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3 CAPÍTULO 2 – A dificuldade para resistir

3.1 Enfrentando a docilidade do corpo

As luzes que descobriram as liberdades inventaram também as disciplinas.

Michel Foucault

Docilidade é uma palavra a se pensar. No senso comum, é entendida como a qualidade do que é dócil, afabilidade, brandura. Dócil, por sua vez: submisso, obediente, fácil de guiar, de conduzir, que aprende ou é ensinado com facilidade. Portanto, do modo como é descrita no cotidiano, a docilidade é bem difusa, apontando tanto para submissão como para cortesia, benignidade.

Hoje, já temos estudos sobre o corpo que mostram que estas características podem ou não se encontrar em um corpo, e, se encontradas, é garantido que não são as únicas características deste mesmo corpo. No entanto, este modelo de corpo ideal atravessa mais de dois séculos. Mas será que ser dócil, fácil de guiar é a mesma coisa que ser cortês e ou benigno?

O autor que irá contribuir para esta reflexão junto a este estudo é o pensador Michel Foucault (1926-1984), que muito pode acrescentar para a reflexão sobre o corpo como espaço político e como espaço de disputa política, e sobre as contradições do termo dócil usado por ele em relação ao corpo disciplinado.

Em seu livro Vigiar e Punir (2010), Foucault não só contribuiu para trazer à tona a perversa história da violência nas prisões, tal como uma medida pensada, como trouxe uma grande contribuição para se entender o papel do corpo em todo este processo calculável de um poder racional e sua batalha para dominar o corpo. Este processo procurou fazer do corpo instrumento de comunicação de suas ideologias, para a construção de um novo saber e um novo poder no mundo, fazendo-o não só como objeto desta comunicação, mas como objeto descartável na construção da história da sociedade disciplinar.

Foucault inicia seu estudo pelo suplício, modo de punição do poder soberano na época da monarquia. Segundo o autor, o suplício é uma ―pena corporal, dolorosa, mais ou menos atroz (dizia Jaucourt); e acrescentava: é um fenômeno inexplicável a extensão da imaginação dos homens para a barbárie e a crueldade‖15 (FOUCAULT, 2010, p. 35).

15 Citação de Foucault de parte do artigo de P. Petrovitch, in: Crime et criminalité en France XVIIe-XVIIe siècles,

O fato de o suplício ser inexplicável não pode ser entendido como irregular, muito menos selvagem, ou seja, não pode ser comparado a um extremo de uma raiva sem lei. Este era uma técnica que atuava na arte quantitativa do sofrimento, e o excesso de violência que cometia era o princípio de sua glória. Para que uma pena pudesse ser entendida como um suplício, precisava provocar a necessidade de apreciar, comparar e hierarquizar. O suplício tem uma função jurídico-política, por ser um:

[…] cerimonial para reconstituir a soberania lesada por um instante. Ele a restaura manifestando-a em todo o brilho. A execução pública, por rápida e cotidiana que seja, se insere em toda a série dos grandes rituais do poder eclipsado e restaurado (coroação, entrada do rei numa cidade conquistada, submissão dos súditos revoltados): por cima do crime que desprezou o soberano, ela exibe aos olhos de todos uma força invencível. Sua finalidade é menos de estabelecer um equilíbrio que de fazer funcionar, até um extremo, a dissimetria entre o súdito que ousou violar a lei e o soberano todo-poderoso que faz valer a força. (FOUCAULT, 2010, p. 49).

