• Nenhum resultado encontrado

Engajamento político na agricultura urbana: apresentação dos dados de campo

PERCURSO METODOLÓGICO Objetivos

3. A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NAS HORTAS URBANAS

3.2. Engajamento político na agricultura urbana: apresentação dos dados de campo

É dessa forma que as insurreições se prolongam, molecularmente, imperceptivelmente, na vida dos bairros, dos coletivos, das ocupações, dos centros sociais, dos seres singulares (...). Não porque elas colocam um programa político em marcha, mas porque elas põem devires-revolucionários em ação. Porque aquilo que se viveu brilha de tal forma que aqueles que o experienciaram se tornam fiéis, não querem se separar disso; pelo contrário, querem de fato construir o que agora faz falta à sua vida de antes. Comitê Invisível Aos nossos amigos (2016, p.52)

Sendo assim, serão apresentados os dados coletados em campo por meio da observação participante e das entrevistas semiestruturadas, buscando analisá-los à luz da revisão bibliográfica e das discussões apresentadas. É, possivelmente, por meio dos afetos de alegria, da ação prática afirmativa e potente e dos bons encontros que, aos poucos, se forma uma rede de confiança, apoio e solidariedade entre os voluntários da horta que potencializa os sujeitos para uma ação mais ampla sobre os espaços de decisão política.

Em 2011, foi criado um grupo público no Facebook, denominado Hortelões Urbanos, com o objetivo de reunir pessoas interessadas em trocar experiências pessoais com o plantio de alimentos orgânicos e também com o objetivo de inspirar a formação de jardins comunitários. Embora Hortelões Urbanos não seja caracterizado como um movimento ou associação política, parte dos integrantes do grupo trabalhavam ativamente em hortas comunitárias e iniciativas relacionadas, tornando-se, em alguns anos, uma rede de compartilhamento e troca de informações. Portanto, a partir das discussões das redes sociais, alguns integrantes da rede Hortelões Urbanos tomaram a iniciativa de promover encontros e discutir estratégias e ações de ocupação do espaço público para criar hortas comunitárias (NAGIB, 2016).

A utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) é um fator relevante e inovador tanto na forma como são criadas essas hortas como na articulação política entre elas também. Essas ferramentas digitais são a principal forma de organização e estruturação dos grupos, tanto internamente, para definição das ações de manutenção da horta, como

externamente, como forma de garantir visibilidade para o trabalho e reivindicar demandas junto ao Poder Público. O uso da internet possibilitou a esses grupos se estruturarem de uma forma nova frente aos movimentos sociais mais tradicionais, reforçando um modelo horizontal de decisão política e focado na autogestão do grupo por meio de assembleias e encontros locais. As TIC são utilizadas como forma de mobilizar recursos fundamentais para a ação dos grupos,

divulgar informações, articular parcerias e definir estratégias de atuação (GIARETTA, DI GIULIO, 2018).

Boa parte dessas hortas relacionadas ao grupo dos Hortelões Urbanos e à União de Hortas Comunitárias de São Paulo possui características em comum entre si, que lhe dão um perfil que difere das demais hortas do município. As atividades realizadas são organizadas por meio de grupos de Facebook e de WhatsApp específicos, onde são decididos os dias de trabalho conjunto, as atividades a serem realizadas, a divisão de tarefas e a resolução de problemas. É também nessas redes sociais que é feita a divulgação dos mutirões de trabalho e das ações

realizadas na horta, a troca de conhecimentos e informações sobre agricultura urbana em geral e a interação entre os voluntários. As decisões não se restringem apenas à comunicação virtual, mas são também pactuadas em diálogos que ocorrem nos encontros na horta. Há poucas assembleias para decisão, mas é exercitado o consenso entre os voluntários ao longo do desenvolvimento das ações, havendo uma liderança com maior peso de decisão no núcleo dos voluntários. Há uma tarefa específica de coordenação das atividades que não é realizada por uma pessoa específica, mas é feito um rodízio de forma auto organizada pelos voluntários ou de forma natural que possibilita a realização das ações de forma compartilhada.

