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7 Resultados e Discussão

7.4 Tipo de rejeição no meio receptor

As explorações de suinicultura são usualmente classificadas, no que concerne à posse ou não de área agrícola, em dois tipos distintos, sendo estas, as explorações agrícolas que possuem de terreno agrícola suficiente para que os efluentes possam ser espalhados, ou então, as explorações industriais, ou seja, sem terreno agrícola capaz de receber os efluentes.

Perante estas situações particulares, cada exploração terá de optar por um dos seguintes destinos a dar aos seus efluentes (Suinijanardo, 2009):

 Descarga na massa de água superficial, o que implica um tratamento completo na estação de tratamento;

 Descarga na rede de saneamento, o que implica um pré-tratamento, de forma, a reduzir as elevadas cargas orgânicas do efluente de suinicultura, para ser recebido e completamente depurado na estação de tratamento pública;

 Espalhamento ou irrigação em terrenos agrícolas, após efectuada uma pré-depuração.

Na Figura 7.11 podemos visualizar os tipos de rejeição efectuados nas explorações identificadas na RH do Tejo e BH das ribeiras do Oeste, constatando que a maioria das explorações efectuam rejeição para o solo (38%), seguindo-se a linha de água/ solo (37%), a linha de água (20%) e apenas 5% efectua descarga para a rede de drenagem, ou seja, das 549 explorações identificadas, apenas 27 se encontram ligadas a redes de

saneamento (as restantes constituem focos pontuais de poluição). Estas 27 explorações estão mais concentradas nos concelhos de Rio Maior e Lourinhã.

Verifica-se ainda, que as explorações situadas maioritariamente nos distritos de Santarém (48%), Lisboa (24%) e Leiria (17%), efectuam as suas descargas para a linha de água e solo.

Figura 7.11 - Tipos de rejeição de águas residuais na linha de água/ solo, linha água, solo e rede de drenagem

É também nesta região Centro - Oeste, nomeadamente os concelhos de Alcobaça, Caldas da Rainha, Rio Maior, Torres Vedras, Santarém, Ferreira do Zêzere e Palmela, de grande concentração industrial e urbana, que ocorrem um dos principais problemas de poluição de águas superficiais (bacia dos rios Tornada, Alcoa, Alcabrichel, Grande, Arnóia, Tejo, Lisandro, Sizandro e Sado) e subterrâneas (zona da Serra de Aire e Candeeiros, formações aluvionares do Tejo, zonas de Torres Vedras e Península de Setúbal) que, na maioria dos casos, não têm, necessária ou exclusivamente relação directa com o sector da suinicultura (as explorações de avicultura apresentam elevadas concentrações de efectivos nesta região).

As explorações de suinicultura inseridas no NAP 10, nomeadamente no distrito de Santarém, efectuam na maior parte dos casos (48%) a sua rejeição para a linha de água e solo.

Importa referir ainda, que a rejeição para a linha de água e solo, provavelmente está relacionada, com o facto do sistema de lagunagem não possuir capacidade suficiente para receber os efluentes na sua totalidade.

Cerca de 20 % das explorações faz rejeição dos seus efluentes para massas de água, sendo que esta situação ocorre com mais frequência no distrito de Lisboa (49%), Santarém (24%) e Leiria (19%), destacando-se os concelhos de Torres Vedras e Alcobaça como os principais responsáveis pelas mesmas.

Na Figura 7.12 é possível identificar as massas de água superficiais que vão sofrer alterações no seu estado ecológico, tendo como principal origem as descargas efectuadas pelas explorações de suinicultura da região em estudo. Os rios Alcoa, Tornada, Grande, Alcabrichel, são algumas das massas de água superficiais que estão a sofrer maior pressão pelas explorações de suinicultura na região em estudo.

As situações de águas enriquecidas por nitratos e fósforo e poluição orgânica (CBO5, NH4), bem como a poluição microbiológica, são causadas em

grande parte por descargas de águas residuais de efluentes agro-pecuários. Verifica-se ainda processos de eutrofização, em grande parte, na Vala da Azambuja e de Alpiarça, no Paul de Boquilobo e nos rios Almonda e Alviela.

As massas de água superficiais abrangidas pelo NAP 10 que estão a ser mais afectadas pelas descargas de efluentes de suinicultura são o rio Alviela e a Vala da Azambuja, como podemos verificar através da Tabela 7.8.

Tabela 7.8 - Massas de água superficiais abrangidas pelo NAP10

Nome da massa de água Código da massa de água Número de explorações Afluente da Ribeira de Santo Estevão PT05TEJ1059 1

Albufeira Castelo de Bode PT05TEJ0914 1

Ribeira de Arcês PTO5TEJ0934 1

Ribeira do Chão das Eiras PT05TEJ0890 1 Ribeira do Vale de Poços PT05TEJ1061 1

Ribeiro da Cabrieira PT05TEJ0881 1

Rio Alviela PT05TEJ0970 2

Rio Nabão PT05TEJ0917 1

Vala da Azambuja PT05TEJ1022 17

Vala da Ponte da Pedra PT05TEJ1071 1

As massas de água superficiais abrangidas pelo NAP 10 e que apresentam risco de não cumprir os objectivos ambientais definidos pela DQA, são o Rio Alviela, Vala da Azambuja, Vala da Ponte da Pedra (para a categoria rios) e a albufeira de Castelo de Bode (ARH-Tejo, 2010).

Os efluentes sólidos das explorações de suinicultura, têm maioritariamente como destino final o solo, registando-se um total de 225 descargas na RH Tejo e BH das ribeiras do Oeste.

Sendo que, 52% estão localizadas no distrito de Leiria, 20% em Santarém e 14% em Lisboa. Importa referir que no distrito de Leiria a quase totalidade das

explorações (67%) utiliza o solo como meio receptor para aplicação de efluentes.

Na Figura 7.13 podemos identificar as massas de água subterrâneas mais afectadas pelo impacto das descargas de explorações de suiniculturas no solo.

Das explorações identificadas, verifica-se ainda que, a massa de água subterrânea que está a sofrer maior pressão, na RH Tejo e BH das ribeiras do Oeste, face à rejeição proveniente das explorações de suinicultura, é a Orla Ocidental Indiferenciada da Bacia das ribeiras do Oeste, Caldas da Rainha- Nazaré, Paço e Torres Vedras. No respeitante ao NAP 10, verifica-se que a Bacia do Tejo – Sado/ Margem Direita e o Maciço Calcário Estremenho são as massas de água subterrâneas potencialmente afectadas pela actividade suinícola.

A massa de água subterrânea que se encontra em risco de não cumprir os objectivos ambientais da DQA é a PTT7 Aluviões do Tejo (ARH-Tejo, 2010).