Foucault explicava que o que passou a sustentar a prática dos suplícios não foi uma economia do exemplo, mas uma política do medo, que atuava para tornar sensível a todos que, sobre o corpo do criminoso, se encontrava a presença encolerizada do soberano; portanto, o suplício agia mais de forma a reativar o poder do que restabelecer a justiça. No início do século XVIII, o suplício e todo o seu aparato, como as crueldades, a ostentação, a violência corporal, o jogo desmesurado de forças, o cerimonial cuidadoso, se encontravam na base do funcionamento político da penalidade. Pois o suplício, ainda naquele século, atuava como um agente político que atendia de maneira direta ou indireta o soberano, e se ligava a algo bem diferente da organização interna das leis de um sistema punitivo. Amarrava-se a um efeito de um regime de produção em que a força de trabalho, ou seja, o corpo humano, não apontava ser útil, quando se referia ao valor de mercado que lhe era conferido numa sociedade de tipo industrial. Todo o desprezo pelo corpo era devido a uma atitude geral em relação à morte, que seguia orientada tanto pelos valores do cristianismo como da situação demográfica, da biológica e até dos fatos de conjuntura (o que se agravava em razão de certos pontos de rigor dos antigos éditos). Ou seja, o que tornava a morte familiar era desde a devastação de doenças e da fome até a precariedade de equilíbrios bioeconômicos. Todas estas relações formavam em volta da morte rituais para torná-la aceitável e dar sentido à sua agressão permanente.

Na segunda metade do século XVIII, o povo, os filósofos, os teóricos do direito, para os quais o suplício tornou-se intolerável, iniciaram um protesto para eliminar a confrontação física entre soberano e condenado. Foi surgindo um consenso de que era preciso punir de

outro modo. Iniciavam-se também outras referências de ilegalidade, destacando-se a ilegalidade dos direitos e dos bens. Segundo Foucault, a passagem de uma criminalidade de sangue para uma criminalidade de fraude se encontrava no complexo mecanismo de produção, como o aumento das riquezas, e, consequentemente, uma valorização jurídica e moral das relações de propriedade. Surgiu desta conjuntura uma criação de métodos de vigilância mais rigorosos, voltados para um ajuste dos mecanismos de poder, que atuavam no enquadramento da existência dos indivíduos, uma adaptação dos instrumentos criados para vigiar todo o comportamento cotidiano das pessoas. Eis, então, uma outra política referente a multiplicidades dos corpos e forças, que a população passou a representar, atuando tanto na identidade como nas atividades e gestos aparentemente sem importância (porém, esta política não está relacionada à humanidade dos condenados, pois os suplícios ainda modelavam os castigos, mesmo para crimes leves). Esta tendência exigia uma justiça mais livre e mais inteligente que desenvolvesse uma vigilância penal mais voltada para o corpo social.

Progressivamente, no século XVIII, foi-se modelando uma nova forma de impor o poder de castigar, tanto dentro como fora do sistema judiciário, ou seja, tanto na prática penal cotidiana como na crítica das instituições. Esta nova forma de impor o castigo, baseada nas teorias do direito, apontava seus objetivos para a necessidade de se:

Fazer da punição e da repressão das ilegalidades uma função regular, coexistente à sociedade; não punir menos, mas punir melhor, punir talvez com uma severidade atenuada, mas para punir com mais universalidade e necessidade; inserir mais profundamente no corpo social o poder de punir. (FOUCAULT, 2010, p. 79).

E, com isso, deixou-se mais uma vez de lado a sensibilidade, para fortalecer uma outra política em relação às ilegalidades. Devido às necessidades de diferentes estratos sociais, muito foi preservado do Antigo Regime, como a margem de ilegalidade tolerada e a não aplicação da regra, que sobreviveram e passaram a fazer parte do novo funcionamento político e econômico da sociedade. Este jogo recíproco das ilegalidades atuaria nas transformações de que a burguesia necessitava para fundamentar uma parte do crescimento econômico, inserindo, assim, a tolerância como um estímulo. Mas, ao mesmo tempo, a ilegalidade dos direitos garantia aos despojados não só uma segurança como um novo estatuto da propriedade, considerado também como uma ilegalidade de bens. Esta questão muito desagradou à burguesia, que entendeu que este tipo de situação deveria ter uma forma de punição.

