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A ENFERMAGEM NO COMPROMISSO PARA A GARANTIA DA SEGURANÇA DO DOENTE

2. A SEGURANÇA DO DOENTE

2.1 A ENFERMAGEM NO COMPROMISSO PARA A GARANTIA DA SEGURANÇA DO DOENTE

Todos os que participam e estão presentes aquando dos cuidados de saúde são responsáveis por assegurar que nenhum dano é infligido aos doentes. Estes incluem: sociedade no geral, doentes sujeitos a tratamentos e a cuidados por parte das instituições e dos profissionais, enfermeiras, educadores, administradores, e investigadores da qualidade dos cuidados, médicos, governos incluindo grupos legislativos e reguladores, associações profissionais, e agências auditoras.

No intuito de garantir uma melhoria progressiva dos cuidados de enfermagem prestados e promover a segurança do doente na organização de saúde, o papel dos enfermeiros é de extrema importância na medida em que fazem parte do sistema.

Ballard (2003) considera que “a enfermagem é uma profissão baseada no conhecimento. O fundamento para a prática científica da enfermagem inclui o estudo da ciência de enfermagem”, enquadrando-a nas disciplinas do conhecimento biomédico, físico, económico, comportamental, social, ético e filosófico.

A capacidade da enfermeira reflectir criticamente justifica-se pela utilização deste conhecimento na prestação de cuidados e é essencial para o bem-estar e segurança daqueles que deles necessitam.

Florence Nightingale debateu-se por uma enfermagem segura, propondo que as enfermeiras da prática contribuíssem para que o doente ficasse na melhor condição possível por forma à natureza poder agir sobre ele. Na discussão contemporânea a ANA (2002), afirma que “uma componente essencial da enfermagem é a capacidade de intervir mediante uma relação terapêutica que promova a saúde e a cura. É importante que os enfermeiros continuem a trabalhar segundo estas concepções

estreitando a relação enfermeiro-doente e usando diligentemente, recursos que promovam cuidados seguros.” (como citado em Ballard, 2003)

Leis, regras e protocolos podem também incrementar os cuidados seguros. Os enfermeiros devem seguir as leis, regulamentos e regras de ética da profissão. São responsáveis pela sua prática e “responsabilidade compreende capacidade para prestar contas das suas acções, particularmente para justificar de forma coerente, racional e ética aquilo que fez” (Thompson, 2004, p.80).

Tendo em consideração as concepções de Ballard (2003), os enfermeiros podem também prover a prestação de cuidados seguros servindo-se da competência dos seus líderes. É da responsabilidade da profissão de enfermagem, manter a segurança e assegurar a competência, promovendo a actualização constante das práticas. É importante que os profissionais se mantenham informados sobre os avanços na educação e na prática da enfermagem. Enfermeiros profissionais demonstram proficiência e perícia e são capazes de identificar potenciais riscos e aprender a terminologia própria para identificar e descrever erros em cuidados de saúde e assim promover a segurança dos doentes. Estas actividades, ocorrem na maioria dos casos em ambientes não punitivos, onde os enfermeiros se sentem apoiados quando reportam erros ou identificam necessidades. Ideais que suportam uma prática profissional que corrobore com uma enfermagem de gestão, que leve em linha de conta benefícios e salários adequados, eficácia dos preceptores clínicos, adequado suporte técnico e acesso à formação e desenvolvimento dos profissionais equitativo, incute nos profissionais criatividade e empenho, que providenciam um meio no qual as enfermeiras podem identificar ameaças à segurança dos doentes.

Ballard (2003) assume que “o investigador de cuidados de enfermagem dá actualmente um enorme contributo para a segurança do doente ao cuidado dos enfermeiros, identificando a necessidade de pessoal adequado.” Segundo ele, está

demonstrado que um pessoal de enfermagem em número adequado às necessidades de cada serviço é fundamental para a garantia dos cuidados.”

O acesso aos cuidados de saúde de alta qualidade é um direito humano, reconhecido e valorizado pela União Europeia. Neste sentido, todos os indivíduos doentes devem esperar que sejam empregues esforços para assegurar a sua segurança enquanto utilizadores que um serviço de saúde. No Luxemburgo, realizou-se uma conferência com o objectivo de identificar interesses e desafios de uma perspectiva europeia de segurança dos doentes, tendo como ponto de partida a partilha de práticas e experiências nesta matéria. Os temas abordados prenderam-se com o papel do doente na sua própria segurança, a segurança dos doentes nas instituições de saúde, e o desenvolvimento de um plano para a segurança dos mesmos. Neste sentido, terão de ser introduzidos instrumentos destinados à redução do número e consequências dos efeitos adversos, para actuar na sua prevenção, detecção e limitação de forma a não ocorrerem erros graves e no sentido de melhorar a conformidade com os procedimentos de segurança.