Figura 14. Horta comunitária das Corujas

Todas as hortas realizam mutirões periódicos de trabalho conjunto para manutenção dos canteiros, que incluem retirada de matos, feitura de canteiros, tratos culturais, adubação, plantio, podas, tratamento com defensivos naturais e colheita. O mutirão é, em muitos casos, o único momento de encontro presente entre os voluntários e, de fato, é o principal espaço onde ocorrem as trocas, os afetos, o exercício político e o trabalho comunitário. Ele é a porta de acesso às demais ações ocorridas na horta e é por meio do trabalho conjunto que se dá o envolvimento mais profundo dos voluntários entre eles e deles com as hortas. Todo o trabalho realizado é voluntário, com raras exceções para trabalhos especializados, como podas em árvores de grande porte, atividades com maquinário específico, atividades de construção de estruturas entre outras. Na medida do possível, são feitas parcerias ou engajados voluntários específicos para auxiliar no que é necessário. As hortas não dispõem de financiamento e os gastos são realizados pelos próprios voluntários conforme as necessidades.

Por meio da observação participante, e em conversas informais com os principais grupos de voluntários da Horta das Corujas, Horta do CCSP, Horta das Flores e Horta da Saúde, é possível perceber três diferentes níveis de engajamento de voluntários e estimar o seguinte número de participantes em cada horta. O primeiro, o núcleo, possui de 3 a 7 participantes, que organizam as atividades e cuidam mais intensamente da horta, coordenando e produzindo as ações, fazendo a gestão efetiva do grupo, resolvendo problemas, realizando decisões estratégicas e políticas, comprando ferramentas e insumos e realizando a manutenção diária da horta. O segundo, o grupo dos participantes, é dinâmico e abrange aproximadamente entre 20 e 30 pessoas, que frequentemente participam dos dias de mutirão e se engajam com ações pontuais promovidas, podendo se envolver com maior intensidade de acordo com o tipo de atividade e com a demanda de tempo requerida. A terceira, a rede de apoio, é o grupo mais dinâmico, envolvendo aproximadamente 50 ou mais pessoas que apoiam a horta e participam

ocasionalmente. Muitas dessas pessoas da rede de apoio participam de mais de uma horta, e alguns voluntários do núcleo ou do grupo participante de uma horta participam da rede de apoio de outra.

Esses diferentes níveis de participação implicam diretamente no envolvimento e engajamento dos participantes com a horta, o que gera sobrecarga sobre o núcleo e sobre as lideranças (chamados também como “guardiões da horta”) e conflitos acerca do peso decisório de cada nível de participação, acerca das colheitas e acerca dos usos das ferramentas. Tais questões trazem importantes reflexões que impactam diretamente a micropolítica de cada horta. Em certas hortas, como é o caso da Horta da Saúde, os trabalhos são definidos e coordenados por uma liderança reconhecida pelo grupo, o que centraliza o trabalho apesar dos esforços em

garantir decisões compartilhadas e engajamento de voluntários para assumirem trabalhos de forma mais proativa. As lideranças são reconhecidas, principalmente, pelo tempo de dedicação na horta, pela proatividade em conseguir recursos e pela capacidade de dialogar tanto com os

voluntários, promovendo um espaço horizontal de decisão sobre o espaço, como com o Poder Público e parceiros externos. Inegavelmente, há decisões que recaem sobre o núcleo, que as fazem ora ampliando a discussão para os participantes, ora de forma restrita.

A própria decisão do que levar ao grupo ampliado traz em si um paradoxo, pois restringe a participação dos voluntários e participantes à decisão coletiva, mas possibilita o desenvolvimento do grupo justamente por operacionalizar com agilidade determinadas questões que auxiliam na organização geral e a permanência das pessoas com participação mais esporádica. O que se percebe na organização das hortas é uma constante preocupação com o envolvimento e a participação das pessoas, buscando garantir a horizontalidade nas decisões mais estratégicas ao grupo e garantir o acesso de qualquer pessoa ao núcleo de guardiões. Mesmo assim, não é trivial a participação do voluntário nas decisões e há exigências por parte do núcleo no que diz respeito à responsabilidade perante o espaço público, os acordos firmados e as decisões realizadas. A dificuldade de acesso ao núcleo, apesar do esforço para sua abertura, visa justamente restringir a apropriação privada da horta e os interesses oportunistas de determinados voluntários que pouco se engajam com o processo de participação e manutenção, mas se apropriam do trabalho coletivo dos demais.