Neste momento, houve uma inversão, e as ilegalidades dos direitos foram desviadas para as ilegalidades dos bens, ou seja, todas as práticas populares na ilegalidade do direito,

tanto na forma silenciosa do cotidiano como nas formas violentas apoiadas no novo modo de acumulação de capital, de relação de produção e de estatuto jurídico de propriedade, passaram a ser foco das ilegalidades dos bens. Levantou-se, assim, a necessidade de se codificar e controlar todas estas práticas ilícitas, e que deveria existir uma separação nítida entre as irregularidades toleradas/sancionadas e as infrações intoleráveis, sendo que, nestas últimas, por se tratarem de algo intolerável, deveria ser aplicado um castigo de forma que não se pudesse escapar.

A separação da ilegalidade dos bens diante da ilegalidade dos direitos fez com que a burguesia se apoiasse no campo fecundo da ilegalidade dos direitos, defendendo uma vigilância constante sobre a ilegalidade dos bens. Surge a necessidade de desenvolver ―estratégias e técnicas de punição em que a economia da continuidade e da permanência substituísse a da despesa e do excesso‖ (FOUCAULT, 2010, p. 84). E, do ponto de junção entre a luta contra o superpoder do soberano e a luta contra o infrator das ilegalidades conquistadas e toleradas, nasce a reforma penal. Entre o superpoder e o infrapoder, se apontava uma rede de relações e um sistema penal concebido mais para gerir diferencialmente as ilegalidades do que para suprimi-las.

Houve um deslocamento do direito de punir, saindo da vingança do soberano para a defesa da sociedade, o que não significou uma suavidade nos castigos, muito pelo contrário, estes se tornaram quase mais temíveis, e o malfeitor se viu exposto a uma pena sem limites. Diante de tanta perversidade, surgiu a necessidade de se defender um princípio de moderação ao poder de castigar. E, por meio do discurso do coração, nasceu o princípio de moderação das penas até mesmo para os castigos dirigidos para o inimigo do corpo social. Princípio que envolveu uma natureza humana e sensível do homem razoável, que fazia a lei e não cometia crimes.

Muito antes da reforma do século XVIII, o castigo tinha o papel de evitar a reincidência do crime. A punição olhava para o futuro, pois sua função mais importante, que justificava o direito de punir, era a de prevenir. O deslocamento da penalidade do suplício (o castigo era como exemplo para o povo, e, portanto, este era a réplica do próprio crime, mostrando o poder do soberano) para uma penalidade calculada, onde o que era usado como exemplo para o povo era a atuação mais discreta possível do poder sobre o crime, tinha o intuito de atuar com o máximo de economia na intervenção do poder, mas com eficiência o suficiente para evitar uma futura reaparição tanto de um (o poder) como de outro (a reincidência do crime).

Dentro desta nova forma de impor o direito de punir, os reformadores passaram a pensar em estratégias para que o poder de punir fosse um instrumento econômico e eficaz e que atuasse de maneira generalizada por todo o corpo social. Investiu-se em castigos que pudessem apontar as desvantagens de praticar certos crimes; a representação da pena é que deveria ser ampliada, e não a realidade corpórea, pois o castigo aplicado ao condenado deveria ter seus efeitos muito mais nos indivíduos que não cometeram o delito. O que exigia um deslocamento do ponto de aplicação do poder de punir; e a humanização das penas referentes ao corpo passou a dar lugar para a alma. Mas o fato de as representações de sinais passarem a agir diretamente no espírito não garantiu que este momento entrasse para a ―era dos castigos incorpóreos‖ (FOUCAULT, 2010, p. 97).

A tecnologia da representação passou a atuar como um espaço de repouso da arte de punir. As leis precisavam ser exercidas como uma necessidade, e o poder devia estar disfarçado sob a força suave da natureza. O castigo precisava não só parecer natural, mas também interessante, para que todos pudessem ver nele a sua própria vantagem. Era necessário que o condenado fosse rentável e pudesse servir ao Estado como um bem social, um objeto de uma apropriação coletiva e muito útil. Era preciso que os castigos fossem recodificados, e as escolas ocupassem o lugar dos ritos e das festas, e o livro aberto mostrasse sua nítida diferença em relação à antiga cerimônia. Na punição, as leituras das próprias leis passaram a ocupar o lugar da visão do soberano, com o intuito de que a memória popular passasse a reproduzir em seus boatos o discurso austero da lei.