Resumidamente a conferência recomenda aos prestadores de cuidados que implementem nos locais de trabalho projectos que se concentrem na segurança do doente e que estabeleçam uma cultura aberta, onde reine a confiança, de modo a conseguir lidar com os erros e com as omissões eficientemente. Esta cultura aberta é fundada numa cooperação entre doentes, familiares e profissionais de modo a que os primeiros estejam a par de situações nas quais ocorrem falhas e eventos adversos. Wrubel, Benner e Lazarus (1981) associam o conhecimento do doente enquanto pessoa na prevenção dos erros. A implicação do doente enquanto indivíduo e o empenho numa determinada situação são essenciais ao desenvolvimento de uma sensibilidade suficientemente aguçada para detectar potenciais erros (como citado em Benner, 2005, p.138). Às organizações de saúde torna-se assim essencial estabelecer uma cultura de segurança do doente e introduzir a problemática do risco clínico na gestão.

Recorrendo ao trabalho de Benner (2005) “a responsabilidade do enfermeiro em matéria de segurança e de vigilância das respostas terapêuticas aos medicamentos, cresceu com a chegada de medicamentos mais potentes e com a proliferação de novas terapêuticas” (p.130). Esta competência associada ao enfermeiro implica ter em conta as interacções e as incompatibilidades possíveis entre os medicamentos. Ao enfermeiro compete igualmente, vigiar de forma específica os efeitos secundários, as reacções, as respostas aos tratamentos, a toxicidade e as incompatibilidades. Tal vigilância pode decidir a vida ou a morte de um doente.

Ballard (2003) acredita que “a enfermagem é uma profissão baseada no conhecimento. O fundamento para a prática científica da enfermagem inclui o estudo da ciência de enfermagem”, enquadrando-a nas disciplinas do conhecimento biomédico, físico, económico, comportamental, social, ético e filosófico.

A capacidade dos enfermeiros reflectirem criticamente justifica-se pela utilização deste conhecimento na prestação de cuidados e é essencial para o bem-estar e segurança daqueles que deles necessitam. Benner et al (2002) “Os prestadores de cuidados de enfermagem são membros responsáveis de um grupo social organizado e portadores de um corpo de conhecimentos e competências que contêm uma ética de boa prática. (…) A responsabilidade prática refere-se ao conhecimento socialmente encaixado/embutido/implantado, noções de bem e competências recolhidas numa equipa de prestadores de cuidados de saúde” (p. 510).

Leis, regras e protocolos podem também melhorar a segurança dos cuidados. Os enfermeiros devem seguir as leis, regulamentos e regras de ética da profissão. São responsáveis pela sua prática e de acordo com Thompson (2004) “responsabilidade compreende capacidade para prestar contas das suas acções, particularmente para justificar de forma coerente, racional e ética aquilo que fez.” (p.80)

De acordo com Ballard (2003) a enfermagem é uma profissão baseada no conhecimento. A base para a prática científica da enfermagem inclui a ciência de enfermagem, a ciência biomédica, económica, comportamental e social, a ética e a filosofia. A capacidade da enfermagem para formar pensamento crítico e utilizar o conhecimento na entrega efectiva aos cuidados que prestam é essencial para o bem- estar e segurança daqueles que cuidam.

A segurança do paciente está em todos os aspectos da prestação de cuidados de enfermagem. Isto inclui informar os doentes e outros sobre o risco e a redução do risco, advogar para a segurança do paciente e para o relato de eventos adversos.

A ANA (2002) citada por Ballard (2003) preconiza que uma essencial característica da enfermagem é o fornecimento de uma relação de ajuda que enfatize o cuidar e que facilite saúde e a cura. Na história da enfermagem, Florence Nightingale defendia a segurança dos cuidados. Na Crimeia, Nightingale conduziu um dos primeiros estudos de enfermagem sobre os factores que influenciavam os resultados referentes aos cuidados prestados. Na perspectiva de Florence Nightingale (1859) era importante que o trabalho das enfermeiras perseguisse as suas tradições pelo estreitamento da relação enfermeira-doente e diligentemente usando os achados da investigação para prestar cuidados seguros aos doentes.

