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3.1 Aplicação da Estratégia

As indústrias agro-pecuárias e agro-industriais têm uma importância significativa em Portugal, tanto a nível económico como a nível social (ENEAPAI, 2007).

No entanto, este tipo de indústrias representa também um grave problema devido às características dos seus efluentes, que muitas vezes não são sujeitos a qualquer tipo de tratamento, ou apenas um tratamento simples e relativamente ineficiente.

É neste contexto que surge a Estratégia Nacional para os Efluentes Agro- Pecuários e Agro-Industriais (ENEAPAI), implementada pelo Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas (MADRP) em conjunto com o Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional (MAOTDR), abrangendo todo o território de Portugal Continental.

Para tal, foi definido uma Estrutura de Coordenação e Acompanhamento (ECA) com o objectivo de coordenar e acompanhar as medidas e as acções inerentes à execução da estratégia, definir propostas de acção que visem ultrapassar os obstáculos à execução da estratégia e elaborar relatórios de acompanhamento e execução da estratégia.

A ENEAPAI tem como objectivo definir a estratégia nacional a adoptar, dentro do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN 2007-2013), para uma melhor gestão, tratamento e valorização de efluentes produzidos por cada sector produtivo, assim como as regiões onde se inserem.

Destacam-se as seguintes linhas de orientação (ENEAPAI, 2007):

 Cumprimento normativo ambiental e objectivos da política de ambiente e ordenamento do território;

 Sustentabilidade dos modelos de gestão, associada à implementação de modelos de gestão eficientes e sustentáveis, e da aplicação do princípio do utilizador - pagador e garantia de um quadro tarifário sustentável para os sectores económicos;

 Gestão eficiente dos recursos financeiros, que deve ter em conta a utilização adequada dos instrumentos de co-financiamento, designadamente o Quadro Referência Estratégico Nacional, e do

potencial das soluções colectivas e a utilização de infra-estruturas existentes.

Devido às elevadas cargas orgânicas e de nutrientes, que caracterizam estes efluentes, é necessário que a decisão sobre a sua valorização e tratamento seja baseada em critérios tecnológicos e económicos que garantam soluções ambientalmente adequadas, assim como as características e necessidades de cada região, desta forma, as soluções a desenvolver deverão assentar nas seguintes directrizes (ENEAPAI, 2007):

 Adoptar um modelo institucional para concepção, construção, gestão exploração das soluções de valorização e tratamento de efluentes, através de entidades reconhecidas que garanta o bom funcionamento das instalações e controlo das descargas;

 Adoptar soluções colectivas para o tratamento de efluentes, quando tal se revela a solução técnica, económica e ambiental mais adequada;  Aplicar uma tarifa de tratamento ao utilizador o mais baixa possível,

através da escolha da melhor solução técnica e que seja a melhor solução em termos económicos, reflectindo um modelo de gestão e exploração optimizado;

 Garantir a responsabilidade e o desenvolvimento dos sectores económicos.

Existem também outras formas de pressão que tornam preponderante a execução deste protocolo que se prende com o cumprimento tanto do protocolo de Quioto como da Directiva Quadro da Água. Uma vez que o regime de cobrança de taxas difere de um caso para outro é necessário ter em conta que as soluções a apresentar pela ENEAPAI terão de ser globais. Desta forma é necessário que esta estratégia assente em soluções, implementação e gestão sustentadas.

A elaboração do presente documento terá ainda em consideração todo o trabalho que tem vindo a desenvolver-se para o sector da suinicultura nas regiões de Leiria, Oeste e Monchique, consideradas áreas de intervenção actualmente abrangidas pelos Protocolos de Cooperação no Âmbito da Despoluição de Bacias Hidrográficas do Rio Lis, dos Rios Tornada, Real e Arnóia, da Ribeira de Odeáxere e do Rio Arade, em que a implementação de

novas formas de intervenção permitem entrevir com a resolução de um problema que há décadas que se arrasta.

