: “venha cá!”. Levei ele no quarto, mostrei a minha situação e ele disse: “e foi de eu? Foi não. Foi dos teu interior, daqueles banheiros lá que tu se senta”. Eu disse: “seu cachorro vira-lata, foi de você! Agora eu digo uma coisa: Deus me dê a minha saúde, mas de hoje em diante eu não vou chegar junto e se você chegar junto eu dou queixa de você! Eu vou pra Maria da Penha, mas nem no meu dedo, nem na minha unha você encosta!”

É interessante notar como algo extremamente importante como o cuidado de si e da saúde sexual deste corpo ginecologizado, é que foram decisivos para que Edenice resolvesse essa mudança de vida. Me indago, se a motivação fosse a saúde mental, será que ela teria tido a mesma atitude de reação? Apesar da dependência financeira e do medo de represálias e violências, decide separar-se, mesmo morando na mesma casa, mas jurou para si que ele nunca mais passaria nenhuma doença para ela, sob a perspectiva do cuidado não só corporal e ginecológico, mas também afetivo e pessoal, que continuam com a idade.

Em um dia corriqueiro de visitas, perguntei para Dona Acotirene se fazia tempo que ela não realizava exames preventivos. Foi então que ela começou a narração de algumas lembranças do seu primeiro casamento, tratando de aspectos similares aos que foram trazidos por Dona Edenice. Explicando os motivos que a fizeram desistir de realizar os exames, ao longo de mais de 20 anos, parte para a recordação de inúmeras doenças ginecológicas enfrentadas e inicia um retorno às memórias deste relacionamento afetivo.

Como mostrado anteriormente, uma constante reclamação de Acotirene é seu intenso “fogo” e desejos sexuais, em comparação a falta de ânimo e vontade do seu atual marido, o que a deixa frustrada e interfere na sua autoestima. Contudo, retoma continuadamente memórias de

que seu primeiro marido a desejava muito e o sexo ocorria quase que diariamente. Quando era mais jovem acreditava que com a histerectomia seu “fogo” diminuísse, mas continuou o mesmo até hoje. A necessidade de fazer tal cirurgia advém de um histórico de menstruações abundantes desde a adolescência, que não conseguiu tratar com especialistas, pois morava no interior do Estado e o único tratamento que fazia era baseado no consumo de chás. As fofocas que ela ouvia e os conselhos que recebia na adolescência diziam que quando ela casasse esse sofrimento cessaria. Então, aos 20 anos de idade casa-se, com a crença de que ficaria boa, mas na realidade a situação piorou, pois o casamento (ou melhor, o marido) trouxe consigo várias dessas doenças. Na época, quando foi ao hospital teve a notícia de que precisaria fazer uma “queimagem” – estava com HPV26. Fala das dores intensas que sentia em todo o processo e o

quanto sofreu. Além disso, seu marido sabia das doenças que tinha, mas não a avisou e tomava os remédios para o tratamento escondido dela. Ela jovem, com um ano de casada e com apenas 21 anos de idade namorava bastante e na mesma proporção pegava doenças. Ela conta que se manteve casada por 25 anos e que todo esse tempo foi fiel, mas revela também que se arrepende profundamente dessa fidelidade. Diz que ele era bastante danado e não media diferenças entre ela e as outras mulheres. Todo momento que ela quisesse ter relações teria com ele, todo o tempo e por todos os lugares da casa, pois adoravam aventuras e assim se manteve ao longo desses anos, sem nunca a deixar “na mão”. Contudo, a menstruação dela nunca amenizou e quando tinham relações assim que acabava já estava sentindo várias dores, coceiras, vermelhidão. Quando o confrontava ele dizia que ela estava mentindo e a culpava.

Viveu assim ao longo desses 25 anos e me disse que “o que tinha de sexo, tinha de doenças”. Quando completaram 24 anos de casados ele assumiu ter um relacionamento com uma outra mulher, com quem veio a se casar em seguida e, segundo Acotirene, essa mulher era completamente cheia de doenças por trabalhar em cabarés: “ele colheu o que ela tinha e jogou em mim”, afirmou em uma de nossas conversas.

26 O papilomavírus humano, mais conhecido pela sigla HPV, é um vírus que pode ser transmitido pela via sexual ou pelo contato direto com a pele.

A ação do vírus sobre as células da pele favorece a formação de tumores, a maioria deles pequenos e benignos, tais como as verrugas comuns de pele ou as verrugas genitais, conhecidas também como condiloma acuminado ou crista de galo. Porém, quando área infectada é a mucosa do colo do útero, da vagina, do pênis ou do ânus, o vírus pode induzir a formação de tumores malignos, gerando, por exemplo, o câncer do colo do útero e o câncer