Numa declaração de posição sobre a segurança dos doentes em 2002, o ICN argumentou que os enfermeiros têm responsabilidade na segurança dos doentes em todos os aspectos relacionados com o cuidar. Tal inclui informar os utentes e pessoas significativas do risco e de como reduzi-lo, defendendo a sua segurança e comunicando-lhe os eventos/acontecimentos adversos. A pronta identificação do risco tem uma importância fulcral para prevenir danos nos doentes e depende da implementação de uma cultura de confiança, honestidade, integridade e comunicação aberta entre os utentes e as instituições que provêem cuidados de saúde. O ICN apoiava fortemente nessa declaração, uma abordagem sistémica baseada numa

filosofia de transparência e comunicação, não culpando e envergonhando o prestador de cuidados mas incorporando medidas que atribuíssem quer aos factores humanos, quer aos do sistema, responsabilidade partilhada nos acontecimentos adversos e os envolvessem a ambos na construção de melhores serviços de saúde. Na visão de Ballard (2003) “regras, normas e procedimentos normalizados podem aperfeiçoar os cuidados seguros.”

O ICN (2002), nesta declaração de posição, encontrava-se profundamente preocupado com a séria ameaça à segurança dos doentes e por conseguinte à qualidade dos cuidados, que resultava do número insuficiente de recursos humanos idoneamente qualificados, que se mantém. Esta ameaça provém da actual escassez mundial de enfermeiros.

O ICN (2002) acreditava de acordo com a declaração que publicou que os enfermeiros e as associações que os representam têm a responsabilidade de:

- Informar os utentes e as suas famílias dos possíveis riscos;

- Comunicar prontamente às autoridades competentes os eventos adversos;

- Exercer um papel activo na avaliação da segurança e qualidade dos cuidados prestados;

- Melhorar a comunicação com os doentes e outros profissionais de saúde; - Exercer pressão para que a dotação de pessoal seja a adequada;

- Apoiar medidas que melhorem a segurança dos utentes; - Promover programas rigorosos de controlo da infecção;

- Apoiar políticas de tratamento standardizado, bem como a construção e implementação de protocolos e normas que minimizem a ocorrência de erros; - Estabelecer relação com os órgãos que representam outros profissionais de saúde, como farmacêuticos e médicos para melhorar o acondicionamento e rotulagem dos medicamentos;

- Colaborar com sistemas de relato/comunicação nacionais de acontecimentos adversos, analisando-os e aprendendo com eles;

- Desenvolver mecanismos, como por exemplo, pela acreditação, que reconheçam as características dos prestadores de cuidados de saúde, que possam oferecer serviços de excelência no âmbito da segurança dos doentes.

De acordo com o trabalho de Leape et al. (1995), sabe-se que a equipa de enfermagem é capaz de interceptar até 86% dos erros de medicação provenientes da prescrição, transcrição e dispensa, enquanto que apenas 2% dos erros ocorridos durante a administração são detectados a tempo (como citado em Cassiani, Miasso, Opitz & Silva, 2007, p.275).

As intervenções providas pelos serviços de saúde focalizam o benefício do público. Decorrente da complexa combinação de processos, tecnologia e factores humanos relacionados com a prestação de cuidados, encontra-se sempre presente o risco de acontecerem erros e eventos adversos. Um evento adverso, de acordo com o ICN (2002) pode definir-se como um dano ou lesão causado pela forma como os profissionais de saúde gerem uma condição de doença de um indivíduo e não devido ao processo de doença inerente à mesma. Algumas ameaças à segurança dos doentes incluem: os erros de medicação, infecções nosocomiais, exposição a doses de radiação elevadas e uso de medicamentos contrafeitos. No entanto, embora os erros humanos desempenhem um importante papel na ocorrência de eventos adversos graves, estão geralmente associados a factores ambientais, os quais se identificados atempadamente teriam impedido tais erros.

Os prestadores de cuidados de saúde qualificados enfrentam variados desafios no ambiente de trabalho no sector da saúde. Existe uma evidência crescente de que, ratios inadequados de pessoal de saúde, nomeadamente de enfermeiros, nos serviços estão relacionados com o aumento de eventos adversos durante os internamentos nas unidades de saúde como: quedas dos doentes, aparecimento de escaras ou feridas por pressão, erros de medicação, infecções nosocomiais e taxas de readmissão que podem prolongar o tempo de internamento e aumentar perigosamente as taxas de

mortalidade nos hospitais. Isto significa na visão de Ballard (2003) que “o impacto sobre a segurança de doentes e enfermeiros de um ambiente de trabalho em que os enfermeiros trabalham sob stresse, estão cansados, incapazes de mobilizar as suas competências inerentes ao pensamento crítico, predispõem para acidentes”.

A falta de enfermeiros e a pobre performance do pessoal pela sobrecarga de trabalho, pela baixa motivação ou competências técnicas insuficientes são igualmente determinantes na segurança do doente. Uma fraca qualidade de cuidados de saúde é a causa de um número substancial de eventos adversos com um impacto financeiro negativo no que refere aos gastos.

3. A ENFERMAGEM NO PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO DE