Em meio a uma cidade punitiva, como chamava Foucault os centros urbanos da Era Clássica, a detenção, que antes era criticada por muito reformadores, passou a ser um dos meios de punição. Segundo estas críticas, a prisão era o modo mais inútil à sociedade, e até nociva, pois proporcionava aos condenados uma ociosidade capaz de multiplicar-lhes os vícios. Pouco a pouco, as técnicas punitivas em que o castigo representativo era oferecido abertamente ao corpo social em forma de espetáculos de torturas foram substituídas por uma materialidade diferente, composta por uma arquitetura fechada, complexa, hierarquizada, ligada diretamente ao corpo do Estado. Este instrumento prisional, que ao mesmo tempo era material e simbólico do poder de punir, adquiriu muros muito altos, trancados e intransponíveis tanto de dentro para fora como de fora para dentro, criando, assim, ―uma física do poder diferente, uma maneira de investir no corpo do homem totalmente diferente‖ (FOUCAULT, 2010, p. 111).

Aos poucos, tornou-se lei a detenção para qualquer infração menos importante. Mas as prisões tornaram-se incompatíveis com uma boa justiça, por continuarem a manter os abusos do poder, ou seja:

[...] segredo e autonomia no exercício do poder de punir – são exorbitantes para uma teoria e uma política de penalidade que se propunha dois objetivos: fazer todos os cidadãos participarem do castigo do inimigo social; tornar o exercício do poder de punir inteiramente adequado e transparente às leis que o delimitam publicamente. (FOUCAULT, 2010, p. 125).

Segundo Foucault, os castigos passaram a ser secretos e não codificados pela legislação, e o poder de punir passou a ser exercido na sombra, de acordo com os critérios e os instrumentos que escapavam ao controle, pois, depois da sentença, era constituído um poder aos moldes do que era praticado no antigo sistema. O poder que passava a aplicar as penas ameaçava ser tão arbitrário quanto aquele que antigamente as decidia, a exemplo do que ocorria nas experiências de suplício.

Diante destas arbitrariedades, se constituíram as formas de coerções, esquemas de limitação, como horários, distribuição do tempo, dos movimentos, obrigatoriedade da meditação solitária, trabalho em comum, silêncio, aplicação, respeito, bons hábitos. O processo da técnica de correção não era tanto para reconstruir o sujeito de direito, e sim o sujeito obediente flexível à imposição de hábitos, de ordens e que deixasse funcionar automaticamente em seu corpo uma autoridade que se exercia continuamente sobre ele e em torno dele (FOUCAULT, 2010).

Para Foucault, a cidade punitiva consistia em um poder penal que funcionava em todo o espaço social, e que atuava em uma recodificação contínua do espírito dos cidadãos. O intuito era que o poder de punir penetrasse por toda a rede social, criando uma difusão do poder, de forma a não ser mais percebido como um poder de alguns sobre outros, e sim como reação imediata de todos em relação a cada um dos indivíduos. As instituições coercitivas passaram a desenvolver uma gestão autônoma (isolando o corpo social e o poder jurídico de suas ações) sobre o funcionamento compacto do poder de punir, por meio de uma ocupação meticulosa do corpo e do tempo do culpado. A correção acontecia de forma individual com técnicas de enquadramento dos gestos, condutas mediadas por um sistema de autoridade e de saber (FOUCAULT, 2010).

