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7 Resultados e Discussão

7.3 Tipo de tratamento

Nas instalações de suinicultura são gerados dois tipos de efluentes líquidos, designadamente, as águas residuais domésticas e efluentes pecuários.

As águas residuais domésticas provenientes dos balneários e instalações sanitárias são encaminhadas para uma fossa séptica com poço absorvente, verificando-se que apenas 5% das explorações caracterizadas na RH Tejo e BH das ribeiras do Oeste apresentavam esta informação.

O sistema de tratamento mais comum adoptado pelas explorações em estudo, consiste num sistema de lagunagem, composto por um tanque de recepção, um separador de sólidos e por lagoas em série.

O chorume produzido nos diversos pavilhões é normalmente retido em valas existentes sob o pavimento, sendo posteriormente encaminhado por gravidade para um tanque de recepção, sendo depois bombeado para o tanque de sólidos (ou para um tamisador). A fracção sólida do chorume deposita-se, por gravidade, numa plataforma coberta e impermeabilizada existente sob o tamisador até ser removida para valorização agrícola. O efluente líquido segue para a primeira lagoa anaeróbia e assim sucessivamente até à terceira lagoa anaeróbia, passando depois pelas lagoas facultativas até à última lagoa (maturação).

O nível médio de lagoas por sistema de tratamento é de cerca de 4 a 5, o que corresponde à ideia, mais ou menos generalizada, de se construírem duas a três lagoas anaeróbias, uma facultativa e uma de maturação.

Todas estas etapas anteriormente descritas são as que a maioria das explorações com licença ambiental adopta quando efectua tratamento dos seus efluentes, embora nem todas as explorações apresentem lagoa de maturação.

A Figura 7.10 apresenta a distribuição dos sistemas de tratamento adoptado pelas explorações por distrito, destacando-se os distritos de Leiria, Santarém e Lisboa, como os que detêm de maior número de sistemas de tratamento.

Figura 7.10 - Sistemas de tratamento adoptado pelas explorações de suinicultura na RH do Tejo e BH das ribeiras do Oeste

Tal como se pode observar na Figura 7.10, a maior parte das ETAR das instalações de suinicultura utiliza o processo de tratamento por lagunagem (cerca de 69%), das quais a maioria empregam equipamento mecânico para separação de sólidos a montante das lagoas. Os processos de retenção em fossas são utilizados por cerca de 29% (13% das quais são estanques) e apenas uma pequena minoria opta pelo sistema de digestão anaeróbia.

Os distritos de Santarém (NAP 10) e Lisboa apresentam as mais elevadas percentagens de sistemas de lagunagem, 39 % e 29 % dos sistemas, respectivamente.

Actualmente, uma das principais preocupações dos suinicultores é o tratamento dos efluentes. Com a publicação da Portaria 631/2009 de 9 de Junho, que regula a gestão dos efluentes pecuários, criando um quadro de licenciamento para o devido encaminhamento destes, tornou-se uma prioridade optimizar os sistemas de tratamento já existentes. Desta forma, o encaminhamento, o tratamento e o destino final dos efluentes pecuários terão de seguir procedimentos, como sendo o tratamento e descargas nas massas

de água ou aplicação no solo, nos termos do regime de utilização dos recursos hídricos.

As explorações devem possuir uma capacidade suficiente de armazenamento dos efluentes de forma a assegurar o equilíbrio entre a produção e a respectiva utilização ou destino, considerando, uma capacidade mínima de armazenamento dos efluentes pecuários equivalentes à produção média de 3 meses, se não for demonstrado um sistema alternativo.

O armazenamento dos efluentes pecuários não pode exceder um período superior a 12 meses. Nas explorações identificadas verifica-se que 80% das explorações apresenta um tempo de retenção na ordem dos 210 dias (7 meses) e cerca de 20% apresenta um tempo de retenção de 90 dias (não cumprindo o valor mínimo exigido de 120 dias).

As estruturas de armazenamento e tratamento de efluentes não podem ser implantadas a menos de 10 m contados das margens das linhas de água e a menos de 25 m contados dos locais onde são efectuadas captações de água.

Podemos concluir que os sistemas de tratamento existentes nas explorações de suinicultura apresentam, na sua grande maioria, deficiências no seu funcionamento (tendo em conta as observações registadas nas licenças de utilização dos recursos hídricos), em muitos casos o dimensionamento das lagoas ou fossas não acompanha a evolução da exploração tornando-se, à medida que o número de animais aumenta, subdimensionadas para os caudais que recebem, pois à medida que aumenta o teor em carga orgânica diminui o caudal. Como consequência, as lagoas saturam com grande facilidade formando uma camada espessa de sólidos com consequente redução da eficácia do sistema, (esta acumulação rápida de sólidos implica a remoção e secagem das lamas, processos que envolvem custos elevados), tornando-se assim inadequados para o fim a que se destinam, isto é, para a descarga de efluentes nos cursos de água (Suinicultura, 2010).

Tendo em conta que a Região do Oeste possui a maior concentração de suiniculturas do país, foi implementada como solução integrada para o tratamento conjunto e valorização de todos os efluentes suinícolas da Região, a Estação de Pré-tratamento de Efluentes Suinícolas (EPTES) em São Martinho do Porto, gerida pela TREVOESTE, permitindo assim resolver, todos os impactos cumulativos significativos destas unidades na Região, não apenas

o problema das descargas acidentais de chorumes, mas também o da sua aplicação no solo (ENEAPAI, 2007).

No entanto, com base na informação levantada nos processos referentes às explorações em estudo, apenas algumas explorações localizadas na BH das ribeiras do Oeste efectuam a descarga de águas residuais após pré-tratamento em EPTES para a ETAR de São Martinho do Porto, e no distrito de Santarém, concelho de Rio Maior para a Estação Colectiva de Tratamento de Efluentes Suinícolas (ECTES) de Alcobertas que também recebe águas ruças provenientes dos lagares de azeite.