É importante salientar que as actividades da agro-pecuária e agro-industrial são bastante significativas em algumas regiões do país, sendo que em muito casos constitui mesmo o principal sector económico, havendo ainda a destacar que estas indústrias criam postos de trabalho, vindo a demonstrar-se como responsável pela fixação de população (ENEAPAI, 2007).

Na implementação da ENEAPAI terá assim de haver um duplo conjunto de riscos que se poderão transformar em oportunidades, por um lado, na escolha de soluções técnicas de boas práticas de gestão de efluentes por forma a evitar a emissão de gases com efeito de estufa, e por outro, na escolha de soluções técnicas de tratamento e valorização de resíduos, por forma a optimizar o balanço entre a energia consumida e a energia recuperada.

3.2 Planos Regionais de Gestão Integrada (PRGI) e Núcleos de Acção Prioritária (NAP)

Os sectores da produção pecuária intensiva localizados no território de Portugal Continental, nomeadamente a bovinicultura de carne e de leite, a suinicultura e a avicultura, são aqueles que, destacados pela sua forte convergência geográfica, constituem o maior problema do ponto de vista ambiental (ENEAPAI, 2007).

Estes sectores representam um peso significativo no total da carga de matéria orgânica e de nutrientes lançados no solo e nas massas de água, tornado indispensável a resolução do problema para o sucesso dos projectos de despoluição e de requalificação ambiental das regiões em que se encontram inseridos.

É de prever que os problemas ambientais persistam, ou sejam agravados, devido a uma possível redução de produção em zonas periféricas, que não comportam riscos tão significativos, e a sua concentração em unidades de maior dimensão e maior capacidade de competitividade e de integração no mercado.

Estas últimas são aquelas que, predominantemente, se encontram já nas zonas mais problemáticas, identificadas e definidas como Núcleos de Acção

Prioritária (NAP) e que foram reagrupados pela Estrutura de Coordenação e Acompanhamento (ECA) da ENEAPAI, nas quais podemos verificar um aumento na produção de efluentes, criando uma procura adicional de sistemas de valorização e tratamento. Importa ainda salientar, que uma vez definidos os NAP, deverá prosseguir-se com a elaboração de PRGI nos mesmos.

Para a identificação de zonas de maior pressão e definição de NAP, consideramos os seguintes critérios (ENEAPAI, 2007):

 Número de efectivo animal (bovinicultura, suinicultura e avicultura) ou quantidade de produto laborado (lagares de azeite, adegas, queijarias);  Número de unidades a laborar por concelho;

 Dimensões e características das unidades;

 Proximidade física das várias unidades consideradas dos concelhos abrangidos;

 Pressão exercida no solo e nos recursos hídricos.

Dos 15 NAP identificados para Portugal Continental (Anexo I), encontram-se inseridos na área da ARH - Tejo os que passo a enumerar:

NAP 6 – Douro e Mondego Interior, apenas uma pequena parte do concelho da Guarda (está dividido entre a ARH Norte e ARH Centro);

NAP 7 – Alto Tejo, totalmente integrado na Bacia do Tejo com uma pequena parte do concelho de Portalegre inserido na Bacia do Guadiana (ARH Alentejo); NAP 8 – Centro litoral Sul, uma pequena parte do concelho da Batalha e Porto de Mós (integrado na ARH Centro);

NAP 9 – Ribeiras do Oeste e concelhos adjacentes, integra os concelhos das ribeiras do Oeste e parte dos concelhos de Alenquer, Azambuja e Rio Maior da Bacia do Tejo;

NAP 10 – Médio Tejo, totalmente integrado na Bacia do Tejo com uma pequena parte do concelho de Ansião inserido na Bacia do Mondego;

NAP 11 – Baixo Sado, parte na Bacia do Tejo e parte na Bacia do Sado (integrado na ARH Alentejo);

NAP 12 – Alentejo Litoral, metade do concelho de Montemor e Vendas Novas (integrado na ARH Alentejo);

NAP 13 – Alto Guadiana e sul do Tejo, concelhos de Sousel e grande parte do concelho de Estremoz (integrado na ARH Alentejo).

4 Caracterização das massas de água abrangidas pela ARH