O século XVIII encontrava-se, em seu final, com três formas de organizar o poder de punir; primeiro, que ainda se resguardavam pontos do formato do velho direito monárquico, como as marcas dos rituais de vingança sobre o corpo do condenado. Eram apresentadas para o espectador imagens de punição com efeito de terror e com efeitos sempre acima de suas leis,

para a garantia, por meio de marcas no corpo do condenado, da presença física do soberano e de seu poder. Outra forma de organização eram os projetos dos juristas reformados, com intuito de requalificar os indivíduos como sujeitos de direito; a punição passou a ser a mais universal possível. As marcas do poder monárquico foram substituídas por sinais, e a cena do castigo passou a ser representada por conjuntos codificados que precisavam ser aceitos universalmente. No final do século, a organização se encontrava nas mãos da instituição carcerária, com o propósito de correção; portanto, a punição passou a ser representada por técnicas de coerções, que eram aplicadas nos indivíduos. Foram desenvolvidas técnicas de treinamento do corpo, e os sinais de representações criados pelos projetos dos juristas reformados foram substituídos por traços, que se apresentavam de forma concreta sobre os hábitos e, consequentemente, sobre o comportamento. A pena passou, a partir do processo carcerário, para um poder específico de gestão. Neste, o poder de punir se encontrava numa fusão entre as três organizações: o soberano e sua força: a marca, a cerimônia, o inimigo vencido; o corpo social: o sinal universal, a representação, o sujeito de direito em vias de requalificação; e o aparelho administrativo: o traço, o exercício, o indivíduo submetido a uma coerção imediata.

Dentro desta estrutura, encontravam-se os três dispositivos que se defrontavam no final do século XVIII, o corpo supliciado, a alma que teve suas representações manipuladas e o corpo que passou a ser treinado. Estes dispositivos, em forma de tecnologia, apesar de estarem, na época, paralelos às teorias de direito, apoiados sobre os aparelhos ou instituições, e encontrarem suas justificativas nas escolhas morais, os mesmos não poderiam, e não podem ainda hoje, ser reduzidos a estas discussões, pois eram e são, até agora, modalidades de acordo com as quais se exercia o poder de punir, ou seja, as três tecnologias do poder. Foucault finaliza sua reflexão sobre punição com uma questão fundamental para se pensar a sociedade disciplinar: ―Por que o exercício físico da punição (e que não é o suplício) substituiu com a prisão, que é seu suporte institucional, o jogo social dos sinais de castigo e da festa bastarda que os fazia circular?‖ (2010, p. 126-127).

Com esta questão, Foucault (2010) faz com que este estudo retorne ao argumento da tecnopolítica da punição, onde se precisa moderar e calcular os efeitos de retorno do castigo sobre a instância que pune e o poder que a mesma procurava operar. A racionalidade econômica, que media a pena, prescrevia e ajustava as técnicas para o mínimo das penas, era ordenada pela humanidade e aconselhada pela política. Formato este que desenhava uma política que, ao defender o mínimo das penas segundo a orientação humanizadora, também se debruçava sobre os castigos para impor um exemplo de bom comportamento disciplinar. Esta

política, que desenhou e estruturou as formas dos processos disciplinares, construiu os corpos dóceis desde a modernidade.

Para Foucault, foi durante a época clássica que se deu a descoberta do corpo como objeto e alvo de poder. Desde então, surgiu uma grande atenção dedicada para as técnicas que facilitassem a manipulação, a modelagem, o treinamento, a obediência do corpo, com intuito de torná-lo hábil, para que as forças se multiplicassem. A intenção não era de cuidar do corpo em massa, mas sim de desenvolver um trabalho detalhado sobre o mesmo e executar continuamente uma coerção que fizesse com que o corpo ativo, ou seja, seus movimentos, gestos, atitudes, rapidez atuassem ao mesmo nível da mecânica. O controle passou a ser pela economia e a eficácia dos movimentos, pois a dominação sobre a organização interna atuava mais sobre as forças do que sobre os sinais. O que passou a ser importante foi a eficácia do exercício sobre os processos das atividades, mais do que o resultado final. Surgiu uma codificação capaz de ―esquadrinhar ao máximo o tempo, o espaço, os movimentos‖ (FOUCAULT, 2010, p. 133). Segundo Foucault, todos esses métodos que atuavam no controle minucioso das operações do corpo e, consequentemente, colocavam em prática a sujeição de suas forças, impondo-lhe uma relação de docilidade-utilidade, passaram a ser chamados de ―disciplinas‖ e eram os mesmos métodos usados há muito tempo, tanto em

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