Assim, é possível reconhecer que os voluntários que participam mais intensamente do dia a dia da horta, auxiliando nos trabalhos e dedicando mais tempo, possuem maior acesso à horta e ao núcleo, com maior poder de decisão frente aos demais, gerando conflitos inerentes ao processo de autogestão. Foram observados casos, como na Horta das Flores, de voluntários que se engajavam mais intensamente e que decidiam por ações a revelia do restante do grupo, ocasionando situações de conflito que precisaram ser mediadas pelo grupo de forma aberta. Também houve casos, na Horta do CCSP, em que voluntários deixaram de participar por sentir que o núcleo era fechado e não dava abertura para participarem, apesar de terem ido apenas poucas vezes na horta. A legitimidade de decisão oriunda da ação prática demonstra a

apropriação do espaço enquanto um local de exercício da liberdade que se choca com o desejo das outras pessoas participantes, necessitando um exercício de mediação e de construção necessariamente coletiva.

Essas questões são cruciais, uma vez que explicitam conflitos existentes e a forma como são mediados e resolvidos. Em casos assim, houve a necessidade de reuniões específicas e

coletivos de decisão. Interessante observar que as situações de conflitos trouxeram o ímpeto de constituição de acordos e regras de acesso e uso mais claros entre os participantes, com avanços ou não na forma como esses acordos são comunicados e pactuados ao longo dos encontros. Mas, sem dúvida, como abordado adiante, situações como as exemplificadas levaram a aprendizados coletivos sobre metodologias de participação e autogestão e suas limitações.

O dia dos mutirões foram decididos na criação de cada horta e seguem uma agenda que é definida no início do ano e revista a cada mês nos grupos virtuais para alinhar de acordo com imprevistos, feriados e outras questões que forçam uma mudança na data. A mudança, quando existente, é definida por consenso pelos participantes. Os convites virtuais e a comunicação dos mutirões e atividades são feitos, na maior parte das vezes, por integrantes do núcleo. A forma de organização dos mutirões varia no tempo, demonstrando um processo de ação, reflexão e aprendizado buscando alterar as práticas para conseguir angariar mais voluntários, promover o engajamento e aproximar pessoas da vizinhança próxima. Dessa forma, são testadas

periodicamente novas formas de comunicação e novas metodologias de organização das tarefas para conseguir atingir os objetivos.

As decisões sobre as tarefas dos mutirões e as necessidades da horta são realizadas, em um primeiro momento, pelo núcleo de guardiões e são submetidas à avaliação, aprovação ou modificação dos participantes e integrantes da rede de apoio. Esse processo nem sempre é estruturado, ocorrendo nos grupos virtuais ou de forma informal ao longo dos mutirões. Há grande abertura para qualquer voluntário sugerir intervenções, trazer mudas para plantar e propor novos projetos, sugestões estas que são avaliadas pelo grupo de acordo com as decisões

realizadas previamente, com o planejamento de plantio e com o propósito geral da horta. Como poucas hortas realizam reuniões propriamente de gestão do grupo (até onde se tem

conhecimento, apenas a Horta das Flores realiza reuniões de gestão), essas decisões são

consolidadas durante os mutirões, em momentos de assembleia, durante as pausas para lanche e confraternização ou durante os trabalhos de forma dispersa. Ao mesmo tempo que essa falta de estrutura decisória (assembleia ou reunião específica) pode dificultar ao novo participante de compreender como são decididos os assuntos da horta, ela fortalece a decisão horizontal do grupo, o caráter experimental e o envolvimento de voluntários.

O cultivo de hortaliças, frutas e ervas medicinais é para o autoconsumo, havendo raros ou nenhum episódio de comercialização da produção. Além disso, qualquer pessoa tem o direito de colher e comer a produção, uma vez que a horta está localizada em espaços públicos e isto se estabelece como uma certa ética entre os participantes. O grupo de voluntários entende que toda a comunidade de entorno da horta tem o direito de se beneficiar dela, podendo participar

gratuitamente das atividades e plantar e colher livremente. Mesmo assim, há frustrações

constantes relacionadas ao roubo de mudas, à colheita desorientada e excessiva de determinadas plantas e à descontinuidade do processo de plantio, manutenção e colheita. Essa frustração levou algumas hortas a focarem principalmente em Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) ou até restringirem a colheita para os momentos de mutirão, buscando orientar o público em geral sobre técnicas de colheita apropriadas.

A quantidade de alimentos produzidos não é grande o suficiente para alimentar integralmente todos seus participantes, devido ao pequeno tamanho das hortas, aos desafios da auto-organização e à falta de apoio técnico para melhorar a produção, servindo mais como complemento da alimentação e atividade pedagógica, experimental e recreativa. Todo o cultivo é realizado de forma agroecológica, valendo de técnicas de produção que não utilizam agrotóxicos e fertilizantes químicos e que se baseiam nos conhecimentos tradicionais de produção. A horta se estrutura como um espaço aberto para troca desses conhecimentos entre os participantes das atividades, que compartilham saberes que ajudam a estruturar os plantios e consolidar novas formas de produção.

Figura 15. Participantes do mutirão na Horta Comunitária das Flores

Serão apresentadas, de forma breve, quatro hortas consideradas referências por sua atuação no tempo e pelas características homogêneas que servem de inspiração para a

estruturação de novas hortas, de forma a ilustrar o surgimento destes espaços e as dinâmicas que se estabeleceram a partir do engajamento dos voluntários. Observa-se as características que cada horta assume em seu desenvolvimento, suas particularidades, as instituições, regras sociais e formas de ação que se constituem por meio das práticas e os debates que emergem com a sua constituição no território, seja acerca de seu próprio funcionamento, das relações que se estabelecem no espaço e do seu confronto com os poderes instituídos.

A primeira horta comunitária que emerge da rede dos Hortelões Urbanos é a Horta das Corujas, surgida a partir de um encontro físico articulado no grupo de Facebook realizado em fevereiro, dando origem à horta em setembro de 2012. A Horta das Corujas localiza-se no bairro Vila Beatriz, Zona Oeste de São Paulo, e é uma horta comunitária experimental, presente na Praça Dolores Ibaturri, próxima ao Parque Linear das Corujas. A proposta da horta é criar um espaço de convívio social e de educação ambiental. Nela, os voluntários cultivam, aprendem e ensinam a cultivar, respeitando as regras locais definidas de forma colaborativa. Os mutirões são realizados normalmente aos sábados e os voluntários se comunicam pelo grupo de Facebook da horta quando vão trabalhar em horários diferentes do mutirão. Há outras formas de organização do grupo, umas com mais sucesso e outras com menos, das quais pode se destacar um blog (https://hortadascorujas.wordpress.com/) onde são compartilhadas as ações, placas sinalizadoras no local e divulgação informal da horta por meios não-virtuais. A horta não se restringe às

atividades de mutirão e tampouco à produção de alimentos, havendo no local a captação de água de nascentes identificadas na praça (por meio de cacimbas), uma área destinada à compostagem (onde, anteriormente, havia sido implantada a primeira composteira em praça pública de São Paulo), um meliponário, um galpão de ferramentas e áreas de convivência. Também são realizadas festas, visitas em grupo orientadas, visitas escolares, piqueniques colaborativos entre outros eventos.

A partir da inspiração e desenvolvimento da Horta das Corujas, outras hortas se seguiram a partir da identificação de terrenos ociosos na cidade e da organização local dos cidadãos residentes na região, mediados pelas relações que se estabeleceram dentro da rede dos Hortelões Urbanos. Em ordem cronológica, foram construídas a Horta do Ciclista, a Horta da Pompéia, a Horta do CCSP e diversas outras da qual não se teve uma informação

cronologicamente sistematizada. Em determinado momento difícil de se precisar, o tamanho do grupo dos Hortelões Urbanos, com a divulgação das hortas na mídia e o aumento de sua

aceitação pela opinião pública, tornou-se um empecilho à organização e articulação para a criação de novas hortas, tendo em vista o alto fluxo de postagens relacionadas ao plantio urbano de alimentos. Mesmo assim, é perceptível o aumento de espaços produtivos na cidade pela iniciativa de cidadãos.

Figura 16. Mutirão na Horta comunitária do Centro Cultural São Paulo (CCSP)

Crédito: André Biazoti

A Horta Comunitária do Centro Cultural São Paulo (CCSP)24 surgiu da parceria entre

um grupo de voluntários, articulados por meio do grupo Hortelões Urbanos, e a Divisão de Ação Cultural e Educativa (DACE) do CCSP, com o intuito de ser um espaço experimental de cultivo de hortaliças e troca de experiências e conhecimentos sobre agricultura urbana aberto a toda população. O espaço destinado a horta se encontrava inutilizado, devido a uma iniciativa frustrada de estabelecer uma horta no local. A partir do estabelecimento de uma parceria,

oficializada por um contrato assinado por três voluntários e com duração de um ano, passível de renovação, iniciou-se a realização de mutirões para implantação da horta em abril de 2013. A

24 Centro Cultural São Paulo (CCSP) é um equipamento da Secretaria Municipal de Cultura inaugurado em 1982 e que reúne bibliotecas, programação de artes visuais, cinema, dança, literatura, música e teatro, além de

horta é autogestionada desde então pelo grupo de voluntários, por meio de um grupo de e-mails, um grupo de WhatsApp e um grupo e uma página de Facebook, em contato direto e constante com DACE e outras divisões do CCSP. São realizados mutirões todo último domingo do mês, que são divulgados nas páginas do Facebook e organizados pelo grupo de voluntários nas outras redes sociais. As atividades realizadas em cada mutirão são sistematizadas em uma página na plataforma Wikiversidade25 e também são realizadas outras atividades como festas, oficinas,

cursos e festivais abertos e gratuitos a participação do público.

Outra horta passível de breve descrição é a Horta Comunitária da Saúde, que surgiu em novembro de 2013 no bairro Saúde, como uma iniciativa de moradores da região. A partir da identificação de um terreno baldio, os moradores iniciaram um processo de ocupação do local para a produção de hortaliças e envolvimento comunitário. O grupo se organiza de forma autônoma e horizontal, com decisões consensuadas de forma democrática e coletiva, utilizando redes sociais para comunicações internas e externas ao grupo. Os alimentos produzidos são distribuídos entre os voluntários e participantes da horta. São realizados também mutirões periódicos, todo o segundo domingo do mês, além de atividades complementares, como festas, cursos, visitas guiadas e oficinas. Apesar de público, a horta se localiza em um terreno fechado, onde os voluntários detêm a chave e controlam o acesso, o que gera constantes reflexões sobre como ampliar o uso pela comunidade e preservar ao mesmo tempo o trabalho realizado. A horta também possui estruturas de apoio, como captação de água de chuva e depósito de ferramentas, além de uma ampla variedade de espécies alimentícias não convencionais e plantas ornamentais.

Caso similar ocorre na Horta das Flores, no bairro da Mooca, onde o espaço da praça é gradeado e o acesso livre é limitado. Surgida desde 2004, durante os primeiros anos do Programa de Agricultura Urbana e Periurbana de São Paulo (PROAURP), a horta foi referência na cidade de São Paulo na inclusão de pessoas em vulnerabilidade social em atividades de produção de alimentos e geração de renda. Após a desarticulação do programa, o espaço foi transformado em praça pública e houve tentativas de vender a área, que se manteve pública graças à mobilização da associação de bairro em meados de 2007. Com o Programa Escola Estufa Lucy Montoro, entre